Semanário Angolense 360 edição - Falambora-Chat
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2 Sábado, 27 de Março de 2010.<br />
em Foco<br />
Direitos & obrigações<br />
Graça Campos<br />
1. Não nos parece que o tom<br />
com que o governador da Huíla<br />
descreveu o programa de demolições<br />
em curso naquela província,<br />
a proibição que o governador de<br />
Benguela impôs a uma manifestação<br />
prevista para quinta-feira<br />
na qual se deveria contestar o uso<br />
do camartelo, e o lançamento de<br />
um abaixo assinado contra estes<br />
programas sejam apenas coincidências.<br />
Pessoas sem papas na língua,<br />
como parece ser o caso de Isaac<br />
dos Anjos, normalmente tendem<br />
a ser intempestivas, ou frontais,<br />
como também parece ser o caso<br />
do governador da Huíla.<br />
Pessoas sem papas na língua e<br />
frontais, como nos parece que é<br />
o caso de Isaac dos Anjos, invariavelmente<br />
provocam choques,<br />
e quem provoca choques, normalmente<br />
tem que se sujeitar às<br />
replicas.<br />
Lendo e ouvindo o que o governador<br />
da Huíla tem dito não nos<br />
surpreende o vendaval que se seguiu.<br />
A demolição, justa ou não,<br />
dói às pessoas que passam a viver<br />
numa tenda, ao invés de numa<br />
casa. No caso da Huíla após o<br />
choque resultante da «ordem pessoal»<br />
do governador para deitar<br />
abaixo o que - convenhamos - estava<br />
mal, seguiu-se um discurso<br />
igual ou tão arrasador quanto a<br />
acção do camartelo.<br />
Isaac disse que não tinha outra<br />
alternativa, explicou as várias<br />
etapas porque passou o processo,<br />
os custos, o impasse que vinha<br />
criando, os constrangimentos que<br />
sobram para as outras províncias,<br />
mas perdeu-se tremendamente ao<br />
explicar como a razão estava do<br />
seu lado.<br />
Razão, convenhamos, não é só<br />
estar do lado certo da lei. Quem<br />
anda em política sabe que os discursos<br />
políticos soam melhor<br />
quando impregnados de razoabilidade.<br />
Não nos parece que seja<br />
este o caso do governador, que,<br />
perante a vaga que se criou, colou<br />
o segundo secretário do MPLA<br />
na província à oposição. Quase<br />
que o colou à UNITA, que é pecado<br />
mortal para os militantes do<br />
MPLA.<br />
Isaac tem sobre ele também a<br />
circunstância de o poder exonerar<br />
a qualquer momento do posto de<br />
administrador municipal do Lubango.<br />
Não nos parece, todavia,<br />
que possa garantir que entre as<br />
cabeças que vão rolar uma delas<br />
seja a do vice-governador, que foi<br />
o que ele sugeriu ao Novo Jornal.<br />
Como sabemos, mesmo que se<br />
permita a um governador propor<br />
a equipa com que quer trabalhar,<br />
que foi o que sustentou a mudança<br />
observada em Malanje, a última<br />
palavra cabe ao presidente da<br />
Os mais de 30<br />
anos de poder a<br />
solo deram ao<br />
MPLA traquejo<br />
para imobilizar a<br />
oposição, asfixiar<br />
a imprensa, mas,<br />
pelos vistos, não<br />
o preparam para<br />
um exercício banal<br />
como é o direito à<br />
manifestação<br />
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As opiniões expressas pelos colunistas e colaboradores do SA não engajam o Jornal.<br />
República, e o governador da Huíla<br />
não pode dizer com segurança<br />
que tem a exoneração de um dos<br />
seus vices assegurada.<br />
Isaac dos Anjos fala também de<br />
um programa de auto construção<br />
dirigida. A experiência no nosso<br />
país sobre esta matéria é péssima.<br />
Não inspira confiança a ninguém.<br />
Por essa razão se pede ao governador<br />
razoabilidade nas palavras<br />
e nos actos. Por exemplo, não nos<br />
parece que caiba a Isaac dos Anjos<br />
definir os limites da imprensa,<br />
com base no que ele entende que<br />
sejam o uso e abuso do sofrimento<br />
das pessoas.<br />
Nos últimos dias o governador<br />
da Huíla não cansou de falar. Falou<br />
à Voz da América duas vezes,<br />
falou ao Novo Jornal? Se ele fala<br />
quando quer, por que não permite<br />
que as pessoas desalojadas<br />
falem para a imprensa onde quer<br />
que estejam?<br />
De Benguela chegou a notícia<br />
de que o governador local tinha<br />
proibido a realização de uma manifestação<br />
prevista para a última<br />
quinta-feira.<br />
A decisão não nos surpreende.<br />
Apesar da lei não fazer depender<br />
a realização de manifestações da<br />
decisão de um governador, seja<br />
de Luanda, da Huíla, de Benguela<br />
ou de outra província qualquer, a<br />
verdade é que foi este o caminho<br />
seguido pelo general Armando da<br />
Cruz Neto.<br />
O MPLA apenas está a provar<br />
que toma o direito à manifestação<br />
como uma contrariedade de todo<br />
tamanho. O «track record» do<br />
MPLA nesta matéria é péssimo,<br />
o silêncio da justiça é conhecido.<br />
Mas seja como for nada nos inibe<br />
de colocar a pergunta mais uma<br />
vez: a quem devem recorrer os cidadãos<br />
que vêem recusados o seu<br />
Continua na pág.3<br />
QUI<br />
18<br />
MAr<br />
SeX<br />
19<br />
MAr<br />
SÁB<br />
20<br />
MAr<br />
DOM<br />
21<br />
MAr<br />
SeG<br />
22<br />
MAr<br />
Ter<br />
23<br />
MAr<br />
QUA<br />
24<br />
MAr<br />
QUI<br />
25<br />
MAr<br />
MAIS ACORDOS<br />
É de causar inveja (ao Ocidente) o modo como as<br />
relações entre Angola e a China se intensificam. O<br />
«namoro» entre ambos vai de vento em poupa e a visita<br />
de Ji Peiding, membro do Comité Consultivo da<br />
Política Externa da China, é prova disso. Vêm aí mais<br />
acordos de âmbito económico.<br />
MANIFESTAÇÃO À VISTA<br />
Passou o tempo de assistir calado a atrocidades de<br />
uns e outros neste país. Se alguns não concordam, a<br />
OMUNGA tem demonstrado isso mesmo. Aquela<br />
ONG pretende organizar uma manifestação em Benguela<br />
em protesto às demolições ordenadas por Isaac<br />
dos Anjos na província da Huila.<br />
PRODUTOS MALÉFICOS<br />
Falar de direito do consumidor entre nós é quase uma<br />
fraude. Um exemplo recente foi o escândalo das águas<br />
contaminadas da EPAL na Vila Alice. O INADEC, mesmo<br />
a minguar, tenta fazer a sua parte e desta vez alerta que<br />
o consumo da sobremesa «Ultra Mel» pode ser prejudicial.<br />
ÁGUA IMPRÓPRIA<br />
Tal como ocorreu na Vila Alice, o Bairro da Madeira,<br />
no Sambizanga, também teve água mal cheirosa<br />
mas suas torneiras. Os populares suspeitam que a origem<br />
esteja no campo Mário Santiago, onde se encontra<br />
uma conduta com tubos quebrados bem juntinha<br />
aos montões de lixo. O que a EPAL vai dizer agora?<br />
DURA LEX SED LEX?<br />
O Caso Frescura, como foi conhecido o processo<br />
judicial mais mediático dos últimos tempos teve o seu<br />
veredicto final. Os sete agentes da polícia foram condenados<br />
a uma pena de 24 anos de prisão maior. Os<br />
familiares das vítimas dizem ser pouco. Ainda assim<br />
sempre se pode «dura lex sed lex»?<br />
CONDENADOS RECORREM<br />
Como em toda peleja, o final não agrada aos contendores<br />
em simultâneo. O Caso Frescura não foi excepção.<br />
Agora são os familiares dos condenados que<br />
pretendem organizar uma marcha de protesto contra a<br />
sentença do Tribunal Provincial de Luanda ao mesmo<br />
tempo que os advogados recorrem ao Supremo.<br />
ANJOS DOS DIABOS<br />
A maka das demolições na província da Huíla está<br />
longe de ser resolvida conforme os populares almejam.<br />
Isaac dos Anjos chamou a imprensa para dizer<br />
que as demolições vão continuar até Junho e que 270<br />
casas estão na mira. Será por mero prazer de ver gente<br />
a sofrer que o governador huilano persiste?<br />
PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS<br />
A lei que permite a exploração de biocombustíveis<br />
já foi aprovada pela Assembleia Nacional. Isso significa<br />
que terras aráveis que podiam revitalizar a produção<br />
de alimentos no país serão engajadas em plantações<br />
para municiar a indústria de combustível. Ainda vale<br />
a velha discussão académica?