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Fevereiro 2015<br />
Economia<br />
Lusitano de Zurique<br />
13<br />
Suíça, quando deixar de trabalhar:<br />
“Vou ter de arranjar uma solução se<br />
entretanto não voltar para a Suíça”.<br />
Esta professora chegou a queixar-<br />
-se das altas taxas de manutenção<br />
ao banco, cujo nome prefere não<br />
revelar, que lhe explicou a razão dos<br />
aumentos: “Disseram-me que as<br />
coisas se complicaram imenso com<br />
os escândalos que tinha havido nos<br />
Estados Unidos e que realmente<br />
não lhes compensava ter contas de<br />
suíços no estrangeiro, porque elas<br />
têm pouco dinheiro e poucos movimentos.<br />
Só davam trabalho.” Silvia<br />
compreendeu então que “o aumento<br />
sucessivo das taxas foi a forma<br />
que encontraram para se livrar dos<br />
clientes”, porque “não querem mais<br />
dinheiro estrangeiro, devido a estas<br />
confusões todas: fugas de capitais,<br />
fugas ao fisco…”<br />
Bancos suíços envolvidos em questões<br />
legais nos EUA<br />
Muitos bancos suíços ainda estão<br />
envolvidos em questões legais relacionadas<br />
com a evasão fiscal nos<br />
Estados Unidos. Vários estão a ser<br />
investigados criminalmente, enquanto<br />
mais de cem estão a braços<br />
com sanções financeiras que resultaram<br />
de um programa de não-<br />
-acusação acertado entre as autoridades<br />
suíças e norte-americanas,<br />
que lhes permitiu evitar processos<br />
judiciais em troca de informação<br />
sobre as suas actividades nos Estados<br />
Unidos.<br />
Apesar das explicações, a emigrante<br />
suíça não se conforma: “Acho que<br />
devia ser possível arranjar uma excepção<br />
para quem quer continuar a<br />
ter uma conta no seu país, até porque<br />
as pessoas podem voltar, mas<br />
eles não mostram muita abertura.<br />
Neste momento não estão mesmo<br />
interessados.”<br />
Silvia lembra que o governo, “que<br />
não tem nada a ver com os bancos”,<br />
tentou arranjar uma alternativa<br />
para os expatriados suíços através<br />
do banco dos correios, o PostFinance,<br />
mas recorda também que para<br />
abrir uma conta nesta instituição<br />
há que ir lá pessoalmente: “Há pessoas<br />
que vivem na América do Sul<br />
ou na China e outras que são idosas,<br />
pelo que não podem ir à Suíça<br />
abrir uma conta”.<br />
“É algo simbólico”<br />
Ao contrário de Silvia, Maria, que<br />
também reside em Portugal há<br />
muitos anos, continua a ter uma<br />
conta na Suíça, no Zürcher Kantonalbank,<br />
que lhe custa 240 francos<br />
suíços por ano. Explica-nos que só<br />
ainda não a fechou porque “é algo<br />
simbólico, uma ligação com a Suíça”,<br />
mas também “por preguiça”.<br />
“Não me faria falta. Não tenho contas<br />
para pagar na Suíça”, realça,<br />
embora admita que a conta lhe faz<br />
jeito para poder efectuar levantamentos<br />
em francos quando visita o<br />
país natal.<br />
“Se tivéssemos cem mil francos na<br />
conta seria diferente, mas com dois<br />
ou três mil não somos interessantes<br />
como clientes”, atira, embora<br />
compreenda que os bancos têm<br />
cada vez mais trabalho e consequentemente<br />
mais custos.<br />
Tal como muitos outros expatriados<br />
suíços descontentes com o<br />
aumento acentuado das taxas de<br />
manutenção, Maria e uma amiga<br />
chegaram a escrever uma carta ao<br />
banco, queixando-se da situação.<br />
E o governo suíço não deveria intervir?<br />
“É uma coisa entre cliente e<br />
banco”, conclui.<br />
Mais requisitos, mais custos<br />
Os bancos dizem que os requisitos<br />
administrativos para expatriados<br />
têm vindo a aumentar,<br />
elevando, por isso, as taxas de<br />
manutenção. Desde os atentados<br />
de 11 de Setembro, foram<br />
introduzidas novas leis para<br />
combater o terrorismo e a lavagem<br />
de dinheiro, o que veio aumentar<br />
a burocracia necessária<br />
para cada conta.<br />
O conflito com os EUA agravou o<br />
problema.