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A Tradução é um Lugar Estranho: Comunicação ... - RUN UNL

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Charlotte se apercebam de que mesmo no seu “mundo” se sentiam perdidos e sem saber<br />

exactamente qual o seu lugar, qual o caminho a seguir.<br />

Com este filme, o espectador pode também aperceber-se de que, mesmo dentro<br />

da mesma cultura, é possível encontrar alg<strong>um</strong>as diferenciações. O filme estabelece<br />

claramente <strong>um</strong>a demarcação entre o caótico Japão urbano e a periferia mais pacífica<br />

com os seus magníficos jardins e locais de culto.<br />

Ao longo do filme é possível identificar <strong>um</strong>a série de situações em que as<br />

diferenças entre culturas se tornam bastante visíveis. Logo no início, quando Bob chega<br />

ao hotel onde foi ficar hospedado, é recebido pelo grupo de trabalho, que o vai<br />

acompanhar ao longo da filmagem do anúncio publicitário. Nesta cena temos dois<br />

elementos que são extremamente característicos da cultura japonesa: a vénia feita pelos<br />

elementos do grupo de trabalho e a entrega dos cartões-de-visita.<br />

A vénia é <strong>um</strong>a prática bastante com<strong>um</strong> na cultura japonesa e obedece a <strong>um</strong>a<br />

série de regras, tendo em conta a hierarquia existente entre os participantes no processo<br />

de comunicativo. A inclinação da vénia depende do maior ou maior grau de<br />

proximidade entre os intervenientes. Não estando a par destas convenções, Bob fica de<br />

certa forma sem saber como agir e tenta, da melhor forma, esconder o seu desconforto.<br />

Quanto à entrega dos cartões-de-visita por parte dos elementos do grupo de trabalho, ela<br />

exemplifica o espírito pragmático dos japoneses, ao mesmo tempo que perpetua a ideia<br />

de que os japoneses estão sempre na vanguarda, à espera de <strong>um</strong>a boa oportunidade de<br />

negócio.<br />

A cena em que Bob se prepara para gravar o anúncio à bebida Suntory é <strong>um</strong><br />

exemplo paradigmático das relações interculturais e da forma como as expectativas e<br />

ideias pré-concebidas em relação ao “outro” podem moldar as escolhas a nível<br />

comunicativo. Nesta cena os três intervenientes principais são Bob, o realizador e <strong>um</strong>a<br />

intérprete. O director, que só fala japonês, dá todas as indicações à intérprete que, por<br />

sua vez, as transmite a Bob.<br />

Mas, ao passo que as indicações dadas pelo realizador são longas e expressivas,<br />

a tradução feita pela intérprete prima pela concisão. As diferenças comunicativas entre o<br />

realizador e a intérprete são visíveis não só no que diz respeito à duração das falas, mas<br />

também em relação à expressividade das mesmas. Perante esta situação, Bob fica algo<br />

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