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Semanário Angolense 360 edição - Falambora-Chat

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34 Sábado, 27 de Março de 2010.<br />

Sociedade<br />

Sobre os quesitos provados…<br />

FAUSTINO ALBERTO, o homem que terá comandado a execução<br />

Segundo o Tribunal Provincial<br />

de Luanda, entre<br />

os quesitos «recolhidos»<br />

de todos os passos do<br />

processo, ficaram provados essencialmente<br />

os seguintes:<br />

- Que nos meados de mês de Julho<br />

de 2008, ao comando da Divisão<br />

do município do Sambizanga<br />

chegaram informações do reconhecimento<br />

da criminalidade de<br />

carácter violento de algumas áreas<br />

da referida circunscrição. E que tais<br />

acções eram predominantemente<br />

imputadas às associações criminosas<br />

identificadas por Mana bela e<br />

100 tropas.<br />

- Que as acções delituosas incidiam<br />

pelos bairros Madeira, Mota,<br />

Santa Rosa e Lixeira, cuja actividade<br />

era supervisionada pela 9.ª esquadra<br />

da referida divisão.<br />

- Que no dia 20 do mesmo mês<br />

e ano o comandante da divisão<br />

reuniu com parte dos seus efectivos<br />

narrando a situação criminosa<br />

reinante na área sob sua jurisdição.<br />

E na reunião estiveram presentes<br />

o segundo comandante da divisão,<br />

intendente Eduardo Diogo, o<br />

comandante interino da 9.ª esquadra<br />

Miguel Domingos Francisco<br />

«Meganha», o chefe dos serviços<br />

de sector do comando, os oficiais<br />

do departamento de investigação<br />

criminal do comando da divisão e<br />

todos os efectivos da 9.ª esquadra.<br />

- Que, na mesma reunião, o comandante<br />

de divisão orientou ao<br />

comandante da 9.ª esquadra para<br />

elaborar um plano de operação urgente,<br />

com vista a inverter, no prazo<br />

de 5 dias, o quadro delituoso prevalecente<br />

no território. E o mesmo<br />

plano foi submetido a apreciação do<br />

comandante provincial de Luanda<br />

da polícia nacional que o aprovou.<br />

- Que o comandante da divisão<br />

recomendou aos presentes<br />

na reunião, que os participantes<br />

na operação teriam que proceder<br />

ao desmantelamento dos grupos<br />

marginais, a detenção de seus integrante<br />

e a apreensão das armas<br />

de fogo que fossem encontradas.<br />

Tal operação teve início no dia 21<br />

e sequência no dia 22 do mesmo<br />

mês e ano (…).<br />

- Que na sequência da operação,<br />

em hora imprecisa do período da<br />

manhã do dia 23 do mesmo mês<br />

e ano, uma brigada da 9.ª esquadra<br />

da divisão do Sambizanga,<br />

liderada pelo réu Faustino e integrada<br />

pelos demais réus e o oficial<br />

do mesmo comando, de nome<br />

Mateus Dias Agostinho «Mateuszinho»,<br />

transportada por uma<br />

viatura de marca Toyota, modelo<br />

Hiace de cor azul e branca, com<br />

vidros fumados, emboscou alguns<br />

integrantes da associação criminosa<br />

denominada 100 tropas. Da<br />

emboscada resultou a detenção de<br />

cinco indivíduos do mesmo grupo,<br />

que foram conduzidos à mesma<br />

esquadra e apresentados ao mesmo<br />

comandante.<br />

- Que tinha sido programado<br />

a continuação da operação para<br />

as primeiras horas da manhã do<br />

dia seguinte, com a integração dos<br />

cincos marginais detidos que iriam<br />

servir de guia para localização e detenção<br />

de outros marginais.<br />

- Que de forma concertada e sob<br />

liderança do réu Faustino, os demais<br />

réus e também o oficial Mateuszinho,<br />

transportados na viatura<br />

supracitada e escoltados por um<br />

patrulheiro da corporação, aportaram<br />

pouco antes das 19 e 30 minutos<br />

no mesmo dia, próximo ao local<br />

…E os não provados<br />

aonde os jovens confraternizavam.<br />

- Que os réus portavam arma<br />

de fogo do tipo AKM e pistolas de<br />

calibre 9mm que variava entre as<br />

marcas Garijos, Star, TTI e Barack.<br />

E que estavam trajados a civil<br />

e coberto de casacos pretos e azuisescuros.(…)<br />

O oficial Mateuszinho<br />

permaneceu na viatura.<br />

- Que a viatura em referencia<br />

foi conduzida pelo réu Simão<br />

Ferreira Pedro.<br />

- Que na sequência do envolvimento<br />

ao local da confraternização,<br />

os réus ordenaram aos oito<br />

jovens que se colocassem de pé,<br />

virados para uma parede ali existente<br />

e de mãos ao alto, e seguidamente<br />

a deitarem-se ao chão com<br />

o rosto para o baixo. (…) De forma<br />

desalmada, os réus dispararam<br />

Que entre as 19 horas e 30min e as 20 horas no mesmo dia<br />

registrou-se no Largo da Frescura um confronto armado<br />

entre grupos de marginais denominados 100 tropas e<br />

Mana Bela de que resultou a morte de oito integrante do<br />

grupo Mana Bela.<br />

Que pouco antes daquele espaço de tempo, ou seja entre as 19 horas e<br />

30 minutos e 20 horas do dia 23 de Julho de 2008, através de uma fonte<br />

informativa chegou ao conhecimento do efectivo da 9ª esquadra, a ocorrência<br />

no Largo da Frescura de assalto à mão armada de um telemóvel e<br />

carteira com dinheiro.<br />

Que na ocasião os jovens que confraternizavam no Largo da Frescura<br />

tinham armas de fogo.<br />

Que no momento da ocorrência da chacina, os referidos réus se encontravam<br />

na escola Don Bosco assistindo aulas.<br />

Que a chacina foi superiormente ordenada.<br />

Que a probabilidade e improbabilidade das referidas armas terem<br />

produzido disparos no momento da chacina fosse exclusivamente imputável<br />

à falta de meios para realização de exames químicos.<br />

E também não ficou provado que as duas armas apreendidas dispararam<br />

no dia da ocorrência dos factos.<br />

Virgílio Pinto<br />

contra os jovens, causando morte<br />

imediata a cinco dos oito cidadãos<br />

e ferimentos graves aos restantes,<br />

que depois faleceram no hospital.<br />

Logo depois de cessar os disparos,<br />

puseram-se em fuga.<br />

- Que entre os populares constavam<br />

familiares dos cidadãos<br />

que sobreviveram aos disparos,<br />

que por seu turno deram a conhecer<br />

que entre os autores da<br />

chacina reconheceram os réus<br />

Micha e Djudju.<br />

- Que alguns instantes depois<br />

da ocorrência, o réu Faustino Alberto<br />

ligou então para o comandante<br />

da 9.ª esquadra, chefe «Meganha»,<br />

dando conhecimento<br />

que no Largo da Frescura havia<br />

cadáveres, resultante de um conforto<br />

armado entre os grupos de<br />

marginais referidos.<br />

- Que a viatura utilizada para a<br />

operação da chacina foi posteriormente<br />

encontrada em posse do réu<br />

Faustino Alberto. E na sequência<br />

do trabalho investigativo, foram<br />

apreendidas aos réus 4 armas de<br />

fogo do tipo AKM. Que das 4, duas<br />

detonaram 6 dos 17 invólucros<br />

apreendido no local do crime. (…)<br />

- Que os réus agiram com a intenção<br />

de matar.<br />

- Que os réus Faustino Alberto<br />

e Euquias Bartolomeu, no dia 27<br />

de Agosto de 2008 confessaram<br />

a autoria do crime, no pátio da<br />

Unidade Operativa de Luanda,<br />

sem qualquer pressão e perante<br />

os representantes dos distintos<br />

órgãos de comunicação social.<br />

- E também ficou provado que<br />

todos os réus confessaram ao declarante<br />

Miguel Ferreira Londa<br />

que são os autores do crime. ■<br />

Os massacrados<br />

Apresentados inicialmente<br />

como<br />

supostos marginais,<br />

na sequência<br />

das atabalhoadas justificações<br />

da polícia sobre o ocorrido,<br />

acabou por se confirmar que<br />

os jovens executados não tinham<br />

«ficha» na corporação,<br />

sendo que a maior, nem de<br />

longe, podia serem considerados<br />

delinquentes. E talvez seja<br />

isso o que motivou a ida dos<br />

alegados executores do crime<br />

a julgamento.<br />

Recordemos, entretanto,<br />

quem eram as vítimas do massacre:<br />

- Ereckson Carlos Varanda<br />

Francisco, também conhecido<br />

por«Ereckson», tinha 22 anos.<br />

Era funcionário da TV Cabo.<br />

Religioso, chegou a ser acólito<br />

da paróquia do São Paulo.<br />

- Elias Borges Pedro, o<br />

«Mano Velho», como o tratavam<br />

os mais chegados, tinha<br />

22 anos e era pedreiro.<br />

É o único que deixou esposa<br />

e filha.<br />

- André Luís Marques Ganga,<br />

o «André», tinha 21 anos.<br />

Antes de o matarem como<br />

o fizeram, vivia de biscates<br />

como pedreiro e ladrilhador.<br />

- Johnson André Vandúnem,<br />

o «Johnson», como o<br />

tratavam, tinha 22 anos. Vivia<br />

da música, como «kudurista»<br />

em vários locais de diversão<br />

do bairro.<br />

-Paulo Fábio Caricoco<br />

Neto, também conhecido por<br />

«Lito», tinha 19 anos e era finalista<br />

do curso de ciências<br />

sociais do ensino pré-universitário.<br />

- Aguinaldo de Azevedo<br />

Simão, o «Dadão», como era<br />

conhecido no bairro, tinha<br />

20 anos. Também não tinha<br />

emprego fixo, mas safava-se<br />

como pedreiro.<br />

-Ismael Escórcio da Silva,<br />

mais conhecido por «Santinho»,<br />

tinha 21 anos. Estava a<br />

fazer contabilidade e gestão<br />

no Instituo Médio de Economia<br />

de Luanda, o IMEL.<br />

- Fernando Cristóvão Manuel,<br />

o «Nandinho», tem 22<br />

anos. Não tinha emprego fixo,<br />

mas fazia uns biscates como<br />

pintor e ladrilhador. ■

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