Untitled - Novafapi
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Alencar, F. A. ; Mágno, D.<br />
essa nova fase. O Censo revelou crescimento de cerca de 5% da população<br />
urbana, de 1996 a 2000, enquanto a população total cresceu 1,54%, no<br />
mesmo período (IBGE, Censo 2000).<br />
À época, o Estado contava com 223 municípios e seu foco de desenvolvimento<br />
era voltado para a produção agrícola dos cerrados, para a<br />
industrialização, turismo e para a melhoria da qualidade dos serviços. O<br />
potencial produtivo do Estado foi bastante significativo, com grande extensão<br />
de terras agricultáveis e manancial hídrico, com água de superfície<br />
e subsolo. Além disso, a posição geográfica entre o Norte e o Nordeste<br />
favorecia ao Piauí uma situação estratégica com relação ao comércio e à<br />
prestação de serviços.<br />
O setor mais importante para a economia do Estado era o de serviços,<br />
que contribuiu com 52,66% para a formação do Produto Interno<br />
Bruto (PIB), evidenciando a vocação do Estado para este setor. (CENSO<br />
IBGE 2000).<br />
A capital do Estado do Piauí, Teresina, está situada na região Norte<br />
do Piauí, contava com 714.318 mil habitantes (IBGE, Censo 2000), 25% da<br />
população do Estado e constituía-se no município com maior índice de<br />
urbanização, com 94,72% de sua população residindo na cidade, abrigava<br />
mais de um terço da população do Estado e possuía a metade do potencial<br />
de consumo do Piauí.<br />
É importante ressaltar que a região integrada de desenvolvimento<br />
da grande Teresina, criada pelo Decreto Federal n. 4.367, de 09 de setembro<br />
de 2002, engloba 13 municípios, sendo 12 do Estado, e mais a cidade<br />
de Timon – MA, formando assim uma conurbação, onde as duas cidades<br />
juntas têm 924.000 habitantes. (CENSO IBGE/2010).<br />
Teresina vinha apresentando acelerado crescimento populacional,<br />
no Censo de 2000, a taxa de crescimento foi 2,22%, superando a do Estado.<br />
Em decorrência, principalmente de sua localização, a capital do Piauí<br />
vinha se consolidando como centro de convergência no setor de prestação<br />
de serviços, sobretudo nas áreas de educação e saúde, atraindo contingentes<br />
populacionais de todo o Estado e das regiões Oeste do Ceará<br />
e Leste do Maranhão, e de Estados da região Norte, principalmente Pará,<br />
Tocantins, Amapá e Roraima.<br />
A cidade possuía o quarto lugar em crescimento populacional<br />
entre as capitais nordestinas, abaixo de São Luís, Salvador e Maceió, três<br />
capitais litorâneas que vinham apostando muito no incentivo às empresas<br />
de fora e de forte atração turística, de lazer e cultural. Salvador possuía<br />
um setor industrial consolidado, com indústrias de primeira, segunda e<br />
terceira geração; a vizinha cidade de São Luís vinha recebendo importante<br />
apoio federal há quase duas décadas.<br />
O crescimento populacional de Teresina se justificava pela vocação<br />
da cidade para a prestação de serviços, sobretudo em saúde e educação.<br />
As duas áreas vinham se consolidando como polos de referências da capital<br />
piauiense, localizada no Meio Norte do Brasil.<br />
Para o desenvolvimento do potencial existente em Teresina, cuja<br />
localização lhe assegurou um diferencial foram necessários investimentos<br />
públicos e privados, principalmente nas ações de capacitação de recursos<br />
humanos, buscando elevar o nível de escolaridade dos empreendedores e<br />
trabalhadores, possibilitando qualidade à mão de obra, aumento da produtividade,<br />
conquista de novos mercados e treinamento de empreendedores<br />
e trabalhadores para lidar com novas tecnologias de procedimentos,<br />
materiais e equipamentos.<br />
No setor de educação, como em outros setores, o processo de modernização<br />
provocava grandes impactos. Alguns postos de trabalho eram<br />
eliminados devido à adoção de novas tecnologias, como informatização<br />
32<br />
ou mesmo a reestruturação organizacional. De maneira geral, os postos de<br />
trabalhos eliminados foram aqueles que requeriam baixo nível de escolaridade<br />
geral e algum nível de qualificação específica. Os novos postos, por<br />
sua vez, exigiam mais qualificação do trabalhador.<br />
As estratégias utilizadas para a implantação da NOVAFAPI partiram<br />
de observações relacionadas à carência de profissionais da área da saúde,<br />
pelo fato de Teresina ser reconhecida como um polo de saúde, com<br />
atendimento de média e alta complexidade à população de todo o Piauí<br />
e Estados vizinhos.<br />
Transcrevemos abaixo, depoimentos selecionados dos sujeitos do<br />
estudo sobre as estratégias utilizadas para a implantação da Faculdade:<br />
... Iniciar com cursos da área de saúde, enfermagem e odontologia, que tinham<br />
uma demanda reprimida não absorvida pelo setor público. Contratar<br />
pessoal qualificado, de reconhecimento na sociedade como bons profissionais,<br />
escolher como local de instalação uma área na zona leste, com boas<br />
avenidas e com possibilidade de expansão física. (DEP. 1).<br />
... No meu ponto de vista, a NOVAFAPI usou como estratégia o padrão de qualidade<br />
devido aos profissionais capacitados que desde o início participaram<br />
da implantação do projeto e implantação. (DEP. 5).<br />
... Observação do mercado de trabalho e da necessidade de desenvolvimento<br />
da educação e saúde (DEP. 6).<br />
A estratégia utilizada para implantação foi iniciar com dois cursos da área da<br />
saúde - enfermagem e odontologia, após levantamento da necessidade de<br />
enfermeiros e dentistas no mercado de trabalho, com sala de aula, laboratórios,<br />
sala de professores, secretaria e especialmente pessoal qualificado e<br />
motivado para implantar uma instituição de ensino superior com todos os requisitos<br />
necessários para ser destaque na educação superior do Piauí (DEP. 9).<br />
Houve uma pesquisa de mercado buscando elencar as prioridades para implantação,<br />
com a definição de: cursos a oferecer, público alvo, local de instalação<br />
da IES e responsabilidade social (DEP. 13).<br />
As estratégias para a implantação da NOVAFAPI foram selecionadas a partir<br />
de discussões com os vários setores educacionais e levantamento das prioridades<br />
locais, tanto do mercado de trabalho quanto do desenvolvimento<br />
socioeducacional do Estado do Piauí (DEP. 12).<br />
Pelos depoimentos, percebe-se que as estratégias utilizadas para<br />
a implantação da NOVAFAPI, foram: iniciar o trabalho com dois cursos da<br />
área da saúde necessários ao mercado de trabalho da época; construir<br />
uma Instituição de ensino superior – IES, em instalações próprias, concentrada<br />
num único endereço e com possibilidade de crescer conforme<br />
o surgimento de novos cursos, mesmo sendo instalada por um período<br />
de um ano em um prédio cedido e selecionar coordenadores, professores<br />
e colaboradores com visão ampla da educação superior com vistas ao<br />
desenvolvimento da instituição, no que se refere à implementação dos<br />
projetos pedagógicos com base nas Diretrizes Curriculares.<br />
O fato de a NOVAFAPI ser instalada em Teresina, em 2001, veio<br />
contribuir para a expansão e o desenvolvimento da Educação Superior no<br />
Piauí, com 100 alunos matriculados, 50, no curso de Odontologia e 50, no<br />
curso de Enfermagem.<br />
No Brasil, a transformação da educação superior de um sistema<br />
elitista para um outro com o fito de envolver a maior parte da sociedade<br />
começou a se construir na década de 1960. Mesmo assim, o sistema brasileiro<br />
continuava a ser elitizado, pois dados estatísticos de 1908, constam<br />
que havia 6.735 estudantes matriculados em instituições de educação<br />
superior. Em 1960, esse total já era de 93.202 alunos, em pouco mais de<br />
cinco décadas. Em 1980, ou seja, vinte anos depois, somavam 1.377.286<br />
matrículas na educação superior. Em 2000, conforme dados do INEP, esse<br />
número quase dobra, atingindo 2.622.073 alunos matriculados. Na estatística<br />
de 2005, constam 4.453.156 estudantes de ensino superior, se caracte-<br />
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2011.