A Tradução é um Lugar Estranho: Comunicação ... - RUN UNL
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Também David Katan encara o tradutor (ou intérprete) como <strong>um</strong> mediador<br />
cultural, capaz de conciliar perspectivas não-convergentes do mundo, sendo assim<br />
possível que os participantes cooperem da forma que lhes parecer mais apropriada<br />
(1999: 11).<br />
Para Hatim e Mason, os tradutores “mediate between cultures (including<br />
ideologies, moral systems and sociopolitical structure), seeking to overcome those<br />
incompatibilities which stand in the way of transfer of meaning” (1990: 223). Nesta<br />
abordagem está novamente demonstrado que o tradutor não tem <strong>um</strong> papel passivo,<br />
agindo sobre o texto, desconstruindo-o para que este se torne acessível ao público-leitor.<br />
Mediar entre culturas é <strong>um</strong>a tarefa árdua, tento em conta que o tradutor não é<br />
<strong>um</strong>a “tábua-rasa”, sendo ele próprio <strong>um</strong> produto da cultura que a que pertence. O<br />
tradutor tem de fazer <strong>um</strong> esforço para que as suas próprias percepções do mundo não<br />
interfiram no seu trabalho, o que nem sempre é fácil, tal como afirmam Hatim e Mason:<br />
Inevitably we feed our own beliefs, knowledge, attitudes and so on into our own<br />
processing of texts, so that any translation will, to some extent, reflect the<br />
translator's own mental and cultural outlook, despite the best of impartial intentions<br />
(1990: 11).<br />
Contudo, durante muito tempo o papel do tradutor não foi devidamente<br />
reconhecido, visto que a própria actividade tradutória era entendida como <strong>um</strong>a mera<br />
transferência linguística, pelo que não era dada importância aos aspectos culturais<br />
presentes em vários textos. Só após o chamado cultural turn se começou a ter maior<br />
noção que os textos não existem por si só, n<strong>um</strong> vazio, mas sim que fazem parte de <strong>um</strong><br />
determinado contexto sociocultural com características específicas, às quais deve ser<br />
dada a devida importância aquando da prática tradutória.<br />
Para a elaboração de <strong>um</strong>a tradução de qualidade é necessário que o tradutor<br />
apreenda do texto todos os elementos necessários para que a mensagem nele contida<br />
seja transmitida eficazmente. Se o tradutor não possuir <strong>um</strong> conhecimento abrangente<br />
não só das línguas com que está a trabalhar mas também das culturas de partida e<br />
chegada, o processo de transmissão da mensagem poderá ficar comprometido, ficando<br />
assim o público leitor de chegada com <strong>um</strong> défice de informação comparativamente aos<br />
leitores do texto de partida.<br />
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