Semanário Angolense 360 edição - Falambora-Chat
Semanário Angolense 360 edição - Falambora-Chat
Semanário Angolense 360 edição - Falambora-Chat
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Virgílio Pinto<br />
32 Sábado, 27 de Março de 2010.<br />
Sociedade<br />
1.ª parte do «Caso Frescura» chegou ao fim<br />
Familiares dos réus prometem manifestar-se<br />
Os familiares dos sete<br />
réus do «Caso Frescura»,<br />
cuja primeira<br />
parte chegou ao fim na<br />
última segunda-feira, com a leitura<br />
da sentença, que reservou a<br />
cada um deles a pena de 24 anos<br />
de prisão maior, por homicídio<br />
qualificado, prometem realizar<br />
uma manifestação de protesto<br />
contra a decisão do Tribunal Provincial<br />
de Luanda, como noticiou<br />
o jornal «O Apostolado» a meio<br />
da semana.<br />
A publicação da Igreja Católica<br />
não faz referência, no entanto,<br />
onde foi buscar tal informação,<br />
nem quando a manifestação se realizará,<br />
sendo, contudo, a última<br />
grande novidade deste mediatizado<br />
julgamento, depois de sabido já<br />
que a defesa dos agentes condenados<br />
em primeira instância haveria<br />
de interpor recurso ao Tribunal<br />
Supremo, que tanto pode confirmar<br />
a sentença, como revogâ-la.<br />
«O juiz chegou, a dada altura,<br />
a dizer que não tinha, efectivamente,<br />
elementos de prova no<br />
processo. Logo, tudo que veio foi<br />
presumido», disse o advogado<br />
João Damião, assistente da defesa<br />
dos sete agentes da polícia condenados<br />
pelo massacre.<br />
«Para se condenar alguém é<br />
preciso que haja elementos de<br />
prova material no processo»,<br />
acrescentou João Damião, para<br />
quem isso não sucedeu com os<br />
seus constituídos.<br />
Quem também se manifestou<br />
contra a sentença foi Idelfonso<br />
Manico, advogado da defesa. Ouvido<br />
pelo Semanário <strong>Angolense</strong><br />
na segunda-feira, após a leitura<br />
do acórdão do tribunal, ele disse<br />
que os réus deviam ser absolvidos,<br />
uma vez que as provas apresentadas<br />
contra eles não são suficientemente<br />
claras para sustentar<br />
a condenação.<br />
«Falou-se da confissão do faustino<br />
e do Euquias, mas aquilo não<br />
constitui prova bastante para incriminar<br />
os acusados. Uma prova<br />
indiciária não é uma prova concreta,<br />
pelo que, a nível das regras<br />
processuais, não devia proceder.<br />
Nós vamos interpor recurso, esperando<br />
que o Tribunal Supremo,<br />
como instância máxima, se pronuncie<br />
em melhores condições»,<br />
sublinhou Idelfonso Manico ao<br />
Semanário <strong>Angolense</strong>.<br />
Por seu turno, Francisco Cruz,<br />
parente do réu Euquias Cruz Bartolomeu,<br />
considera que o tribunal<br />
não procedeu com lisura, uma<br />
vez que ditou a sentença fundamentalmente<br />
baseado em simples<br />
alegações. «O tribunal não devia<br />
ter agido com impulso», disse,<br />
referindo ainda que muita coisa<br />
ficou por esclarecer, como, por<br />
exemplo, quem foi o mandante do<br />
crime, uma vez que há indícios de<br />
que eles terão agido a mando de<br />
algum dos seus superiores.<br />
Porém, há quem defenda precisamente<br />
o contrário, exigindo<br />
que as penas sejam efectivamente<br />
cumpridas. É o caso da Associação<br />
Justiça, Paz e Democracia<br />
(AJPD). «Vamos esperar que o<br />
processo da execução da pena<br />
hora aplicado seja um facto e que<br />
esses agentes da polícia vão de<br />
facto à cadeia, cumpram as sanções,<br />
e que lhes sejam também<br />
assistidos todos os direitos», disse<br />
o presidente da AJPD, António<br />
Ventura, quando instado pelo «O<br />
Apostolado» a comentar a decisão<br />
do juiz Salomão Tito Filipe.<br />
Por seu lado, o Conselho de<br />
Coordenação de Direitos Humanos<br />
afirma que o Tribunal foi<br />
pouco profundo nas suas investigações<br />
sobre os verdadeiros autores<br />
do massacre da Frescura.<br />
Para Tunga Alberto, membro<br />
dessa organização, faltou condenar<br />
também o mandante, uma<br />
vez que tudo indica que os executores<br />
terão agido a mando de<br />
alguém, dada a sua qualidade de<br />
agentes da polícia em serviço.<br />
Já o jurista Alexandre Sebastião<br />
questiona o facto do tribunal aplicar<br />
a mesma pena para cada um<br />
dos oficiais da polícia, sem que se<br />
tivesse provado que todos eles foram<br />
executores do massacre. ■<br />
Tribunal Provincial de Luanda sem contemplações<br />
Vinte e quatro para todos<br />
Romão Brandão<br />
Vinte e quatro anos de<br />
prisão maior, sem tirar<br />
nem pôr, é o castigo<br />
que coube a cada<br />
um dos sete réus do famigerado<br />
«Caso Frescura», segundo decisão<br />
da 5.ª secção dos crimes comuns<br />
do Tribunal Provincial de<br />
Luanda, que deu como provada<br />
a sua participação no homicídio<br />
de oito jovens no município do<br />
Sambizanga.<br />
Eram 11 horas e 25 minutos<br />
de segunda-feira, quando o juiz<br />
da causa, Salomão Filipe, viu-se<br />
livre do «peso nas costas» ditando<br />
a sentença tão esperada pelo<br />
público que vem acompanhado o<br />
julgamento dos sete agentes policiais<br />
acusados de serem autores<br />
do massacre da Frescura.<br />
O espaço reservado no Palácio<br />
Ana Joaquina era pequeno<br />
para as pessoas que acorreram<br />
para a última sessão do julgamento,<br />
um público ansioso pelo<br />
desfecho do caso.<br />
Depois de se reunir com os seus<br />
Virgílio Pinto