Corpo e Hibridação na Atualidade Tecnológica - Instituto de ...
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Ao discorrer sobre a organização do espaço discipli<strong>na</strong>r, a função do hospital 4 <strong>de</strong><br />
regular as misturas perigosas, Foucault afirma que neste processo, primeiro se operava o<br />
cercamento dos corpos, e <strong>de</strong>pois sua purificação. Na <strong>Atualida<strong>de</strong></strong>, age-se diretamente nos<br />
corpos e, ao invés <strong>de</strong> policiar os espaços, iremos, olhar, vigiar os genes para que eles<br />
não saiam do controle.<br />
Com relação ao controle do tempo, Foucault diz que havia um controle do tempo<br />
do indivíduo – dos atrasos, ausências, interrupções das tarefas e através <strong>de</strong>ste minucioso<br />
<strong>de</strong>talhamento no espaço institucio<strong>na</strong>l e, assim, era estabelecido um dossiê sobre o corpo.<br />
Hoje, o controle do espaço se dá no interior do indivíduo, com as biotecnologias<br />
tentando discipli<strong>na</strong>r o espaço dos genes, ou melhor, controlar o seu comportamento<br />
através da correção <strong>de</strong> suas imperfeições. Parece que o dossiê, agora, será o dos genes.<br />
Se a discipli<strong>na</strong> manifesta o seu po<strong>de</strong>r arrumando os objetos, hoje às técnicas <strong>de</strong> controle<br />
buscam criar uma organização para os genes, “punindo” os maus comportamentos.<br />
Sant’An<strong>na</strong> (2002) afirma que, <strong>na</strong> <strong>Atualida<strong>de</strong></strong>, novas e inúmeras exigências<br />
recaem sobre o corpo, assi<strong>na</strong>lando que este po<strong>de</strong> ser um indício da transição da<br />
socieda<strong>de</strong> discipli<strong>na</strong>r para a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle, utilizando-se <strong>de</strong> uma expressão<br />
formulada por Gilles Deleuze (2000) para se referir às formas <strong>de</strong> exercício <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>na</strong><br />
<strong>Atualida<strong>de</strong></strong> 5 .<br />
Segundo Deleuze, a <strong>de</strong>finição dos espaços não é mais discernível ou é muito<br />
dificultosa. Um <strong>de</strong>ntro contrapondo-se a um fora não parece dar conta <strong>de</strong> toda esta<br />
4 Foucault faz referência ao hospital militar <strong>de</strong> Rochefort, on<strong>de</strong> se dava a recepção <strong>de</strong> diferentes formas<br />
<strong>de</strong> misturas <strong>de</strong> corpos, prostitutas, marinheiros, <strong>de</strong>sertores, vagabundos – provenientes <strong>de</strong> diferentes<br />
partes, do mundo, contami<strong>na</strong>dos por doenças.<br />
5 Deleuze afirma seguir as análises <strong>de</strong> Foucault quando assi<strong>na</strong>la a transição contemporânea para a<br />
socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle. Michel Hardt (2000) diz não saber em que texto <strong>de</strong> Foucault po<strong>de</strong> ser reconhecida,<br />
<strong>de</strong> modo claro, essa passagem. Ele nos diz que Deleuze, em seu artigo, expressa esta idéia da socieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> controle em pouco mais <strong>de</strong> cinco pági<strong>na</strong>s, insuficientes para que possamos extrair <strong>de</strong>las os elementos<br />
que sustentam a transição proposta.