16.01.2014 Views

A Tradução é um Lugar Estranho: Comunicação ... - RUN UNL

A Tradução é um Lugar Estranho: Comunicação ... - RUN UNL

A Tradução é um Lugar Estranho: Comunicação ... - RUN UNL

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

afastados da cultura e valores paquistaneses que George lhes tenta incutir. Apesar da<br />

influência de George, a identidade dos filhos passou a ser definida pela cultura inglesa e<br />

não pela cultura paquistanesa.<br />

Com esta obra cinematográfica, fica demonstrado que a cultura e,<br />

consequentemente, o contexto sociocultural são elementos preponderantes na formação<br />

da identidade de <strong>um</strong> indivíduo. Com afirma o filho Tariq, n<strong>um</strong>a discussão com George:<br />

“I’m not Pakistani, I was born here. I speak English, not Urdu”, tornando assim<br />

evidente, que apesar de o pai tentar perpetuar as tradições paquistanesas, o meio<br />

envolvente em que os filhos foram criados teve <strong>um</strong> peso maior na formação da sua<br />

identidade, ao mesmo tempo que demonstra a importância da língua como <strong>um</strong>a parte<br />

integrante da cultura.<br />

Este princípio é explicitado pelo analista pelo Gordon Mathews quando defende<br />

que “There is no doubt that selves are culturally shaped: selves of different cultural<br />

backgroud clearly have different ways of experiencing the world” (2000: 12).<br />

Com efeito, os problemas identitários estão igualmente presentes em George.<br />

Por <strong>um</strong> lado, como emigrante George sente que não é completamente aceite pela<br />

comunidade inglesa e, por outro lado, apercebe-se que também já não se encontra tão<br />

inserido na comunidade paquistanesa como antes. George encontra-se assim n<strong>um</strong> limbo,<br />

sem saber que cultura é a sua.<br />

A necessidade de pertença a <strong>um</strong> a grupo como forma de definir a sua identidade<br />

é o grande motor das acções de George. Ele utiliza os filhos como <strong>um</strong> instr<strong>um</strong>ento para<br />

voltar a fazer parte da comunidade paquistanesa, tornando-se cada vez mais<br />

intransigente. As suas decisões baseiam-se não na felicidade dos filhos mas no que será<br />

considerado aceitável pela comunidade paquistanesa.<br />

Apesar de recorrer ao h<strong>um</strong>or como forma de amenizar alg<strong>um</strong>as das<br />

consequências do choque cultural, torna-se evidente que é a cultura paquistanesa,<br />

personificada na figura de George, que acaba por ser retratada de forma mais negativa e<br />

estereotipada. Assim, é possível concluir que a comunicação intercultural fica ameaçada<br />

não pelas diferenças linguísticas, mas pelas diferenças culturais, cada vez mais<br />

acentuadas.<br />

Também a comunidade grega, com todas as suas esteriotipadas particularidades<br />

não foi esquecida pela indústria cinematográfica. O filme My Big Fat Greek Wedding<br />

55

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!