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Intercontinental Porto Palácio das Cardosas pronto a funcionar
«RECONSTRUÇÃO INTERIOR COM MANUTENÇÃO DAS FACHADAS
FOI MAIS COMPLEXA DO QUE A EDIFICAÇÃO DE RAIZ»
Que aspectos do projecto lhe mereceram
atenção especial pela sua complexidade
e delicadeza?
Essencialmente, a qualidade do detalhe
e a recuperação do trabalho com
tecnologias tradicionais de construção,
que já não se vêem muito na arquitectura
moderna. O trabalho com os
estuques ou com o ferro forjado são
alguns exemplos, uma vez que tivemos
de recorrer a verdadeiros artesãos, que
ainda trabalham esses materiais à maneira
antiga. Procurámos, sempre que
possível, dar primazia aos materiais e
empresas nacionais, incutindo -lhe assim
um cunho português e diferenciador
dos restantes hotéis desta cadeia
espalhados pelo mundo.
Hélder Salvado, de 46 anos, responsável pelo projecto do
Intercontinental Porto Palácio das Cardosas, não hesita em considerar
que foi tecnicamente mais difícil reconstruir todo o “miolo” interior do
edifício, conservando ‐lhe as fachadas, do que teria sido a sua edificação
de raiz. Licenciado pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do
Porto, o arquitecto revela tratar ‐se do mais «marcante» projecto da
sua carreira.
Qual o conceito base do projecto?
A ideia, segundo a exigência
do cliente – a Cadeia de Hotéis
Intercontinental – foi a de recriar
o ambiente palaciano no edifício,
que, como se sabe, não foi construído
com esse propósito nem
com esse perfil. Acabámos por
conseguir um interior mais coerente
com a fachada.
Terá sido mais difícil do que, por exemplo,
se tivesse pretendido “pensar” de
raiz todo o imóvel?
Sem dúvida. Foi, na verdade, um trabalho
mais complexo. A reconstrução interior
com a manutenção das fachadas
é mais complexa do que a edificação
de raiz, a começar pela necessidade de
adequar a métrica e a geometria pré-
‐existentes ao programa e exigências
actuais, para as quais o edifício não foi
pensado quando foi construído.
Quanto tempo o projecto demorou a ser
elaborado?
Desde que começámos a traçar os primeiros
riscos, demorou cerca de quatro
anos (incluindo alguns interregnos) e
19 meses de obra.
E em termos pessoais, como o hierarquiza
na sua carreira profissional?
É realmente um projecto marcante, não
só pela sua complexidade, como também
pela importância e localização do
edifício, que, seguramente, vai constituir
uma “âncora” fundamental na
dinâmica da revitalização da Baixa do
Porto, com influência directa nos quarteirões
adjacentes.