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causa operária - PCO

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21 DE SETEMBRO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA JUVENTUDE 14<br />

ACAMPAMENTO UNIFESP<br />

A farsa da unidade com os professores<br />

serve apenas como freio à luta estudantil<br />

A assembléia comunitária realizada na última semana<br />

deixa claro que não há como fazer uma unidade com os<br />

professores nos termos que eles querem. Os professores<br />

são base de sustentação da atual ditadura<br />

UNIFESP<br />

Cresce a campanha<br />

pelo boicote às<br />

eleições-farsa<br />

Os estudantes da Unifesp, em<br />

uma decisão que há muito não se<br />

via, decidiram boicotar as “eleições”,<br />

ou seja, a farsa eleitoral,<br />

para reitor da Unifesp.<br />

Na Unifesp, os estudantes e<br />

funcionários não podem apresentar<br />

candidatos, “votam” em<br />

um reitor e o seu voto somente<br />

valerá 15% do total, enquanto<br />

que o dos professores valerá<br />

70%.<br />

Mas isso não é tudo. Depois<br />

de “eleito” o reitor, esta eleição<br />

A questão do papel dos professores<br />

na universidade precisa<br />

ser debatida e esclarecida.<br />

Não dá para se confundir<br />

e os ver como aliados. Os professores,<br />

que inclusive são os<br />

únicos que podem se tornar<br />

reitor dentro do atual sistema,<br />

possuem inúmeros privilégios.<br />

Os professores são mais<br />

de 85% do Conselho Universitário<br />

(Consu), maior instância<br />

deliberativa da instituição.<br />

Dos 130 membros do Consu,<br />

111 são professores. A representação<br />

estudantil é composta<br />

por cinco alunos de graduação.<br />

Há também quatro representantes<br />

de pós-graduação<br />

e de três residentes, que na<br />

verdade estão mais vinculados<br />

aos professores que às necessidades<br />

da grande maioria dos<br />

estudantes. Ainda na representação<br />

dos funcionários são<br />

set,e “sendo no mínimo dois<br />

de nível superior.” § 3º - Seção<br />

I - Do Conselho Universitário<br />

do Estatuto da Unifesp.<br />

A chamada pela burocracia<br />

estudantil e universitária da<br />

assembléia comunitária realizada<br />

no dia 9 (terça-feira) foi<br />

a prova cabal de que é inviável<br />

uma unidade com os professores.<br />

Os professores procuram<br />

atacar de forma histérica<br />

para desmoralizar os estudantes<br />

em luta. Deram uma<br />

clara demonstração de que não<br />

são solidários à reivindicação<br />

e, muito menos, que querem<br />

uma mudança na estrutura da<br />

universidade.<br />

Os professores desde as<br />

primeiras denúncias de corrupção<br />

do ex-reitor apoiaram<br />

de forma quase incondicional<br />

é desconsiderada completamente<br />

e o Conselho Universitário,<br />

onde há também 70% de professores,<br />

“elege” uma lista tríplice<br />

que é enviada ao governo federal.<br />

Lula, que é o único eleitor real,<br />

escolhe o seu reitor.<br />

Para que a farsa?<br />

Para dar a pessoas como o<br />

defenestrado Ulisses Fagundes<br />

Neto, o apoio da comunidade<br />

universitária e dar a aparência de<br />

democracia ao processo mais<br />

Ulysses Fagundes Neto. Vale<br />

lembrar ainda que na comunidade<br />

universitária, são os professores,<br />

e apenas eles, que<br />

têm o poder de votar e de serem<br />

votados para os altos cargos,<br />

os únicos que de fato têm<br />

algum poder.<br />

O Conselho Universitário é<br />

uma fachada que, embora muito<br />

pouco democrática, encobre<br />

uma ditadura muito pior,<br />

que é a do governo federal e a<br />

indicação do reitor por Lula.<br />

Os professores são o setor<br />

mais atrelado ao estado e os<br />

que possuem os maiores privilégios<br />

na universidade. O<br />

próximo reitor que a burocracia<br />

universitária quer rapidamente<br />

eleger também é um<br />

professor.<br />

E em toda a história das universidades<br />

brasileiras estiveram<br />

no comando. São os responsáveis<br />

pelo atual regime e<br />

apóiam e dão sustentação a ele.<br />

Fica provado de forma concreta<br />

que não são capazes de<br />

garantir a autonomia da universidade,<br />

nem ao menos a<br />

antidemocrático que existe no<br />

país inteiro.<br />

Por isso, a luta dos estudantes<br />

contra as eleições e a favor<br />

do boicote não pára de crescer.<br />

Foi distribuído um manifesto e<br />

vários outros materiais estão<br />

sendo publicados.<br />

É preciso discutir esta questão<br />

com os estudantes e fazer<br />

com que a maioria dos estudantes<br />

não vá votar, reivindicando<br />

um novo regime de funcionamento<br />

da universidade.<br />

MOBILIZAÇÃO<br />

Funcionários denunciam favores<br />

entre sindicato e reitoria<br />

O acampamento em frente<br />

à reitoria têm servido como<br />

base de denúncias tanto de estudantes<br />

quanto de funcionários.<br />

Nestas semanas, vários funcionários<br />

se aproximaram dos<br />

estudantes para denunciar a<br />

corrupção da diretoria do sindicato<br />

e reitoria.<br />

Ao longo desses dias, funcionários<br />

se aproximaram do<br />

acampamento dos estudantes<br />

para denunciar as falcatruas do<br />

sindicato e outras arbitrariedades<br />

da reitoria.<br />

Os escândalos de corrupção<br />

do ex-reitor da Unifesp, Ulysses<br />

Fagundes Neto, esclareceram<br />

que a origem dos principais<br />

problemas da universidade é a<br />

maneira em que o poder da universidade<br />

é estruturado. Hoje o<br />

Conselho Universitário é dominado<br />

por uma minoria de professores<br />

que administram a universidade<br />

conforme seus próprios<br />

interesses e de outros<br />

grupos, como é o caso da diretoria<br />

do Sintunifesp (Sindicato<br />

dos funcionários da Unifesp),<br />

diretoria esta que esteve totalmente<br />

atrelada à reitoria de<br />

Ulysses.<br />

Nos próximos dias ocorrerão<br />

as eleições para o Sintunifesp,<br />

e foi justamente agora,<br />

com a movimentação que toda<br />

eleição provoca e a mobilização<br />

dos estudantes, que funcionários<br />

se sentiram à vontade para<br />

denunciar a atuação de seus “representantes”.<br />

A atual diretoria se vendeu<br />

por completo em suas duas<br />

gestões, e agora estão desesperados<br />

diante da oposição da própria<br />

base para tentar se eleger<br />

novamente. A primeira manobra<br />

foi abrir as inscrições individuais,<br />

ou seja, não se é apresentado<br />

nenhum programa para<br />

o sindicato, mas nomes conhecidos.<br />

Segundo os funcionários que<br />

se aproximaram do acampamento<br />

e vem apoiando os estudantes,<br />

este sindicato não representa<br />

a categoria, sendo seu<br />

único interesse o de, assim<br />

como o reitor, usar da entidade<br />

para atender seus próprios interesses.<br />

“Zezinho”, representante da<br />

categoria no Consu, também<br />

conhecido como “Zezinho Pelego”<br />

entre os funcionários, é<br />

quem denuncia os estudantes e<br />

funcionários em reuniões do<br />

Conselho. Sua proximidade<br />

com o reitor é tamanha que<br />

possui mais da metade de seus<br />

familiares “contratados” pela<br />

universidade.<br />

Os funcionários chegaram a<br />

denunciar que durante campanhas<br />

passadas que chamavam<br />

o “voto nulo” para as eleições do<br />

Sintunifesp, membros da gestão<br />

arrancavam seus cartazes,<br />

faziam chantagens psicológicas<br />

e se aliavam aos seguranças<br />

que, em alguns momentos, chegaram<br />

a ameaçar funcionários<br />

com revólveres.<br />

As principais figuras que<br />

procuram articular a base contra<br />

essa diretoria corrupta são<br />

ameaçadas o tempo todo. Alguns<br />

foram parar na psiquiatria<br />

por <strong>causa</strong> das chantagens psicológicas.<br />

Em troca disso, a<br />

diretoria do sindicato recebe<br />

privilégios da reitoria, como<br />

bolsa de estudos, a liberdade de<br />

trabalhar menos horas por semana<br />

e receber o dobro do que<br />

os demais servidores, além de<br />

transferência para outros setores<br />

etc.<br />

A atual gestão, que está totalmente<br />

de acordo com a reitoria,<br />

foi a responsável pela perda de<br />

direitos básicos dos trabalhadores<br />

da universidade, como a<br />

cesta básica e a cesta de natal.<br />

Além de não ter denunciado a<br />

reitoria acerca dos holerites que<br />

apresentavam duplo vínculo<br />

dos funcionários.<br />

Conceição, uma das diretoras<br />

do Sintunifesp, chegou a<br />

gritar num ato dos estudantes<br />

em frente ao Consu: “ -Seus<br />

oportunistas, na minha base<br />

vocês não irão mexer!” Ao<br />

mesmo tempo em que era protegida<br />

por um paredão de seguranças<br />

e entrava para a reunião<br />

do Conselho. O medo dela de<br />

“mexer” em sua base é devido<br />

à unidade que está sendo criada<br />

entre um setor ativo do movimento<br />

estudantil presente no<br />

acampamento e a oposição dos<br />

servidores.<br />

A atitude dos estudantes em<br />

acampar em frente à reitoria foi<br />

um espaço aberto para que os<br />

funcionários começassem a se<br />

articular também contra a maneira<br />

em que a universidade<br />

vem sendo conduzida. Em uma<br />

reunião entre funcionários e estudantes,<br />

com representantes<br />

dos funcionários, independentes<br />

do sindicato, aderiram à<br />

campanha pelo Boicote às Eleições<br />

e pelo Governo Tripartite<br />

proporcional, ou seja, com<br />

maioria estudantil.<br />

Somente uma mudança<br />

completa da estrutura de poder<br />

na universidade garantirá que<br />

suas reais necessidades sejam<br />

atendidas. Essa minoria de professores<br />

que controlam o Consu,<br />

controla também as entidades<br />

de representação, como é o<br />

caso do DCE e do Sintunifesp,<br />

que só conseguirão cumprir<br />

com seu papel quando a administração<br />

da universidade ficar<br />

sob os cuidados do setor menos<br />

vinculado a burocracia do Estado,<br />

ou seja, dos estudantes.<br />

A luta pelo Governo Tripartite<br />

com maioria estudantil deve<br />

ser em conjunto com os estudantes<br />

para que se faça uma<br />

frente contra toda a corja corrupta<br />

que utiliza do dinheiro<br />

destinado a saúde e educação<br />

para outros fins.<br />

A melhor infra-estrutura para<br />

o hospital, melhores condições<br />

de trabalho e um sindicato que<br />

realmente represente sua categoria<br />

só será possível quando<br />

estudantes, funcionários e professores<br />

participarem, de maneira<br />

proporcional, efetivamente<br />

da administração da universidade.<br />

As eleições para reitor, mais<br />

do qualquer outra, são uma farsa<br />

total. As eleições são apenas<br />

consultivas, ou seja, o resultado<br />

da votação é submetido ao<br />

veto do presidente da república<br />

e quem escolhe no final, independente<br />

das votações, é o<br />

Lula. E é considerando isso que<br />

os funcionários devem aderir à<br />

campanha que os estudantes<br />

estão puxando pelo boicote às<br />

eleições.<br />

qualidade de ensino e infra-estrutura.<br />

Desta maneira fica inviável<br />

manter a reivindicação estudantil<br />

e manter uma unidade<br />

com os professores.<br />

Unidade nesses termos, no<br />

que eles querem e em defesa<br />

de interesses próprios significa<br />

apenas a subordinação de<br />

estudantes e funcionários aos<br />

professores que já dominam a<br />

universidade, para que continuem<br />

dominando.<br />

Sem maioria<br />

estudantil,<br />

predomina quem<br />

tem força<br />

A proposta de uma Assembléia<br />

Comunitária para administrar<br />

a universidade é um<br />

abandono total da proposta de<br />

mudar o regime da universidade<br />

para uma reforma, que<br />

manterá tudo como está.<br />

Pela experiência dos estudantes<br />

na Unifesp e em todas<br />

as universidades do País e do<br />

mundo, fica claro que para<br />

mudar a administração da universidade<br />

é necessário quebrar<br />

o poder dos professores.<br />

Uma suposta “assembléia<br />

comunitária” ainda aprovaria<br />

as propostas quem tem aparelho<br />

e maior ligação com o estado.<br />

E ainda, como foi comprovado<br />

com a “assembléia<br />

comunitária” realizada na Unifesp<br />

que os professores se<br />

sentem a vontade para tripudiar<br />

os estudantes e suas reivindicações<br />

e ainda perseguir<br />

os alunos que se opuserem<br />

frontalmente às arbitrariedade<br />

e a posição dos professores.<br />

Os professores mais progressistas<br />

e que estão fora<br />

desta verdadeira máfia e também<br />

reivindicam a autonomia<br />

da universidade ou até uma<br />

maior democracia dentro da<br />

Acamamento de estudantes da Unifesp pelo boicote às<br />

eleições para reitor e por um governo dos três setores com<br />

maioria estudantil.<br />

mesma, não têm força contra<br />

a maioria direitista e só apoiando<br />

a luta dos estudantes e<br />

funcionários poderão alcançar<br />

seus objetivos.<br />

PELO PODER ESTUDANTIL NAS UNIVERSIDADES:<br />

Ampliar a mobilização e o<br />

acampamento na Unifesp<br />

Os estudantes da Unifesp<br />

mostram o caminho a ser seguido<br />

pelos estudantes em todo o<br />

País para superação da crise nas<br />

universidades.<br />

Os estudantes da Unifesp estão<br />

acampados em frente à reitoria<br />

há três semanas pela mudança<br />

profunda no regime da universidade<br />

que promove uma verdadeira<br />

catástrofe no ensino superior.<br />

Os estudantes reivindicam um<br />

governo tripartite e proporcional<br />

com maioria estudantil, único<br />

setor capaz de imprimir uma nova<br />

vida à universidade.<br />

O acampamento está na terceira<br />

semana e o acúmulo de discussão<br />

e a incorporação de novos estudantes<br />

e funcionários na defesa do<br />

boicote às eleições e pelo governo<br />

tripartite mostra que a mobilização<br />

é o correto a ser feito.<br />

Nesta semana a comissão de<br />

mobilização do acampamento<br />

realizou grupos de discussão<br />

MOBILIZAÇÃO ESTUDANTIL<br />

Veja material de campanha pelo<br />

boicote às eleições para reitor<br />

Nesta semana será lançado<br />

o adesivo da Campanha pelo<br />

boicote às eleições para reitor.<br />

A mobilização dos estudantes<br />

da Unifesp é uma<br />

questão de todo o movimento<br />

estudantil que é de<br />

mudança na estrutura de<br />

poder nas universidades. É<br />

necessário ampliar a campanha<br />

contra as eleiçõesfarsa<br />

para reitor divulgando<br />

com a impressão de<br />

cartazes e adesivos, dando<br />

maior cobertura e tornando<br />

público o urgente<br />

protesto contra a ditadura<br />

da burocracia<br />

universitária, que reprime<br />

e exclui a maioria<br />

e menos vinculada<br />

ao estado e privilégios<br />

das decisões<br />

na universidade. Os<br />

estudantes acampados<br />

fizeram também<br />

um blog com<br />

as informações<br />

do acampamento<br />

e de toda a mobilização.<br />

sobre a estrutura de poder na<br />

universidade e em que as conseqüências<br />

que vive a universidade<br />

como resultado da forma ditatorial<br />

que ela é hoje em Diadema,<br />

Santos, Guarulhos e São Paulo,<br />

no acampamento.<br />

O campus de Diadema discutiu<br />

também o problema que enfrentam<br />

de falta de laboratório na<br />

faculdade.<br />

O acampamento mostra que<br />

são os estudantes e não os professores<br />

que tomam para si a<br />

tarefa de mudar a universidade.<br />

A experiência do último período<br />

de lutas demonstrou acima de<br />

dúvidas que foram os estudantes,<br />

e não os professores ou os<br />

funcionários que levaram à frente<br />

as grandes mobilizações de<br />

2007 e agora de 2008, que defenderam<br />

a USP do ataque promovido<br />

pelo governo do Serra/<br />

PSDB contra a sua autonomia,<br />

que derrubaram o corrupto reitor<br />

Timothy Mulholland na UnB,<br />

Na última<br />

semana, a<br />

comissão de<br />

mobilização do<br />

Acampamento<br />

dos estudantes da<br />

Unifesp<br />

organizou um<br />

blog com as<br />

informações da<br />

luta que estão<br />

travando contra a<br />

burocracia<br />

universitária e<br />

pela mudança na<br />

estrutura de poder<br />

da universidade.<br />

que enfrentaram Fagundes Neto<br />

a uma situação insustentável que<br />

resultou em sua renúncia e que<br />

ameaçam todos os corruptos de<br />

verem suas reitorias ocupadas<br />

em defesa da universidade pública<br />

em todo o País.<br />

A defesa de um governo tripartite<br />

e proporcional, com maioria<br />

estudantil para a administração da<br />

universidade é a única via para a<br />

preservação das próprias universidades<br />

A pressão pela privatização da<br />

educação superior no Brasil se<br />

expressa no corte das verbas e,<br />

em geral, na situação decadente<br />

das instituições que vivem às<br />

voltas com inúmeros problemas<br />

de infra-estrutura.<br />

Os estudantes da Unifesp devem<br />

fortalecer e ampliar o único<br />

foco de resistência à total bandalheira<br />

que a burocracia universitária<br />

quer restabelecer, que é o<br />

acampamento e organizar o boicote<br />

às eleições que irá desmoralizar<br />

completamente esta farsa.

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