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causa operária - PCO

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21 DE SETEMBRO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA 5<br />

Editoriais<br />

Pela estatização de todo o sistema financeiro:<br />

um programa socialista da classe <strong>operária</strong><br />

diante da crise que se aproxima<br />

Enquanto as maiores potências mundiais, Estados Uni<br />

dos, os países da Europa, Japão, China, Austrália etc.<br />

estão se movimentando freneticamente para tentar<br />

conter o avanço da crise financeira, no Brasil, o governo<br />

insiste em dizer que a crise não existe.<br />

A crise, que já é uma recessão nos Estados Unidos, potencialmente<br />

a maior desde a década de 1930, e que no resto do mundo<br />

está prestes a entrar em um período recessivo de grandes proporções<br />

parece que nem passou por perto da economia brasileira. Claro<br />

que isso não é verdade, se alguém for confiar em alguma coisa que<br />

o governo Lula diz vai passar a viver em uma Ilha da Fantasia, onde<br />

não existem contradições sociais, desemprego, arrocho salarial, inflação,<br />

pobres, miséria, fome e muito menos crise financeira.<br />

Enquanto instituições financeiras centenárias entram em falência<br />

e provocam um efeito dominó em toda a economia mundial, o Brasil,<br />

segundo Lula, está imune a tudo isso. É óbvio que a crise financeira<br />

já chegou ao País e que o governo Lula quer esconder a realidade<br />

da população e deixar que o pior venha arrasando a economia<br />

brasileira como nunca se viu antes.<br />

Em primeiro lugar, precisa ficar absolutamente claro que a crise<br />

afeta diretamente a economia brasileira. Qualquer pessoa, mesmo<br />

que não seja especialista em economia, pode facilmente chegar à<br />

conclusão de que se a crise afeta principalmente os Estados Unidos,<br />

o mais importante país capitalista do mundo, ela deve afetar<br />

e bastante os países menores que dependem de sua economia, como<br />

por exemplo, o Brasil. Apesar da insistência do governo Lula em<br />

dizer que o Brasil estaria com folga em relação à crise nos Estados<br />

Unidos, pois possui uma economia diversificada, comercializando<br />

com outros países e por isso não seria afetado, esta tese não tem<br />

qualquer sustentação na realidade. A crise financeira mundial afeta<br />

o Brasil de diversas formas e as principais delas por meio da economia<br />

norte-americana. Em primeiro lugar todo o montante de dinheiro<br />

arrecadado pela economia brasileira nos últimos anos, com<br />

aumento das exportações, por exemplo, se deve ao seu principal<br />

comprador, principalmente de matérias-primas, os Estados Unidos<br />

da América. A recessão nos EUA afetou principalmente o consumo,<br />

que compõe 70% da economia deste País, isso já provocou<br />

a diminuição na compra de produtos de outros países, entre eles,<br />

o Brasil. E neste segmento, desde o início do ano, as exportações<br />

brasileiras caíram significativamente, mais de 50% em relação a<br />

2007, ficando em um patamar bem próximo às importações que<br />

faz com que o País praticamente não arrecade nada, pois gasta mais<br />

comprando que vendendo produtos. O aumento do dólar, provocado<br />

também pela crise, faz com que as importações fiquem mais<br />

caras para o País e influencia diretamente nos preços dos produtos<br />

importados, aumentando assim a inflação.<br />

A atual desvalorização das commodities no mercado financeiro<br />

também afeta o País, pois estes são os principais produtos exportados,<br />

que com o preço menor, vão arrecadar menos também. A<br />

reserva de mais de US$ 200 bilhões que o governo usa para dizer<br />

que vai combater a crise, também está sujeita às alterações no valor<br />

do dólar, ou seja, o País está intrinsecamente ligado à crise financeira<br />

dos Estados Unidos sofrendo diretamente os efeitos que ela<br />

<strong>causa</strong>. A respeito da tal economia diversificada o País também é<br />

suscetível, pois a crise atinge em cheio a Europa, que está com<br />

índices de inflação e desemprego nas alturas, a Ásia, Japão e China<br />

e também os países da América Latina.<br />

O mais importante, no entanto, é que a própria política do governo<br />

Lula, de dólar barato para permitir a entrada de capital especulativo<br />

em detrimento das exportações e da indústria em geral está completamente<br />

na contramão da situação atual, onde os mercados<br />

financeiros são a principal <strong>causa</strong> de desequilíbrio. Também, a<br />

dependência cada vez maior do Brasil na exportação de matériasprimas<br />

torna o país completamente vulnerável à atual tendência de<br />

oscilação das commodities no mercado mundial em função também<br />

da crise financeira. O gigantesco predomínio das finanças<br />

sobre a economia brasileira, impulsionado pelos governos FHC e<br />

Lula é o calcanhar de Aquiles da economia capitalista nacional diante<br />

da crise mundial.<br />

A estatização dos bancos e dos mercados financeiros ficou<br />

provada como uma necessidade diante da política do governo norteamericano<br />

que praticamente estatizou os bancos e seus créditos<br />

podres.<br />

Diante deste fato, é necessário que os trabalhadores tenham uma<br />

solução própria para a crise. Coloca-se a seguinte disjuntiva: ou<br />

“estatizar”, quer dizer socializar para toda a população, como está<br />

acontecendo nos EUA, as dívidas do bancos, para preservar os seus<br />

lucros milionários para um punhado de aventureiros e criminosos,<br />

ou estatizar de fato todo o sistema financeiro, colocá-lo sob o<br />

controle da classe <strong>operária</strong>, e proceder a uma reorganização geral<br />

das finanças nacionais, sobre a base dos interesses da maioria do<br />

país, a classe <strong>operária</strong> e os explorados em geral.<br />

Dessa forma o País pode ter o controle sobre os bancos privados<br />

que possuem lucros imensos às custas do governo brasileiro,<br />

mas que investem esse dinheiro fora do país ou o destinam para<br />

operações arriscadas e contrárias ao interesses nacional. Outras<br />

medidas que os governos capitalistas se recusam terminantemente<br />

a adotar, como o não pagamento das dívidas interna e externa,<br />

e o controle total sobre o Banco Central e a expropriação das<br />

empresas chave na economia como a Petrobrás e a Vale do Rio Doce<br />

gerariam uma poupança interna que não dependa dos capitais<br />

especulativos.<br />

O programa econômico da burguesia, alardeado como uma<br />

verdadeira perfeição durante os últimos 15 anos, mas que colocou<br />

toda a economia nacional em retrocesso, agora ameaça produzir<br />

o mesmo efeito que a política especulativa da República Velha<br />

promoveu em 1929, ou seja, derrubar completamente a economia<br />

nacional.<br />

Contra a política econômica da grande burguesia nacional e do<br />

imperialismo, é preciso levantar um programa econômico socialista<br />

da classe <strong>operária</strong>: estatização do sistema financeiro, não<br />

pagamento da dívida aos especuladores, estatização dos ramos<br />

econômicos chave como petróleo e mineração, confisco do latifúndio,<br />

reforma agrária com distribuição de terras aos camponeses<br />

sem-terra, controle operário da produção, monopólio estatal<br />

do comércio exterior, aumento salarial, redução da jornada de<br />

trabalho e investimento estatal na saúde, educação e moradia com<br />

o confisco do capital nestas áreas.<br />

A tentativa de volta da censura e do crime de opinião<br />

Na semana que passou, o Partido da Causa Operária sofreu<br />

três processos que tinham por objetivo retirar o seu<br />

programa eleitoral do ar. Os candidatos Gilberto Kassab,<br />

do DEM e Marta Suplicy, do PT, reivindicaram direito de resposta<br />

aos programas da candidata do <strong>PCO</strong> à prefeitura de São Paulo, Anaí<br />

Caproni.<br />

Além destes, também a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos,<br />

onde trabalha a candidata, entrou com uma ação contra o<br />

partido.<br />

O que chama a atenção nos três casos é a falta de justificação<br />

para os processos. Nos três programas, as críticas da candidata<br />

foram estritamente políticas, de denúncia da situação do transporte<br />

e da educação na cidade e da situação dos trabalhadores dos<br />

Correios.<br />

O direito de resposta é concedido em casos de calúnia, injúria<br />

e difamação. Nos três programas, nenhuma dessas características<br />

estava presente, o que não impediu que se tentasse censurar<br />

o programa.<br />

Marta Suplicy chegou ao extremo de afirmar que a palavra<br />

“indústria” na expressão “indústria das multas”, utilizada pelo <strong>PCO</strong><br />

para se referir à enorme quantidade de leis abusivas que resultam<br />

em multa, dava a “ofensiva idéia de quadrilha”. Isso além de protestar<br />

contra a palavra “agressão”, que sequer foi utilizada no<br />

programa.<br />

Em todos os três casos vê-se claramente a tentativa de, por meio<br />

de uma lei já restritiva, cercear a liberdade de expressão e impedir<br />

a crítica política, a exposição de opiniões e o debate de idéias com<br />

Charge e da semana<br />

a população.<br />

Embora o caso fique mais evidente nas eleições, pois a críticas<br />

expostas são exibidas para um amplo setor da população através<br />

do rádio e da televisão, a política de censura disfarçada é rotina no<br />

país, colocando este como o primeiro no ranking dos países onde<br />

a imprensa sofre maior perseguição.<br />

Recentemente vieram à tona casos inclusive de censura prévia,<br />

como no caso do jornalista Juca Kfouri, proibido de antemão de<br />

criticar um parlamentar do PSDB, uma figura pública, e do Jornal<br />

da Tarde, censurado por denunciar um escândalo de corrupção<br />

numa fundação.<br />

A liberdade de expressão no País revela-se, desta maneira, uma<br />

farsa. A lei de imprensa, até pouco tempo a mesma que a elaborada<br />

na época da ditadura, sofreu mudanças muito parciais e é utilizada<br />

para impedir o livre debate de idéias.<br />

Nas eleições é ainda mais gritante este fato, pois um período que<br />

deveria ser de intenso debate político é transformado em seu exato<br />

oposto, ao proliferarem os processos para censurar programas,<br />

e com as absurdas restrições de propaganda eleitoral, de colagem<br />

de cartazes, showmícios etc., que tem por objetivo impedir que<br />

a população tenha acesso a informações e debata a situação política.<br />

Nesse sentido, os candidatos da situação, incluindo aí o PT,<br />

e dos partidos burgueses mais tradicionais, fazem uma frente única<br />

para impedir este debate.<br />

O fato de o regime político não conseguir conviver com a crítica<br />

e nem com uma sombra de oposição só demonstra a sua enorme<br />

fragilidade.<br />

70 anos do Programa de<br />

Transição da IV Internacional<br />

RUI COSTA PIMENTA<br />

Oprograma da IV Internacional foi escrito por Leon Trótski<br />

e aprovado no Congresso de Fundação da IV Internacional<br />

em 1938.<br />

Este é, sem dúvida, o mais importante documento programático<br />

da classe <strong>operária</strong> desde o Manifesto Comunista, escrito por Marx<br />

e Engels em 1848 e que está completando neste ano 160 anos.<br />

Não é que os marxistas não tenham escrito documentos da maior<br />

importância. A II Internacional contou com o programa de Erfuhrt,<br />

escrito por Kautski sob a supervisão de Engels, que consolidou as<br />

conquistas do movimento socialista à época. A social-democracia<br />

russa, da qual saiu o Partido Bolchevique teve no programa aprovado<br />

no II Congresso, de 1902, o programa escrito por Lênin e que, pela<br />

primeira vez em um programa de um partido social-democrata estabelecia<br />

claramente a luta pela ditadura do proletariado. A III Internacional<br />

teve as resoluções aprovadas nos seus quatro primeiros<br />

congressos, realizados quando Lênin ainda dirigia a Internacional. São<br />

todos documentos da maior importância para o conhecimento do que<br />

é o marxismo, do que é o movimento revolucionário da classe <strong>operária</strong><br />

e para a compreensão da evolução da classe <strong>operária</strong> mundial.<br />

A importância do Programa de Transição, considerado neste quadro<br />

da evolução histórica da luta e da organização <strong>operária</strong> está principalmente<br />

em que se coloca na fronteira entre duas épocas claramente<br />

distintas da evolução do capitalismo e, conseqüentemente, da luta<br />

revolucionária do proletariado. E, acima de tudo, que sintetiza e<br />

responde aos problemas da época com extraordinária clareza, expressando<br />

o nível de consciência alcançado pela classe <strong>operária</strong> naquele<br />

momento.<br />

O Programa de Transição recolhe todas as conquistas da III<br />

Internacional e lhes dá forma em um programa claro para toda uma<br />

época revolucionária, a época de transição entre o capitalismo e o<br />

socialismo, época de convulsões sociais e políticas, época de guerras<br />

e revoluções.<br />

O período de transição é a etapa de “agonia do capitalismo”, ou<br />

seja, quando o esgotamento de toda uma época histórica e um modo<br />

de produção se manifesta exteriormente nas maiores convulsões<br />

sociais e políticas.<br />

A realidade confirmou esta caracterização cortante da etapa histórica?<br />

Disso não pode haver dúvida, mesmo levando-se em consideração<br />

o curto período de crescimento capitalista dos anos 50. Mais:<br />

o século XX foi o período das maiores convulsões sociais e políticas<br />

que a humanidade assistiu em toda a sua existência. O final do século<br />

XX mostrou esta situação da maneira mais catastrófica possível desde<br />

o início do período de transição há mais de 100 anos.<br />

Para esta situação, ou seja, guerras e revoluções, completa desorganização<br />

financeira através de cracks econômico e hiperinflação,<br />

para uma situação de demissão em massa, falência e fechamento de<br />

empresas, repressão fascista e outras características tão conhecidas,<br />

foram elaboradas as reivindicações transitórias, especialmente<br />

adaptadas para esta época de crise.<br />

As reivindicações de transição não têm como objetivo a reforma<br />

do capitalismo, objetivo que se tornou ilusório com a decadência<br />

capitalista, mas “a mobilização das massas como preparação para a<br />

tomada do poder”. São reivindicações que, não saindo do marco<br />

econômico do regime capitalista, já não serão atendidas por este<br />

regime, que nada mais tem a oferecer nem à classe <strong>operária</strong> nem a<br />

ninguém.<br />

O Programa de Transição, nesse sentido, torna obsoleta a velha<br />

divisão, base da tática social-democrata, entre programa máximo e<br />

programa mínimo. O sistema de reivindicações transitório, na realidade,<br />

anexa tudo o que mantém atualidade do velho programa, mas<br />

para mudar o seu caráter e subordinar todas as grandes e pequenas<br />

tarefas à luta pelo poder. Seu objetivo é tomar a classe <strong>operária</strong> tal<br />

como é, com um nível de consciência, ou seja, de organização política<br />

dado, seus problemas imediatos diante da crise, e levá-la à compreensão<br />

da necessidade da luta pela tomada do poder como tarefa que<br />

decorre do próprio caráter da época. Mesmo que a luta comece em<br />

torno das reivindicações do “programa mínimo”, este último é sempre<br />

ultrapassado pela dinâmica da época de transição, de mobilização<br />

permanente em um sentido revolucionário e não reformista.<br />

A classe <strong>operária</strong> brasileira fez uma longa experiência com os<br />

métodos reformistas da esquerda oportunista, partidária da colaboração<br />

de classe.<br />

Tudo o que esta experiência comprovou é que os métodos “graduais”,<br />

“moderados” e “democráticos” não produziram absolutamente<br />

nenhum resultado positivo, mas empurraram as massas exploradas<br />

para uma situação de crise ainda maior, agravando as contradições<br />

sociais.<br />

O núcleo deste trabalho “preparatório” consiste na construção do<br />

partido revolucionário da classe <strong>operária</strong>.<br />

O capitalismo é uma fruta podre, que já ultrapassou o seu tempo<br />

devido sobre a face do planeta, mas não cairá sozinha. Esta não é a<br />

natureza dos regimes sociais históricos. Neles, os privilegiados – e<br />

o capitalismo conta com os maiores privilegiados de todas as épocas<br />

– tendem a resistir à mudança social até o seu último alento. É preciso<br />

derrubá-lo e, para derrubá-lo, é preciso um instrumento adequado<br />

e este instrumento é o partido da classe <strong>operária</strong>.<br />

As lutas da classe <strong>operária</strong> no período de transição são “a preparação<br />

para a tomada do poder” e a essência da preparação consiste<br />

em organizar politicamente a classe <strong>operária</strong> através de uma vanguarda<br />

revolucionária.<br />

É esse o significado prático da grande idéia do programa da IV<br />

Internacional de que “a crise histórica da humanidade reduz-se à crise<br />

de direção do proletariado”.<br />

Como eles disseram...<br />

"O centrismo, privado de qualquer âncora em quaisquer<br />

princípios, sem nenhuma plataforma distinta própria, é<br />

arrastado à esquerda pela pressão dos acontecimentos e da<br />

crítica. Sem uma fundamentação real, precisa se basear em<br />

um prestígio artificialmente preservado".<br />

Datas<br />

Max Shachtman<br />

Os 10 primeiros anos da Oposição de Esquerda<br />

22 de setembro de 1897<br />

Falecia Antônio Conselheiro, líder de Canudos, assassinado<br />

Frases da semana<br />

22 de setembro de 1980<br />

O Iraque invadia o Irã<br />

"Os EUA não estão fora de perigo. Penso que a<br />

crise financeira está no meio do caminho. Iria adiante<br />

dizendo que o pior ainda está por vir" Kenneth Rogoff,<br />

ex-economista-chefe do Fundo Monetário<br />

Internacional (FMI)<br />

"Se nada mudar, estamos caminhando para uma<br />

guerra civil de baixa intensidade, mas guerra civil. Civis<br />

brigando contra civis e sem a intervenção das forças<br />

de segurança" disse o diretor de mestrado da<br />

Universidade Católica Boliviana, Gonzalo Chávez

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