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Uso racional de medicamentos: temas selecionados, 2012.

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Escolha <strong>de</strong> associações <strong>de</strong> anti-hipertensivos<br />

Significativa proporção <strong>de</strong> pacientes hipertensos<br />

necessita <strong>de</strong> dois ou mais agentes para a<strong>de</strong>quado<br />

controle <strong>de</strong> pressão arterial. Praticamente todas as<br />

associações <strong>de</strong> anti-hipertensivos têm efeito aditivo<br />

na redução da PA e presumivelmente na prevenção<br />

<strong>de</strong> eventos cardiovasculares, 13 mas há poucos<br />

estudos comparativos entre agentes empregados<br />

como segunda opção na prevenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfechos<br />

primordiais. A associação <strong>de</strong> agentes IECA e ARA-<br />

2 <strong>de</strong>ve ser evitada, pois aumenta a incidência<br />

<strong>de</strong> disfunção renal. 14 Anlodipino foi superior à<br />

hidroclorotiazida no estudo ACCOMPLISH, 15 em que<br />

a primeira opção foi benazepril, um agente IECA. A<br />

menor eficácia hipotensora <strong>de</strong> hidroclorotiazida tem<br />

explicação plausível, pois clortalidona fora superior<br />

a anlodipino no estudo ALLHAT. 4 Na falta <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>quados estudos comparativos, recomendase<br />

associar, ao diurético, betabloqueadores<br />

como segunda opção e vasodilatadores como<br />

a terceira opção. Inibidores da ECA po<strong>de</strong>m<br />

substituir o betabloqueador, aproveitando seu<br />

efeito poupador <strong>de</strong> potássio. 16,17<br />

Pressão-alvo<br />

A pressão-alvo no tratamento anti-hipertensivo<br />

não está claramente <strong>de</strong>limitada, mas se aceita<br />

que <strong>de</strong>va ser inferior a 140/90mmHg em pacientes<br />

não diabéticos. Para esses, as diretrizes<br />

recomendam PA inferior a 130/80mmHg. Antigos<br />

estudos e meta-análises <strong>de</strong> ensaios clínicos<br />

(com quebra da randomização) sugeriram que<br />

acentuada redução da PA, particularmente<br />

diastólica, associava-se com aumento <strong>de</strong> risco<br />

para eventos coronarianos, o fenômeno da curva<br />

J. 5 O valor da inflexão do “J” estaria entre 80 e<br />

85mmHg para a PA diastólica. Ensaio clínico foi<br />

<strong>de</strong>senhado para investigar essa questão, com a<br />

intenção <strong>de</strong> randomizar pacientes com pressão<br />

diastólica inferior a 90, 85 e 80mmHg, níveis que<br />

não chegaram a ser atingidos. 18 Houve discreta<br />

vantagem com a tentativa <strong>de</strong> reduzir mais<br />

intensamente a pressão arterial em pacientes<br />

com diabetes. Recente ensaio clínico, 19 realizado<br />

em pacientes com diabetes, reacen<strong>de</strong>u o<br />

interesse nessa questão, testando a eficácia <strong>de</strong><br />

estratégias que reduziam a PA sistólica a menos<br />

<strong>de</strong> 140mmHg versus a 120mmHg, valores que<br />

foram efetivamente atingidos durante o estudo. A<br />

redução <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> eventos coronarianos<br />

no grupo <strong>de</strong> tratamento intensivo foi inferior<br />

à predita pelos estudos <strong>de</strong> coorte (13%, não<br />

significativa). Por outro lado, a prevenção <strong>de</strong><br />

AVC foi <strong>de</strong> 41%, como previsto pelos estudos <strong>de</strong><br />

Ministério da Saú<strong>de</strong><br />

106<br />

risco para esta diferença <strong>de</strong> PA. A interpretação<br />

cabível <strong>de</strong>sses estudos é <strong>de</strong> que a pressão-alvo<br />

em pacientes com diabetes <strong>de</strong>ve ser inferior a<br />

130mmHg, pois se associa com prevenção <strong>de</strong><br />

AVC e não é <strong>de</strong>letéria para doença coronariana.<br />

A menor proteção contra cardiopatia isquêmica<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se à existência <strong>de</strong> doença subclínica<br />

em alguns pacientes, induzindo à perda parcial<br />

do benefício por menor perfusão coronariana.<br />

Hipertensão na gestação<br />

Pressão elevada durante a gestação po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>correr <strong>de</strong> hipertensão crônica, hipertensão<br />

gestacional e pré-eclâmpsia. Para a primeira, a<br />

revisão Cochrane 20 (n= 3.081 gestantes) <strong>de</strong> 26<br />

ensaios clínicos comparativos com placebo ou não<br />

tratamento <strong>de</strong>monstrou tendência à redução <strong>de</strong><br />

mortalida<strong>de</strong> fetal (RR= 0,73; IC95%: 0,50-1,08).<br />

Em 19 estudos (2.409 pacientes), houve redução<br />

<strong>de</strong> 50% na incidência <strong>de</strong> hipertensão grave, mas<br />

não na prevenção <strong>de</strong> eclâmpsia e mortalida<strong>de</strong><br />

materna. Apesar <strong>de</strong> ainda não se <strong>de</strong>monstrarem<br />

benefícios inequívocos na prevenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfechos<br />

primordiais, indica-se início ou manutenção <strong>de</strong><br />

tratamento anti-hipertensivo em pacientes com<br />

hipertensão crônica. Em 19 ensaios clínicos, com<br />

1.282 gestantes, betabloqueadores se mostraram<br />

mais eficazes do que metildopa para reduzir a<br />

incidência <strong>de</strong> hipertensão grave. Inibidores da<br />

ECA estão contraindicados na gestação por serem<br />

teratogênicos. Diuréticos não são usualmente<br />

empregados, <strong>de</strong>vido a antigos relatos <strong>de</strong> efeitos<br />

in<strong>de</strong>sejáveis em pré-eclâmpsia e a raciocínio<br />

fisiopatológico (diminuiriam volemia, já reduzida<br />

nestas pacientes), limitações incorporadas à<br />

prática assistencial. Aceita-se que pacientes já em<br />

uso <strong>de</strong> diuréticos, quando da concepção, possam<br />

ou até <strong>de</strong>vam mantê-los durante a gestação.<br />

Na hipertensão gestacional, recomendase<br />

abordagem não <strong>medicamentos</strong>a, com<br />

monitorização <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong> pré-eclâmpsia. A<br />

hipertensão da pré-eclâmpsia cura-se com o<br />

parto. Mas se este for precoce, há prejuízos para<br />

o concepto. Tratamento anti-hipertensivo está<br />

indicado ante valores acentuadamente elevados<br />

<strong>de</strong> pressão arterial (diastólica superior a 105 ou<br />

110mmHg ou sistólica superior a 160mmHg),<br />

visando principalmente prevenir AVC na mãe e<br />

evolução para eclâmpsia e síndrome HELLP. Não<br />

há estudos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que comparem tratamento<br />

a não tratamento ou fármacos entre si, objetivando<br />

a prevenção daqueles <strong>de</strong>sfechos. Hidralazina,<br />

labetalol, metildopa, nifedipino e nimodipino se<br />

mostraram equivalentes no efeito hipotensor e<br />

incidência <strong>de</strong> efeitos adversos. 21

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