03.09.2014 Views

Corpo e Hibridação na Atualidade Tecnológica - Instituto de ...

Corpo e Hibridação na Atualidade Tecnológica - Instituto de ...

Corpo e Hibridação na Atualidade Tecnológica - Instituto de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

10<br />

sociologia, em teóricos da comunicação, economia, física, filosofia e antropologia,<br />

caracterizar as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> entendimento do corpo nesta <strong>Atualida<strong>de</strong></strong> não-mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>,<br />

enfatizando as hibridações entre humano e tecnologia. Para tentar <strong>de</strong>screver este<br />

processo, utilizaremos o mo<strong>de</strong>lo das re<strong>de</strong>s proposto pelo sociólogo da ciência e das<br />

técnicas Bruno Latour, bem como um conceito que ele emprega como metáfora para<br />

enten<strong>de</strong>r a <strong>na</strong>turalização dos fatos: a caixa-preta 1 . Enten<strong>de</strong>mos aqui caixa-preta como<br />

um “produto” acabado, um fato inquestionável que se propaga através das re<strong>de</strong>s.<br />

Segundo o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s, quando um fato é <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>do caixa-preta, significa<br />

dizer que ele se encontra <strong>na</strong>turalizado, não sendo mais questio<strong>na</strong>do ao passar <strong>de</strong> um nó<br />

da re<strong>de</strong> a outro. O fato – a caixa-preta – po<strong>de</strong> continuar circulando e se misturando,<br />

porém preserva o seu estatuto <strong>de</strong> coisa em si, <strong>de</strong> um dado. Também po<strong>de</strong> ocorrer, em<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do momento, que o fato duro “caixa-preta” não seja aceito enquanto um dado<br />

inquestionável. Neste momento, abre-se uma “controvérsia”: o fato duro per<strong>de</strong> o seu<br />

caráter <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> e a sua veracida<strong>de</strong> é colocada em xeque. O fluxo é interrompido e<br />

se inicia uma discussão com argumentos e contra-argumentos, que mobilizarão pessoas,<br />

conceitos, autores entre outros, para apoiar a idéia da não veracida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste fato duro.<br />

Neste momento, a “caixa-preta” estará sendo aberta, e todas as sobreposições que nela<br />

ficaram e que contribuíram para cada vez mais <strong>na</strong>turalizá-la, vão sendo <strong>de</strong>sveladas. A<br />

verda<strong>de</strong> ou a falsida<strong>de</strong> sobre esta caixa-preta irá <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r das associações que<br />

argumentos e contra-argumentos foram capazes <strong>de</strong> mobilizar. A abertura e<br />

<strong>de</strong>s<strong>na</strong>turalização da caixa-preta, possibilitando o surgimento <strong>de</strong> um objeto novo, um<br />

“algo” que não po<strong>de</strong> ser encerrado no jogo <strong>de</strong> oposição entre argumento/contraargumento<br />

– <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>stes coletivos mobilizados. E se ocorrer esta abertura da<br />

1 No âmbito do presente trabalho, caixa-preta, fato duro e “objeto” constituído em re<strong>de</strong> serão entendidos<br />

como sinônimos (Cf. Latour, 2000).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!