Corpo e Hibridação na Atualidade Tecnológica - Instituto de ...
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po<strong>de</strong>rá advir do aprisio<strong>na</strong>mento <strong>de</strong>le em um sistema <strong>de</strong> sujeição. Esta sujeição dos<br />
corpos, Foucault afirma, não é obtida somente pela violência ou pela i<strong>de</strong>ologia, porém<br />
também po<strong>de</strong> ser direta, física, calculada, organizada, agir nos elementos materiais, <strong>de</strong><br />
forma sutil, tecnicamente pensada. Produz-se, simultaneamente, um saber <strong>de</strong> como<br />
sujeitar estes corpos através <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> controle, e a este conjunto <strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>r/saber que Foucault chama <strong>de</strong> tecnologia política do corpo. Esta é difusa, não<br />
sistemática, feitas <strong>de</strong> peças ou partes, utilizadora <strong>de</strong> material e processos sem relação<br />
entre si e, por este motivo, não conseguimos localizá-la em um tipo <strong>de</strong> instituição<br />
<strong>de</strong>finida ou num aparelho <strong>de</strong> Estado.<br />
Segundo Foucault, os mecanismos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r são dispersos, feitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes que<br />
configuram o que ele <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong> <strong>de</strong> uma microfísica do po<strong>de</strong>r. Este po<strong>de</strong>r da microfísica<br />
não se caracteriza como uma apropriação, porém como uma estratégia que através <strong>de</strong><br />
disposições, funcio<strong>na</strong>mentos, exerce seu domínio através <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações ativa<br />
e tensa, que não é um privilégio da classe domi<strong>na</strong>nte, porém, segundo Foucault, um<br />
efeito <strong>de</strong> conjunto <strong>de</strong> suas posições estratégicas. O po<strong>de</strong>r se exerce mais do que se<br />
possui.<br />
Para Foucault, a história da microfísica do po<strong>de</strong>r, que pune, seria uma<br />
genealogia da alma mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>. Ele acredita que não <strong>de</strong>veríamos dizer ser a alma uma<br />
ilusão. Ela possui uma realida<strong>de</strong> histórica que é produzida permanentemente em torno,<br />
<strong>na</strong> superfície, no interior do corpo através do funcio<strong>na</strong>mento <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r que se exerce<br />
sobre os que são punidos. A alma é produzida pelos procedimentos <strong>de</strong> correção,<br />
punição, coação, vigilância. Peça <strong>de</strong> uma engre<strong>na</strong>gem on<strong>de</strong> se articulam os efeitos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do tipo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e a constituição <strong>de</strong> um saber que, ao se constituir, reforça<br />
novamente, o po<strong>de</strong>r que se exerce. Sobre esta realida<strong>de</strong>-referência foram se construindo