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causa operária - PCO

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21 DE SETEMBRO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA JUVENTUDE 13<br />

TAMBÉM NA USP<br />

A comédia eleitoral para diretor da FFLCH<br />

mostra que está na hora de organizar a luta pela<br />

maioria estudantil na maior universidade do país<br />

Nos dias 18 e 19 foram realizadas as chamadas<br />

“eleições” para o diretor da FFLCH (Faculdade de<br />

Filosofia, Letras e Ciências Humanas) da USP: mais uma<br />

farsa visando envolver os estudantes que precisa ser<br />

denunciada<br />

A mais importante universidade<br />

do País é, também, uma<br />

das mais reacionárias e conservadoras<br />

do ponto de vista do<br />

regime interno e da burocracia<br />

que a controla.<br />

Não há na USP qualquer idéia<br />

nem mesmo de eleição do reitor<br />

ou de qualquer outro administrador.<br />

No Conselho Universitário<br />

da USP, a minoria de representantes<br />

discentes tem, mais que<br />

em todos os lugares, um papel<br />

mais que decorativo: servem<br />

apenas para criar uma tênue ilusão<br />

de democracia em uma universidade<br />

controlada pela direita.<br />

Isso se dá porque o controle<br />

da universidade pelos grupos<br />

políticos burgueses e aos interesses<br />

capitalistas é um dos<br />

maiores do País. Como os políticos<br />

da burguesia e os capitalistas<br />

não iriam cobiçar a mais<br />

importante universidade do<br />

país, com quase 100 mil integrantes<br />

e vários centros de<br />

pesquisa?<br />

A ditadura contra os estudantes<br />

é total. A reitoria da USP<br />

está processando estudantes<br />

que participaram da ocupação<br />

de maio do ano passado e impôs<br />

uma multa ao DCE por<br />

“danos ao patrimônio”.<br />

A função deste regime retrógrado<br />

e ditatorial é mater a universidade<br />

como um instrumento<br />

dos capitalistas e das camarilhas<br />

da burocracia universitária<br />

esmagando todo e qualquer<br />

movimento independente<br />

dos estudantes.<br />

Como são as<br />

“eleições” na<br />

FFLCH<br />

Tudo isso pode ser visto no<br />

processo de escolha do novo<br />

diretor de uma das maiores faculdades,<br />

a Faculdade de Filosofia,<br />

Letras e Ciências Humanas,<br />

de onde saiu a maioria dos<br />

ocupantes da reitoria no ano<br />

passado.<br />

Concorreram três professores<br />

graduados, Sandra Margarida<br />

Nitrini, das Letras, Osvaldo<br />

Coggiola, da História e<br />

Maria Arminda do Nascimento<br />

Arruda, das Ciências Sociais.<br />

Os estudantes e funcionários,<br />

párias dentro da universidade,<br />

logicamente não podem<br />

nem se apresentar como candidatos,<br />

privilégio reservado<br />

exclusivamente aos professores<br />

mais graduados.<br />

O máximo de democracia<br />

que a burocracia universitária<br />

conseguiu elaborar para respaldar<br />

o seu novo líder foi a realização<br />

de dois debates com os<br />

estudantes e funcionários e<br />

uma consulta pela internet aos<br />

estudantes sem qualquer valor<br />

deliberativo!<br />

A eleição para diretor da FFL-<br />

CH, que ocorreram a portas<br />

fechadas é decidida por uma<br />

ínfima minoria da comunidade<br />

universitária. No final, é a própria<br />

reitoria quem decide. A<br />

votação é feita por apenas duas<br />

centenas de membros de uma<br />

universidade de 15 mil estudantes,<br />

que irão definir uma lista<br />

tríplice, ou seja, três nomes dentro<br />

de um órgão completamente<br />

restritivo, a congregação da<br />

faculdade, para que ao final a reitora<br />

escolha um dentre os três<br />

mais cotados.<br />

Este processo acontece sem<br />

qualquer real participação estudantil.<br />

Quem decide são apenas<br />

os professores titulares da universidade.<br />

Trata-se de uma regime<br />

de funcionamento verdadeiramente<br />

medieval e uma sobrevivência<br />

sem retoques do<br />

regime militar.<br />

A Congregação, que é o órgão<br />

que escolhe como utilizar as<br />

verbas, logicamente com o consentimento<br />

da reitoria, é formado<br />

hoje por 82 membros, sendo<br />

que destes só cinco são estudantes<br />

(6%) e 3 funcionários<br />

(3,5%). O total de professores<br />

é de 74, ou seja, 90,5% do total!<br />

Só estes números servem<br />

para mostrar que a participação<br />

estudantil e dos funcionários é<br />

uma completa farsa, utilizada<br />

para dar uma aparência débil de<br />

democracia a um regime de ditadura<br />

contra os estudantes.<br />

Este órgão é ampliado durante<br />

as eleições para 196 membros<br />

colegiados com as diretorias<br />

de departamento e com os<br />

representantes discentes (estudantis)<br />

de cada curso.É um<br />

colégio eleitoral ao estilo do que<br />

havia na época da ditadura, programada<br />

para dar infalivelmente<br />

o mesmo resultado: a escolha<br />

do candidato do setor mais<br />

forte e mais direitista da burocracia<br />

universitária.<br />

Neste colegiado, de 196<br />

membros,13 são estudantes.<br />

São apenas 13 estudantes que<br />

representam os 15 mil e ainda<br />

sob o tacão da reitoria. Os estudantes,<br />

que são cerca de 80%<br />

dos integrantes da faculdade<br />

recebem menos de 10% dos<br />

votos, enquanto que os professores,<br />

uma ínfima minoria, recebem<br />

a quase totalidade dos<br />

votos.<br />

O resto dos estudantes, que<br />

são a imensa maioria da universidade<br />

em sua composição, não<br />

tem sequer direito a voto, mas<br />

apenas recebem o direito da diretoria<br />

da faculdade de participar<br />

de uma vergonhosa consulta<br />

eletrônica pela internet, um<br />

completo cinismo.<br />

É sobre este órgão de tipo<br />

monárquico, que é fruto de um<br />

estatuto que é uma sobrevivência<br />

da ditadura militar, que se<br />

ergue toda a estrutura de poder<br />

corrupta e carreirista da universidade.<br />

O significado das<br />

“eleições” na<br />

FFLCH<br />

A FFLCH é onde se concentra<br />

historicamente o centro nervoso<br />

do movimento estudantil<br />

na USP que, por sua vez, sempre<br />

foi o mais importante do<br />

país.<br />

Nas importantes lutas estudantis<br />

de 1968, o centro organizador<br />

do movimento estudantil<br />

em S. Paulo era a Faculdade<br />

de Filosofia e Letras, então<br />

situada à R. Maria Antônia.<br />

Nos anos das grandes mobilizações<br />

de 1977 a 1980, foram<br />

as faculdades de Ciências Sociais,<br />

Letras, História, Arquitetura<br />

e Comunicações que dirigiram<br />

o movimento.<br />

Nos últimos anos, todas as<br />

lutas estudantis tiveram como<br />

centro as unidades da FFLCH<br />

que chegaram a realizar um greve<br />

geral de 106 dias em 2002.<br />

A esquerda conciliadora do<br />

Bando dos Quatro, PT, PCdoB,<br />

Psol e PSTU, chamou os estudantes<br />

a participar da consulta<br />

via internet. O que significa<br />

isso? Significa dar uma cobertura<br />

“democrática” a um processo<br />

completamente antidemocrático.<br />

Significa apenas<br />

auxiliar a direita a ocultar a sua<br />

ditadura.<br />

Esta política que significa<br />

um atrelamento do movimento<br />

estudantil à direita da universidade<br />

fracassou completamente.<br />

O candidato apoiado pelo<br />

Bando dos Quatro, o professor<br />

da História, Osvaldo Coggiola,<br />

ganhou a consulta dos candidatos<br />

da burocracia mais tradicional<br />

por uns poucos votos e a<br />

participação dos estudantes na<br />

farsa ficou abaixo dos 10%<br />

mostrando a verdadeira tendência<br />

dos estudantes que, desta<br />

vez, é claramente de repúdio a<br />

esta comédia ditatorial.<br />

A participação desta esquerda<br />

pequeno-burguesa na eleição<br />

cumpre a função de conter<br />

a luta estudantil dentro da camisa<br />

de força estabelecida pela<br />

direita, como fazem tradicionalmente<br />

na USP e como fizeram<br />

na ocupação de 51 dias onde,<br />

em todos os momentos buscaram,<br />

com a ajuda da reitoria,<br />

acabar com a ocupação.<br />

O caráter da<br />

ditadura<br />

O diretor da FFLCH e a<br />

Congregação, como ocorre<br />

também na demais faculdades,<br />

é que tem a função de administrar<br />

as verbas que sempre<br />

faltam para a reforma<br />

estrutural e que tem desempenhado<br />

a função de reprimir<br />

duramente o movimento estudantil,<br />

tanto diretamente,<br />

como é nos casos dos processos<br />

de sindicâncias realizados<br />

por estes órgãos, como o controle<br />

sobre a alteração das estruturas<br />

do prédio que vem interditando<br />

os espaços dos estudantes,<br />

mas principalmente<br />

favorecendo a corrupção<br />

na universidade por impedir<br />

completamente qualquer participação<br />

e fiscalização dos<br />

estudantes.<br />

Vimos em vários casos<br />

como na UnB, na Unifesp, na<br />

Fundação Santo André que<br />

são estes órgãos e os governos<br />

unipessoais das reitorias<br />

que, ao restringir a uma ínfima<br />

participação dos estudantes<br />

nas universidades, impulsionam<br />

o desvio de verbas<br />

públicas para gastos pessoais<br />

dos mais altos cargos, como<br />

a figura do reitor, que é indicada<br />

pelo governador. Por<br />

conta do controle completo da<br />

universidade por seu setor<br />

mais conservador e mais atrelado<br />

ao Estado, os professores<br />

de alto cargo, a FFLCH,<br />

assim como inúmeras outras<br />

faculdades públicas, estão<br />

caindo aos pedaços, sem professores,<br />

sem salas de aula,<br />

sem criação de vagas, Com<br />

estudantes assistando a aulas<br />

no corredor, salas de aula<br />

inundadas pelos vazamentos<br />

etc.<br />

Os estudantes, que realizaram<br />

no ano passado a maior<br />

mobilização das últimas décadas<br />

na universidade, a ocupação<br />

da reitoria contra os decretos<br />

do governo de José<br />

Serra, decreto este que retirava<br />

completamente a autonomia<br />

das universidades, impondo<br />

o controle direto do<br />

Estado, e barraram parcialmente<br />

a investida do governo.<br />

No entanto, um obstáculo<br />

ficou mais claro no caminho<br />

dos interesses dos estudantes<br />

e de toda a população graças à<br />

luta. Este obstáculo, que é o<br />

poder autocrático atribuído<br />

aos professores, que em sua<br />

maioria compõem ou sustentam<br />

a burocracia universitária,<br />

para eleger reitor e diretores,<br />

controlar o conselho universitário<br />

e as congregações, para<br />

impor o sucateamento, ocorre<br />

no caso das Congregações<br />

em conjunto com o Conselho<br />

Universitário, controlado hoje<br />

em imensa maioria por professores<br />

que representam as fundações<br />

privadas. Este sistema<br />

ditatorial tem como função<br />

também impor o controle cada<br />

vez maior da universidade nas<br />

áreas de tecnologia dos grandes<br />

monopólios privados, atrelando<br />

o ensino das faculdades<br />

de ciências naturais e tecnologia<br />

aos interesses privados e liquidando,<br />

assim com o ensino,<br />

como estrangulando as humanidades<br />

com a falta de verbas.<br />

A luta estudantil, que se desenvolveu<br />

a partir da USP, em<br />

inúmeras ocupações por todo<br />

o País, tem deixado claro que<br />

o problema tem se concentrado<br />

cada vez mais na luta pelo<br />

poder na universidade, ou<br />

seja, pelo controle do conjunto<br />

da comunidade acadêmica<br />

do futuro da universidade.<br />

Os estudantes, que além de<br />

serem o setor mais progressista<br />

tanto por terem interesse<br />

direto na defesa da educação<br />

pública de qualidade, são<br />

o setor que não está diretamente<br />

atrelado ao estado e<br />

acima de tudo a maioria da comunidade<br />

acadêmica.<br />

A luta estudantil foi e é o<br />

motor fundamental de toda a<br />

Chamamos os estudantes a se manifestarem contra a ditadura das<br />

congregações e dos conselhos universitários, contra o cargo de reitor<br />

e a levantar o controle estudantil.<br />

luta dos que defendem o ensino<br />

público e o ensino simplesmente<br />

contra os capitalistas,<br />

os governos burgueses e,<br />

nos países atrasados como o<br />

Brasil, contra o imperialismo.<br />

Os estudantes da UnB, da<br />

Unifesp e da Fundação Santo<br />

André, em ocupações que<br />

aconteceram posteriormente à<br />

da USP derrubaram o reitor<br />

depois de escândalos que vieram<br />

à tona. Os estudantes da<br />

Unifesp se mobilizam neste<br />

momento contra a realização<br />

das eleições-farsa para a reitoria<br />

na qual já está sendo articulada<br />

a substituição do reitor<br />

corrupto Ulysses Fagundes<br />

Neto por um apadrinhado. Os<br />

estudantes, que realizam um<br />

acampamento em frente à reitoria,<br />

estão reivindicando o<br />

boicote às eleições e ao conselho<br />

universitário, reivindicando<br />

a maioria estudantil nos<br />

órgão da universidade com o<br />

governo tripartite. A composição<br />

do Conselho Universitário<br />

da Unifesp é de 70% de professores,<br />

15% de estudantes e<br />

15% de funcionários.<br />

A única maneira de defender<br />

uma mudança profunda<br />

nos rumos da universidade e<br />

de defender o ensino público<br />

contra a tentativa de acabar<br />

com a universidade pública é<br />

a defesa da maioria estudantil,<br />

ou seja, o voto proporcional<br />

e universal.<br />

Os últimos acontecimentos<br />

deixam claro que a ditadura<br />

do professores graduados<br />

tem a única e exclusiva função<br />

de garantir os interesses<br />

dos carreiristas e corruptos,<br />

dos capitalistas, do imperialismo<br />

e dos governos burgueses<br />

contra o ensino público.<br />

A política da<br />

esquerda<br />

Uma das justificativas mais<br />

cínicas apresentadas pela burocracia<br />

que impõe o sucateamento<br />

da universidade é a de<br />

que professores são a representação<br />

dos interesses da comunidade<br />

universitária pois<br />

permanecem nesta por toda a<br />

sua carreira.. Uma completa<br />

hipocrisia, uma vez que aos<br />

funcionários, que permanecem<br />

igualmente na comunidade<br />

acadêmica, é imposta uma<br />

ditadura semelhante. Esta caracterização<br />

que serve para<br />

justificar a imposição dos interesses<br />

de uma minoria e da<br />

parcela mais atrelada ao estado,<br />

e defender o sucateamento,<br />

que permaneceu inclusive<br />

após a ocupação da reitoria<br />

em 2007, que tinha como uma<br />

das reivindicações o repasse<br />

de verbas para reformas dos<br />

prédios, moradia, entre outras<br />

reivindicações estruturais.<br />

O direito divino dos professores<br />

a controlar a universidade<br />

serve como pano de<br />

fundo ideológico para conter<br />

a manifestação do setor mais<br />

independente do Estado e do<br />

carreirismo universitário e<br />

por isso mais combativo, sendo<br />

o único que tem como único<br />

interesse defender o ensino<br />

público e de qualidade para<br />

todos é, portanto, a representação<br />

natural dos interesses da<br />

classe <strong>operária</strong> e da maioria do<br />

povo em relação ao ensino.<br />

Para o estudante, a universidade<br />

não é uma carreira ou<br />

emprego. Seu interesse é o de<br />

obter o melhor estudo possível<br />

e o acesso à universidade<br />

no caso dos estudantes secundários.<br />

Reivindicar mais<br />

verbas, alocar estas verbas em<br />

função exclusivamente dos interesses<br />

da melhoria do ensino,<br />

democratizar o ensino para<br />

obter uma maior perspectiva<br />

de educação estes são os interesses<br />

naturais da maioria estudantil.<br />

Daí que o Estado tenha<br />

feito um regime universitário<br />

que retira aos estudantes<br />

todos os direitos.<br />

Este setor além de<br />

tudo é a imensa maioria<br />

da universidade e<br />

deveria se representar<br />

de maneira universal,<br />

ou seja, um estudante<br />

um voto.<br />

Já os professores,<br />

elegendo-se a estes<br />

mesmos como a representação<br />

dos interesses<br />

da universidade, encobrem<br />

a luta encarniçada<br />

por privilégios nos<br />

departamentos e que<br />

são estes que por terem<br />

medo de perderem os<br />

plenos privilégios, por<br />

começar pelos altos<br />

salários, o que ficou<br />

muito claro no ataque<br />

deste setor aos estudantes<br />

que realizaram no ano<br />

passado o maior movimento<br />

das últimas duas décadas. Somente<br />

uma minoria de professores<br />

que vê as possibilidades<br />

de carreira frustradas pela<br />

alta camada da burocracia e<br />

que recebem os salários mais<br />

baixos é que tendem a aderir<br />

à luta estudantil em momentos<br />

em que esta ganha intensidade.<br />

É isto que demonstra a experiência<br />

de todos os movimentos<br />

políticos na universidades.<br />

Os estudantes que realizaram<br />

a ocupação da reitoria, da<br />

qual participaram milhares de<br />

estudantes e que se deu de<br />

maneira a defender a universidade<br />

do ataque do governo<br />

que pretendia estabelecer o<br />

completo controle do Estado<br />

capitalista contra a autonomia<br />

da universidade, tem pela<br />

frente uma imensa barreira<br />

imposta para impedir a participação<br />

dos estudantes.<br />

O mais importante está em<br />

que os frutos desta ditadura<br />

dos professores sobre os estudantes<br />

está à vista de todos:<br />

destruição da universidade,<br />

entrega da universidade aos<br />

monopólios capitalistas, corrupção<br />

desenfreada, repressão<br />

ao movimento estudantil,<br />

regime de ensino que caberia<br />

melhor em uma prisão etc.<br />

A universidade está sufocando<br />

sob esta ditadura a ponto<br />

que o livre debate de idéias,<br />

a discussão política, a distribuição<br />

de panfletos, a colagem<br />

de cartazes é reprimida<br />

de maneira cada vez mais violenta.<br />

Este ambiente carcerário<br />

é completamente oposto<br />

a qualquer desenvolvimento<br />

cultural, do ensino, da discussão<br />

livre de idéia, ou seja,<br />

a próprio espírito da universidade.<br />

A luta estudantil que se desenvolveu<br />

a partir da ocupação<br />

da USP e faculdades em<br />

quase todos os estados e que<br />

permanece inclusive hoje em<br />

diversas universidades, evolui,<br />

a partir da luta contra todas<br />

estas arbitrariedades, para<br />

uma luta pelo poder da universidade,<br />

como se pode ver na<br />

queda de três reitores, o da<br />

Fundação Santo André, Odair<br />

Bermelho; da UnB, Timothy<br />

Mulholland e agora da Unifesp,<br />

Ulysses Fagundes Neto.<br />

Nesta última, particularmente,<br />

fica claro que os estudantes,<br />

que rejeitaram, mesmo<br />

com a queda do reitor, as eleições<br />

farsa para por meio do<br />

conselho universitário para<br />

eleger um apadrinhado da reitoria<br />

corrupta pelos mesmos<br />

moldes ditatoriais, onde os estudantes<br />

sequer têm voz. Ali<br />

onde os estudantes são 15%<br />

do conselho universitário, os<br />

funcionários são 15% e os<br />

professores são 70%, há uma<br />

ampla mobilização dos estudantes<br />

em um acampamento<br />

em frente à reitoria em um<br />

movimento pelo qual os estudantes<br />

reivindicam maioria<br />

estudantil no Conselho Universitário,<br />

contra a tentativa<br />

da universidade de impor, em<br />

contraposição a paridade, que<br />

é um invólucro para a mesma<br />

farsa.<br />

A luta pelo boicote às eleições<br />

farsa, chamada pelos elementos<br />

que foram o núcleo de<br />

todas as lutas da Unifesp durante<br />

um ano, é um marco histórico<br />

na luta dos estudantes<br />

brasileiros em geral contra a<br />

ditadura da burocracia universitária,<br />

instrumento dos<br />

capitalistas e dos governos<br />

burgueses.<br />

A política da<br />

esquerda<br />

pequenoburguesa<br />

de<br />

sustentação da<br />

ditadura burguesa<br />

dentro da<br />

universidade<br />

Em todas as universidades,<br />

a política da esquerda burguesa<br />

e pequeno-burguesa do<br />

Bando dos Quatro, PT,<br />

PCdoB, PSTU e Psol, tem sido<br />

a de participar do regime ditatorial<br />

na universidade, propondo,<br />

como isca para os estudantes,<br />

mudanças puramente<br />

formais no regime universitário.<br />

Estas mudanças estão representadas<br />

pela sua reivindicação<br />

de “paridade na eleição<br />

para reitor”, ou seja, na reivindicação<br />

de um regime eleitoral<br />

antidemocrático controlado<br />

pelos professores.<br />

Esta reivindicação mostra<br />

com clareza que a esquerda é<br />

parte da burocracia universitária,<br />

uma parte minoritária,<br />

que busca atrelar os estudantes<br />

ao regime burguês e ditatorial<br />

da universidade para<br />

aumentar o seu poder na luta<br />

contra a parcela majoritária da<br />

burocracia, ligada aos setores<br />

do grande capital.<br />

Que se trata de uma política<br />

que dá sustentação ao regime<br />

pode-se ver pelo fato de<br />

que a esquerda é partidária de<br />

todas estas eleições de comédia<br />

considerando a simples<br />

existência de tais eleições<br />

como uma grande conquista<br />

democrática.<br />

l:No caso da FFLCH o processo<br />

“eleitoral” só tem o sentido<br />

de disfarçar a escolha<br />

pré-estabelecida da maioria<br />

da burocracia universitária,<br />

uma vez que a a influência dos<br />

estudantes, funcionários e<br />

inclusive da maioria dos professores.<br />

A participação da esquerda<br />

na eleição, chamando os estudantes<br />

a votar em uma farsa<br />

tão grotesca indica que buscam<br />

atrelar o movimento de<br />

ocupação às instituições reacionárias<br />

da universidade<br />

para respaldar seus propósitos<br />

dentro do aparelho reacionário.<br />

Esta política deve ser amplamente<br />

repudiada, em particular<br />

pelo local onde ocorre.<br />

Para que o movimento estudantil<br />

seja vitorioso precisa<br />

romper completamente com a<br />

burocracia burguesa e ditatorial<br />

da universidade. Para<br />

romper com a burocracia e os<br />

governos é preciso romper<br />

completamente com a política<br />

burguesa e pequeno-burguesa<br />

do PT, PCdoB, PSTU e<br />

Psol.<br />

Abaixo a ditadura,<br />

por um governo<br />

democrático da<br />

universidade com<br />

a maioria<br />

estudantil<br />

O novo líder da burocracia da<br />

FFLCH foi escolhido pelos Conselhos<br />

Departamentais e pela<br />

Congregação da Faculdade,<br />

onde os professores contam<br />

com a quase totalidade dos votos<br />

sem qualquer interferência<br />

dos estudantes que, em número<br />

irrisório, referendaram a farsa<br />

e deram um cheque em branco<br />

para a Congregação da FFLCH<br />

escolher o candidato da maioria<br />

da burocracia.<br />

Está mais do que claro que o<br />

movimento estudantil da USP<br />

deve repudiar energicamente<br />

esta farsa grotesca que é uma<br />

miniatura do processo ditatorial<br />

com que toda a universidade<br />

é dirigida.<br />

Os estudantes devem reivindicar<br />

a eleição de todos os órgãos<br />

dirigentes, o governo tripartite,<br />

a maioria estudantil e a<br />

completa autonomia da universidade.<br />

A USP deve ser um terreno<br />

privilegiado para a luta para derrubar<br />

a ditadura que impera em<br />

todas as universidades do País<br />

e deve estar na dianteira desta<br />

luta como esteve em todos os<br />

momentos cruciais da vida política<br />

do país desde os anos 40.

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