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A Tradução é um Lugar Estranho: Comunicação ... - RUN UNL

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À medida que a investigação na área da pragmática se foi desenvolvendo, a<br />

pragmática entre culturas e em diferentes culturas começou a ser analisada com base em<br />

perspectivas distintas. Devido à natureza do tema escolhido na presente dissertação, as<br />

duas perspectivas que serão analisadas mais pormenorizadamente são a Pragmática<br />

Contrastiva e Pragmática Transcultural.<br />

Tal como afirma Karin Aijmer (2011: 1), a pragmática contrastiva “is concerned<br />

with pragmatics or language use in different languages”. Contudo, esta análise<br />

contrastiva assenta no pressuposto de que a acção linguística é universal e que os actos<br />

de fala operam segundo princípios universais. Desta forma, as estratégias empregues na<br />

realização de <strong>um</strong> acto de fala seriam <strong>um</strong> elemento com<strong>um</strong> a todas as línguas e a todas as<br />

culturas, n<strong>um</strong> processo conhecido como misguided universalism (Wierzbicka, 1991:<br />

69). No entanto, conforme a investigação nesta área ia apresentando <strong>um</strong> maior<br />

desenvolvimento, a noção de que a linguagem é condicionada pelas características de<br />

cada cultura começou a ganhar força e a abordagem contrastiva foi, de certa forma,<br />

substituída pela abordagem transcultural (Barron, 2001: 23).<br />

De acordo com James Simpson, a pragmática transcultural ocupa-se do estudo<br />

da realização de “speech acts like requests and apologies in different cultural contexts”<br />

(2011: 307). Esta nova linha de investigação partia do princípio de que em diferentes<br />

culturas e sociedades, é possível encontrar diferenças na forma como as pessoas se<br />

expressam. Estas diferenças são profundas e sistemáticas e reflectem a existência de<br />

<strong>um</strong>a hierarquia de valores culturais (Wierzbicka, 1991: 69).<br />

Como afirma Yan Huang, grande parte dos actos de fala são culturalmente<br />

específicos, principalmente quando se fala de “institutionalized speech acts, which<br />

typically use standardized and stereotyped formulae and are performed in public<br />

ceremonies” (2007: 119). Devido a esta mesma especificidade, certos actos de fala só<br />

existem, e fazem sentido, no seio de <strong>um</strong>a determinada cultura pelo que se torna<br />

impossível encontrar <strong>um</strong> acto de fala equivalente n<strong>um</strong> outro contexto sociocultural.<br />

Da mesma forma, apesar de certos actos de fala serem comuns à maioria das<br />

culturas, na prática podem ser realizados de forma distinta. Por exemplo, tal como<br />

afirma Huang, ao passo que que na cultura inglesa o mais com<strong>um</strong>, ao ser-se convidado<br />

para <strong>um</strong> jantar, é elogiar o mesmo e agradecer a amabilidade do convite, pelo contrário,<br />

na cultura japonesa, o usual é que os convidados apresentem <strong>um</strong> pedido de desculpas<br />

como por exemplo, “o-jama itashimashita “I have intruded on you” (2007: 121). Huang<br />

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