03.09.2014 Views

Corpo e Hibridação na Atualidade Tecnológica - Instituto de ...

Corpo e Hibridação na Atualidade Tecnológica - Instituto de ...

Corpo e Hibridação na Atualidade Tecnológica - Instituto de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

20<br />

contingências locais, não existe. A constituição da re<strong>de</strong> é feita <strong>de</strong> locais contingenciais<br />

que, através das conexões, constróem os universais. Então, a re<strong>de</strong> se constitui <strong>de</strong> nó em<br />

nó, ela promove a mistura, a hibridação.<br />

Na teoria das re<strong>de</strong>s sócio-técnicas proposta por Latour, um fato é uma<br />

construção coletiva – histórica – e o tempo ajudou a construí-lo. Realizar o caminho <strong>de</strong><br />

volta, procurar suas conexões, seria a maneira <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r este fato que foi <strong>na</strong>turalizado.<br />

Abrir a caixa-preta implica em enten<strong>de</strong>r os processos, as relações <strong>de</strong> apropriação <strong>de</strong>stes<br />

objetos <strong>na</strong> re<strong>de</strong> coletiva, que foram realizando a construção <strong>de</strong>ste fato, – <strong>na</strong>s palavras <strong>de</strong><br />

Latour – endurecendo-o.<br />

Um formato <strong>na</strong>turalizado, se tor<strong>na</strong>ndo inquestionável, seria por si só um fato<br />

duro. Cada vez que alguém se apropria <strong>de</strong>ste fato <strong>na</strong> re<strong>de</strong>, só fortifica a idéia <strong>de</strong>sta<br />

caixa-preta – <strong>na</strong>turalizando-a cada vez mais. Porém, em algum momento, alguém não<br />

realiza a apropriação <strong>de</strong>sta caixa-preta – consi<strong>de</strong>rada como dada até então. Neste<br />

instante ocorre uma “controvérsia”, que tem como implicação uma discussão gerada<br />

entre os que não aceitam o fato duro como algo fi<strong>na</strong>lizado e os <strong>de</strong>fensores <strong>de</strong>ste.<br />

Apropriar-se <strong>de</strong> algo como uma caixa-preta significa não atentar para a história<br />

<strong>de</strong>ste objeto que se <strong>de</strong>seja apreen<strong>de</strong>r, acreditando <strong>na</strong> idéia <strong>de</strong> um “objeto” pronto,<br />

<strong>na</strong>tural. Diferentemente <strong>de</strong>sta concepção <strong>de</strong> “objeto” acabado, Latour (2000) propõe<br />

enfocar seu processo <strong>de</strong> construção. Ao invés <strong>de</strong> tomar o fato como verda<strong>de</strong> fi<strong>na</strong>l, ele o<br />

compreen<strong>de</strong>rá como “feito”. Para Latour o fato é fabricado, e a sua fabricação<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> associações entre humanos e não-humanos. Para que o<br />

“objeto” se torne uma caixa-preta é necessário que ele consiga uma gama enorme <strong>de</strong><br />

associações – escritores, cientistas, políticos etc – que corroborem aquele “objeto” como<br />

fato inquestionável. Caso a idéia inicial não consiga alcançar o status <strong>de</strong> fato, ela

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!