8 – Lusitano de Zurique Dezembro 2014
Dezembro 2014 Comunidade Lusitano de Zurique– 9 Estar bem com deus e com o diabo Gente que por conveniência usa as mãos para afagar-o-pêlo, vão dando sorrisos e abraços a quem se impõe e a quem se opõe com o objectivo de obter dividendos. Domingos Pereria Frequentemente acontece-me tropeçar em situações, em que nada favorecem a minha compreensão sobre o ser cidadão, o saber estar em paz-social e ética de organização-social. Esta topetada é gerada por pessoas “próximas”, colegas de trabalho e camaradas do associativismo com aptidão para o narcisismo. Porque estes, gostam de viver segundo a frase, “estar bem com Deus e com o Diabo” a fim de afeitar a sua imagem e lixar a de outrem. Desde sempre, vozes sábias dos mais velhos me diziam: “não confiar em quem vive de mãos dadas com deus e o diabo. Porque o deus deles é bom, mas castiga, e o diabo também não é mau”. Confesso que tinham razão. Às vezes sinto vontade de fugir deles como o “diabo foge da cruz”. Não fujo, mas afasto-me – como são Jonas - e disfruto vê-los andar-à-nora no seu purgatório como almas depenadas blocados na doutrina narcisista. Troca-tintas Uma vez mais foi discutido na Assembleia da República o Ensino do Português no Estrangeiro. Onde o Partido Comunista (PCP) apresentou o seu projecto de lei que se destinava a revogar a propina (120 Euros para a frequência de cursos de língua e cultura portuguesas, actualmente em vigor na suíça, Alemanha, Reino Unido e parte do Luxemburgo), e, igualmente em debate esteve uma petição assinada por 4513 cidadãos onde se proclamava o fim da mesma. O governo chumbou. Alegando que a dita propina “ é a forma de garantir a qualidade dos cursos leccionados.” O resultado do debate não me surpreende. O que me surpreende é a atitude de cidadãos portugueses que não subscreveram a petição, em especial, corpos-gerentes de comissões de pais, associações, docentes e encarregados de educação, a residir nestes países acima mencionados. Demostram que não passam de uns troca-tintas, que não sabem o que são nem o que lhe compete! É já vulgar que parte desta gente seja muda. Mas veem e ouvem e, por conveniência, usam as mãos para comunicar pelo método afagar-o-pêlo. Vão dando sorrisos e abraços a uns e a outros (a quem impõe e a quem se opõe) com o objectivo de obter “dividendos”. Pois é, são estes os pintores do nosso quadro cultural na diáspora?! Por o ovo aqui e cantar acolá Fraca é a galinha que assim o faz,… diz o povo. É assim que muitos trabalhadores da construção-civil na Suíça se comportam.”Cantaram muito” quando os sindicatos fizeram cessões de sensibilização e mobilização para as negociações de aumento salarial e para a concentração em Berna para o dito fim. Pouquíssimos estiveram lá. Pouquíssimos se “mostraram” e disseram, estamos aqui. A voz têm-na valente, levantam-na constantemente contra os que lhe cuidam do bemestar social e paz-laboral. Mas a força física e mental, de dar-um-passo, erguer um dedo e imporse ou seu subordinador. Essa ficou na barriga da mãe que os pariu. Cada um faz as suas escolhas. Do lado de quem estar. Como diz Miguel Saramago, “um homem que escolhe a mulher pelo tamanho da bunda, não pode reclamar se tiver um relacionamento de merda”!