causa operária - PCO
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21 DE SETEMBRO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA HISTÓRIA 18<br />
350 ANOS DA MORTE DE OLIVER CROMWELL – PARTE III<br />
A revolução burguesa na Inglaterra<br />
No ano em que se completam 350 anos da morte do líder da revolução burguesa na<br />
Inglaterra, a importância do estudo e da compreensão do episódio que derrubou a ordem<br />
monárquica e abriu as portas para a revolução industrial na Inglaterra dá a oportunidade<br />
de entender o período de hoje, fase de completa decadência da burguesia, que de classe<br />
revolucionária passou a ser uma classe contra-revolucionária e inimiga do progresso<br />
humano<br />
Após a Primeira Guerra Civil<br />
Inglesa, o Parlamento iniciou<br />
uma campanha para dissolver<br />
o Novo Exército Modelo<br />
(New Model Army), pois<br />
além de ser extremamente<br />
custoso para um período de<br />
paz, os conservadores – a<br />
maioria do Parlamento – não<br />
queriam que este exército fosse<br />
controlado pelos parlamentares<br />
radicais, afinal, era consenso<br />
entre as tropas não ceder<br />
a qualquer tipo de direito<br />
ao rei e às liberdades políticas<br />
pelas quais haviam lutado até<br />
então.<br />
Com o fim da guerra, Oliver<br />
Cromwell deveria dedicar-se<br />
à vida parlamentar,<br />
mas já nos primeiros meses de<br />
sessões parlamentares raramente<br />
comparecia. Chegou a<br />
alegar estar doente para justificar<br />
suas faltas, mas na<br />
verdade estava desanimado e<br />
deprimido com o impasse que<br />
se criava na situação da revolução.<br />
A alta burguesia e a<br />
aristocracia que haviam apoiado<br />
a revolução caminhavam<br />
para um acordo com o rei<br />
Carlos I, que continuava insistindo<br />
manter seus poderes<br />
de monarca absoluto, mesmo<br />
derrotado na guerra.<br />
Cromwell e os radicais temiam<br />
que o Parlamento conservador<br />
fizesse todos os pedidos<br />
do rei.<br />
No entanto, a situação revolucionária<br />
não se desenvolvia<br />
dentro do Parlamento, mas<br />
fora dele, entre as massas. Da<br />
radicalização da situação política<br />
surgiam as primeiras<br />
idéias de caráter democrático<br />
burguês, isto é, para a época,<br />
propostas revolucionárias democráticas<br />
e até mesmo socialistas,<br />
expressas principalmente<br />
pelos chamados “niveladores”<br />
(levellers), um grupo<br />
à esquerda dos radicais<br />
que desejava abolir totalmente<br />
a monarquia e estabelecer<br />
a igualdade entre as classes,<br />
porém sem a expropriação da<br />
propriedade privada. Ao mesmo<br />
tempo, com o vácuo político<br />
produzido após a morte<br />
do rei, surgia também um<br />
grupo à esquerda dos niveladores,<br />
os chamados diggers<br />
(escavadores), que reivindicavam<br />
a soberania popular e<br />
o poder político gerido pela<br />
população. Estas eram as primeiras<br />
noções de comunismo<br />
primitivo e revolução social<br />
surgida no País modelo do<br />
capitalismo no terreno da luta<br />
política prática.<br />
Estas primeiras noções de<br />
comunismo, expressão ideológica<br />
e política do proletariado<br />
e do campesinato, entravam<br />
em conflito com a política<br />
burguesa revolucionária<br />
representada por Cromwell,<br />
rico proprietário burguês e<br />
partidário da propriedade privada.<br />
Uma vez que o Parlamento<br />
era controlado pela ala mais<br />
conciliadora com a monarquia,<br />
o projeto de paz previa a<br />
manutenção do poder assumido<br />
pelas duas Câmaras, porém<br />
mantendo a figura do rei.<br />
Embora as decisões fossem<br />
tomadas pelo Parlamento, as<br />
Câmaras atuariam em nome<br />
do rei. Além disso, o projeto<br />
necessitava da aprovação do<br />
próprio rei, que, obviamente,<br />
se recusou a assiná-lo. Carlos<br />
I tinha em conta, ao resistir ao<br />
parlamento, não apenas a ala<br />
conciliadora, mas também o<br />
ambiente internacional e a tradição<br />
para tentar manter seu<br />
poder absoluto.<br />
Carlos I mantinha negociações<br />
nos bastidores, tentando<br />
somar aliados, principalmente<br />
no Exército e mais ainda<br />
no estrangeiro. Nesse<br />
momento, profundas inquietações<br />
atingiam as tropas. Estas<br />
estavam sob o controle do<br />
Parlamento de maioria conservadora,<br />
que estavam contra<br />
os propósitos dos soldados<br />
puritanos aliados a Cromwell<br />
e também à tendência mais radical,<br />
influenciada pelos niveladores.<br />
Para agravar a crise,<br />
a proposta do Parlamento de<br />
desmobilizar o Novo Exército<br />
Modelo não previa o pagamento<br />
dos soldos atrasados.<br />
Havia soldados que não recebiam<br />
havia mais de um ano.<br />
Viúvas e órfãos também não<br />
recebiam nenhuma pensão.<br />
Para evitar uma rebelião dos<br />
militares, o Parlamento decidiu<br />
rebaixar todos os oficiais<br />
de alta patente, uma emenda<br />
ao Decreto de Auto-Exoneração,<br />
que determinou que nenhum<br />
membro do Parlamento<br />
poderia servir o Exército.<br />
No dia de 30 de janeiro de 1649, Carlos I foi levado ao<br />
patíbulo e decapitado.<br />
A decisão era uma clara<br />
afronta contra Oliver<br />
Cromwell, o fundador do<br />
Novo Exército Modelo e<br />
mais experiente chefe militar<br />
da Inglaterra. Vários fatores<br />
levaram os soldados a<br />
não se submeterem ao Parlamento<br />
conservador. Primeiro<br />
desejavam ser comandados<br />
por Cromwell,<br />
segundo estavam profundamente<br />
revoltados com os<br />
pagamentos atrasados. Esta<br />
insatisfação ia em direção às<br />
idéias defendidas pelos niveladores,<br />
que a esta altura<br />
possuíam grande força nas<br />
camadas mais pobres da<br />
Inglaterra.<br />
A radicalização<br />
das tropas<br />
Em março de 1647, os soldados<br />
elegeram delegados para<br />
representá-los no Parlamento,<br />
os chamados “agitadores”,<br />
que seriam responsáveis por<br />
defender as idéias dos niveladores.<br />
Uma nova crise política<br />
vinha à tona.<br />
A ponto de se insurgirem<br />
contra o governo, o Parlamento<br />
propôs um acordo para as<br />
tropas. Os conservadores afirmaram<br />
estar dispostos a aceitar<br />
as reivindicações dos soldados,<br />
mas isso não foi suficiente<br />
para evitar a rebelião.<br />
Cromwell foi então designado<br />
pela Câmara dos<br />
Comuns para conter a<br />
revolta no interior do<br />
exército e preservar<br />
a aliança entre o<br />
Exército e o Parlamento.<br />
Cromwell<br />
estava num impasse.<br />
Precisava<br />
decidir entre<br />
sua autoridade<br />
parlamentar e o<br />
apoio que tinha<br />
por parte das<br />
tropas. Se<br />
apoiasse o Decreto<br />
de Exoneração,<br />
perderia<br />
o comando<br />
do Exército<br />
e sua popularidade<br />
entre os<br />
militares, mas,<br />
por outro lado, se<br />
apoiasse a rebelião,<br />
a situação poderia<br />
fugir totalmente<br />
de seu controle,<br />
pois o Exército<br />
estava muito inclinado<br />
a impor as reformas propostas<br />
pelos niveladores.<br />
À revelia do Parlamento e<br />
de Cromwell, o Exército declarou<br />
sua autonomia e prendeu<br />
o rei Carlos I, em 3 de<br />
junho de 1647. Surgiram especulações<br />
de que a rebelião seria<br />
uma manobra de Cromwell<br />
e o Parlamento articulava a<br />
sua prisão. Foi então que<br />
Cromwell juntou-se ao Exército<br />
novamente, com o objetivo<br />
de não deixar que as idéias<br />
dos niveladores “contaminassem”<br />
suas tropas. Sua maior<br />
batalha no momento era entre<br />
seu domínio sobre as tropas<br />
ou sua derrota diante dos niveladores.<br />
Para manter as tropas<br />
sob as suas rédeas, Cromwell<br />
aceitou a criação de um conselho<br />
militar que discutisse coletivamente<br />
qualquer decisão.<br />
Criava-se no interior do Exército<br />
uma espécie de duplo<br />
poder. Pela primeira vez não<br />
era mais Cromwell o chefe<br />
militar supremo, apesar de que<br />
todas as decisões deste conselho<br />
deveriam passar pelo seu<br />
crivo.<br />
Oliver Cromwell acreditava<br />
numa aliança estratégica com<br />
o rei a fim de preservar a tolerância<br />
religiosa tão fragilmente<br />
conquistada com a<br />
guerra. Os niveladores propunham<br />
a formação de uma República<br />
e a completa abolição<br />
da monarquia. Pretendiam<br />
também eliminar todos os parlamentares<br />
conservadores que<br />
haviam tentado dissolver o<br />
Exército. Estava mais do que<br />
claro de que o poder estava nas<br />
mãos dos militares.<br />
A crise resultou na criação<br />
dos Tópicos de Propostas,<br />
uma constituição proposta por<br />
Henry Ireton, genro de<br />
Cromwell, que previa resolver<br />
o impasse pela via institucional<br />
e evitar o crescimento dos<br />
niveladores. O documento<br />
previa a manutenção da Câmara<br />
dos Lordes e do rei, além da<br />
concessão de direitos especiais<br />
para proprietários de terras,<br />
incluindo privilégios para Ireton<br />
e, claro, para Cromwell.<br />
Este documento estava na<br />
contra-mão das idéias revolucionárias<br />
dos niveladores, que<br />
pretendiam acabar com a monarquia<br />
e instituir uma República<br />
dominada pelos pequenos<br />
proprietários. Os niveladores<br />
formularam então o Acordo do<br />
Povo, um projeto de carta<br />
constitucional considerada<br />
extremamente radical para a<br />
época, baseando-se num governo<br />
de consentimento popular<br />
e reivindicando o voto universal,<br />
outra medida que ia<br />
muito além das idéias da burguesia<br />
para o novo regime<br />
político.<br />
O Debate de<br />
Putney<br />
Um dos eventos mais importantes<br />
da história inglesa<br />
foi o Debate de Putney. Este foi<br />
o evento em que pela primeira<br />
vez se discutiram as novas<br />
idéias e o conceito de democracia<br />
burguesa. Cromwell,<br />
como mediador, tentava voltar<br />
todos os debates para o consenso<br />
nacional. O general<br />
foi até<br />
aqui a<br />
ex-<br />
pres-<br />
são da<br />
Oliver Cromwell.<br />
luta contra a<br />
aristocracia feudal e a<br />
monarquia, mas o desenvolvimento<br />
da revolução e a sua própria<br />
posição como burguês, o<br />
projetava inevitavelmente a<br />
conter a ala extrema-esquerda<br />
da revolução, a ala proletária.<br />
Vários soldados falavam em<br />
nome dos niveladores, que atacavam<br />
veementemente as propostas<br />
de Ireton de manutenção<br />
do regime monárquico. Os<br />
niveladores afirmavam que “o<br />
homem mais pobre da Inglaterra<br />
merecia igualdade de direitos<br />
na política”. Esta afirmação<br />
revolucionária colocava<br />
em xeque o poder de<br />
Cromwell, que acabou apelando<br />
a “Deus” para tentar um<br />
acordo. Dizia que “o poder de<br />
Deus” era muito mais importante<br />
do que as divergências e<br />
as formas de poder. “Elas são<br />
lixo e estrume comparadas a<br />
Cristo”, declarou.<br />
Seu maior objetivo era conter<br />
a forte tendência dos presentes<br />
a votarem com os niveladores,<br />
representados pelos<br />
agitadores eleitos pelos militares.<br />
Mas a manobra não deu<br />
certo. Logo após a sessão de<br />
orações, os presentes retomaram<br />
o debate e queriam votar<br />
o direito de todos os ingleses<br />
de votarem. Cromwell acusou<br />
os agitadores de querer dividir<br />
o Exército e impedir a unidade<br />
nacional, obrigando-os a voltarem<br />
aos seus regimentos. A<br />
divisão do campo revolucionário<br />
colocava objetivamente<br />
um limite e um impasse para a<br />
extrema-esquerda, o que abria<br />
caminho para a vitória de<br />
Cromwell sobre ela.<br />
Quando tudo parecia perdido<br />
para Cromwell, um acontecimento<br />
paralisou o andamento<br />
do debate. O rei não<br />
estava mais sob a custódia do<br />
Exército. Ele havia fugido do<br />
quartel de Hampton Court,<br />
onde estava preso. Mas alguns<br />
dias depois ele foi encontrado<br />
na ilha de Wight e recapturado,<br />
coincidentemente ou não,<br />
por um dos primos de<br />
Cromwell. Se antes o general<br />
estava apreensivo com o nível<br />
de radicalismo dos niveladores,<br />
Cromwell conquistara<br />
com o acontecimento uma<br />
maior autoridade. Alguns chegaram<br />
até mesmo a acusá-lo<br />
de ter forjado tudo para resgatar<br />
o apoio dos soldados. Com<br />
o Exército finalmente reunificado<br />
por <strong>causa</strong> da recaptura<br />
de Carlos I, este mesmo assim<br />
articulava secretamente planos<br />
para levar a Inglaterra a uma<br />
nova guerra civil. Conseguira<br />
o apoio dos escoceses, com a<br />
promessa de que instituiria o<br />
presbiterianismo como religião<br />
oficial no País por um período<br />
de três anos.<br />
Não demorou muito para<br />
que os planos chegassem aos<br />
ouvidos de Cromwell e ele<br />
ameaçou tomar atitudes drásticas<br />
caso o rei não governasse<br />
o País de acordo com as<br />
decisões parlamentares.<br />
A escalada militar se desenvolvia<br />
em meio à crise do próprio<br />
Exército. A ala radical das<br />
tropas, aliada aos niveladores,<br />
estava novamente<br />
a ponto<br />
de se<br />
rebelar<br />
e Cromwell<br />
foi forçado a<br />
se aproximar do grupo mais<br />
radical para contornar a crise<br />
interna antes que a guerra começasse,<br />
o que acabou acontecendo<br />
em fevereiro de 1648,<br />
no País de Gales.<br />
Da segunda<br />
guerra civil à<br />
decapitação do rei<br />
Novamente os ironsides comandados<br />
por Cromwell faziam<br />
a diferença. O disciplinado<br />
e experiente exército enfrentava<br />
em várias frentes as forças<br />
monarquistas e as tropas escocesas.<br />
A batalha mais importante<br />
da segunda guerra civil foi a<br />
Batalha de Preston. Ao contrário<br />
das outras lutas, que duravam<br />
algumas horas, esta se<br />
estendeu por cerca de duas<br />
semanas, com as tropas monarquistas<br />
sendo totalmente esmagadas,<br />
no dia 25 de agosto.<br />
A vitória do Exército deu a<br />
Cromwell o poder que precisava.<br />
As tropas escocesas se renderam<br />
e um governo pró-Parlamento<br />
assumiu o poder na<br />
Escócia. A segunda guerra civil<br />
terminava aqui.<br />
Mas se bem Cromwell havia<br />
reunificado as tropas, o Parlamento<br />
se reuniu e os representantes<br />
do Exército estavam decididos<br />
a não fazer nenhum<br />
acordo com o rei. Logo após a<br />
guerra já haviam inúmeras petições<br />
inspirados pelos niveladores<br />
para a execução de Carlos<br />
I. Se os oficiais não apoiassem<br />
os soldados, estes afirmavam<br />
que dariam cabo da tarefa<br />
mesmo assim.<br />
Enquanto isso Cromwell estava<br />
no Norte (Escócia) para<br />
evitar que novas rebeliões surgissem.<br />
Em Londres quem assumia<br />
as tarefas políticas em<br />
seu lugar era seu genro Ireton,<br />
incumbido de manter a coesão<br />
do Exército. Com a mesma unidade<br />
necessária para derrotar<br />
as tropas monarquistas na<br />
guerra, Ireton precisaria das<br />
mesmas forças para dominar<br />
um cenário político cada vez<br />
mais radicalizado. Tentava<br />
costurar um acordo entre os<br />
oficiais moderados e os dirigentes<br />
niveladores.<br />
O Exército era praticamente<br />
um destacamento armado da<br />
população ou, mais precisamente,<br />
desempenhava na revolução<br />
burguesa o mesmo papel<br />
que viria a desempenhar o conselho<br />
operário (soviete) na revolução<br />
proletária. Neste aspecto<br />
tinham mais poder que o<br />
próprio Parlamento. Seria impossível<br />
não fazer concessões<br />
aos niveladores, por isso Ireton<br />
apresentou em novembro de<br />
1648 um manifesto intitulado<br />
Um Protesto do Exército, no<br />
qual definiam os princípios<br />
niveladores. O documento propunha<br />
ainda o julgamento do<br />
rei, acusado de derramar o<br />
sangue do povo inglês.<br />
A primeira medida prática<br />
seria impedir a entrada no Parlamento<br />
dos deputados conciliadores<br />
com a monarquia. O<br />
jogo havia se invertido. Se no<br />
período que antecedera a primeira<br />
guerra civil os radicais<br />
foram impedidos de entrar pelos<br />
moderados, desta vez eram<br />
os radicais que impediam a entrada<br />
de 140 deputados ligados<br />
aos interesses da realeza. Apenas<br />
50 parlamentares conseguiram<br />
entrar na Câmara<br />
dos Comuns, fato<br />
que ficou conhecido<br />
como Rump Parliament<br />
(Parlamento<br />
Restante). A instância<br />
máxima do<br />
poder inglês estava<br />
dominada por<br />
aqueles que queriam<br />
ver a cabeça<br />
do rei rolar.<br />
Cromwell<br />
chegou no<br />
mesmo dia dos<br />
expurgos e<br />
apoiou a decisão,<br />
finalmente<br />
não havia<br />
como se posicionar<br />
contrário<br />
ao julgamento<br />
do rei uma<br />
vez que seu próprio<br />
exército leal<br />
desejava fazê-lo.<br />
Ao mesmo tempo<br />
opunha-se ao estabelecimento<br />
da República<br />
que via como<br />
uma ameça ao poder da<br />
burguesia diante das camadas<br />
populares.<br />
Foi estabelecido então<br />
uma Suprema Corte de Justiça<br />
responsável para julgar Carlos<br />
I, em nome do Parlamento.<br />
No dia de 30 de janeiro de<br />
1649, Carlos I foi levado ao patíbulo<br />
e decapitado.<br />
Esta foi a primeira vez na história<br />
que um rei ainda em exercício<br />
foi decapitado. Muitos<br />
reis haviam sido anteriormente<br />
julgados e condenados, mas<br />
nenhum em exercício. Indagado<br />
sobre a atitude de julgar um<br />
monarca reinante, Cromwell<br />
apenas desdenhou dizendo que<br />
a cabeça do rei seria cortada<br />
com a coroa em cima. A burguesia,<br />
que havia buscado o<br />
acordo com o rei teve decisão<br />
na hora de romper este acordo<br />
e decapitar o monarca, condenando<br />
de fato a monarquia.<br />
A década de 40 foi marcada<br />
por um das mais graves crises<br />
econômicas na Inglaterra. Com<br />
a morte de Carlos I, dirigentes<br />
niveladores foram elevados à<br />
altas patentes no Exército.<br />
Na próxima e última parte<br />
sobre Oliver Cromwell e a revolução<br />
inglesa, abordaremos o<br />
período da comunidade inglesa<br />
formada pelo general, a repressão<br />
contra as rebeliões<br />
pela liberdade religiosa e o regime<br />
militar imposto pelo Lorde<br />
Protector, Oliver Cromwell.<br />
Sua guinada à direita não<br />
seria fruto de seu fanatismo<br />
puritano, mas uma resposta<br />
que o Parlamento não poderia<br />
dar diante das idéias revolucionárias<br />
disseminadas pelos niveladores<br />
e por um outro grupo<br />
ainda mais radical: os diggers<br />
(escavadores), grupo<br />
formado por trabalhadores rurais<br />
que influenciou inclusive as<br />
fileiras dos próprios niveladores,<br />
simpáticos às idéias comunistas<br />
de Gerrard Winstanley.<br />
A próxima edição apresentará<br />
um panorama das condições<br />
de vida dos trabalhadores inglesas<br />
durante a revolução que<br />
acabou com o feudalismo, os<br />
bastidores da guerra entre o<br />
Parlamento e o rei.<br />
Errata: nas edições 488 e<br />
489 deste jornal, onde se escreveu<br />
“450 anos da morte de Crowmell”,<br />
leia-se “350 anos da<br />
morte de Cromwell”.