You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
14 – Lusitano de Zurique Direito<br />
Dezembro 2014<br />
Alguém<br />
tem de pagar… !<br />
Não é tão raro como isso, que<br />
pessoas me venham pedir conselho,<br />
porque já não podem por<br />
razões de saúde fazer o trabalho<br />
que faziam até aqui e os seguros<br />
não querem dar uma pensão<br />
de invalidez. Trata-se sobretudo<br />
de pessoas, que durante muitos<br />
anos na Suíça fizeram um trabalho<br />
fisicamente duro, como, por<br />
exemplo, na construção civil, na<br />
limpeza ou plantação de produtos<br />
hortícolas. Com idade já<br />
avançada, não se encontram em<br />
condições de continuar tal trabalho<br />
devido a hérnias discais<br />
ou outras alterações degenerativas.<br />
As pessoas vêm ter comigo<br />
com a exigência: - Alguém<br />
tem de pagar …!. Mas é de facto<br />
assim?<br />
Todo o empregado na Suíça tem por<br />
lei um seguro contra invalidez, a saber<br />
tanto no Seguro contra acidentes<br />
(UVG), como também no Seguro<br />
confederado contra invalidez (IV) e<br />
na Caixa de pensões (Pensionskasse).<br />
Mas: No direito suíço é atribuído<br />
um grande peso – talvez às vezes<br />
excessivamente grande – à responsabilidade<br />
própria. Não se é por isso<br />
necessariamente inválido, quando,<br />
por razões de saúde, não se pode<br />
mais desempenhar a sua atividade,<br />
desempenhada até aqui. Inválido só<br />
é, quem não pode ganhar o mesmo<br />
salário, como anteriormente, como<br />
pessoa saudável. O grau de invalidez<br />
não é por isso o mesmo que o<br />
grau de incapacidade para o trabalho,<br />
mas sim a percentagem correspondente<br />
à redução de rendimentos<br />
por razões de saúde. Quem por<br />
exemplo tem o grau de invalidez de<br />
40%, ganha 40% menos do seu salário<br />
anterior assim como quem tem<br />
o grau de invalidez de 20%, recebe<br />
20% menos do seu salário anterior.<br />
Em contrapartida a incapacidade<br />
para o trabalho não se pronuncia sobre<br />
o ordenado duma pessoa mas<br />
sim sobre a capacidade de desempenho<br />
específico, p.ex. quanto peso<br />
se pode ainda levantar ou se ainda<br />
se pode efetuar trabalho de joelhos<br />
etc. Um ladrilhador p.ex. é 100% incapacitado<br />
de trabalhar na sua profissão,<br />
se já não pode trabalhar de<br />
joelhos mas numa outra profissão,<br />
onde nunca precise de trabalhar de<br />
joelhos, tem uma capacidade para<br />
trabalhar a 100%.<br />
Para aquele que após uma lesão de<br />
saúde tenha encontrado um trabalho<br />
novo, o grau de invalidez é calculado<br />
a partir da comparação do seu salário<br />
novo com o seu salário antigo.<br />
A diferença de salário corresponde<br />
ao grau de invalidez. Mas com frequência<br />
os atingidos não encontram<br />
depois da doença nenhum trabalho<br />
novo. Nestes casos a comparação<br />
é efectuada entre o salário antigo e<br />
o salário determinado pela estatística.<br />
Um exemplo: no ano de 2012 o<br />
salário médio anual para trabalhos<br />
simples e repetitivos, para os quais<br />
não é necessária uma formação profissional,<br />
era de Fr. 60’000 para homens<br />
e Fr. 50’000 para mulheres. Se<br />
a diferença entre o salário anterior e<br />
o salário estatístico for pelo menos<br />
de 40% então o seguro de invalidez<br />
tem de prestar uma pensão. Para<br />
uma invalidez de menos de 40% só<br />
há pensões da parte do seguro de<br />
acidentes, quando as queixas de<br />
saúde são uma consequência de um<br />
acidente.<br />
Pessoas, que com saúde não ganharam<br />
nitidamente mais do que o salário<br />
estatístico, raramente têm direito<br />
a uma pensão de invalidez, se por<br />
motivos de saúde apenas se encontram<br />
incapacitadas de trabalhar na<br />
profissão que exerceram até aqui,<br />
mas podendo exercer outros trabalhos<br />
(p.ex. físicamente leves) a 100%.<br />
Isso é uma consequência da comparação<br />
do ordenado antigo (baixo)<br />
com o ordenado da estatística que<br />
é relativamente alto. Se conseguem<br />
ou não encontrar tal trabalho novo é<br />
irrelevante.<br />
Que trabalhos alguém com um dano<br />
de saúde ainda pode exercer, é determinado<br />
por critérios objetivos,<br />
quer dizer, não pelas queixas, que<br />
a pessoa apresenta, mas sim pelas<br />
queixas que, de acordo com a experiência<br />
médica com base no estado<br />
de saúde objetivo (radiografias, imagens<br />
de ressonância magnética, testes<br />
de sangue, etc…), é são comuns<br />
aparecerem. Tal leva com frequência<br />
a que as avaliações da capacidade<br />
de trabalho do médico de família e<br />
do perito dos seguros não coincidam,<br />
porque os médicos de família<br />
dão grande peso nas queixas subjetivas<br />
na avaliação da capacidade<br />
de trabalho, enquanto os peritos dos<br />
seguros nos resultados médicos objetivos.<br />
Isso tem por consequência<br />
que existem doenças que de fato<br />
não são seguradas. São doenças,<br />
cujas causas não são conhecidas e<br />
que não têm consequências que podem<br />
ser medidas ou que sejam visíveis,<br />
como, por exemplo, a fibromialgia<br />
ou o traumatismo cervical (Schleudertrauma<br />
– efeito de chicote).<br />
Como não se pode comprovar o que<br />
não é visível ou não se pode medir e<br />
uma vez que é o segurado que tem<br />
de comprovar a sua incapacidade<br />
de trabalho não se pode ganhar um<br />
processo para receber uma pensão<br />
de invalidez nestes casos. Ter dores<br />
– também se são plausíveis - não é<br />
uma prova.<br />
Quem trabalha duro fisicamente,<br />
corre um risco elevado de não poder<br />
dar sequência ao seu trabalho até à<br />
reforma por motivos de saúde e mesmo<br />
assim não receber uma pensão<br />
de invalidez. Como nos podemos<br />
proteger deste risco? Quem tem um<br />
seguro de proteção jurídica pode<br />
eventualmente receber deste seguro<br />
o dinheiro para pagar um perito da<br />
sua confiança, caso existam dúvidas<br />
relativas ao perito solicitado pelo o<br />
seguro de invalidez. Para além disso:<br />
quem domina a língua que é aqui<br />
falada e frequenta pós-formações,<br />
tem mais hipóteses, de encontrar um<br />
novo trabalho, quando tal é necessário.<br />
De resto, deve-se considerar no<br />
planeamento de vida (fazer dívidas<br />
etc…) de que eventualmente não se<br />
pode trabalhar até à reforma.<br />
Tem perguntas que digam respeito<br />
ao direito?<br />
Envie a sua pergunta com a indicação<br />
“Lusitano” a: Bohren Rechtsanwalt,<br />
Postfach 229, 8024 Zürich, ou para<br />
mail@dbohren.ch ou grave a sua pergunta<br />
no respondedor automático do<br />
Lusitano 044/241 52 60