Corpo e Hibridação na Atualidade Tecnológica - Instituto de ...
Corpo e Hibridação na Atualidade Tecnológica - Instituto de ...
Corpo e Hibridação na Atualidade Tecnológica - Instituto de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
18<br />
cultura e o ato da purificação como a <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> encaixar estes fatos e fenômenos<br />
em um <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do pólo: respectivamente <strong>na</strong>tureza ou cultura.<br />
Sobre a questão <strong>de</strong> Deus, Latour afirma que o homem mo<strong>de</strong>rno aplicou a mesma<br />
fórmula <strong>de</strong> imanência e transcendência que havia utilizado para <strong>na</strong>tureza e cultura. Deus<br />
não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser mobilizado para solucio<strong>na</strong>r os conflitos entre os dois pólos,<br />
pois sem o Deus capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir qual dos pólos predomi<strong>na</strong>ria sobre o outro, <strong>na</strong>tureza e<br />
cultura não se sustentariam e, “pior ainda, sua simetria teria aparecido claramente ’’<br />
(Latour, 1994:38). Porém este Deus vinha para compor a constituição mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>,<br />
adicio<strong>na</strong>ndo a esta, sua imanência e sua transcendência. A existência <strong>de</strong> Deus era<br />
necessária para solucio<strong>na</strong>r conflitos e sustentar o discurso <strong>de</strong> polarização entre <strong>na</strong>tureza<br />
e cultura, mascarar sua simetria, mas a transcendência possibilitava a liberda<strong>de</strong> para que<br />
o jogo entre <strong>na</strong>tureza e cultura continuasse. Porém este Deus suprimido da ação entre os<br />
dois pólos era solicitado, quando necessário, para resolver suas discordâncias, pois os<br />
mo<strong>de</strong>rnos apelavam para a mesma transcendência.<br />
É possível perceber que, <strong>na</strong> <strong>Atualida<strong>de</strong></strong>, as categorias que pareciam dar conta da<br />
repartição mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong> per<strong>de</strong>m sua pretensa precisão, pela força dos híbridos que lhe<br />
“escapam”, <strong>de</strong>slocando as fronteiras sempre para adiante, como um fluído que foge<br />
entre os <strong>de</strong>dos toda vez que tentamos pegá-lo, <strong>na</strong> tentativa <strong>de</strong> ainda <strong>de</strong>limitar um lugar.<br />
E é no contexto da <strong>Atualida<strong>de</strong></strong> que, para se diferenciar da atitu<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>,<br />
Latour propõe o mo<strong>de</strong>lo das re<strong>de</strong>s. As re<strong>de</strong>s se comporiam <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> imanência,<br />
não atribuindo nenhuma transcendência, nenhum “lugar” para além, nenhum “fora”<br />
<strong>de</strong>stas relações. Como já vimos, Latour diz que, <strong>de</strong>vido à polarização <strong>de</strong> <strong>na</strong>tureza e<br />
cultura, os mo<strong>de</strong>rnos não enxergavam as misturas, as hibridações. Eles tentavam<br />
purificar a figura do híbrido, <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ndo em qual pólo ele <strong>de</strong>veria se estabelecer. É