Corpo e Hibridação na Atualidade Tecnológica - Instituto de ...
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mostrar a transição, estabelecendo uma passagem entre a socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong> à pósmo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>.<br />
Hardt (2000) propõe, inclusive, uma diferenciação entre a palavra império,<br />
entendida como o antigo imperialismo europeu, e o que ele <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong> Império. Ele tem<br />
a compreensão <strong>de</strong> império como uma forma <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que objetiva a <strong>na</strong>tureza huma<strong>na</strong>, o<br />
biopo<strong>de</strong>r.<br />
Cabe explorar o aspecto <strong>de</strong>cisivo <strong>de</strong>sta passagem: a diluição das idéias <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro<br />
e fora. No contexto imperialista, havia uma separação, que po<strong>de</strong>ria ser real ou<br />
imaginária, <strong>de</strong> territórios e uma relação com o seu fora, uma <strong>de</strong>marcação dos espaços<br />
que se encontra, hoje, afetada. Ele utiliza como exemplos a or<strong>de</strong>m civil, que se opunha<br />
àquela exterior, da <strong>na</strong>tureza, e as paixões, os instintos e o inconsciente, que eram<br />
compreendidos como exteriores ao espírito humano, uma <strong>na</strong>tureza que continuava a<br />
habitar nosso interior: “O processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização repousa nesse diferentes<br />
contextos, <strong>na</strong> interiorização do fora da civilização da <strong>na</strong>tureza” (Hardt, 2000:359).<br />
De acordo com Hardt, não existe, <strong>na</strong> <strong>Atualida<strong>de</strong></strong>, uma <strong>na</strong>tureza exterior,<br />
tampouco in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do artifício da or<strong>de</strong>m civil. Todas as forças são artificiais,<br />
fazem parte da história, e tudo se tor<strong>na</strong> uma questão <strong>de</strong> graus, intensida<strong>de</strong>s, hibridismos<br />
e artificialida<strong>de</strong>s.<br />
A passagem da socieda<strong>de</strong> discipli<strong>na</strong>r para a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle, <strong>de</strong>vido à<br />
extinção do fora ou à contínua <strong>de</strong>struição da diferença entre o <strong>de</strong>ntro e o fora, traz<br />
conseqüências em termos da produção da subjetivida<strong>de</strong>. Inspirado sobretudo em<br />
Foucault, Deleuze e Guattari, Hardt afirma que a subjetivida<strong>de</strong> não é dada a priori,<br />
porém se constitui no campo das forças sociais. As práticas sociais cotidia<strong>na</strong>s<br />
estabelecem a forma com que lidamos com o mundo. As instituições sociais estão no<br />
interior, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós. Então, não se <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar a subjetivida<strong>de</strong> como dada e sim