Untitled - Novafapi
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tação. Outras questões foram acrescidas durante as entrevistas, à medida<br />
que os próprios entrevistados informaram sobre determinados assuntos.<br />
As entrevistas foram gravadas utilizando-se de equipamentos eletrônicos<br />
para posterior transcrição.<br />
As fontes secundárias foram constituídas por livros e artigos,<br />
referentes à história da tuberculose no Brasil e no Piauí, pertinentes ao<br />
contexto histórico, político e social da época, que contribuíram nas argumentações<br />
e contra-argumentações das informações recebidas dos entrevistados.<br />
A análise dos dados produzidos foi realizada a partir da organização<br />
dos documentos e da transcrição das entrevistas, que depois de lidos, analisados<br />
e categorizados, foram interpretados à luz dos autores que deram<br />
sustentação ao estudo.<br />
O estudo cumpriu as determinações da Resolução 196/96 do Conselho<br />
Nacional de Saúde. Os entrevistados foram orientados quanto ao<br />
tipo de pesquisa, o direito de participar ou não e de poder desistir em<br />
qualquer tempo do estudo, como também quanto a garantia do anonimato.<br />
Considerando que nem todos concordaram em utilizar o próprio<br />
nome no estudo e respeitando a garantia do anonimato os sujeitos foram<br />
denominados com abreviaturas de acordo com a função que exerciam.<br />
Os sujeitos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e o<br />
projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade NOVA-<br />
FAPI com protocolo de número 0158.0.043.000-10.<br />
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
O processo de coleta e analise permitiu sistematizar os depoimentos<br />
dos sujeitos em duas categorias: os serviços de tuberculose criados<br />
em Teresina (1949 -1976) e a atuação da enfermagem nesses serviços de<br />
tuberculose. Os sujeitos do estudo por ocasião das entrevistas rememoraram<br />
suas vivencias do passado, relatando aspectos importantes da memoria<br />
dos serviços de Tuberculose no Piauí, o que permitiu desenvolver<br />
essa versão histórica.<br />
3.1 Os serviços de tuberculose criados em Teresina (1949 -<br />
1976)<br />
O agravamento do quadro de tuberculose, como principal causa de<br />
mortalidade no Brasil, tornou-se um dos mais sérios problemas de saúde<br />
pública do País, desencadeando, por parte do Estado Brasileiro, uma série<br />
de medidas sanitárias, para controle dessa enfermidade.<br />
Dentre essas medidas, foi criado, em 1941, o Serviço Nacional de<br />
Tuberculose (SNT), órgão responsável pela política de combate a essa<br />
enfermidade no território nacional e posteriormente, o Decreto-Lei n.º<br />
9.387, de 20 de junho de 1946, instituiu a Campanha Nacional Contra a<br />
Tuberculose (CNCT), sob a orientação e a fiscalização do Serviço Nacional<br />
de Tuberculose e do Departamento Nacional de Saúde, ambos ligados ao<br />
Ministério de Educação e Saúde Pública (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004) .<br />
Dessa forma, o Serviço Nacional de Tuberculose elaborou o Plano<br />
de Ação da Campanha, fundamentado na atuação objetiva em todo<br />
território nacional e priorização das regiões ou localidades com maior incidência<br />
da tuberculose, com desenvolvimento de medidas de profilaxia<br />
e assistência, ensino, pesquisa, educação e ação social (MINISTÉRIO DA<br />
SAÚDE, 2004).<br />
A função que a Campanha Nacional contra a Tuberculose exerceu<br />
no controle da doença, foi peculiar, tendo em vista a particularidade de<br />
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011.<br />
sua constituição administrativa e financeira. Assim a campanha assumiu<br />
como proposta, a expansão da estrutura hospitalar e sanatorial em todo<br />
o País, trazendo a idéia da padronização do atendimento, a normatização<br />
das ações de saúde e a formação de recursos humanos, envolvendo pessoal<br />
de nível médio e superior (FERNANDES, ALMEIDA, 2010).<br />
A partir da avaliação do Governo Federal de que a Campanha Nacional<br />
deveria ser descentralizada, tendo focos regionais de maior incidência<br />
da doença, começaram a criar estabelecimentos hospitalares chamados<br />
Pavilhões para tratamento de tuberculose nas áreas mais incidentes.<br />
3.1.1 O Pavilhão de tuberculose<br />
História e memória da tuberculose em Teresina – Piauí<br />
Nesse contexto, o Estado do Piauí fez parte do plano da Campanha<br />
Nacional de Tuberculose, tendo como principal resultado a criação de<br />
serviços para tratamento e controle da doença. Dentre esses serviços, foi<br />
instituído primeiro o Pavilhão de Tuberculose e, posteriormente o Dispensário<br />
de Tuberculose, na capital do Estado, para internação dos pacientes<br />
portadores de formas graves da doença e para controle dos doentes respectivamente.<br />
O Pavilhão foi inaugurado em 1949, assumindo um papel importante<br />
no tratamento da doença no Estado, passando a funcionar com 94<br />
leitos. Os serviços de tuberculose foram coordenados no Piauí pelo médico<br />
Lucídio Portela, que se formou em medicina na cidade do Rio de<br />
Janeiro, tendo realizado o curso de pneumologia e tisiologia, conforme<br />
depoimento:<br />
Eu me formei em medicina no Rio de Janeiro e fiz o curso de pneumologia e<br />
o curso de tisiologia. Então fui convidado para dirigir um hospital que ia ser<br />
criado no Piauí, porque não tinha leitos para tuberculosos e a tuberculose era<br />
uma doença altamente contagiosa e precisava-se abrigar o pessoal contagiante<br />
para evitar o contato familiar. Eu vim para dirigir o hospital e fui eu que<br />
coloquei as primeiras camas; elas foram arrumadas por mim. Eu vim sozinho,<br />
depois foi que recrutamos o pessoal auxiliar (M1).<br />
O Pavilhão de Tuberculose foi o primeiro hospital público do Piauí<br />
destinado ao atendimento de tuberculosos. A sua institucionalização<br />
ocorreu dentro da proposta da Campanha Nacional Contra a Tuberculose,<br />
cujo objetivo principal era o isolamento dos doentes em hospitais (sanatórios),<br />
mantidos longe do convívio social e familiar, visando, com isso,<br />
diminuir a disseminação da doença.<br />
Vale ressaltar que o Pavilhão foi construído como anexo do Hospital<br />
Getúlio Vargas (HGV), um hospital moderno inaugurado em 1941,<br />
no contexto da reorganização sanitária do Estado, tudo provocado pelas<br />
mudanças desencadeadas no País, com o advento do Estado Novo.<br />
A área de construção do Pavilhão foi escolhida próxima ao HGV,<br />
certamente pela sua localização, que embora fosse situada no perímetro<br />
urbano, mantinha-se isolada do centro da cidade, evitando poeira e outros<br />
transtornos desagradáveis para doentes que careciam de repouso.<br />
Outro aspecto considerado foi a facilidade de serviços do HGV, como a<br />
sua cozinha, que atendeu ao Pavilhão, dada a sua proximidade. Apesar<br />
de o prédio, à época, ser considerado um anexo, ele tinha uma estrutura<br />
própria de atendimento isolada do HGV. Todavia, por mais de uma década,<br />
o seu funcionamento dependeu dos serviços da cozinha do HGV, como<br />
recordam os depoentes.<br />
A cozinha era no HGV e, todo dia, havia reclamação por parte dos pacientes<br />
de que a comida não dava e não tinha como controlar. Então começamos a<br />
cozinhar no próprio Pavilhão com um fogãozinho doméstico. Quando foi um<br />
dia o Dr. Lucídio entrou e perguntou que história era aquela que nós estávamos<br />
fazendo comida lá. Eu respondi os motivos e ele foi ao Rio de Janeiro<br />
com o projeto e ganhou o recurso e nós montamos a cozinha (E1).<br />
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