causa operária - PCO
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21 DE SETEMBRO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA INTERNACIONAL 19<br />
RUANDA ELEIÇÕES LEGISLATIVAS<br />
País realiza segunda eleição<br />
desde o genocídio de 1994<br />
A Frente Patriótica Ruandesa ganhou a maioria das<br />
cadeiras com folga, uma vez que a maioria da oposição<br />
vive no exílio sem apresentar candidatos<br />
A oposição do pequeno País da África Central inclui cerca de<br />
dez partidos que atuam no exílio desde o fim do genocídio.<br />
Realizou-se na segundafeira<br />
(15) as eleições legislativas<br />
de Ruanda, onde mais<br />
de quatro milhões de eleitores<br />
escolheram 53 deputados<br />
entre 355 candidatos.<br />
Este é o segundo pleito organizado<br />
desde o genocídio<br />
de 1994, quando cerca de<br />
500 mil a um milhão de pessoas<br />
(entre tutsis e hutus<br />
considerados traidores) foram<br />
massacrados.<br />
Centenas de pessoas já formavam<br />
filas na capital Kigali<br />
antes da abertura da votação<br />
de segunda-feira, dia decretado<br />
como feriado nacional.<br />
As estimativas já apontavam<br />
para uma vitória fácil da<br />
Frente Patriótica Ruandesa<br />
(FPR) do presidente tutsi<br />
Paul Kagame, líder de uma<br />
coalizão formada por seis<br />
partidos, diante da fraca oposição<br />
do Partido Social Democrata<br />
(PSD) e do Partido<br />
Liberal (PL). Ambos partidos<br />
apoiaram Kagame nas primeiras<br />
eleições de 2003.<br />
A oposição do pequeno País<br />
da África Central inclui cerca<br />
de dez partidos que atuam no<br />
exílio desde o fim do genocídio<br />
e não apresentaram candidatos<br />
em nenhuma das eleições. Este<br />
vazio político dá à FPR a perspectiva<br />
de uma cômoda vitória<br />
por ampla maioria.<br />
Só há um candidato independente<br />
entre os concorrentes<br />
pelas 53 cadeiras da Câmara<br />
dos Deputados. Os outros<br />
27 assentos serão concedidos<br />
mediante eleições indiretas a<br />
serem realizadas ainda este<br />
mês, dos quais 24 são reservados<br />
às mulheres, dois para representantes<br />
da juventude e<br />
um para “descapacitados”.<br />
Haviam 356 candidatos ao<br />
pleito, mas um deles foi desclassificado<br />
pela Comissão<br />
Nacional Eleitoral por acusações<br />
de genocídio.<br />
Foram distribuídas cerca<br />
de 15 mil urnas em 2.150<br />
pontos de votação, mas muitas<br />
urnas continuavam fechadas<br />
horas após a abertura<br />
do pleito, fato que causou<br />
certa tensão, porém sem maiores<br />
conseqüências.<br />
Em 2003, nas primeiras<br />
eleições parlamentares desde<br />
o massacre, o FPR conquistou<br />
95% dos votos.<br />
Após o genocídio<br />
Paul Kagame, 51 anos, é<br />
Centenas de pessoas já formavam filas na capital Kigali<br />
antes da abertura da votação de segunda-feira, dia<br />
decretado como feriado nacional.<br />
acusado pelo governo francês<br />
(ex-colonizador de Ruanda)<br />
de ter participado do atentado<br />
que derrubou o avião do<br />
ex-presidente hutu, Juvenal<br />
Habyarimana, no dia 6 de abril<br />
de 1994, sendo o estopim para<br />
o início da guerra civil. Os dois<br />
países estão com relações diplomáticas<br />
rompidas desde<br />
2006, quando as acusações<br />
vieram à tona.<br />
Em agosto deste ano, uma<br />
comissão governamental que<br />
estuda as origens do genocídio<br />
de 1994 concluiu que vários<br />
políticos e militares franceses<br />
participaram diretamente<br />
do massacre.<br />
O informe publicado na<br />
terça-feira (5) acusa, dentre<br />
outros, o ex-primeiro-ministro,<br />
Dominique de Villepin, e<br />
o ex-presidente, François<br />
Mitterrand, de participarem<br />
da execução da minoria tutsi.<br />
Foram relacionados ao<br />
todo 33 nomes - 13 políticos<br />
e 20 militares. A comissão de<br />
investigação ruandesa sobre<br />
o papel da França no genocídio<br />
- cujo documento tem<br />
mais de 500 páginas - concluiu<br />
que a França estava “a<br />
par dos preparativos e participou<br />
nas principais iniciativas<br />
e em sua execução”.<br />
“Vários militares franceses<br />
cometeram eles mesmos<br />
assassinatos de tutsis e de<br />
hutus acusados de esconder<br />
tutsis. Os militares franceses<br />
também cometeram inúmeras<br />
violações com sobreviventes<br />
tutsis”.<br />
“O apoio francês foi político,<br />
militar, diplomático e tinha<br />
base logística”, indica o<br />
informe”, conclui o documento<br />
(AFP,6/8/2008).<br />
Desde o massacre, Ruanda<br />
passou por várias reformas<br />
políticas e recebe assistência<br />
internacional dos países<br />
imperialistas que não fizeram<br />
nada para evitar o genocídio<br />
(ou que participaram<br />
secretamente do massacre).<br />
Até hoje o País tenta impulsionar<br />
uma reconciliação étnica<br />
dificultada pelas guerras<br />
dos países vizinhos, por sua<br />
vez impulsionada pelo imperialismo.<br />
As estimativas já apontavam para uma vitória fácil da Frente<br />
Patriótica Ruandesa (FPR) do presidente tutsi Paul Kagame.<br />
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PAQUISTÃO A CRISE CONTINUA<br />
Tropas paquistanesas<br />
bloqueiam com disparos<br />
helicópteros norte-americanos<br />
Forças Armadas paquistanesas<br />
atiraram contra helicópteros<br />
norte-americanos que violaram o<br />
espaço aéreo do Paquistão na<br />
segunda-feira, 15, segundo afirmaram<br />
fontes oficiais do governo<br />
de Islamabad.<br />
O incidente, o primeiro desde<br />
que os EUA deram na semana<br />
passada permissão para que suas<br />
tropas no Afeganistão realizem<br />
operações especiais à revelia do<br />
governo paquistanês, aconteceu<br />
em Angor Adda, um vilarejo na<br />
região tribal do Sul do Uaziristão,<br />
reduto do Talebã, onde as tropas<br />
dos EUA intensificaram operações<br />
militares neste mês.<br />
A zona tribal localizada entre o<br />
Afeganistão e o Paquistão foi apontada<br />
pelo imperialismo norte-americano<br />
como um foco para a preparação<br />
de “grupos terroristas” e<br />
um alvo preferencial na sua “guerra<br />
contra o terror”.<br />
O chefe do Estado-Maior norte-americano<br />
anunciou na semana<br />
passada que as tropas militares<br />
no Afeganistão possuem permissão<br />
para cruzar a fronteira do<br />
País com o Paquistão usando,<br />
como sempre, o pretexto de “capturar<br />
e aniquilar terroristas da Al-<br />
Qaeda e do Taleban”. A decisão<br />
provocou uma crise diplomática<br />
entre os dois países depois que um<br />
comando norte-americano promoveu<br />
um ataque que resultou na<br />
morte de ao menos 20 civis. O governo<br />
paquistanês advertiu que<br />
não vai tolerar esse tipo de incursão<br />
sem permissão de Ismalabad.<br />
O chefe do Exército paquistanês,<br />
general Ashfaq Kayani, declarou<br />
que defenderá a soberania<br />
e a integridade territorial do país<br />
e não permitirá que nenhuma força<br />
estrangeira promova operações<br />
dentro do Paquistão.<br />
Outro funcionário de segurança<br />
paquistanês disse que veículos<br />
blindados norte-americanos também<br />
foram vistos em movimento<br />
no lado afegão da fronteira.<br />
Também disse que os soldados<br />
paquistaneses dispararam no ar,<br />
VOLKSWAGEN GREVE NA ALEMANHA<br />
obrigando os helicópteros a voltarem.<br />
À medida que a crise se aprofunda<br />
no Afeganistão, onde as<br />
tropas norte-americanas estão<br />
perdendo a guerra, o Paquistão<br />
também é seriamente afetado. O<br />
desespero do imperialismo levará<br />
inevitavelmente a um confronto<br />
contra o país que foi até então seu<br />
principal aliado no chamado<br />
“combate ao terrorismo”.<br />
O Paquistão foi até então o<br />
principal aliado do imperialismo na<br />
chamada política de “combate ao<br />
terrorismo”. A saída de Pervez<br />
Musharraf do poder e o reduto da<br />
insurgência na fronteira levarão<br />
esta aliança à sua dissolução.<br />
O País é uma peça chave para<br />
a estabilidade política da região. A<br />
evolução da crise aponta para a<br />
decomposição do regime que,<br />
mesmo após a saída do ditador<br />
Pervez Musharraf, não consegue<br />
conter a dissolução de um importante<br />
eixo de influência do imperialismo.<br />
Dezenas de milhares de metalúrgicos<br />
protestam na Alemanha<br />
Na sexta-feira (12) mais de 40<br />
mil metalúrgicos da Volkswagen<br />
alemã protagonizaram um dos<br />
maiores protestos da história da<br />
montadora. Os trabalhadores reuniram-se<br />
em Wolfsburg, sede da<br />
empresa, para defender a chamada<br />
“lei Volkswagen”.<br />
A Volks foi uma empresa estatal<br />
criada pelos nazistas e privatizada<br />
há 50 anos. A lei que privatizou<br />
a empresa foi chamada de<br />
“Lei Volks”. A lei, criada em 1960,<br />
garantiu os direitos dos trabalhadores<br />
e deu a eles e ao Estado alemão<br />
da Baixa Saxônia (norte) o<br />
direito à participação nas decisões<br />
da empresa, além de proteger a<br />
montadora das “compras hostis”<br />
por parte de outros grupos. O<br />
Estado, que concentra as principais<br />
atividades da montadora, detém<br />
30% de suas ações.<br />
A <strong>causa</strong> dos protestos dos trabalhadores<br />
está em que a justiça<br />
européia condenou a lei no ano<br />
passado, graças à pressão da sua<br />
maior acionista, a também montadora<br />
alemã Porsche. A Porsche já<br />
detém 31% das ações da Volks e<br />
pretende assumir mais de 50% nas<br />
próximas.<br />
A Porsche é a empresa automobilística<br />
mais rentável do mundo e<br />
já domina outras montadoras<br />
como a Scania. Toda a pressão<br />
contra a lei vem do interesse da<br />
montadora em controlar a Volks de<br />
olho nos lucros gerados pelos seus<br />
mais de 300 mil trabalhadores em<br />
todo o mundo.<br />
Mesmo após a decisão da jus-<br />
tiça européia, o governo alemão<br />
conservou o direito de veto do acionista<br />
público. A atitude irritou a<br />
Comissão européia, que anunciou<br />
que pode processar o governo alemão.<br />
A forte mobilização dos trabalhadores<br />
coloca o governo alemão<br />
na parede. O sindicato dos<br />
metalúrgicos IG Mettal, que representa<br />
mais de 90% dos assalariados<br />
da Volks, domina os<br />
protestos. Os trabalhadores fazem<br />
uma queda de braço com a<br />
Porsche para garantir os empregos<br />
e manter o poder de decisão<br />
sobre a empresa. A forte mobilização<br />
é uma mostra de que há<br />
uma tendência de luta dos trabalhadores<br />
que chega inclusive nos<br />
países avançados.<br />
NOTAS<br />
Governo da<br />
Venezuela expulsa<br />
dirigentes de<br />
organização<br />
humanitária<br />
acusados de<br />
planejarem um<br />
golpe de Estado<br />
O governo venezuelano<br />
convocou na sexta-feira (19)<br />
uma manifestação até o palácio<br />
presidencial para respaldar<br />
a decisão de Hugo Chávez<br />
de expulsar do País dirigentes<br />
da suposta organização<br />
humanitária Human Rights<br />
Watch, acusados de planejarem<br />
junto com a oposição um<br />
golpe de Estado e até mesmo<br />
o assassinato de Chávez.<br />
O diretor e o subdiretor de<br />
uma das maiores organizações<br />
humanitárias do mundo,<br />
o chileno José Miguel Vivanco<br />
e o norte-americano Daniel<br />
Wilkinson, responsáveis da<br />
HRW para o continente americano,<br />
foram expulsos na<br />
quinta-feira à noite, após a<br />
apresentação de um relatório<br />
intitulado “Uma Década de<br />
Chávez: Intolerância Política<br />
e Oportunidades Perdidas<br />
para o Progresso dos Direitos<br />
Humanos na Venezuela”.<br />
O relatório de 267 páginas<br />
afirma que o “suposto compromisso<br />
democrático de<br />
Chávez é contraditório com o<br />
desprezo às garantias institucionais<br />
e de direitos fundamentais<br />
que lhe foram atribuídos”.<br />
“Particularmente sério é o<br />
enfraquecimento sistemático<br />
das instituições democráticas,<br />
embora a Venezuela não<br />
seja o país onde mais se violam<br />
os direitos humanos na<br />
região”, afirmou Vivanco,<br />
citando Colômbia e Cuba<br />
(EFE, 19/9/2008).<br />
Ambos foram detidos por<br />
policiais no hotel em que estavam<br />
hospedados e acusados<br />
de “ingerência nos assuntos<br />
internos da Venezuela”. Eles<br />
foram encaminhados ao aeroporto<br />
e tomaram um avião<br />
com destino a São Paulo.<br />
Confronto entre<br />
rebeldes tâmeis e<br />
marinha do Sri<br />
Lanka termina com<br />
25 mortos<br />
Um confronto naval com a<br />
Marinha cingalesa em águas<br />
do noroeste do Sri Lanka deixou<br />
pelo menos 25 rebeldes<br />
tâmeis mortos hoje, enquanto<br />
dez de suas embarcações foram<br />
destruídas.<br />
Um porta-voz da Marinha<br />
militar cingalesa, D.K.P. Dassanayake,<br />
afirmou que foi detectada<br />
a presença de cerca de<br />
20 embarcações da guerrilha<br />
dos Tigres de Libertação da<br />
Pátria Tâmil (LTTE) no mar<br />
de Nachchikudha.<br />
As unidades da Marinha iniciaram<br />
um ataque no qual pelo<br />
menos 25 rebeldes morreram<br />
e um número indeterminado<br />
ficou ferido.<br />
Como conseqüência do<br />
confronto, sete pequenas embarcações<br />
da guerrilha e três<br />
navios de grande tamanho ficaram<br />
destruídos, acrescentou<br />
a fonte contatada telefonicamente.<br />
Durante os confrontos, que<br />
se prolongaram várias horas,<br />
dois soldados cingaleses ficaram<br />
feridos.<br />
Os “tigres” tâmeis enfrentam<br />
as Forças Armadas governamentais<br />
há mais de duas décadas<br />
para conseguir um Estado<br />
independente no leste e no<br />
norte do país.<br />
Ministra do Exterior,<br />
Tzipi Livni, é<br />
apontada como<br />
vencedora das<br />
eleições em Israel<br />
Segundo pesquisas de intenção<br />
de voto, a ministra do<br />
Exterior israelense, Tzipi Livni,<br />
venceu a eleição realizada<br />
na quarta-feira (17) para escolher<br />
o novo líder do partido Kadima<br />
e muito provavelmente<br />
para assumir o cargo de primeiro-ministro.<br />
Livni teria vencido o ministro<br />
dos Transportes, Shaul<br />
Mofaz, por uma margem de<br />
48% a 37% dos votos, uma<br />
vantagem que dispensaria o<br />
segundo turno.<br />
O atual primeiro-ministro,<br />
Ehud Olmert, disse que renunciaria<br />
logo que o vencedor<br />
saísse. Ele está sendo acusado<br />
de desvio de verbas, na<br />
verdade um mero pretexto<br />
para disfarçar uma manobra<br />
política de exclusão de Olmert,<br />
que está totalmente isolado<br />
politicamente.<br />
O vencedor terá um prazo<br />
de seis semanas para formar<br />
uma coalizão de governo.<br />
Ataque contra a<br />
embaixada dos EUA<br />
no Iêmen deixa ao<br />
menos 16 mortos<br />
Um ataque contra a embaixada<br />
dos EUA no Iêmen na<br />
quarta-feira (17) matou ao<br />
menos 16 pessoas e deixou<br />
dezenas de feridos. Nenhuma<br />
das vítimas são norte-americanas.<br />
Um carro-bomba explodiu<br />
por volta das 8h30 do horário<br />
local (2h30 em Brasília) na<br />
capital Sanaa. Testemunhas<br />
afirmam que o carro se chocou<br />
contra o portão de entrada<br />
da embaixada, explodindo<br />
em seguida. Um tiroteio foi<br />
iniciado logo após a explosão<br />
entre agentes de segurança e<br />
militantes islâmicos.<br />
A autoria do ataque foi reivindicada<br />
por um grupo que<br />
se autodenomina Jihad Islâmica<br />
no Iêmen. O grupo<br />
ameaçou ainda ataques outros<br />
alvos dos EUA até que<br />
seus companheiros sejam libertados.<br />
Todo o corpo diplomático<br />
norte-americano deixou o<br />
prédio. O Iêmen é um dos<br />
principais países árabes aliados<br />
ao imperialismo norteamericano<br />
em sua chamada<br />
“guerra contra o terrorismo”.<br />
É também um dos países<br />
mais pobres do Oriente<br />
Médio, portanto com alta<br />
propensão à formação de organizações<br />
armadas.<br />
Este é um dos maiores ataques<br />
já realizados no País<br />
contra os EUA. O maior deles<br />
continua sendo o que atingiu<br />
o navio militar norte-americano<br />
USS Cole, em outubro<br />
de 2000, quando 17 marinheiros<br />
dos EUA morreram.