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Semanário Angolense 360 edição - Falambora-Chat

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36 Sábado, 27 de Março de 2010.<br />

Leituras<br />

A vida sexual dos ditadores (7)<br />

Na cama com Mussolini (fim)<br />

O caso particular de Clara Petacci, a jovem senhora que se apaixonou perdidamente pelo «Duce», a ponto de o seguir sem condições<br />

até à morte. Foi a amante que mais tempo (13 anos) passou ao lado do ditador italiano. Seriam executados a 28 de Abril de 1945<br />

Embora tivesse várias<br />

amantes passageiras,<br />

não se pode afirmar,<br />

porém, que Mussolini<br />

era incapaz de manter uma relação<br />

duradoura «fora de casa». Em<br />

1932, ele viajava para Ostia, no<br />

seu carro oficial, um Alfa Romeo,<br />

quando se deparou com uma linda<br />

jovem, no acostamento, que<br />

acenava e gritava «Duce! Duce!»<br />

ao vê-lo passar. Mussolini mandou<br />

o motorista parar o carro,<br />

desceu e foi ao seu encontro.<br />

Quando ele lhe dirigiu a palavra,<br />

a moça ficou trémula de entusiasmo.<br />

Chamava-se Clara Petacci<br />

e era esposa de um oficial da<br />

Força Aérea italiana – de quem se<br />

divorciaria mais tarde. Mussolini<br />

transferiu para o Japão, para tirálo<br />

do caminho.<br />

Clara estava com 24 anos (ele<br />

com 54), tinha olhos verdes, pernas<br />

esbeltas e longas, seios fartos,<br />

enfim, tudo como Il Duce adorava.<br />

A sua voz era rouca.<br />

Era hipocondríaca, sentimental,<br />

um tanto simplória e absolutamente<br />

devotada ao ditador<br />

italiano – que lhe retribuía da<br />

mesma moeda, chegando a obrigar<br />

os trens a acelerar o ritmo só<br />

para ficar na sua cabeceira, quando<br />

ela extraiu o apêndice após<br />

uma peritonite quase fatal.<br />

Mas, quando se tratava de sexo,<br />

não era mais gentil, nem mostrava<br />

mais consideração com Clara do<br />

que com qualquer outra das suas<br />

amantes. Mussolini deu-lhe um<br />

apartamento no Palazzo Venezia,<br />

onde faziam amor entre uma<br />

reunião e outra. Perversamente, o<br />

relacionamento deu certo. Clara<br />

continuou com ele nos treze anos<br />

seguintes e, quando teve a oportunidade<br />

de fugir, preferiu morrer<br />

ao seu lado, em 1945.<br />

Não ignorava que ele não deixaria<br />

a esposa e a família por ela<br />

e sabia da sua infidelidade. Esperava-o<br />

no seu apartamento horas<br />

e horas, lendo romances, desenhando<br />

novas roupas, pintando<br />

as unhas, olhando-se no espelho<br />

ou contemplando a paisagem pela<br />

janela.<br />

Velhas condessas<br />

Mussolini, em regra, só aparecia<br />

pelas dez das noites, quando<br />

aparecia. Ela amaldiçoava as<br />

velhas condessas com quem ele<br />

estaria a fazer amor num sofá do<br />

andar inferior. Embora tolerasse<br />

estes pecadilhos, vivia com medo<br />

de perder o seu amor. Temia que<br />

ele voltasse para alguma amante<br />

antiga ou se apaixonasse por uma<br />

nova. Angela Curti ou Margherita<br />

Sarfatti eram dois nomes que<br />

surgiam constantemente.<br />

Havia ocasiões em que repreendia<br />

Mussolini pelas outras amantes.<br />

Ele enfurecia-se e a insultava.<br />

Ela chorava, o que irritava ainda<br />

mais.<br />

Na verdade, por volta de 1939,<br />

Mussolini tentou livrar-se dela.<br />

Disse à princesa di Gangi, da Sicília,<br />

que achava Clara «repulsiva».<br />

Na primavera de 1943, a polícia<br />

que guardava a entrada do Palazzo<br />

Venezia recebeu ordens para<br />

barrar a sua entrada - ,as ela entrou<br />

à força e encontrou o seu<br />

amado frio e inflexível.<br />

«Dou o nosso caso por encerrado»,<br />

declarou ele. Era o bilhete<br />

azul que havia usado centena de<br />

vezes antes com outras mulheres.<br />

Porém, recuou ao vê-la chorar.<br />

Tentou mandá-la embora em várias<br />

ocasiões, mas o resultado era<br />

sempre o mesmo. A guerra estava<br />

indo mal, costumava dizer, e<br />

a sua ligação com Clara o fazia<br />

parecer fraco. Não importava que<br />

tivesse centenas de amantes, a sua<br />

devoção a apenas uma provocava<br />

falatórios perigosos. Um dos seus<br />

oficiais disse que ela causava mais<br />

prejuízos a Il Duce que a perda de<br />

quinze batalhas.<br />

Embora ele não desse praticamente<br />

nada a Clara – um pequeno<br />

presente de quando em vez e<br />

ocasionalmente 500 liras para<br />

comprar vestidos, pensava-se que<br />

Mussolini lançava mão dos impostos<br />

arrecadados para sustentar<br />

os luxos da amante, enquanto<br />

os sobrecarregados contribuintes<br />

italianos sofriam as privações da<br />

guerra. Na verdade, eram lojistas<br />

e empresários de Roma que a presenteavam<br />

com roupas e perfumes<br />

caros, na tentativa de caírem<br />

nas boas graças de Il Duce.<br />

Sem escândalos<br />

«Nunca mais sairei à luz do<br />

sol», prometia Clara. «Só depois<br />

de escurecer. E apenas por alguns<br />

minutos: o suficiente para ver<br />

você e lhe dar um beijo. Não quero<br />

causar escândalos».<br />

O verdadeiro escândalo, porém,<br />

vinha dos seus parentes.<br />

Antes da guerra, eles haviam<br />

construído uma villa luxuosa no<br />

elegante bairro de Camilluccia. A<br />

mansão tinha banheiro de mármore<br />

negro. Sabendo bem em que<br />

lado do pão estava a manteiga deram<br />

atenção especial ao quarto de<br />

Clara: cobriram as paredes de espelhos<br />

e colocaram o imenso leito<br />

forrado de seda sobre um tablado.<br />

Contudo, quando perguntaram a<br />

Mussolini, numa das suas visitas<br />

ao palacete, se havia gostado da<br />

casa, a resposta foi: «Não muito»:<br />

Quando a mãe lhe sugeriu que<br />

pedisse ao amante dinheiro para<br />

pagar a villa, Clara recusou-se<br />

sequer a insinuar isso. Mesmo assim,<br />

todos acharam que Il Duce<br />

havia aberto os cordões à bolsa.<br />

Embora não recebesse patrocínio<br />

directo de Mussolini, a família<br />

Petacci era esperta o bastante<br />

para usar a sua posição como um<br />

trunfo. Como exemplo, pode-se<br />

citar o irmão de Clara, Marcello,<br />

que era médico da marinha e fez<br />

fortuna a contrabandear ouro<br />

através da mala diplomática.<br />

Em Julho de 1943, quando os<br />

aliados desembarcaram na Sicília,<br />

Mussolini foi destituído do<br />

Grande Conselho Fascista. No<br />

dia seguinte, foi preso por ordem<br />

do rei Victor Emmanuel III. Clara<br />

também foi presa e levada para o<br />

castelo Visconti, em Novara. Lá<br />

passou o tempo escrevendo cartas<br />

de amor a seu querido Benito – a<br />

quem chamava de «Bem» - e enchendo<br />

diários com lembranças<br />

dos momentos maravilhosos que<br />

passaram juntos. As cartas jamais<br />

chegaram ao seu destino. Foram<br />

interceptadas pelos censores.<br />

Estado fantoche<br />

Libertado pelos alemães, Mussolini<br />

criou um estado fantoche<br />

no norte da Itália. Clara, determinada<br />

a reunir-se a ele, persuadiu<br />

as freiras que a vigiavam a<br />

contrabandear uma carta para o<br />

quartel-general alemão em Novara,<br />

que mandou um carro para<br />

apanhá-la.<br />

Apesar de não confiarem nela,<br />

os alemães não descartavam a<br />

possibilidade de usá-la. Então,<br />

arranjaram-lhe um palacete à<br />

beira do lago Garda, onde Mussolini<br />

podia visitá-la todos os dias.<br />

O seu segurança no palacete era<br />

o jovem e charmoso major Franz<br />

Spogler, que se reportava directamente<br />

ao quartel-general da Gestapo<br />

em Viena.<br />

Contudo, os planos dos alemães<br />

ficaram um tanto prejudicados<br />

quando Rachele (a esposa de<br />

Mussolini) descobriu que Clara<br />

estava por perto. As suas crises de<br />

ciúmes acabaram por impedir que<br />

o marido encontrasse a amante<br />

com frequência. Mas, ocasionalmente,<br />

de noite, ele deixava o Alfa<br />

Romeo oficial na porta do escritório,<br />

para não levantar suspeitas,<br />

e ia visitá-la de Fiat. Os encontros<br />

eram frios e tristonhos. Em duas<br />

ocasiões, Mussolini declarou que<br />

nunca mais queria vê-la. Nas duas<br />

vezes, ela chorou e conseguiu demover<br />

o amante.<br />

Por fim, Rachele não suportou

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