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16 – Lusitano de Zurique Actualidade<br />
Dezembro 2014<br />
Estará a “guerra fria”<br />
a aquecer?<br />
Carlos Ademar<br />
O século XX ficou marcado<br />
pelas guerras mais mortíferas<br />
que jamais o Homem<br />
conheceu, mas também<br />
pela confrontação entre a<br />
Rússia comunista, depois<br />
transformada em União<br />
Soviética, e o Ocidente<br />
capitalista, liderado pelos<br />
EUA. Esta confrontação só<br />
teve interregno, ainda assim<br />
com muitos olhares de<br />
soslaio mútuos, aquando<br />
da II Guerra Mundial, porque<br />
ambas as partes se<br />
aliaram no combate à Alemanha<br />
de Hitler.<br />
Ainda as armas impunham<br />
as regras, embora já se<br />
adivinhasse o desfecho do<br />
conflito, e os EUA e a União<br />
Soviética regateavam já as<br />
zonas de influência para<br />
cada um dos blocos. E<br />
esta tensão recrudesceu e<br />
muito, após a rendição alemã,<br />
mantendo-se até ao<br />
desmoronamento do bloco<br />
de Leste e da União Soviética,<br />
o que sucedeu em<br />
catadupa após a queda do<br />
Muro de Berlim, 1989.<br />
Esta confrontação estendeu-se<br />
a todo o globo e foi<br />
responsável por inúmeras<br />
guerras fratricidas e revoluções<br />
sangrentas em<br />
todos os continentes. Porém,<br />
os líderes de cada um<br />
dos blocos nunca se digladiaram<br />
directamente. Era a<br />
“guerra fria”.<br />
Com o desmembramento<br />
da União Soviética, seria<br />
legítimo que se pensasse<br />
que a “guerra fria” e a política<br />
de costas voltadas,<br />
mas sempre de olhos bem<br />
abertos, que pautou esses<br />
tempos, era coisa do<br />
passado, fruto de visões<br />
políticas antagónicas já<br />
sem sentido por falência<br />
de uma delas. A última década<br />
do século XX foi dura<br />
para a Rússia, por se ver<br />
mergulhada numa crise<br />
profunda, em que a causa<br />
principal talvez fosse<br />
a compreensível falta de<br />
confiança, de amor-próprio.<br />
Metade da população<br />
sumira-se nas muitas repúblicas<br />
que então se tornaram<br />
países independentes;<br />
a influência da Rússia<br />
no mundo, que marcara as<br />
últimas gerações do país,<br />
desaparecera subitamente,<br />
o que para o orgulho do<br />
povo russo, não foi coisa<br />
de somenos importância; a<br />
sociedade perfeita que estava<br />
em construção há décadas,<br />
desabara como um<br />
baralho de cartas sobre a<br />
cabeça do homem novo,<br />
que os pais da pátria não<br />
se cansavam de apregoar.<br />
Entretanto, o novo século<br />
trouxe um outro inimigo<br />
para o Ocidente: o fundamentalismo<br />
islâmico, cuja<br />
pressão tem aumentado.<br />
Tudo o que o Ocidente fez<br />
para o combater também<br />
não foi de molde a resolver<br />
o problema de forma saudável.<br />
A violência contra<br />
a violência, em circunstâncias<br />
em que uma das<br />
partes está obstinada pelo<br />
fanatismo e consegue infiltrar<br />
os seus com relativa<br />
facilidade nos grandes<br />
centros urbanos do inimigo<br />
com intuitos maléficos,<br />
DR<br />
O Secretário Geral da União Soviética, Mikhail Gorbachev, e o presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, assinam o Tratado de Forças<br />
Nucleares de Alcance Intermediário na Casa Branca, em 1987.