Semanário Angolense 360 edição - Falambora-Chat

Sábado, 27 de Março de 2010. 41
Cultura
Estratégia institucional da «União»
Os escritores angolanos,
reunidos em Assembleia-Geral,
no passado
dia 23 deste mês de
Marçp, aprovaram, por aclamação,
a «Estratégias Institucional» adoptada
pela UEA para os próximos
tempos, tendo antes aprovado uma
moção de reconhecimento ao escritor
Dário de Melo, presidente
cessante da AG durante os últimos
oito anos, e outra de louvor aos órgãos
sociais prestes a terminar o seu
mandato.
É estabelecida a «Estratégia institucional»
que permitirá que os
planos e visões de gestão e sinergias
que marcam profundamente as necessidades
políticas da instituição,
possam ter em conta os grandes desígnios
nos domínios considerados
nucleares.
A fim de enfrentarem um ambiente
crescentemente competitivo,
baseado na sociedade de mercado,
as organizações sociais de utilidade
pública sentem-se pressionadas
a promoverem mudanças estratégicas
em ritmo cada vez mais acelerado.
Neste contexto de públicos
afastados, a mudança organizacional
como guardiã das boas causas,
configura-se, não como fenómeno
excepcional, mas como expressão
dos compromissos, muitas vezes de
difícil assimilação, e nesse contexto,
a postura voluntarista não será
suficiente para satisfazer as expectativas.
Essa estratégia necessitará sempre
de um forte complemento, a
«Diplomacia de influência», capaz
de tornar menos difícil o processo
de condução dos destinos x< instituição,
aglutinação de esforços que
não pode ser dispensada porque serão
insuficientes todas as boas vontades
dos membros que queiram
oferecer o seu prestígio.
A «Estratégia institucional»,
agora desenvolvida conceptualmente,
em virtude da sua substância,
ultrapassará o período temporal
de um consulado, já que os
seus propósitos são estruturantes e
independentes da vontade dos executivos
que vivem o seu quotidiano.
Os membros entendem que a sua
expressão corresponde aos imperativos
e interesses corporativos que
convergem as vontades dos seus
membros, e até da própria comunidade
na condição de leitores, ou de
beneficiários dos debates de ideias
que enriquecem a pluralidade, e até
no livre acesso e uso do seu espaço
físico da biblioteca e jardins aberto
aos estudantes e demais cidadãos.
Aos órgãos da AG, seu presidente
e vice-presidente coadjuvados por
um vogal, naturalmente, caberá
manter estáveis essas visões e balizas
programáticas, estimulando o
frequente debate colegial do Board
para que a direcção torne efectivos
os processos de implementação e
materialização dos desideratos sufragados.
Segue uma súmula das principais
estratégias institucionais
adoptadas pela UEA:
Saúde - Os escritores, em Assembleia-Geral,
orientam a Direcção
que sair do pleito eleitoral, para
que os processos de gestão mantenham
estáveis as transferências de
recursos ao «Programa saúde». Esses
recursos financeiros devem melhorar
os programas preventivos,
suportar os custos de diagnósticos
mais avançados e nas situações de
as crises do escritor acontecerem no
exterior do país deve-se garantir a
devida comparticipação nos custos
hospitalares e em medicamentos.
Os membros constataram ainda
que o “Programa Saúde” tem oferecido
uma maior dignidade aos
escritores que mais precisam desse
apoio e permite ainda que se valorize
os vínculos afectivos e corporativos
e se tenha, portanto, uma opção
política do social em detrimento do
puro materialismo.
Projecto Imobiliário - O potencial
imobiliário da Instituição
deve levar os actos de gestão
estratégica a uma parceria com
o sector privado, ou mesmo público,
na construção de edifícios
cuja partilha aumente, de forma
significativa, os recursos financeiros
tendo em vista o sucesso
nas políticas editoriais, bolsas de
criação, de saúde, e fomento à habitação.
Em Assembleia Geral, os
escritores incentivam os Órgãos
Sociais para que tenham em conta
as oportunidades de mercado,
estabeleçam, com rigor, as potenciais
estratégias de negócios
dentro dos padrões e paradigmas
modernos de parcerias, cientes
de que a experiência negocial dos
últimos anos, naturalmente, reforçará
o poder negocial para que
sejam alcançados os objectivos de
desafogo orçamental.
Conteúdos - Os escritores,
em Assembleia Geral, constatam
que os Centros de Estudos não
têm publicado anais, ou divulgado
e incentivado, nos espaços de
aprendizagem, o estudo da literatura
angolana e seus protagonistas,
atitude de ausência que empobrece
a visão endógena sobre
a nossa criação quando em confronto
com a grande pujança de
visões que chegam das Cátedras
de outros países muito mais pródigas
na divulgação científica e de
CARMO NETO pode ser o 1.º executor da nova estratégia da UEA
resenha dos conteúdos ficcionais
e poéticos editados com as chancelas
das editoras angolanas.
Os escritores não podem deixar
de recomendar uma efectiva alteração
desses défices, para que os
«Centros de Estudo da Cátedra de
Angola” e o próprio Ministério da
Educação possam tornar em ato
de leitura obrigatória o conjunto
das sete antologias editadas nas colecções
«Guaches da Vida» e «Sete
Egos», conteúdos sistematizados,
tendo em conta a pluralidade estética,
força telúrica e conteudística,
acervos que hoje são referências
obrigatórias nas prestigiadas e seculares
cátedras de Portugal e Brasil
(…).
Desenvolvimento - Os escritores
reconhecem que a cultura deve
fazer parte ativa do nosso crescimento,
assim, apelam ao Governo
para que conceba um programa
integrado que acelere o ritmo de
edificação de equipamentos multimodais
em rede: bibliotecas, espaços
de música e artes plásticas, salas
de teatro e áreas de uso de novas
tecnologias, já que as comunidades
sentem falta desses espaços de OTL
―, Ocupação de Tempos Livres ―
estratégia política que poderia melhorar
o seu meio social.
Os escritores entendem ainda
que deverá ser reforçada a estratégia
de contratualização com as
tradicionais associações, concretamente
a UEA, UNAC e UNAP
e os novos corpos vivos da cultura
baseada em «contrato-programas»,
acções que deverão ser complementadas
com mais recursos para que
exista uma política mais eficiente
de apoio à criação.
Auto-construção - Os escritores,
reunidos em Assembleia-Geral,
reconhecem que o país vive uma
grande odisseia na construção de
um milhão de casas. Promessa que
só será exequível num tempo recorde,
se, obrigatoriamente, o Governo
integrar as iniciativas dos cidadãos,
suas poupanças, e engenho construtivo,
há muito demonstrado no
empenho, como fizeram surgir os
bairros periféricos à busca de alguma
dignidade.
Nessa perspectiva, asseguram
que o défice habitacional, ao atingir
muitos dos seus membros, se
torna razão suficiente para que
decidam orientar os Órgãos Sociais
para a elaboração do projecto
da casa modelo, no intuito de
que, em regime de autoconstrução,
as moradias sejam edificadas
num quarteirão integrado, podendo
ter a designação de «Aldeia
dos criadores». Para materialização
de tão nobre objectivo, deve
ser criada uma estrutura interna
que seja capaz de negociar os espaços
loteados para a autoconstrução
(…).
Patrocínios - Os escritores, em
Assembleia-Geral, entendem por
bem reconhecer publicamente o
Alto Patrocínio da Sonangol Holding,
atribuído com regularidade e
sempre no início de cada ano económico
da empresa, são montantes
que têm sido dedicados à edição de
inéditos dos nossos membros, livros
que enriquecem o imaginário
da sociedade angolana.
À Odebrechet vão os mesmos
votos, já que permite que os respectivos
livros tenham preços
mais atractivos ao suportar os
custos de transporte marítimo e
desalfandegamento das obras impressas
no Brasil. ■