Untitled - Novafapi
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1 INTRODUÇÃO<br />
No Brasil o Sistema Único de Saúde (SUS), foi instituído em 1988<br />
ao qual cabe identificar e divulgar fatores condicionantes e determinantes<br />
da saúde; formular políticas de saúde destinadas a promover<br />
ações e serviços de saúde; bem como assistir as pessoas por meio de<br />
ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. No entanto, os<br />
valores que regem a assistência à saúde têm sido modificados e o SUS<br />
busca alternativas para incrementar a qualidade desta assistência de<br />
acordo com as novas demandas de saúde.<br />
Tendo em vista a assistência integral à saúde da população, elaborou-se<br />
o Programa de Saúde da Família (PSF) que, atualmente, tem<br />
sido denominado Estratégia de Saúde da Família (ESF), uma vez que<br />
não possui caráter programático, e sim, características estratégicas de<br />
mudança do padrão de atenção à saúde da população (BRASIL, 2006).<br />
De acordo com Brasil (2003), as práticas da ESF visam ter como<br />
foco do trabalho a família, assim como possuir ações de caráter preventivo<br />
sobre a demanda. Dessa forma, constitui uma prática menos<br />
reducionista sobre a saúde, avançando para além da simples intervenção<br />
médica que busca a integração com a comunidade, numa atuação<br />
interdisciplinar dos profissionais que compõem as equipes de saúde<br />
da família.<br />
Nesse contexto, a ESF, entendida como uma estratégia de reorientação<br />
do modelo assistencial, operacionalizada mediante à implantação<br />
de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde, visa<br />
a ampliação da cobertura a partir dos domicílios; objetiva a aproximação<br />
e estabelecimento de vínculos entre os profissionais de saúde e a<br />
comunidade com os demais níveis de atenção e uma atuação de forma<br />
resolutiva aos problemas de saúde (BRASIL, 2010).<br />
Desse modo, Brasil (2006) afirma que a implantação da ESF vem<br />
sendo disponibilizada uma equipe multiprofissional para dar suporte<br />
em orientações e na intervenção do cuidar intradomiciliar aos pacientes<br />
cadastrados no programa, realizando visita aos acamados no domicílio.<br />
Em Teresina, a ESF tem uma cobertura de mais de 90% e os enfermeiros<br />
têm um papel de suma importância tanto na assistência de<br />
enfermagem, como nas diversas ações desempenhadas pelo programa<br />
e, uma delas, é a responsabilidade da organização do serviço como um<br />
todo e das ações realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS)<br />
que são elos da comunidade com a equipe (TERESINA, 2010).<br />
Segundo ANVISA (2006), a assistência domiciliar à saúde é uma<br />
categoria da atenção domiciliar à saúde que pode ser também denominada<br />
atendimento ou cuidado domiciliar e baseia-se na plena interação<br />
do profissional com o paciente, sua família é o cuidador, quando este<br />
existe. Ela constitui um conjunto de atividades de caráter ambulatorial,<br />
programadas e continuadas, desenvolvidas em domicílio, e pode ser<br />
instrumentalizada pela visita ou internação domiciliar.<br />
A visita domiciliar é uma categoria da atenção domiciliar à saúde<br />
que prioriza o diagnóstico da realidade do indivíduo e as ações educativas,<br />
sendo um instrumento de intervenção, fundamental na saúde da<br />
família e na continuidade de qualquer forma de assistência e/ou atenção<br />
domiciliar à saúde, sendo programada e utilizada com o intuito de<br />
subsidiar intervenções ou o planejamento de ações (TAKAHASHI; OLI-<br />
VEIRA, 2001. p.43-6).<br />
Bezerra (2010) ressalta que o paciente acamado no domicílio ou<br />
com restrição de mobilidade no domicílio é susceptível a apresentar<br />
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.14-18, Jan-Fev-Mar. 2011.<br />
Prevalência de úlcera por pressão em pacientes acamados, cadastrados na Estratégia de Saúde da Família: um estudo de enfermagem<br />
problemas complexos e muitas vezes têm seu estado de saúde agravado<br />
com a presença de UPP em que podem vivenciar dor, sofrimento,<br />
comprometimento sistêmico, quase sempre associado à infecção, secreções<br />
com odor fétido, alteração da imagem corporal, podendo ocorrer<br />
uma baixa autoestima, desmotivação e insegurança; sobrecarga<br />
emocional e física dos cuidadores. Além disso, observa-se que o custo<br />
financeiro se torna elevado no tratamento desses pacientes e, quando<br />
mal conduzidos ou tratados, têm uma mortalidade elevada.<br />
A mobilidade física diminuída, o déficit de sensibilidade, as repercussões<br />
geniturinárias e gastrointestinais e as alterações circulatórias<br />
presentes no lesado medular tornam-no vulnerável a uma série de<br />
complicações graves, que limitam ainda mais o seu processo reabilitatório<br />
e sua reinserção social. Entre as complicações mais freqüentemente<br />
encontradas nesses indivíduos está a úlcera por pressão (UPP) e<br />
a incontinência urinária e fecal (COSTA; OLIVEIRA, 2010).<br />
A National Pressure Ulcer Advisiory Panel (NPUAP), órgão norte-<br />
-americano, responsável por emitir diretrizes e orientar políticas públicas,<br />
educacionais e de pesquisa nesta área, relacionadas à prevenção,<br />
tratamento das UPP, define-as como áreas de necrose tecidual que se<br />
desenvolvem quando um tecido mole é comprimido entre uma proeminência<br />
óssea e uma superfície dura por um período prolongado de<br />
tempo.<br />
O desenvolvimento da UPP é um fenômeno complexo que envolve<br />
vários fatores associados, sendo que a imobilidade por tempo<br />
prolongado é o mais importante fator de risco para pacientes acamados.<br />
É importante lembrar que a UPP pode também ocorrer em períodos<br />
considerados curtos, dependendo do paciente, o intervalo de duas<br />
horas, ou até menos, pode ser tempo suficiente para o desenvolvimento<br />
da lesão (FERNANDES; CALIRI; HAAS, 2008).<br />
Diante de tudo, ressalta-se que, para o enfermeiro, é importante<br />
na elaboração de protocolos para atendimento de pacientes com UPP,<br />
para que possa planejar a assistência de enfermagem e realizar orientações<br />
aos familiares ou pessoas que cuidam dos acamados/cadeirantes<br />
em domicílio, visando diminuir custos diretos e indiretos, melhorando a<br />
qualidade de vida destes indivíduos.<br />
Bezerra (2010) afirma ainda que, no acompanhamento do paciente<br />
acamado em domicílio, o enfermeiro ESF deverá realizar as orientações<br />
necessárias para o cuidado preventivo de lesões; acompanhar<br />
com avaliações periódicas os acamados com risco para UPP; manter<br />
registros de suas ações e capacitar os profissionais de nível médio de<br />
enfermagem devido ao contato freqüente com o paciente, ajudando<br />
nas orientações e cuidados preventivos.<br />
Vários são os pesquisadores que elaboram escalas de predição<br />
de riscos para desenvolvimento da UPP, colaborando na prevenção da<br />
úlcera dando subsídios aos enfermeiros para indicar qual paciente que<br />
corre riscos de desenvolvê-la. A escala de Braden é uma das mais usadas.<br />
É um instrumento utilizado para a avaliação das condições gerais<br />
do paciente, auxiliando na seleção de ações preventivas e curativas para<br />
as úlceras por pressão. Foi desenvolvida por Barbara Braden and Nancy<br />
Bergstrom em 1987, e validada no Brasil por Paranhos e Santos (1999).<br />
Embasados nesses fatos, pode-se perceber a importância de se<br />
ampliar o conhecimento nessa área, a fim de subsidiar novas reflexões<br />
dos profissionais de saúde no sentido de proporem ou definirem novas<br />
estratégias assistenciais dentro das políticas de saúde, favorecendo um<br />
planejamento do cuidar e ampliação de resultados positivos à saúde<br />
dos pacientes acamados e acometidos com úlceras por pressão. Consi-<br />
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