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Untitled - Novafapi

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Oliveira, A. C.; Farias, D. C. ; Nunes, B. M. V. T.<br />

termos propostos, o I Congresso Nacional de Tuberculose, realizado no<br />

Rio de Janeiro em 1939, tornaria oficial o nome de “abreugrafia”, conceito<br />

posteriormente ratificado pela União Internacional contra a Tuberculose<br />

(ANTUNES, WALDMAN, MORAES, 2000).<br />

Assim, o trabalho desenvolvido no Dispensário de Tuberculose em<br />

Teresina foi fundamental para o controle da doença, como rememora um<br />

depoente.<br />

42<br />

O dispensário foi fundamental. Nós fazíamos também o seguinte: o nosso trabalho<br />

era um trabalho interno. Nós fazíamos o cadastro por exame de abreugrafia.<br />

Nós fazíamos uma média de 200 abreugrafias, por dia, em familiares.<br />

De forma que eu era quem fazia as abreugrafias e dava o resultado de duzentas<br />

e poucas abreugrafias por dia. Era um trabalho muito interessante (M1).<br />

No final, as ações desenvolvidas nos Dispensários foram absorvidas<br />

pela Divisão de Pneumologia Sanitária da Secretaria Estadual da Saúde,<br />

quando as ações da Campanha Nacional de Tuberculose foram encerradas.<br />

3.2 Atuação da Enfermagem nos serviços de tuberculose<br />

Em 1949, quando as ações de combate a tuberculose no Piauí foram<br />

implantadas não existiam escolas para formar pessoal de enfermagem<br />

em nível superior e médio, portanto inúmeras eram as dificuldades<br />

de encontrar profissionais com formação específica em enfermagem.<br />

Nesse sentido, a permanência de enfermeiras da região sudeste<br />

recrutadas para trabalhar no Hospital Getúlio Vargas, na década de 1940,<br />

foi frustrada, pois elas não “encontravam condições de trabalho compatíveis<br />

com a sua formação, principalmente no tocante aos ganhos salariais”<br />

(NOGUEIRA, 1996 ).<br />

Assim, quando o Pavilhão de Tuberculose iniciou suas atividades,<br />

além do Diretor Lucídio Portela Nunes, vieram duas enfermeiras para organizar<br />

o serviço de enfermagem no hospital, dentre as quais foram mencionados<br />

nas entrevistas os nomes de Maria Alice Almeida e Maria Pires<br />

Leão. Os relatos também indicam que as mesmas não permaneceram por<br />

muito tempo, pois os salários eram baixos e havia atrasos nos pagamentos<br />

salariais.<br />

Dessa forma, o problema da fixação das enfermeiras no Estado<br />

ocorreu também nos primeiros anos de funcionamento do Pavilhão, como<br />

no Hospital Getúlio Vargas. Na segunda metade da década de 1950 é que<br />

começa o movimento de chegada das enfermeiras para o Piauí.<br />

Na CNCT, a adoção de princípios de divisão funcional do trabalho<br />

levou à inclusão das profissionais femininas na equipe de saúde, como<br />

enfermeiras, assistentes sociais e nutricionistas, então chamadas de paramédicas,<br />

e à utilização de grande contingente de pessoal auxiliar, treinado<br />

em serviço, o que determinou a atribuição às enfermeiras de um papel<br />

fundamental na organização dos sanatórios (BARREIRA, 1996).<br />

O planejamento do serviço de enfermagem de cada sanatório era<br />

realizado em conjunto com o planejamento geral do hospital, no Rio de<br />

Janeiro, pelo pessoal da sede do SNT, em equipe multiprofissional, com<br />

base em dados demográficos e epidemiológicos (BARREIRA, 1996).<br />

Em todo o Brasil, as principais ações desenvolvidas pela enfermagem<br />

no apoio ao tratamento da tuberculose, consistiam principalmente<br />

em orientar o doente e a sua família sobre o perigo do contágio da doença,<br />

prestar noções básicas de higiene, sobre a importância do tratamento<br />

e da administração dos medicamentos, além da orientação nutricional.<br />

Também desenvolvemos e ministramos cursos de orientação social (MI-<br />

NISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).<br />

Após a saída das primeiras enfermeiras verificou-se, por meio dos<br />

relatos, a presença de uma enfermeira religiosa, que atuava na administração<br />

do Pavilhão e no treinamento de funcionárias para exercer as atividades<br />

de enfermagem, as quais foram denominadas posteriormente de<br />

atendentes. A religiosa, Irmã Teresa, era Vicentina advinda da Escola Maria<br />

Antoinette Blanchot, primeira escola piauiense de ensino auxiliar de enfermagem.<br />

Nós éramos atendentes sob a supervisão da irmã Teresa, que era a enfermeira<br />

chefe; ela era religiosa, mas era formada. O curso teve uma grande importância<br />

porque a gente começou do nada e foi aprendendo essa parte ética, parte<br />

profissional da mão na massa como se diz, e tudo aquilo a gente aprendeu<br />

com doutor Lucídio e com a enfermeira irmã Teresa. Todo dia de manhã ela<br />

explicava tudo; todos os dias, antes de reunir pra chamada, pra saber quem<br />

tinha faltado e quem tinha chegado na hora ela dava muita orientação pra<br />

gente. A irmã Teresa quando a gente partia dali pras enfermarias, a gente ia<br />

saber o que ia fazer com o doente, ia tratar bem, ia tratar com carinho, ia ter<br />

toda aquela ética (F3).<br />

Essa enfermeira religiosa teve um papel importante não só na formação<br />

das atendentes e auxiliares de enfermagem, como também no tratamento<br />

dos doentes internados no Pavilhão. Devido ao longo período de<br />

internação dos pacientes no pavilhão e ao grande número de portadores<br />

da enfermidade que eram analfabetos, foi criada uma escolinha de alfabetização<br />

dentro do próprio hospital e muitos deles saíram alfabetizados.<br />

Após o treinamento realizado pela religiosa, muitas dessas atendentes<br />

fizeram o curso auxiliar de enfermagem, em 1958, quando foi<br />

criada a primeira Escola Auxiliar de enfermagem Irmã Maria Antoinette<br />

Blanchot (NUNES, BORGES, SANTOS).<br />

O pavilhão já tinha o seu funcionamento, tinha a enfermeira Vangi e as atendentes<br />

que nós as transformamos em auxiliares de enfermagem. Eram vinte<br />

e duas atendentes que foram transformadas em auxiliares de enfermagem. E<br />

como existia a escola de enfermagem Maria Antoinette Blanchot, ali o curso<br />

era de um ano e oito meses; a gente dispensava integralmente dois atendentes,<br />

a cada ano, e assim nós fechamos o quadro (E1).<br />

A contribuição do Serviço de Enfermagem na construção da missão<br />

social do Pavilhão de Tuberculose é facilmente percebida em todos<br />

os depoimentos. Foram Identificadas algumas enfermeiras como as pioneiras<br />

do Serviço de Enfermagem do Pavilhão de Tuberculose, como Irmã<br />

Teresa, Maria do Espírito Santo, conhecida como Vangi, e principalmente<br />

Maria Vieira Moraes. Esta, desde a década de 1960 realizou um importante<br />

trabalho na Campanha, sendo mencionada em várias entrevistas. Um dos<br />

depoentes descreve sua relevância: “A Maria Vieira foi quem estruturou<br />

boa parte do serviço de tuberculose no Piauí. Tiveram várias outras enfermeiras,<br />

porém a Maria foi a visão maior. É tanto que ela era conhecida<br />

como a “Maria da tuberculose” (F4).<br />

Ao final da década de 1960, na CNCT a enfermagem passou a guiar<br />

suas ações para a organização de serviços em âmbito nacional e projeção<br />

profissional, mediante não só atividades de planejamento em equipe<br />

multiprofissional, assim como supervisão local, educação continuada das<br />

enfermeiras, como também assessoria técnica aos órgãos de direção da<br />

campanha, entre outros (BARREIRA, 1996).<br />

Dessa maneira, podemos perceber que a função do enfermeiro,<br />

nos pavilhões de TB, era bastante extensa. Elas coordenavam praticamente<br />

todos os setores existentes no hospital, como cozinha, lavanderia,<br />

rouparia e a própria enfermagem. No Pavilhão de TB, em Teresina, era o<br />

enfermeiro que realizava todas as orientações acerca do tratamento e os<br />

cuidados que o paciente deveria tomar; também realizava entrega dos<br />

medicamentos, encaminhava para baciloscopia e atuava como enfermeira<br />

sanitarista.<br />

Por meio dos depoimentos pôde-se inferir que a enfermagem era<br />

Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011.

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