Uso racional de medicamentos: temas selecionados, 2012.
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Análogos <strong>de</strong> vitamina D (alfacalcidol e calcitriol)<br />
Na redução <strong>de</strong> fraturas vertebrais em mulheres<br />
pós-menopáusicas e homens com mais <strong>de</strong> 65 anos,<br />
calcitriol não se mostrou mais eficaz do que placebo<br />
ou não tratamento. Análogos <strong>de</strong> vitamina D e cálcio<br />
similarmente reduzem o risco <strong>de</strong>ssas fraturas.<br />
Comparativamente à vitamina D, seus análogos a<br />
superaram na redução do mesmo tipo <strong>de</strong> fratura. 15<br />
Comparativamente a placebo ou não tratamento,<br />
alfacalcidol mostra-se mais eficaz em reduzir<br />
fraturas <strong>de</strong> quadril em idosos com impedimento<br />
<strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>. Já calcitriol não se mostrou mais<br />
eficaz na redução <strong>de</strong> fraturas <strong>de</strong> quadril e outras<br />
não vertebrais em mulheres pós-menopáusicas e<br />
homens com mais <strong>de</strong> 65 anos. 15 Calcitriol aumenta<br />
o risco <strong>de</strong> hipercalcemia comparativamente a cálcio<br />
ou placebo, o que não ocorre com alfacalcidol.<br />
Suplementação isolada <strong>de</strong> vitamina D<br />
Revisão Cochrane 20 que incluiu 45 estudos<br />
mostrou que vitamina D sozinha não é eficaz na<br />
prevenção <strong>de</strong> fratura <strong>de</strong> quadril (9 estudos, 24.749<br />
participantes; RR=1,15; IC95%: 0,99–1,33),<br />
fratura vertebral (5 estudos, 9.138 participantes;<br />
RR=0,90; IC95%: 0,42–1,92) ou qualquer outra<br />
nova fratura (10 estudos, 25.016 participantes;<br />
RR=1,01; IC95%: 0,93–1,09). No entanto, quando<br />
a vitamina D foi administrada em combinação<br />
com o cálcio, houve menos fraturas <strong>de</strong> quadril<br />
em pacientes idosos institucionalizados.<br />
Meta-análise 21 <strong>de</strong> oito estudos (12.658<br />
mulheres) comparou a eficácia <strong>de</strong> 800UI/dia <strong>de</strong><br />
colecalciferol (vitamina D3) em relação ao placebo<br />
na prevenção <strong>de</strong> fraturas em mulheres pósmenopáusicas.<br />
A suplementação com vitamina<br />
D3 mostrou probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 70% <strong>de</strong> superar<br />
o placebo na prevenção <strong>de</strong> fraturas <strong>de</strong> quadril e<br />
outras fraturas não vertebrais. Comparativamente<br />
à suplementação <strong>de</strong> cálcio, a combinação <strong>de</strong><br />
vitamina D3 e cálcio reduziu fraturas não vertebrais,<br />
mas não afetou fraturas <strong>de</strong> quadril.<br />
Suplementação isolada <strong>de</strong> cálcio<br />
Spangler e colaboradores 22 analisaram cinco<br />
ensaios clínicos randomizados que questionaram os<br />
benefícios da suplementação <strong>de</strong> cálcio em mulheres<br />
pós-menopáusicas e apontaram aumento do risco<br />
<strong>de</strong> cálculos renais e problemas gastrintestinais<br />
nas usuárias <strong>de</strong> cálcio. A revisão mostrou que os<br />
estudos tinham limitações, incluindo possível viés <strong>de</strong><br />
seleção e baixos níveis <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são a tratamento, e<br />
Ministério da Saú<strong>de</strong><br />
134<br />
que a maioria não incluía vitamina D para otimizar a<br />
absorção do cálcio. Em três dos estudos, a análise<br />
<strong>de</strong> subgrupos <strong>de</strong> participantes com maior a<strong>de</strong>são a<br />
tratamento mostrou redução significativa do risco <strong>de</strong><br />
fratura osteoporótica com a suplementação <strong>de</strong> cálcio.<br />
Conclusão<br />
Visualizando as evidências contemporâneas<br />
sobre o papel <strong>de</strong> cálcio e vitamina D na<br />
prevenção <strong>de</strong> fraturas ósseas, fazem-se<br />
algumas recomendações.<br />
1. Em prevenção primária <strong>de</strong> pessoas com<br />
baixo risco, <strong>de</strong>ve-se insistir na adoção <strong>de</strong> medidas<br />
não <strong>medicamentos</strong>as.<br />
2. Quando há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terapia<br />
<strong>medicamentos</strong>a, a associação <strong>de</strong> cálcio e vitamina D<br />
(1000mg + 800UI/dia) <strong>de</strong>ve ser indicada para prevenir<br />
fraturas osteoporóticas <strong>de</strong> quadril e outras localizações<br />
não vertebrais, principalmente em pacientes idosos,<br />
institucionalizados, com estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong><br />
vitamina D e sem história prévia <strong>de</strong> fratura.<br />
3. Tal escolha se justifica por apresentar<br />
eficácia quando há a<strong>de</strong>são à medida, razoável<br />
segurança e menor custo. Os efeitos adversos da<br />
suplementação <strong>de</strong> cálcio (principalmente como sal<br />
citrato) são distúrbios gastrintestinais e constipação,<br />
ainda minimizados se aquela for administrada<br />
entre as refeições. Na dose preconizada, o risco<br />
<strong>de</strong> litíase renal se mostra pequeno. Em indivíduos<br />
sem doença renal ou <strong>de</strong> paratireoi<strong>de</strong>s, o risco <strong>de</strong><br />
hipercalcemia/hipercalciúria e <strong>de</strong> sintomas clínicos<br />
é pequeno. Calcitriol associa-se à incidência<br />
aumentada <strong>de</strong> hipercalcemia.<br />
4. No Brasil, existem colecalciferol isolado ou<br />
em associação a carbonato <strong>de</strong> cálcio, carbonato<br />
<strong>de</strong> cálcio isolado, citrato <strong>de</strong> cálcio isolado ou<br />
associado à vitamina D e calcitriol e alfacalcidol, os<br />
dois últimos com custo mais alto. Os preços variam<br />
e não há genéricos. 23<br />
5. Nos pacientes que fogem ao perfil<br />
comentado (por exemplo, os com risco para<br />
fraturas vertebrais), ou apresentam risco mais<br />
grave, melhor será indicar a terapia com outros<br />
<strong>medicamentos</strong> <strong>de</strong>finidamente mais eficazes.<br />
Ainda há carência <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que<br />
<strong>de</strong>finam a eficácia da associação cálcio e vitamina<br />
D na prevenção <strong>de</strong> fraturas, como comentado<br />
em revisões sistemáticas e meta-análises<br />
contemporâneas. Futura investigação é necessária<br />
nesse cenário, pois hoje os ensaios clínicos<br />
randomizados são graduados como geradores <strong>de</strong><br />
baixa ou mo<strong>de</strong>rada evidência.