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Anais Encontro Água & Floresta - SIGAM - Governo do Estado de ...

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FICHA TÉCNICA – <strong>Anais</strong> <strong>Encontro</strong> Água & <strong>Floresta</strong>Comissão organiza<strong>do</strong>ra:Equipe Técnica – Depto. <strong>de</strong> Educação Ambiental-CPLEA/Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> MeioAmbiente-SMAGetúlio T. Batista, Marcelo <strong>do</strong>s Santos Targa, Maria Dolores Alves Cocco, Maria Helena <strong>de</strong>Arruda LemeUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taubaté - UnitauO Projeto <strong>de</strong> Recuperação <strong>de</strong> Matas Ciliares é financia<strong>do</strong> por <strong>do</strong>ação <strong>do</strong> Global Environment Facility(GEF), através <strong>do</strong> Banco Mundial, e com recursos orçamentários <strong>do</strong> <strong>Governo</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo.Apoio:CetesbPrefeitura Municipal <strong>de</strong> Taubaté – Departamento <strong>de</strong> TrânsitoParceria:Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taubaté – UnitauPrograma <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciências Ambientais – PPGCAComissão Técnica:Celso Lorenzonni - Prof. Mestran<strong>do</strong> em Guará - Secretaria da EducaçãoElaine Rodrigues - Diretoria <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> TaubatéBenedito Jorge <strong>do</strong>s Reis - Secr. Agr. e M.A. <strong>de</strong> TremembéEdílson <strong>de</strong> Paula Andra<strong>de</strong> - Secr. Ex. CBH-PSDuva Brunelli - Coord. C.T. E.A. CBH-PS JohnPaulo Edgard Nascimento <strong>de</strong> Tole<strong>do</strong> - SMA - DPP – Mata CiliarFlávia S. Marcatto - SMA / Dep. Ed. AmbientalJosé Marques da Costa - UnitauFlávio José Nery Con<strong>de</strong> Malta - UnitauMaria <strong>de</strong> Jesus Robim - UnitauCyro <strong>de</strong> Barros Rezen<strong>de</strong> Filho - UnitauJunior Alexandre Moreira Pinto - UnitauSilvio Jorge Coelho Simões - UnitauJosé Geral<strong>do</strong> Queri<strong>do</strong> - UnitauEdson Rodrigues - UnitauItamar Alves Martin - UnitauSimey Thury Vieira Fisch - UnitauValter José Cobo - UnitauGilberto Fernan<strong>do</strong> Fisch - UnitauAna Aparecida da Silva Almeida - UnitauHélio Nóbile Diniz - UnitauHermínia Yohko Kanamura - UnitauMárcio Joaquim Estefano <strong>de</strong> Oliveira - UnitauNelson Wellausen Dias - UnitauPaulo Fortes Neto - UnitauCarlos Eduar<strong>do</strong> Matheus - UnitauMaria Julia Ferreira Xavier Ribeiro - UnitauCopi<strong>de</strong>sque - <strong>Anais</strong>:Heloisa Bio Ribeiro2


7 <strong>de</strong> novembroAbertura OficialConferência inaugural: Água e floresta: <strong>de</strong>safios para o século 21Palestra Cancelada8 <strong>de</strong> novembro- MESA-REDONDA 1 –EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DAS ÁGUAS EFLORESTASComposição da mesa‣ Rosely Sztibe – DEA/CPLEA/SMA‣ Ângelo José Rodrigues Lima – WWF Brasil‣ Ondalva Serrano – Reserva da Biosfera <strong>do</strong> Cinturão Ver<strong>de</strong>‣ Gustavo Ferreira da Costa Lima – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Paraíba‣ Marcelo <strong>do</strong>s Santos Targa – Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciências Ambientais - UnitauRosely Sztibe – DEA/CPLEA/SMAAgra<strong>de</strong>cemos a presença <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s neste que é o primeiro <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> encontros nasbacias hidrográficas que fazem parte <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> matas ciliares, <strong>do</strong> qual aeducação ambiental é um <strong>do</strong>s cinco componentes. A educação ambiental é <strong>de</strong>finida como umponto estratégico para o sucesso <strong>de</strong>ste projeto. Isso porque a avaliação <strong>do</strong> problema da<strong>de</strong>gradação das matas ciliares no esta<strong>do</strong> nos revelou questões relacionadas à visão que oproprietário rural ou o mora<strong>do</strong>r da cida<strong>de</strong> tem em relação a esse ecossistema, e o quanto aeducação ambiental em seus amplos aspectos - tanto no ensino formal como no não-formal,tanto a <strong>do</strong> setor empresarial quanto a que nós <strong>de</strong>senvolvemos, relacionada à gestão ambiental- é estratégica para o sucesso <strong>de</strong>ssa iniciativa.Esta mesa faz parte <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s eixos <strong>de</strong>sse projeto, mas há as outras que se relacionamdiretamente com o tema, ligadas a recursos hídricos, recuperação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas emudanças climáticas. Esses são os quatro pilares <strong>do</strong>s encontros que realizaremos nas baciasque fazem parte <strong>do</strong> projeto. Só tenho a <strong>de</strong>sejar um bom trabalho a to<strong>do</strong>s nós, passan<strong>do</strong> apalavra ao primeiro palestrante.Ângelo José Rodrigues Lima – WWF BrasilTenho trabalha<strong>do</strong> com o componente da educação ambiental, mas a experiência na WWFBrasil é principalmente relativa à gestão <strong>de</strong> recursos hídricos. Nasci na bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul,em Barra Mansa, interior <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, e trabalhei na Bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul, no Ceivap,até 2004, ten<strong>do</strong> assumi<strong>do</strong> o trabalho no WWF a partir <strong>de</strong> 2004.3


Ao falar da questão da integração entre água, floresta e uso <strong>do</strong> solo, vale lembrar queestamos numa bacia em que precisamos conquistar corações e mentes para trabalhar <strong>de</strong> fatoessa integração. É uma área <strong>de</strong> 56 mil quilômetros quadra<strong>do</strong>s, com cerca <strong>de</strong> 13% <strong>de</strong> coberturaflorestal (nos três esta<strong>do</strong>s, São Paulo, Minas Gerais e Rio <strong>de</strong> Janeiro); uma bacia que viveeternamente o risco <strong>de</strong> sofrer com o problema <strong>de</strong> abastecimento público por conta <strong>do</strong>problema <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água. Sem dúvida nosso trabalho <strong>de</strong> educaçãoambiental e <strong>de</strong> integração entre água, floresta e uso <strong>do</strong> solo é muito importante, pois temosque conquistar diferentes setores e instituições.Para isso realizamos vários trabalhos no WWF. Através <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Água, contamoscom um componente <strong>de</strong> educação e integração entre água, floresta e uso <strong>do</strong> solo. No Paraíba<strong>do</strong> Sul, a partir <strong>de</strong> uma parceria com o próprio Ceivap em 2003, junto com o ConselhoNacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e a SOS Mata Atlântica, realizamos umtrabalho <strong>de</strong> águas e florestas: foram feitas três oficinas, uma em cada esta<strong>do</strong> da bacia e umworkshop final em Itatiaia. No ca<strong>de</strong>rno número 2 (no site www.rbma.org.br) estão to<strong>do</strong>s osresulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sse trabalho.Num primeiro momento, procuramos i<strong>de</strong>ntificar quais as instituições que trabalham comágua, floresta e uso <strong>do</strong> solo na bacia. Tentamos, mas não conseguimos i<strong>de</strong>ntificar todas.Vimos inclusive on<strong>de</strong> havia lacunas para trabalharmos a questão da integração entre água,floresta e uso <strong>do</strong> solo, e uma <strong>de</strong>las foi a questão da capacitação para a integração. Hoje essaparceria continua com a agência <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul, a Agevap, e estamos trabalhan<strong>do</strong> paraselecionar áreas on<strong>de</strong> as empresas <strong>de</strong> abastecimento já estejam com problemas <strong>de</strong> captaçãoem função <strong>do</strong> assoreamento <strong>do</strong> rio. Visitamos algumas áreas on<strong>de</strong> o problema é bastantesério, em São Paulo, Minas Gerais e Rio <strong>de</strong> Janeiro, e é impressionante como as empresas jáparam seu sistema <strong>de</strong> captação por conta <strong>do</strong> assoreamento <strong>do</strong> rio. Lamentavelmente não setrabalha a questão da recuperação florestal associada a isso.Hoje, muitas vezes os recursos da cobrança vão para as Estações <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong>Esgoto (ETEs). Claro que não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> trabalhar a importância da construção <strong>de</strong>ETEs, mas não se trata somente disso. Neste caso, o foco <strong>de</strong>ve estar na importância da água efloresta juntas, pois é lamentável que a empresa <strong>de</strong> abastecimento pare o sistema <strong>de</strong> captaçãopor dias e não tenha nenhum trabalho <strong>de</strong> recuperação florestal, nem mesmo no ponto <strong>de</strong>captação. Evi<strong>de</strong>ntemente há to<strong>do</strong> um trajeto a ser percorri<strong>do</strong>. Muitas vezes quan<strong>do</strong> falamos <strong>de</strong>educação ambiental, por exemplo, a dificulda<strong>de</strong> é <strong>de</strong> fazer isso chegar aos proprietários rurais.Quan<strong>do</strong> vamos nessas bacias, ficamos abisma<strong>do</strong>s. Recentemente estive na bacia <strong>do</strong> AltoTocantins, que é o berço das águas <strong>de</strong> muitas bacias importantes no Brasil, a <strong>do</strong> Paraguai, <strong>do</strong>Paraná, e já há ali o problema <strong>de</strong> turbi<strong>de</strong>z nas águas. Já são em torno <strong>de</strong> 2 mil ppm, o que éalto, e exatamente por conta <strong>do</strong> problema da integração <strong>de</strong> água e floresta.Um <strong>do</strong>s nossos trabalhos <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong>monstrativo on<strong>de</strong> a componente <strong>de</strong> educaçãoambiental é marcante acontece no rio São João (RJ) e no Miranda (MS) – o primeiro começoucom consórcios, um <strong>do</strong>s primeiros com câmara técnica <strong>de</strong> educação ambiental. No São João,por exemplo, está o primeiro comitê <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro que aplica a cobrança pelo uso da água.A legislação no Rio <strong>de</strong> Janeiro está sen<strong>do</strong> questionada, mas já há a cobrança, exatamente poresse trabalho da câmara técnica <strong>de</strong> educação ambiental que vinha <strong>do</strong> consórcio. Dentro <strong>do</strong>orçamento <strong>do</strong> recurso da cobrança, conseguiram aprovar 20% para programas <strong>de</strong> educaçãoambiental.No Miranda, conseguimos colaborar com a criação <strong>do</strong> primeiro comitê <strong>de</strong> bacia <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><strong>do</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, com uma importância diferenciada. Se olharmos o mapa <strong>do</strong> Brasil, hácerca <strong>de</strong> 140 comitês <strong>de</strong> bacia, mas a gran<strong>de</strong> maioria está na faixa costeira, não em direção aointerior <strong>do</strong> país. Aí está o <strong>de</strong>safio da educação ambiental: mostrar a importância <strong>de</strong>trabalharmos preventivamente, antes <strong>de</strong> o programa chegar. Na bacia <strong>do</strong> Paraíba, porexemplo, a or<strong>de</strong>m estimada para recuperar toda a bacia está em torno <strong>de</strong> 3 bilhões <strong>de</strong> reais.Imagina <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vamos tirar esse recurso para recuperar. Em outras bacias como <strong>do</strong> Miranda,<strong>do</strong> Tocantins, os problemas não são os mesmos, ainda não estão nesse tamanho em termos <strong>de</strong>recuperação. Então a educação ambiental po<strong>de</strong> chegar e mobilizar as pessoas para que,preventivamente, não <strong>de</strong>ixemos chegar a esse ponto.To<strong>do</strong>s os programas no WWF têm o componente <strong>de</strong> educação ambiental e, hoje,especificamente temos no programa <strong>de</strong> água a exposição itinerante – um caminhão que estápercorren<strong>do</strong> o Brasil, basicamente com educação ambiental, e a visita das pessoas leva emtorno <strong>de</strong> 1h30. Já percorremos várias cida<strong>de</strong>s: Curitiba, Porto Alegre, São Paulo, Brasília, Rio4


<strong>de</strong> Janeiro. E esse trabalho tem levanta<strong>do</strong> e procura<strong>do</strong> em cada cida<strong>de</strong> treinar monitores locaispra receber os visitantes; sempre <strong>de</strong>ixamos uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res que trabalham aeducação ambiental em cada município. A idéia é exatamente essa: formar uma re<strong>de</strong> pra queesses monitores conversem, troquem experiências sobre as questões ambientais locais,regionais e <strong>do</strong> Brasil.Também <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> água está o projeto ‘A<strong>do</strong>te uma Nascente’, que começouem Brasília, em 16 nascentes, e hoje já tem em torno <strong>de</strong> 60 nascentes a<strong>do</strong>tadas porproprietários rurais, exatamente na área <strong>do</strong> proprietário on<strong>de</strong> está essa nascente. Estamosmostran<strong>do</strong> a importância <strong>de</strong> ele a<strong>do</strong>tar a fonte <strong>de</strong> água e buscamos parceria com asinstituições locais - no caso <strong>de</strong> Brasília, com a empresa <strong>de</strong> saneamento da capital. Esse éinclusive um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio da educação ambiental, <strong>de</strong> trabalhar junto com as empresas <strong>de</strong>abastecimento para a<strong>do</strong>tarem a importância <strong>de</strong> trabalhar a integração <strong>de</strong> água, floresta e uso<strong>de</strong> solo.Há ainda a publicação ‘Água, cida<strong>de</strong>s e floresta’, resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma pesquisa feita em 105das maiores cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, e 30% <strong>de</strong>ssas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> áreas protegidas para seuabastecimento. Isso mostra que se trabalharmos a conservação, o custo para a qualida<strong>de</strong> equantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água será seis vezes menor, e isso vem <strong>de</strong> encontro ao que é o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio<strong>de</strong> quem trabalha com a questão ambiental: entrar no <strong>de</strong>bate da questão econômica. Orelatório <strong>de</strong>sta semana <strong>do</strong> governo britânico - que mostra que 20% <strong>do</strong> PIB <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> po<strong>de</strong>ráser per<strong>de</strong>r até 2050 em função da não-manutenção <strong>do</strong>s recursos naturais – revela que nós quetrabalhamos com a questão ambiental <strong>de</strong>vemos entrar nesse <strong>de</strong>bate, no <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> falar umalinguagem para to<strong>do</strong>s, não a que usamos para nós mesmos, pois nós já gostamos <strong>do</strong>ambiente. Agora temos que sensibilizar os outros, aqueles que ainda não estão participan<strong>do</strong>, enesse caso, possivelmente a linguagem que teremos que falar é a econômica, da mudança <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>lo, para que ganhemos outros corações e mentes para esse trabalho educativo.Outra questão é a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se integrarem as políticas públicas na questão <strong>de</strong> água efloresta. Se vamos num seminário que trata <strong>do</strong> papel das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação (UC), nemsempre o tema está associa<strong>do</strong> à importância das UCs para preservação <strong>de</strong> recursos hídricos, evice-versa,; num evento <strong>de</strong> recursos hídricos não se fala da floresta. Tem que haver apercepção <strong>de</strong> que vivemos no planeta Terra, não vivemos só em São Paulo, Barra Mansa, nabacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul... É claro que não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> observar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> local, masprecisamos pensar <strong>de</strong> forma global <strong>de</strong> forma conjugada com as ações locais.A educação ambiental também <strong>de</strong>ve ser trabalhada para to<strong>do</strong>s, crianças, jovens eadultos. Não dá para falar apenas para criança, nós temos <strong>de</strong> falar com adultos também, nãopo<strong>de</strong>rmos repassar toda a responsabilida<strong>de</strong> da conservação para as crianças, daqui a poucoelas não vão ter nada para salvar.E há a questão da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social. Os números liga<strong>do</strong>s à água mostram essa relação,com a maioria <strong>do</strong>s leitos hospitalares ocupa<strong>do</strong>s por pessoas com <strong>do</strong>enças originadas na máqualida<strong>de</strong> da água, pessoas na faixa <strong>de</strong> pobreza moran<strong>do</strong> perto <strong>de</strong> valas negras. Se nãoenfrentarmos a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social, será difícil.Além disso, temos <strong>de</strong> conhecer os conflitos já existentes em cada região. Na questão <strong>de</strong>recursos hídricos, que envolve a <strong>de</strong>scentralização e a participação, com certeza a informação éum componente fundamental para que a gestão seja <strong>de</strong> fato <strong>de</strong>scentralizada e participativa.Sem informação, como as pessoas vão tomar <strong>de</strong>cisão? Não adianta um técnico falar <strong>de</strong>‘outorga’, ‘vazão’, para um público leigo. Pelo plano <strong>de</strong> bacia, por exemplo - componenteimportante da gestão <strong>de</strong> recursos hídricos e que obviamente será aprova<strong>do</strong> pelo comitê <strong>de</strong>bacia -, po<strong>de</strong>mos fazer um gran<strong>de</strong> pacto na bacia (não só entre os membros <strong>do</strong> comitê,<strong>de</strong>vem-se ouvir vários atores). Esse plano só será construí<strong>do</strong> <strong>de</strong> fato se a informação fordisponibilizada, e aí entra a educação ambiental.No Miranda (MS), o comitê vai elaborar o plano da bacia, mas primeiro temos <strong>de</strong> fazerum programa <strong>de</strong> educação ambiental volta<strong>do</strong> aos recursos hídricos, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que antes <strong>de</strong>discutir o plano a gente tenha oficinas educativas voltadas à gestão, para que se disseminemconceitos básicos, e as pessoas participem da discussão <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> bacia. Se poucosdiscutirem o plano, po<strong>de</strong> ser bom, mas o pacto que <strong>de</strong>veria ser construí<strong>do</strong> na bacia será muitomais difícil. Precisamos trazer outros setores, atores e instituições para conversar, e aeducação ambiental é o elemento-chave; ela <strong>de</strong>veria ter si<strong>do</strong> lida como um instrumento <strong>de</strong>gestão <strong>de</strong> recursos hídricos, porque tem tu<strong>do</strong> a ver com a gestão <strong>de</strong>scentralizada eparticipativa.5


A questão <strong>do</strong> coman<strong>do</strong> e controle se mostra insuficiente frente aos problemasambientais no Brasil. O gran<strong>de</strong> caminho é a gestão <strong>de</strong>scentralizada associada à educação. Nopróprio São João, a presença <strong>de</strong>sse componente <strong>de</strong> educação ambiental foi fundamental para abacia: a Lagoa <strong>de</strong> Araruama, que antes não tinha camarão e peixe, já está começan<strong>do</strong> a serecuperar, a ter a volta <strong>de</strong> espécies, também por conta <strong>de</strong>sse trabalho educativo. A educaçãofoi fundamental para que esse sucesso fosse alcança<strong>do</strong>: talvez seja o componente <strong>de</strong> maiorsucesso no nosso programa <strong>de</strong> recursos hídricos, porque mostra resulta<strong>do</strong>s concretos. Seconseguirmos trabalhar esses componentes <strong>de</strong> forma integrada, pensan<strong>do</strong> a linguagem, acomunicação, para que não falemos para nós mesmos, po<strong>de</strong>remos ampliar resulta<strong>do</strong>s efetivospara a integração <strong>de</strong> água, floresta e uso <strong>do</strong> solo.Gustavo Ferreira da Costa Lima - Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da ParaíbaGostaria <strong>de</strong> discutir as possíveis contribuições da educação ambiental para um programa<strong>de</strong>sse tipo, <strong>de</strong> preservação <strong>de</strong> água e floresta <strong>de</strong> uma forma integrada. Em primeiro lugar, háuma contribuição informativa: é preciso dialogar e conversar com os setores envolvi<strong>do</strong>s,primeiro sobre as causas que geraram os problemas que assistimos hoje <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação eprejuízo para os ecossistemas. Também informar sobre as possíveis soluções, as alternativasdisponíveis tanto <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista técnico quanto <strong>de</strong> gestão.Informar é <strong>de</strong>cisivo, mas não suficiente, é preciso que haja integração, diálogo entre ossetores envolvi<strong>do</strong>s. Não adianta um grupo agir <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> projeto e o outro não saber o que seestá fazen<strong>do</strong>. A dimensão da participação é um <strong>do</strong>s nossos pontos-chave: nenhum <strong>de</strong> nósparticipa <strong>de</strong> algo voluntariamente se não nos sentimos parte daquilo, se não somosconsulta<strong>do</strong>s sobre o que achamos e como po<strong>de</strong>ríamos nos envolver. Temos uma história <strong>de</strong>políticas publicas no Brasil pouco participativas. Nem sempre é por má-fé, são vícios, aspessoas acham ‘tenho uma boa solução, vou tentar convencer os outros’, e muitas vezesfazem isso sem consultar o público-alvo, sem saber o que acham daquilo e <strong>de</strong> que formagostariam <strong>de</strong> participar da ação. A dimensão participativa é essencial para qualquer políticapública ter possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucesso.Há uma outra dimensão que a educação ambiental po<strong>de</strong> resolver: a da crítica. Po<strong>de</strong>mostratar a resolução <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> problema como ativida<strong>de</strong>-fim, voltada ao objetivo final, emque você teria uma participação mais técnica: ‘tenho <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> problema, organizo osmeios e resolvo’ – aí minha ativida<strong>de</strong> acabou. Ou há outra possibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> se encarar aresolução <strong>do</strong> mesmo problema como um tema gera<strong>do</strong>r, buscan<strong>do</strong>-se problematizar aquelaquestão para enten<strong>de</strong>r como ela se forma, qual sua origem. Neste caso, agregamos umcomponente a mais, as pessoas não estariam apenas resolven<strong>do</strong> tecnicamente um problema,mas compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> como e por que ele se forma. Esta visão está relacionada também àquestão da prevenção: to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> sabe que prevenir é muito mais barato e eficiente <strong>do</strong> queremediar. Vemos que todas as iniciativas <strong>de</strong> solucionar <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> problema já cria<strong>do</strong> são muitomais complicadas, mais caras. A <strong>de</strong>spoluição <strong>do</strong> Tietê é uma <strong>de</strong>spesa enorme, estamos<strong>de</strong>sperdiçan<strong>do</strong> recursos que po<strong>de</strong>riam ser úteis para avançar em outras coisas que temoscarência. Estamos resolven<strong>do</strong> um problema que po<strong>de</strong>ríamos ter evita<strong>do</strong> se tivéssemosconsciência.Um outro aspecto é <strong>de</strong>senvolver a consciência <strong>do</strong>s setores econômicos para aimportância <strong>de</strong>ssa prevenção, ou seja, a economia não é um sistema autônomo. A tendência<strong>do</strong>s economistas é pensar o sistema econômico como auto-suficiente, como se existisse semnecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos naturais, energia, sem locais para se <strong>de</strong>positar resíduos gera<strong>do</strong>s nosistema produtivo. É necessário que a economia comece a internalizar essa importância <strong>de</strong>prevenir, a antecipar os problemas da <strong>de</strong>gradação, mesmo porque isso vai gerar economia <strong>de</strong>custos. A a<strong>de</strong>quação ecológica na agricultura tem resulta<strong>do</strong>s econômicos positivos em muitoscasos. Há situações especiais on<strong>de</strong> os resulta<strong>do</strong>s não são positivos, mas não é a maioria <strong>do</strong>scasos. Então, é importante educar também para que os setores econômicos entendam aimportância <strong>de</strong> se preservar. Usufruímos a natureza por diversos motivos, tanto práticos,objetivos, instrumentais, quanto por motivos subjetivos, pelo prazer que sentimos numambiente natural, agradável. Esse trabalho com os setores econômicos é fundamental.Há ainda uma contribuição da educação ambiental na tentativa <strong>de</strong> trabalhar um pouco aconcepção mais fragmentada da realida<strong>de</strong>. Ten<strong>de</strong>mos a enten<strong>de</strong>r ‘natureza’ como uma6


da informação, ficamos preocupa<strong>do</strong>s com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguém escutar algo e sairrepetin<strong>do</strong> sem ter uma fundamentação maior. Nesse senti<strong>do</strong>, temos trabalha<strong>do</strong> principalmentenos comitês <strong>de</strong> bacia, atuan<strong>do</strong> diretamente para uniformizar a linguagem, o conhecimento daspessoas. E existe um componente ainda mais complica<strong>do</strong>: atuamos com pessoas <strong>de</strong> formaçãodiferenciada. Num curso <strong>de</strong>sses, aceitamos engenheiro, sociólogo, <strong>de</strong>ntista, advoga<strong>do</strong>, médico,gente <strong>de</strong> todas as áreas, e é uma dificulda<strong>de</strong> pois precisamos <strong>de</strong>ssa percepção <strong>do</strong> outro, <strong>de</strong>quem está receben<strong>do</strong> aquela informação e participan<strong>do</strong> <strong>de</strong>la. Utilizamos essas técnicas <strong>de</strong>educação a distância, mas promovemos, ao mesmo tempo, encontros presenciais que servemprincipalmente para a<strong>do</strong>tarmos as práticas.Temos também um curso aprova<strong>do</strong> para a bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul, <strong>do</strong> qual to<strong>do</strong>s aquipo<strong>de</strong>m participar, <strong>de</strong> capacitação e gestão <strong>de</strong> recursos hídricos. Haverá três cursos, um emcada esta<strong>do</strong>. 70% <strong>do</strong> curso serão <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s práticas, para levar realmente à qualida<strong>de</strong><strong>de</strong>ssa informação.Um aspecto importante trabalha<strong>do</strong> na bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul, incluin<strong>do</strong> a baciahidrográfica <strong>do</strong> rio Una (que pega 80% <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Taubaté), é que quan<strong>do</strong> falamos <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> da informação, tratamos não só <strong>do</strong> conhecimento, mas da experiência acumulada,<strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s na bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul. Temos procura<strong>do</strong> levar essesconhecimentos práticos e vivencia<strong>do</strong>s aos cursos.Nesta bacia hidrográfica <strong>de</strong> 476 quilômetros quadra<strong>do</strong>s, temos que enten<strong>de</strong>r o global,mas fazer atuação local, uniformizar a linguagem, conhecer o que o outro está fazen<strong>do</strong>, ver asexperiências boas que <strong>de</strong>ram certo em <strong>de</strong>terminada realida<strong>de</strong> para aplicar em outra. Oabastecimento <strong>de</strong> água <strong>de</strong> Taubaté, por exemplo, era feito totalmente a partir <strong>de</strong>sta bacia <strong>do</strong>Una (80% no município <strong>de</strong> Taubaté), e hoje praticamente só 10% da água é capta<strong>do</strong> na bacia,o restante vem to<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul, percorren<strong>do</strong> mais ou menos 25 quilômetros parachegar aqui.Temos interferi<strong>do</strong> <strong>de</strong>mais nos ciclos hidrológicos, esse é o principal problema. Precisamoster essa consciência, pois passamos por questões mínimas que vão se perpetuan<strong>do</strong>. Porexemplo, nessa bacia on<strong>de</strong> só 10% da água é captada, ocorreu um sério problema <strong>de</strong>sedimentação: Taubaté tinha um problema <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> água quan<strong>do</strong> chovia, o nível <strong>de</strong>sedimentação da água ficava muito eleva<strong>do</strong>. Mas a bacia está lá, o comitê <strong>de</strong> bacia atua,existe o plano <strong>de</strong> bacia, elegeram a <strong>do</strong> rio Una como a quarta em priorida<strong>de</strong> no Vale <strong>do</strong>Paraíba (no trecho paulista), <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> também a aplicação <strong>de</strong> recursos. E entre as metas<strong>de</strong>finidas pelo comitê estão exatamente a redução <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> sedimentação no ponto <strong>de</strong>captação e a manutenção da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> rio em classe 2, no mínimo.Muitas vezes estamos preocupa<strong>do</strong>s com essa questão <strong>de</strong> águas e florestas, masprecisamos perceber os outros la<strong>do</strong>s. To<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem procurar fazer isso: participe <strong>do</strong> comitê,porque no comitê você tem direito à fala, se alguém aparecer com um plano mirabolante vocêdiz ‘não concor<strong>do</strong>’ e encontra pessoas que te dão respal<strong>do</strong>. A participação no comitê é on<strong>de</strong> agente po<strong>de</strong> ter uma interferência mais direta.O mun<strong>do</strong> em que vivemos é econômico, mas precisamos <strong>de</strong> mais sustentabilida<strong>de</strong> nessesistema. Na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Una, 60% são áreas <strong>de</strong> pastagem, e hoje já está sefalan<strong>do</strong> em eucalipto. Hoje nós temos situações no país como a região <strong>de</strong> Gibões no Piauíon<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>smatamento e à falta <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> conservação, o problema <strong>de</strong> água é tãograve que você vê o sedimento engolir a ponte inteira, há um ano e meio via-se a beirada daponte, agora não se vê mais. Na nossa região as coisas po<strong>de</strong>m se tornar iguais. Na bacia <strong>do</strong>Una, há a sub-bacia <strong>do</strong> Itaim, que transporta 8 mil kg <strong>de</strong> sedimento por dia (é o que está naágua em suspensão, não estou nem consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o que já caiu no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> rio). Por isso,precisamos da informação em nível local.Há projetos que estão <strong>de</strong>finhan<strong>do</strong> porque não foi feita uma seleção específica das plantasque <strong>de</strong>veriam ser colocadas. Então a qualida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>fen<strong>do</strong> é a <strong>de</strong> pararmos e refletirmos,para sabermos se o que estamos fazen<strong>do</strong> é correto.Experiências nesse mesmo curso d’água <strong>do</strong> Itaim mostram o que acontece quan<strong>do</strong>alguém faz uma obra <strong>de</strong> intervenção sem conhecimento. No Itaim resolveu-se que <strong>de</strong>veriamse cortar os meandros <strong>do</strong> rio, transforman<strong>do</strong> em uma linha reta. Cortou-se o rio com 7 metrose largura e 1 m ½ <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. Três meses <strong>de</strong>pois o rio estava com 30 cm <strong>de</strong>profundida<strong>de</strong>. Esse sedimento suspen<strong>de</strong>u e um quilômetro para a frente sedimentou também.Uma simples ação <strong>de</strong>ssa é muito danosa ao sistema.8


Para saneamento, existem fontes <strong>de</strong> investimentos aos montes, e já se sabe como tratara água, basta uma <strong>de</strong>cisão política, ter o recurso e fazer o procedimento. Mas a ação <strong>de</strong>plantio das árvores nas áreas <strong>de</strong> nascentes é algo que leva tempo e que interfere emproprieda<strong>de</strong>s rurais, e na maior parte das vezes o proprietário não está aberto a isso.Entretanto, um <strong>do</strong>s mecanismos fala<strong>do</strong>s aqui (e São Paulo está <strong>de</strong> parabéns, pois estásain<strong>do</strong> na frente) é a questão <strong>do</strong> pagamento ambiental. Nas discussões sobre cobrança fe<strong>de</strong>ralfoi coloca<strong>do</strong> para o setor rural que ele não <strong>de</strong>veria pagar a água, ou <strong>de</strong>veria pagar menos.Muitas vezes um segmento da socieda<strong>de</strong> está sen<strong>do</strong> prejudica<strong>do</strong> num processo e não sabe porquê, ele não participa, é chama<strong>do</strong> e não vai. Você, com sua consciência, po<strong>de</strong> ajudar noprocesso. Para terem uma idéia, o Ceivap havia feito um cálculo <strong>de</strong> que o agricultor <strong>de</strong> arrozpecisaria pagar 300 reais por hectare por ano pelo uso da água. Mas ele não produz isso <strong>de</strong>arroz, em termos <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s financeiros. O agricultor teoricamente é um ‘produtor <strong>de</strong> água’,porque é a pessoa que precisa ter o local on<strong>de</strong> a água se infiltra. Aqui na cida<strong>de</strong> vemos tu<strong>do</strong>impermeabiliza<strong>do</strong>; nós po<strong>de</strong>mos impermeabilizar aqui e queremos a água na nossa porta, maso agricultor não po<strong>de</strong> impermeabilizar a área <strong>de</strong>le, aliás, se cortar uma única árvore já épenaliza<strong>do</strong>. A partir <strong>de</strong>ssa questão <strong>do</strong> pagamento ambiental, então, colocamos um coeficiente<strong>de</strong> pagamento agroambiental que foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> no comitê <strong>de</strong> bacia, e essa cobrança queera 300 reais acabou sain<strong>do</strong> por 4 reais.Além da escola, <strong>de</strong>sses eventos e tu<strong>do</strong> que se possa fazer em termos <strong>de</strong> projeto, ainstância principal on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos atuar são os comitês <strong>de</strong> bacia. Gostaria até <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar umasituação que ocorre aqui no Vale: estão se crian<strong>do</strong> os comitês municipais <strong>de</strong> água, algo nãoprevisto em termos <strong>de</strong> legislação, mas já há cerca <strong>de</strong> 16 comitês <strong>de</strong>sses na região, o que<strong>de</strong>monstra que a questão da conscientização ambiental está se perpetuan<strong>do</strong>, as pessoas estãose reunin<strong>do</strong> no seu local para discutir essas ações, para interferir no planejamento <strong>do</strong>município, e isso é fundamental. Esse grupo que está aqui hoje também tem essa função <strong>de</strong>interferir no sistema, pois se <strong>de</strong>ixarmos para um único governante <strong>de</strong> um município, ele diz‘quero que faça ali e acabou’, muitas vezes gasta recursos e a obra traz só malefício.Quero chamar atenção também para o aspecto das matas ciliares: precisamos plantar,proteger topos <strong>de</strong> morros, nascentes, mas temos que fazer com algum cuida<strong>do</strong>. É preciso levarem conta se é <strong>de</strong> montante para jusante, trabalhar as cabeceiras primeiro.Para encerrar, gostaria <strong>de</strong> lembrar que nem to<strong>do</strong>s os comitês têm uma câmara técnica<strong>de</strong> educação ambiental. Se você tiver participação num comitê, solicite a criação <strong>de</strong> umacâmara técnica <strong>de</strong> educação ambiental, se não houver ninguém para coor<strong>de</strong>nar essa ação,coor<strong>de</strong>ne você mesmo. Se ela já existir, participe, pois precisamos <strong>do</strong> engajamento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>snessas ativida<strong>de</strong>s.Muitas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> áreas foram feitas em cima <strong>de</strong> políticasgovernamentais, uma hora era a cana, <strong>de</strong>pois o café, agora é o eucalipto, e muitas vezes oagricultor diz ‘não tenho nada com isso, não vou fazer o que estão exigin<strong>do</strong> que eu faça’.Então vejo a questão <strong>do</strong> pagamento ambiental como uma das ferramentas para que possamosimplementar essas ações. No caso <strong>do</strong> cultivo <strong>de</strong> eucalipto, por exemplo, com sua retiradaseletiva, é possível promover a formação <strong>de</strong> um sub-bosque, e a partir <strong>de</strong> <strong>do</strong>is cultivos pararaos poucos <strong>de</strong> cultivar o eucalipto. A área adquire um perfil para proteção.Vejo que esses são <strong>de</strong>safios da educação ambiental. No site www.agro.unitau.brencontram-se as informações <strong>do</strong>s projetos da Universida<strong>de</strong>, como o <strong>de</strong> reposição florestal e o<strong>de</strong> ressocialização associa<strong>do</strong> à escola primária, além <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> especialização.Esse projeto <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> matas ciliares da Secretaria <strong>do</strong> Meio Ambiente é muitoimportante e leva tempo. Mais uma coisa com a qual <strong>de</strong>vemos nos preocupar em relação àeducação ambiental é como medir seu efeito a posteriori, se o que apren<strong>de</strong>mos num curso,num evento, se surtiu efeito. Se efetivamente, alguém que fez nosso curso está atuan<strong>do</strong> naárea e ten<strong>do</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir.Marília Tozoni-Reis – Departamento <strong>de</strong> Educação – Unesp BotucatuPalestra cancelada.9


Ondalva Serrano – Reserva da Biosfera <strong>do</strong> Cinturão Ver<strong>de</strong> (RBCV)Como to<strong>do</strong>s os mamíferos, o ser humano possui um programa animal. Mas tambémsomos humanos, com um programa da nossa espécie, com a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar, sentir,querer, tomar <strong>de</strong>cisões, criar, transformar, <strong>de</strong> interferir no meio (ora consciente, orainconscientemente). E esse é um ser da natureza, foi cria<strong>do</strong> no planeta. A capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> serhumano <strong>de</strong> criar, adquirir consciência, po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> intervenção, é enorme porque ele apreen<strong>de</strong> asimpressões <strong>do</strong> meio com os seus senti<strong>do</strong>s e vai compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> esse meio. À medida queapreen<strong>de</strong> as impressões e compreen<strong>de</strong> o seu meio, <strong>de</strong>duzin<strong>do</strong> leis e mecanismos <strong>do</strong> como éregi<strong>do</strong>, ele passa a enten<strong>de</strong>r as leis da vida no universo. Apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> os mecanismos <strong>de</strong> comoo mun<strong>do</strong> funciona, ele <strong>de</strong>senvolve a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manipular esse ecossistema em seu própriobenefício. Como causa<strong>do</strong>r individual ou como empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r, como uma instituição, umaempresa, nós seres humanos somos os responsáveis com as nossas <strong>de</strong>cisões pelos impactosque causamos no meio. Então a causa primordial <strong>do</strong>s impactos antrópicos somos nós mesmos.Somos fontes <strong>do</strong>s problemas e po<strong>de</strong>mos ser a fonte da solução. Quan<strong>do</strong> olhamos para oto<strong>do</strong> somos insignificantes, a gente não é nem visualiza<strong>do</strong> no nosso cosmos porque somosuma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> corpos humanos que juntamente com a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> corpos materiais,vegetais e animais formamos o planetinha Terra, que é uma celulazinha <strong>do</strong> nosso sistemasolar, um pontinho na Via Láctea, que é uma entre bilhões <strong>de</strong> galáxias. Então nós somosrelativamente insignificantezinhos, mas essa pequenina espécie é um vírus dana<strong>do</strong> capaz <strong>de</strong>fazer coisas terríveis em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição humana, social, ambiental, e <strong>de</strong> pôr em riscotodas as outras espécies e a sua própria.Dentro <strong>de</strong>sse cenário, também somos um vírus capaz <strong>de</strong> construir coisas lindas,maravilhosas, com tu<strong>do</strong> que já foi construí<strong>do</strong> pela espécie humana no campo da arte, dacultura, das religiões, no campo da política, da filosofia, das ciências, somos altamentecriativos. Por que então não usamos toda essa nossa potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> parasolucionar os problemas? O que nos impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> usarmos to<strong>do</strong> esse nosso rico potencial?Muitas vezes não acreditamos que somos capazes, porque o ser humano muitas vezes aonascer e crescer em ambientes sociais altamente urbaniza<strong>do</strong>s, industrializa<strong>do</strong>s (e agora 85%da população brasileira concentrada em cida<strong>de</strong>s, é um <strong>de</strong>sequilíbrio imenso, em poucasdécadas <strong>de</strong>spovoamos o interior <strong>do</strong> Brasil e nos concentramos em cida<strong>de</strong>s). Hoje nós temosuma <strong>de</strong>scentralização industrial, e estamos com gran<strong>de</strong>s bolsões <strong>de</strong> resíduos tóxicos nascida<strong>de</strong>s. E quem é que está ocupan<strong>do</strong> esses espaços altamente poluí<strong>do</strong>s? A população semterra,sem-teto, sem-emprego, sem alternativa, que está montan<strong>do</strong> suas favelas sobre essasáreas. Temos uma dinâmica altamente preocupante. E para agravar estamos num momento<strong>de</strong> globalização da economia, que gerou o agronegócio, com um cenário internacionalcomplica<strong>do</strong> <strong>de</strong> apropriação <strong>do</strong>s lucros e <strong>do</strong> setor primário para os <strong>de</strong>mais setores da economia,<strong>de</strong>ntro da linha <strong>do</strong> agronegócio. E como fica esse agricultor, essa pessoa <strong>do</strong> meio rural? É umproblema sério que temos que resolver, on<strong>de</strong> a educação é um <strong>do</strong>s elementos fundamentais,um <strong>do</strong>s pilares estratégicos. É preciso levar esse nível <strong>de</strong> consciência que já foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>até agora para essas populações rurais, levar para os empresários <strong>do</strong>s diferentes setores <strong>do</strong>próprio agronegócio para que entendam que, se nós continuarmos nesse mo<strong>de</strong>loinsustentável, vamos ter um risco gran<strong>de</strong> para a vida no planeta Terra.É no contexto <strong>de</strong>sta vida altamente urbanizada, industrializada, <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> consumoeleva<strong>do</strong> que surge o nosso gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio: como ajudar o ser humano a tomar consciência<strong>de</strong>stes riscos atuais para po<strong>de</strong>r mudar seus padrões. O primeiro problema sério: como vamosmudar nosso padrão <strong>de</strong> consumo? Já vimos as gran<strong>de</strong>s matérias publicadas em veículos <strong>do</strong>mun<strong>do</strong> inteiro sobre a poluição, os produtos químicos sintéticos que estão impregna<strong>do</strong>s nanossa vida, nos nossos alimentos, nas embalagens <strong>do</strong>s nossos alimentos, nos equipamentoseletro<strong>do</strong>mésticos que utilizamos, em toda a nossa vida urbana. Temos altas concentrações <strong>de</strong>substâncias químicas sintéticas sen<strong>do</strong> assimiladas pelo nosso organismo. Temos outroelemento importante que são isômeros <strong>de</strong> estrogênio, hormônio feminino, que é conti<strong>do</strong> nos<strong>de</strong>tergentes, nos agrotóxicos da agricultura que estão em nossos alimentos, temos umaquantida<strong>de</strong> enorme disso sen<strong>do</strong> joga<strong>do</strong> no nosso ambiente, na nossa água, e isso estácomprometen<strong>do</strong> a fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s mares <strong>do</strong> nosso planeta, e <strong>do</strong>s homens. Mulheres, nãofiquem animadas! Não é só com o homem, como é que o ser humano vai se multiplicar se nãotemos machos férteis? Só estoque <strong>de</strong> sêmen não vai resolver.10


É importante que prestemos atenção no que esse mo<strong>de</strong>lo foca<strong>do</strong> nos ganhos imediatosestá provocan<strong>do</strong>. A sustentabilida<strong>de</strong> tem muitos aspectos, temos que ver <strong>do</strong> ponto econômico,cultural, social, ambiental, política, <strong>do</strong> gerencial... Não po<strong>de</strong>mos olhar a sustentabilida<strong>de</strong> porum único ângulo. No processo <strong>de</strong> educação ambiental, temos que começar conhecen<strong>do</strong> umpouco mais o que é este ser humano, animal e até arrisco a dizer divino, pela sua capacida<strong>de</strong>criativa <strong>de</strong> se sintonizar em diferentes instâncias <strong>de</strong>sta realida<strong>de</strong> tão complexa em quevivemos. Temos <strong>de</strong> perceber que nós, seres humanos, temos uma gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>, acapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e conhecer o mun<strong>do</strong>, e isto in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> sexo, da cor da pele, daraça, <strong>do</strong> status, cada ser humano que surge no planeta tem esse programa <strong>de</strong> ser humano,tem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si um gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> ser realiza<strong>do</strong>r, <strong>de</strong> ser cientista, <strong>de</strong> ser um ser dafilosofia, um ser empresarial, tem inteligências múltiplas, tem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvertodas as múltiplas inteligências, não só a lógica, a matemática, mas também a lingüística, amusical, a intuitiva, a emocional, educativa, interpessoal, um gran<strong>de</strong> potencial.Só que o que falta para nós seres humanos é oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vivenciarmos e<strong>de</strong>senvolvermos esta potencialida<strong>de</strong>, e isto sim é conseqüência <strong>do</strong> nosso mo<strong>de</strong>lo econômico esocial, que cria mecanismos <strong>de</strong> apropriação <strong>do</strong> que é <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s para apenas alguns. Os recursosnaturais são <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os seres vivos <strong>do</strong> planeta. Na nossa organização social a gente permitiuque alguns se apropriassem mais <strong>de</strong>sses recursos e empreen<strong>de</strong>ssem usan<strong>do</strong> esses recursos.Então essas empresas, esses empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res, usam os recursos que são <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, sebeneficiam, mas acabam partilhan<strong>do</strong> os usos e os impactos <strong>do</strong> uso <strong>de</strong>sses recursos com to<strong>do</strong>mun<strong>do</strong>. Ai a importância <strong>do</strong> que se falou aqui, partilhar os benefícios e os custos e não fazercomo se faz. Temos que rever esse mo<strong>de</strong>lo, essa forma <strong>de</strong> a gente trabalhar.Outro valor fundamental: nós temos <strong>de</strong> reconhecer o valor que temos como ser potencial<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s realizações, que po<strong>de</strong> construir e <strong>de</strong>struir, a diferença da nossa ação estaráexatamente no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> níveis maiores <strong>de</strong> consciência, da consciência da gentecomo ser humano potencial, que pertence a uma espécie. Se não assumirmos essa ligaçãocom a nossa espécie e não nos sentirmos co-responsáveis por sua sobrevivência, não vamoster muita continuida<strong>de</strong> no planeta. Precisamos ter responsabilida<strong>de</strong> pelos recursos que são <strong>de</strong>to<strong>do</strong>s nós, temos <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a conhecer as leis e mecanismos que regem essa natureza,esses ecossistemas, não só no global, mas no local, precisamos saber on<strong>de</strong> intervir, como eem que momento. Então o conhecimento é fundamental. E só um <strong>de</strong>talhe, apren<strong>de</strong>r, terconhecimento é maravilhoso. E o que vemos nas nossas escolas? Professoras dão comocastigo para as crianças fazer lição. Minha filha chorava quan<strong>do</strong> era pequena: “mãe por quedão castigo pra gente para fazer uma coisa tão gostosa que é apren<strong>de</strong>r e estudar?” Nossosvalores estão inverti<strong>do</strong>s.Temos que fazer um balanço muito profun<strong>do</strong> <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> isso, resgatar nosso valor, nossacapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r e realizar, conhecer os mecanismos <strong>de</strong>ssa nossa natureza pra quea gente possa com esses conhecimentos, <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, intervir <strong>de</strong> forma responsável ea<strong>de</strong>quada. Eu estou aqui em nome da Reserva da Biosfera <strong>do</strong> Cinturão Ver<strong>de</strong> da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo, é uma das sete reservas <strong>do</strong> Brasil, uma pequena <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma maior que é a Reservada Biosfera da Mata Atlântica, envolve a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, mais 72 municípios <strong>do</strong> seuentorno. É a única que nós temos com essa complexida<strong>de</strong>, a gran<strong>de</strong> metrópole brasileira comseu cinturão ver<strong>de</strong>, que está sen<strong>do</strong> corroí<strong>do</strong> rapidamente. A responsabilida<strong>de</strong> que temos<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse complexo é muito gran<strong>de</strong>, porque a <strong>de</strong>struição que ocorre aqui é muito rápida, eo que conseguirmos fazer <strong>de</strong> transformações das ações antrópicas po<strong>de</strong> reverter eminformações <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia para expandir para outras regiões.Dentro da Reserva <strong>do</strong> Cinturão Ver<strong>de</strong> temos um programa <strong>de</strong> jovens que trabalha asquestões da inclusão ou integração social e meio ambiente. A nossa preocupação em trabalharcom jovens das escolas públicas <strong>de</strong> nível médio <strong>de</strong>ssas regiões é exatamente como ajudar osjovens que ainda não foram corroí<strong>do</strong>s por uma série <strong>de</strong> condicionamentos <strong>do</strong>s adultos. Quan<strong>do</strong>você é adulto, maduro, responsável, você encontra com uma série <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong>condicionamento.O jovem que ainda não entrou no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho tem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perceberque po<strong>de</strong> construir em si um perfil eco-profissional, ou seja, um ser humano profissional comconsciência humana, social e ambiental, que se sente co-responsável. Ele vai construir esseperfil em cima <strong>do</strong>s seus <strong>do</strong>ns, vocações, habilida<strong>de</strong>s. Quer coisa mais gostosa <strong>do</strong> que trabalharnaquilo que dá prazer, que faz bem feito, naquilo que sai naturalmente? Você vai ganharsustentabilida<strong>de</strong> econômica para fazer aquilo que é você, aquilo que sabe fazer. O eco-11


profissional é o indivíduo que acaba construin<strong>do</strong> não só consciência, mas tambémcompromisso. Isso é uma das coisas importantes hoje, o compromisso com o meio ambiental,social.Gostaria ainda <strong>de</strong> chamar atenção para outro aspecto importantíssimo <strong>de</strong>sse processo:muitas vezes a gente não tem consciência <strong>de</strong> como se dá a construção <strong>do</strong> nosso corpo, <strong>do</strong>nosso conhecimento. Convi<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s a trabalhar arduamente para percebermos essesprocessos. Ninguém se forma sozinho, to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> se forma no convívio e interação no seumeio. To<strong>do</strong>s os corpos que existem no planeta captam, processam e expressam energias. Osseres vivos captam sóli<strong>do</strong>s, líqui<strong>do</strong>s e gasosos, processam, metabolizam, constroem seuscorpos e excretam o que não precisam, e nessa inter<strong>de</strong>pendência, nessas ca<strong>de</strong>ias, nessasligações, uns precisam <strong>do</strong>s outros, então <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma visão transdisciplinar, dacompreensão <strong>de</strong> nós seres humanos, trabalhamos esses três movimentos básicos: eu meformo dialogan<strong>do</strong> comigo, com meu pensamento, meu sentimento, minha vonta<strong>de</strong>, meu corpo,me conheço. Se eu dialogo com o outro, se eu troco, interajo, eu conheço o outro, quantomais eu me conheço, mais fácil fica <strong>de</strong> conhecer o outro e vice-versa; assim, vou construin<strong>do</strong>esse hetero-conhecimento, to<strong>do</strong>s precisamos <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s.E há um terceiro movimento, a eco-formação, nós precisamos <strong>do</strong> convívio com anatureza. Qual o indivíduo que po<strong>de</strong> viver sem ar puro, sem água potável, sem nutrientes, nãoos produtos altamente processa<strong>do</strong>s e industrializa<strong>do</strong>s que já não têm vitaminas, nem enzimas,nem sais minerais, mas os alimentos in natura que efetivamente nutrem nossas células e dãovida a nossos corpos. Quem consegue viver sem afeto? Afetivida<strong>de</strong>, amor... Precisamos nosalimentar e excretar, é da vida, e o que excremento <strong>de</strong> um po<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> alimento para ooutro. Nós temos que enten<strong>de</strong>r essas regras para respeitar a biodiversida<strong>de</strong>.Dentro <strong>de</strong>ssa ótica, não basta só conhecermos o ambiente natural para saber intervirnele, nós precisamos conhecer nosso ambiente social, e hoje vivemos o problema sério <strong>de</strong> nosacomodarmos ao mo<strong>de</strong>lo que está aí, aceitamos os padrões, aceitamos o mecanismo eestamos ten<strong>do</strong> pouca possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudança e transformação. Um <strong>de</strong>talhe que me chamaatenção, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> mecanismo <strong>do</strong> consumismo: temos uma moda para as garotas, da“barriguinha <strong>de</strong> fora”, que é um prazer olhar, só que ninguém pára para pensar no dano àsaú<strong>de</strong> das meninas que usam a cintura <strong>de</strong>sprotegida no inverno, o frio no individuo <strong>do</strong> sexofeminino é prejudicial nesta região, então é o dano à saú<strong>de</strong> em função da moda. Nossaspinturas, nossa maquiagem, quantos metais pesa<strong>do</strong>s, ou chumbo no nosso batom para po<strong>de</strong>rfixar? Nós <strong>de</strong>sconhecemos os riscos <strong>do</strong>s produtos químico-sintéticos, processa<strong>do</strong>s naalimentação, na maquiagem. Precisamos conhecer as leis, mecanismos da nossa organizaçãosocial, os joguinhos <strong>de</strong> que participamos, os riscos que eles acarretam... Os problemas sãomuito gran<strong>de</strong>s.Mas o ser humano é capaz <strong>de</strong> se comunicar, expressar, se unir, <strong>de</strong> formar re<strong>de</strong>s. E estáaí a gran<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>, Muita gente está fazen<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s coisas, mas não aparece, to<strong>do</strong>mun<strong>do</strong> está fazen<strong>do</strong> alguma coisa. Temos a socieda<strong>de</strong> civil organizada fazen<strong>do</strong> coisas,empresários conscientes queren<strong>do</strong> mudar essa situação, universida<strong>de</strong>s lutan<strong>do</strong> para criarinformações corretas. Dentro <strong>de</strong>sse caos, to<strong>do</strong> tem muita coisa sen<strong>do</strong> feita, o que precisamosagora é nos unir, i<strong>de</strong>ntificar essas ações, nos conectar, não só virtualmente, maspresencialmente, porque nosso processo <strong>de</strong> mudança e transformação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das vivências,se não vivermos a prática <strong>de</strong> ética, <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> compromisso <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong> compromissocom a verda<strong>de</strong>, não vamos po<strong>de</strong>r mudar. Porque o ser humano hoje vive condicionamentos <strong>de</strong><strong>de</strong>pendência, <strong>de</strong> obediência, <strong>de</strong> omissão, e precisamos reverter, precisamos <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>resresponsáveis, <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res responsáveis com o eco-empreendimento, precisamostrabalhar o eco-merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho.Po<strong>de</strong>mos criar merca<strong>do</strong>s paralelos responsáveis, temos vários merca<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> economiaformal e informal, temos po<strong>de</strong>r político legal e ilegal, se pu<strong>de</strong>mos construir esses paralelos<strong>de</strong>ntro da ilegalida<strong>de</strong>, por que não po<strong>de</strong>mos construir um paralelo consciente? Então convocoto<strong>do</strong>s a conhecermos mais a nós mesmos, conhecermos o outro, e percebermos que nossasdiferenças são nossas gran<strong>de</strong>s riquezas, se fossemos to<strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>linhos iguais, o que faríamos?As nossas diferenças <strong>de</strong> potencial, <strong>de</strong> expressão, fazem nossa riqueza. Então, mãos à obra,vamos nos conhecer, conhecer nossa socieda<strong>de</strong>, nossa natureza e apren<strong>de</strong>r a interagir comela.12


- MESA-REDONDA 2 –RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS NO ESTADO DE SÃO PAULOComposição da mesa‣ Helena Carrascosa – DPP/SMA‣ Demóstenes Barbosa Silva – AES/Tietê‣ Fernan<strong>do</strong> Veiga – The Nature Conservancy‣ Edilaine Dick - Apremavi‣ Waldir Mantovani – Escola <strong>de</strong> Artes, Ciências e Humanida<strong>de</strong>s - USP‣ Walter <strong>de</strong> Paula Lima – Esalq/USPHelena Carrascosa – DPP/SMAVamos falar aqui sobre diversos aspectos <strong>do</strong> tema “Recuperação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas noesta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo”. Temos contribuições da universida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> ONGs e <strong>de</strong> uma empresaprivada. A partir disso acabaremos ten<strong>do</strong> a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer experiências e conceitos.Passo logo a palavra ao Demóstenes, que vai nos contar sobre o projeto da empresa AESTietê.Demóstenes Barbosa Silva – AES/TietêTrouxemos uma experiência que estamos construin<strong>do</strong> no vale <strong>do</strong> rio Tietê, relacionada aoesforço <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> reflorestamento <strong>de</strong> matas ciliares que foram <strong>de</strong>gradadas no passa<strong>do</strong>,assim como <strong>de</strong> outras áreas propícias para matas ciliares que se formaram a partir daconstrução <strong>de</strong> reservatórios para as hidrelétricas no Tietê.Este tema é <strong>de</strong> crucial importância no Brasil e no mun<strong>do</strong>, reflorestar é uma das açõesrecomendadas pelos cientistas para que a gente contenha e talvez reverta o processo <strong>de</strong>aquecimento global pela emissão e concentração <strong>de</strong> gases <strong>do</strong> efeito estufa. E o Brasil temesta<strong>do</strong> nas manchetes <strong>do</strong>s jornais <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>, pelo processo intenso <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong>suas florestas. Sabemos que as florestas têm um papel fundamental para o <strong>de</strong>senvolvimentosustentável. Um <strong>de</strong>sses papéis, razão pela qual os cientistas recomendam que lancemosprogramas muito vigorosos <strong>de</strong> reflorestamento é, obviamente, o fato <strong>de</strong> o crescimento dasárvores remover carbono da atmosfera, uma ação contrária àquela que causou o aquecimentoglobal até hoje, que é o lançamento <strong>de</strong> gases que provocam o efeito estufa, entre os quais, oCO2 (que respon<strong>de</strong> por 80% <strong>do</strong> efeito <strong>do</strong> aquecimento global).A Amazônia está na manchete internacional e o <strong>de</strong>smatamento é o problema – pelaredução da área florestada e pelas queimadas para ce<strong>de</strong>r espaço à agropecuária. De formacontrária, o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo está na vanguarda <strong>do</strong>s movimentos no Brasil. Aplau<strong>do</strong> ogoverno <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> por ter baixa<strong>do</strong> um <strong>de</strong>creto estabelecen<strong>do</strong> que só aceitará o uso <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iracertificada; isso po<strong>de</strong> contribuir sobremaneira para reduzir esse processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento.Apesar <strong>de</strong>sta manchete negativa relativa ao Brasil, po<strong>de</strong>mos fazer algo diferente. Tenhocerteza que algumas ONGs também têm programas belíssimos <strong>de</strong> regeneração <strong>de</strong> áreasflorestais e precisamos protagonizar uma ação regenera<strong>do</strong>ra no Brasil. Estamos numa era emque regenerar sistemas físicos, ecossistemas (gran<strong>de</strong>s e importantes bases <strong>do</strong> equilíbrioambiental), é muito importante. Estamos numa era <strong>de</strong> regeneração.Só para lembrar, em 1992, no Brasil, criou-se a Convenção Global <strong>de</strong> MudançasClimáticas e <strong>de</strong>la se originou o Protocolo <strong>de</strong> Kyoto. Foi uma proposta apresentada porbrasileiros que resultou no mecanismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento limpo (MDL), o merca<strong>do</strong> que po<strong>de</strong>trazer recursos <strong>do</strong> hemisfério norte para regenerar áreas no hemisfério sul, com o13


eflorestamento. Só que para isso é necessária uma meto<strong>do</strong>logia aprovada internacionalmente.Esse é o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio que estamos enfrentan<strong>do</strong>.Na AES estamos atentos a esse problema, pois operamos <strong>de</strong>z usinas hidrelétricas noesta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, e algumas outras tantas pequenas centrais hidrelétricas também no Rio<strong>de</strong> Janeiro e Minas Gerais. Como temos uma vasta área no entorno <strong>de</strong>sses reservatórios, sónas usinas <strong>do</strong> Tietê e rio Gran<strong>de</strong>, são 5.700 quilômetros lineares <strong>de</strong> margem <strong>de</strong> reservatório. Esabemos o quanto é importante reflorestar essas áreas para proteger os mananciais, asnascentes, o vale <strong>do</strong> Tietê e até <strong>de</strong>spoluir o rio – pois é impressionante como a água saicontaminada e suja da Marginal e quan<strong>do</strong> estamos em Nova Avanhandava, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> váriosmovimentos e oxigenações, a água já está bem melhor. Sabemos que se protegermos asnascentes, teremos um resulta<strong>do</strong> muito melhor com <strong>de</strong>sassoreamento, remoção <strong>de</strong> carbono daatmosfera, além <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rmos criar corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>, recuperan<strong>do</strong> uma área on<strong>de</strong>a fauna nativa po<strong>de</strong>ria se regenerar também.Esse benefício da regeneração sempre foi espera<strong>do</strong>. A lei no Brasil protege as áreas <strong>de</strong>preservação permanente (APP) e dita que qualquer proprietário <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> área <strong>de</strong>veprotegê-la para que a natureza a regenere. No Tietê, após 37 anos em média, que é a ida<strong>de</strong>média das usinas, nunca ocorreu uma regeneração natural. Infelizmente, a natureza nãoconseguiu retornar. Por isso queremos ajudar a natureza, aceleran<strong>do</strong> esse processo.Queremos, em colaboração com o governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, fazer um gran<strong>de</strong> reflorestamento novale <strong>do</strong> Tietê e interconectar essa área a ser reflorestada - em torno <strong>de</strong> 10 mil hectares – comáreas que possam ser reflorestadas em pontos <strong>de</strong> interesse, em matas ciliares. Com isso,aumentamos a área reflorestada no esta<strong>do</strong> e contribuímos para a recuperação dabiodiversida<strong>de</strong>. Realizamos o plantio e sabemos que não conseguimos nem <strong>de</strong> perto reproduziro que a natureza faria, mas conseguimos trabalhar com uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> árvores <strong>de</strong>espécies nativas que vai <strong>de</strong> 80 até 126 espécies distintas da região. É um gran<strong>de</strong> trabalho,complexo e caro, inclusive. Propomos essa aceleração, e analisamos como estamos fazen<strong>do</strong>em relação à ação esperada da natureza. Formulamos um projeto, caro, como disse e que nãodá lucro (pois não há receita associada ao ato <strong>de</strong> reflorestar), cujos benefícios são concretos,embora não convencionalmente trata<strong>do</strong>s em <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> investimento. Provavelmente nofuturo teremos processos <strong>de</strong>cisórios que vão tratar <strong>de</strong> sistematizar esses benefícios além dareceita monetária que se possa aferir. Por isso, é muito importante alavancarmos benefíciospela regeneração <strong>de</strong>ssas matas que ainda não estão claramente <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s pelas empresas.Reflorestar contribui para a sustentabilida<strong>de</strong>, inclusive na geração <strong>de</strong> energia, masvamos dar um foco na questão da remoção <strong>de</strong> carbono da atmosfera, mais relaciona<strong>do</strong> aotema <strong>de</strong>ssa discussão. O projeto está localiza<strong>do</strong> ao longo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o Tietê e também na usina<strong>de</strong> Água Vermelha, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, no rio Gran<strong>de</strong>. Cinco usinas terãoseus reservatórios incluí<strong>do</strong>s nesse projeto. E ao to<strong>do</strong> preten<strong>de</strong>mos reflorestar 8.294 hectares,entretanto já temos 1.250 hectares refloresta<strong>do</strong>s nos últimos quatro anos. Esta área po<strong>de</strong>receber o apoio <strong>do</strong> MDL, <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono. Preten<strong>de</strong>mos apresentar imediatamente umprojeto antecipa<strong>do</strong> com respeito à área já plantada, enquanto aguardamos que o merca<strong>do</strong> seestabilize para fazer frente às <strong>de</strong>mais.In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente disso, nosso programa não pára, vamos em frente <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> nossoorçamento, e se vierem os créditos, vamos acelerar isso e plantar em 3, 4 anos. Sabemos quehá limitações físicas, a falta <strong>de</strong> uma indústria <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> espécies nativas que possarespon<strong>de</strong>r a uma <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> reflorestamento <strong>de</strong> nível eleva<strong>do</strong> em curto prazo. Não temosempresas que possam implementar o plantio se formos concentrar numa área plantada emcurto prazo. Mas vamos vencer esses <strong>de</strong>safios porque já temos uma infra-estrutura montadapara isso.Como <strong>de</strong> fato calculamos o carbono que as árvores removem da atmosfera?Basicamente, calculamos o carbono fixa<strong>do</strong> pelo crescimento das árvores a partir <strong>de</strong> cincoestoques reconheci<strong>do</strong>s internacionalmente, que efetivamente acumulam carbono: a biomassaacima <strong>do</strong> solo, ou seja o tronco e os galhos; a biomassa abaixo <strong>do</strong> solo, viva, as raízes; temoso próprio solo, pois quanto mais matéria orgânica o solo tem, mais carbono está acumula<strong>do</strong>;há também a serrapilheira, matéria orgânica morta que acaba se <strong>de</strong>positan<strong>do</strong> na superfície <strong>do</strong>solo; e temos que consi<strong>de</strong>rar o uso <strong>de</strong> fertilizantes químicos nitrogena<strong>do</strong>s, com os quais muitoprovavelmente estaremos interferin<strong>do</strong> neste processo, liberan<strong>do</strong> carbono pela própria reaçãoquímica pela incorporação <strong>do</strong> fertilizante.14


Com isso, tratamos <strong>de</strong> calcular matematicamente o acúmulo <strong>de</strong> carbono com equaçõesque têm da<strong>do</strong> um trabalhão para serem construídas e discutidas. Mas os <strong>do</strong>is principaisrepositórios ou estoques <strong>de</strong> carbono calcula<strong>do</strong>s hoje são a biomassa acima e abaixo <strong>do</strong> solo:cerca <strong>de</strong> 80% da biomassa <strong>do</strong> carbono removi<strong>do</strong> está acima <strong>do</strong> solo e 20% abaixo. Esta é aequação essencial usada para calcular cada um <strong>de</strong>sses estoques, é basicamente um somatórioque consi<strong>de</strong>ra todas as áreas <strong>de</strong>finidas para o cálculo, ao longo <strong>do</strong> tempo previsto, com avariável representan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carbono que se consegue remover (essas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>ssão convencionadas pelo Painel Intergovernamental <strong>de</strong> Mudanças Climáticas, o IPCC).Calculamos inicialmente, em carbono molecular, a razão entre o peso da molécula <strong>de</strong>carbono e <strong>de</strong> CO2, para converter a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carbono em quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> CO2 equivalenteque estaríamos removen<strong>do</strong>. Só para se ter uma idéia <strong>de</strong>sse número: na área <strong>de</strong> 1.256hectares que já plantamos e estamos monitoran<strong>do</strong>, ao longo <strong>de</strong> 30 anos <strong>de</strong>ve se acumular 478mil toneladas <strong>de</strong> CO2 equivalente. Não sabemos quanto custa, quanto vale isso, temos umaoferta firme <strong>do</strong> Banco Mundial, em torno <strong>de</strong> 4 dólares por tonelada, o que dá 1,7 milhão <strong>de</strong>dólares. Mas dizem que as evidências <strong>do</strong>s fenômenos climáticos estão pesan<strong>do</strong> tanto naopinião <strong>de</strong> governantes da socieda<strong>de</strong> planetária, que esse preço <strong>de</strong>ve subir muito nos anos <strong>de</strong>2008 a 2012, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> chegar a algo em torno <strong>de</strong> 30 a 40 euros por tonelada. Se tivermospelo menos 15 dólares por tonelada, isso daria para viabilizar o plantio <strong>de</strong> extensas áreas echegar a uma regeneração vigorosa.Na Tietê herdamos da CESP um bom começo para fazer o plantio, agora estamosaprimoran<strong>do</strong> esse processo. Estamos pensan<strong>do</strong> inclusive em recolocar um convênio com aEsalq para apren<strong>de</strong>rmos agora não só plantar uma floresta, mas a plantar com o objetivo daremoção <strong>de</strong> CO2.Basicamente, começamos pela coleta <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> espécies nativas em fragmentos <strong>de</strong>florestas existentes, que são poucos, tratamos as sementes e fazemos uma triagem genética.A seguir, vem a semeadura direta e indireta, irrigamos, robustecemos as mudas, fazemos aseleção. Temos um viveiro que produz um milhão <strong>de</strong> mudas/ano, em Promissão. Trabalhamoscom entre 100 e 126 espécies diferentes e preten<strong>de</strong>mos plantar em torno <strong>de</strong> 16 milhões <strong>de</strong>mudas <strong>de</strong> espécies nativas nesse projeto.Depois <strong>de</strong> selecionadas as mudas, há a topografia, a marcação da área, consi<strong>de</strong>rada APP.Infelizmente, temos que fazer o cercamento da muda, que é o item mais caro <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>plantio, para protegê-las. Fazemos a roçada e um controle químico <strong>de</strong> ervas agressoras, quepo<strong>de</strong>riam impedir o crescimento no primeiro ano. Depois disso, fazemos as covas, levamos asmudas, coletamos, plantamos e irrigamos. No primeiro e segun<strong>do</strong> anos fazemos a roçada, ocontrole <strong>de</strong> formigas e <strong>de</strong> ervas agressoras.O resulta<strong>do</strong> é uma faixa <strong>de</strong> floresta <strong>de</strong> em torno <strong>de</strong> 30 a 40 metros <strong>de</strong> largura <strong>de</strong>proprieda<strong>de</strong> da Tietê. Gostaríamos muito que nossos vizinhos proprietários das áreas contíguastambém pu<strong>de</strong>ssem a<strong>de</strong>rir, pois a lei no Brasil estabelece que a APP é <strong>de</strong> cem metros. Somosproprietários da primeira faixa <strong>de</strong> entorno <strong>de</strong> 30 metros em média, e se nossos vizinhosa<strong>de</strong>rirem, teremos uma faixa <strong>de</strong> floresta bem maior.Preten<strong>de</strong>mos remover em torno <strong>de</strong> 3,4 milhões <strong>de</strong> toneladas naquela área <strong>de</strong> 8.900hectares. Se no futuro, o preço <strong>do</strong> carbono for em torno <strong>de</strong> 10 a 15 dólares, serão 45 milhões<strong>de</strong> dólares: o quanto po<strong>de</strong>ríamos trazer para o Brasil para plantar essas árvores.Essa meto<strong>do</strong>logia que <strong>de</strong>senvolvemos e propusemos para a junta executiva <strong>do</strong> MDL estábaseada em três pilares: transparência, conserva<strong>do</strong>rismo no cálculo e replicabilida<strong>de</strong>. Ninguémpo<strong>de</strong> acreditar num calculo que não seja explicitamente transparente, ou seja, que nãopermita a qualquer pessoa reproduzir a meto<strong>do</strong>logia em qualquer lugar <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Tem queser conserva<strong>do</strong>r, ou seja, 3,4 milhões é o que estamos calculan<strong>do</strong>, mas na hora <strong>de</strong> medir,provavelmente vamos encontrar mais carbono lá. E replicabilida<strong>de</strong>, ou seja, essa meto<strong>do</strong>logia<strong>de</strong>verá ser passível <strong>de</strong> ser repetida em outras matas ciliares, no Brasil e em qualquer outrolugar <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Obviamente precisaremos <strong>de</strong> parâmetros ajusta<strong>do</strong>s em função da realida<strong>de</strong>geográfica, física, biológica e botânica.Só gostaria <strong>de</strong> observar que existem muitos <strong>de</strong>safios. Formulamos um projeto quepassou um ano sen<strong>do</strong> discuti<strong>do</strong> com o grupo <strong>de</strong> trabalho responsável por analisar as propostasque vão para diversas partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. São pessoas normalmente indicadas pelos governos<strong>do</strong>s países signatários da Convenção <strong>do</strong> Clima, e temos enfrenta<strong>do</strong> uma barreira muito gran<strong>de</strong>para tentar fazer enten<strong>de</strong>r às pessoas lá fora o que ocorre em áreas tropicais, como no Brasil.15


Temos ti<strong>do</strong> apoio no Brasil <strong>de</strong> diversas entida<strong>de</strong>s, <strong>do</strong> governo estadual, <strong>do</strong> fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong> ONGs,há uma gran<strong>de</strong> expectativa criada. Temos fé que vamos conseguir chegar ao fim, e quan<strong>do</strong>isso acontecer, o melhor que po<strong>de</strong>remos ter <strong>de</strong> compensação para esse esforço to<strong>do</strong> (que nãoé só da AES, mas <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s que contribuem) será ter essa meto<strong>do</strong>logia sen<strong>do</strong> largamenteaplicada no Brasil para apoiar projetos <strong>de</strong> reflorestamento. Incentivamos to<strong>do</strong>s aqui apensarem na importância <strong>do</strong> reflorestamento com nativas sobre a importância da regeneraçãodas nossas matas.Fernan<strong>do</strong> Veiga – The Nature ConservancyPara nós é muito importante estar aqui, pois temos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> trabalhos com aSecretaria <strong>de</strong> Meio Ambiente e com outros atores importantes no esta<strong>do</strong>, enfocan<strong>do</strong> a bacia <strong>do</strong>Paraíba <strong>do</strong> Sul. Fico muito feliz em ver a evolução <strong>de</strong>sse tema floresta e água com um eventoque relaciona os <strong>do</strong>is nomes, mostran<strong>do</strong> que <strong>de</strong> fato essa idéia vem toman<strong>do</strong> corpo. Estamosacompanhan<strong>do</strong> com interesse a iniciativa da AES Tietê, fazen<strong>do</strong> parte da torcida que quer ameto<strong>do</strong>logia aprovada, porque também enten<strong>de</strong>mos que é um abri<strong>do</strong>r <strong>de</strong> porteiras para to<strong>do</strong>sos projetos, inclusive os nossos, que preten<strong>de</strong>m usar o carbono como uma ferramenta <strong>de</strong>restauração florestal.Vou falar <strong>do</strong> nosso projeto <strong>de</strong> restauração em larga escala da floresta atlântica, além <strong>de</strong>sua relação com o tema floresta e água. A The Nature Conservancy é uma organização nãogovernamentalfundada em 1951 nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Atuamos em 28 paises, e estamos<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final da década <strong>de</strong> 1980 no Brasil, com a visão <strong>de</strong> contribuir para a proteção <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>s áreas no mun<strong>do</strong>. O mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalhar é em parceria com organizações nacionais,tanto governamentais quanto ONGs, exatamente buscan<strong>do</strong> este alcance maior. Eparticularmente <strong>de</strong> uns anos para cá, nosso foco está na busca <strong>de</strong> instrumentos econômicosque possam viabilizar tanto a restauração quanto a conservação <strong>de</strong> florestas, através <strong>de</strong>políticas públicas que possam alavancar e replicar ações para conservação.Na América <strong>do</strong> Sul estamos dividi<strong>do</strong>s em 5 regiões - <strong>Floresta</strong> Atlântica, Cerra<strong>do</strong>s /Caatinga / Chaco, Amazônia, An<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Norte e An<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Sul. Faço parte <strong>do</strong> escritório da<strong>Floresta</strong> Atlântica, localiza<strong>do</strong> em Curitiba, e <strong>de</strong>senvolvemos projetos <strong>de</strong> Santa Catarina aoNor<strong>de</strong>ste. Temos a meta <strong>de</strong> trabalhar em parceria com outros órgãos, buscan<strong>do</strong> a proteçãoefetiva <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong> cada principal bioma no mun<strong>do</strong>. Não é um número mágico, mas um númeromínimo que teríamos <strong>de</strong> buscar para a conservação da biodiversida<strong>de</strong> no mun<strong>do</strong>, comhorizonte em 2015. É com essa meta que trabalhamos em cada escritório, com parceirosnacionais, estaduais, municípios e ONGs locais, buscan<strong>do</strong> a conservação <strong>de</strong> 10% da florestaatlântica, o que não é pouco se pensarmos o que já está aberto.A floresta atlântica conta com 122 milhões <strong>de</strong> hectares, cobrin<strong>do</strong> parte <strong>do</strong> Paraguai,Uruguai e Argentina, e os da<strong>do</strong>s da SOS Mata Atlântica e <strong>do</strong> INPE mostram 7% <strong>de</strong>remanescentes altamente fragmenta<strong>do</strong>s, com alguma concentração no sul <strong>de</strong> São Paulo enorte <strong>do</strong> Paraná, além da ponta da Argentina. A floresta está muito fragmentada e,basicamente, na mão <strong>de</strong> proprietários priva<strong>do</strong>s, o que nos faz buscar estratégias <strong>de</strong>conservação em terras privadas, ou seja, instrumentos priva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> conservação. E dada asituação <strong>de</strong>sses remanescentes, a restauração das áreas <strong>de</strong>gradadas para restabelecer asfunções <strong>de</strong> ecossistemas e os corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> é fundamental, com instrumentoscomo os relativos ao carbono e à gestão da água, que possam viabilizar a recuperação,Assim, o objetivo que estamos buscan<strong>do</strong> é a restauração <strong>de</strong> pelo menos um milhão <strong>de</strong>hectares nos próximos anos. E para isso temos <strong>de</strong>safios: se os remanescentes estão em mãos<strong>de</strong> proprietários priva<strong>do</strong>s, o principal <strong>de</strong>safio é como engajar os produtores rurais nesse tema,como trazê-los para isso, pois em geral não estão mobiliza<strong>do</strong>s e convenci<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssanecessida<strong>de</strong>. Por isso, tanta importância para o incentivo econômico que possa trazê-los.Outros pontos fundamentais são o alto custo <strong>de</strong> plantio – um gargalo sério que temos <strong>de</strong>trabalhar para tentar reduzir –, como estabelecer as parcerias necessárias e, finalmente, como<strong>de</strong>senvolver e aprimorar esses novos merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> serviços ambientais que vêm surgin<strong>do</strong>.Dividimos esses serviços grosseiramente em três gran<strong>de</strong>s merca<strong>do</strong>s: carbono, água ebiodiversida<strong>de</strong>. O <strong>de</strong>safio, que não é pequeno, mas que vem sen<strong>do</strong> discuti<strong>do</strong> em várias partes16


<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e toman<strong>do</strong> corpo, é que esses serviços possam gerar valor através das áreasrestauradas e em processo <strong>de</strong> recuperação.Em relação à participação <strong>de</strong> produtores, temos alguns mecanismos. Por exemplo: cadavez mais se exige o licenciamento ambiental em vários esta<strong>do</strong>s da floresta atlântica. Emalgumas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crédito, há um crescente movimento <strong>do</strong>s presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> crédito, osbancos, relativamente às APPs. Há cada vez mais pressão <strong>do</strong>s compra<strong>do</strong>res pela certificação,para que esses processos se estabeleçam na indústria florestal, na <strong>de</strong> soja, <strong>do</strong>s orgânicos, eaté em processos como o da cana. O novo ‘boom’ <strong>de</strong> cana no país certamente vai exigir umprocesso <strong>de</strong> certificação. É um fator importante <strong>de</strong> pressão, <strong>de</strong> convencimento <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong>vista econômico, convidar os produtores a se a<strong>de</strong>quar <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> reserva legal eAPP.Temos vários programas ‘dispostos’ a participar com parte <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> recuperação. E háessa luta pelo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> incentivos econômicos, para que a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> umamaneira global, no caso <strong>de</strong> carbono, ou regional, no caso <strong>de</strong> água, possa pagar uma parte<strong>de</strong>ssa conta ou estimular o produtor a participar <strong>de</strong> maneira mais ativa. Há ainda outrosincentivos econômicos que po<strong>de</strong>mos citar, como o crédito diferencia<strong>do</strong>.Várias iniciativas governamentais, estaduais e nacionais, como esse programa <strong>de</strong>recuperação <strong>de</strong> matas ciliares da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Meio Ambiente, merecem <strong>de</strong>staque.A percepção crescente <strong>do</strong> Código <strong>Floresta</strong>l, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong> diversos financia<strong>do</strong>res, e a questão<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> serviços ambientais como instrumentos econômicos têmcontribuí<strong>do</strong>.Sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços ambientais, em que há chance <strong>de</strong> o carbono serfinancia<strong>do</strong>r <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> restauração, gostaria <strong>de</strong> perguntar: quais seriam esses serviçosambientais? Estamos acostuma<strong>do</strong>s a ver a floresta como uma fornece<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> produtos,produzin<strong>do</strong> ma<strong>de</strong>ira, geran<strong>do</strong> frutos (castanha, palmito, erva-mate, plantas medicinais), caça,pesca, base da agricultura <strong>de</strong> subsistência da roça e queima, ou seja, a floresta comofornece<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> adubo para a roça, e como a gran<strong>de</strong> fornece<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> área para expansãoagrícola e pecuária, a exemplo da fronteira da Amazônia. Esses têm si<strong>do</strong> os usos da floresta, epor que as pessoas em geral só enxergam os usos <strong>de</strong>sses produtos com a floresta <strong>de</strong>rrubadaou alterada? Ou quan<strong>do</strong> já há floresta aberta, não enxergam a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> reverter esseprocesso, há dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> convencer os produtores <strong>do</strong>s 70 metros além <strong>do</strong>s 30 metros que aAES Tietê tem. Porque essas áreas em geral já estão ocupadas com uma ativida<strong>de</strong> que gerauma receita para o produtor. Em vários momentos, só reverteremos isso se <strong>de</strong>senvolvermosoutro mecanismo <strong>de</strong> renda que possa fazer frente a essas oportunida<strong>de</strong>s.Além disso, a floresta é muito mais que só produtos. A floresta gera serviços cada veztoma<strong>do</strong>s como mais importantes que alguns produtos. Temos o caso <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba, emalgumas regiões vale muito mais ser produtor <strong>de</strong> água <strong>do</strong> que <strong>de</strong> leite, <strong>de</strong> grãos. Temos novale uma população enorme, se extrapolarmos para a <strong>Floresta</strong> Atlântica, há 100 milhões <strong>de</strong>pessoas viven<strong>do</strong> aí, e faz muito mais senti<strong>do</strong>, em algumas regiões, produzir água para essas100 milhões <strong>de</strong> pessoas <strong>do</strong> que produzir grãos e leite. Não estamos fazen<strong>do</strong> apologia da trocapura e simples, mas da importância cada vez maior <strong>do</strong> zoneamento, <strong>de</strong> se gerar um novo fluxo<strong>de</strong> receita basea<strong>do</strong> não só em produtos, mas nesses serviços.Há serviços gera<strong>do</strong>s para a população regional e outros para a população global. O que éo merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono a não ser esse valor crescente que se dá ao aquecimento global e aimportância da restauração <strong>de</strong> floresta para isso? Assim, o que seriam esses serviços?Definições clássicas colocam que são os presta<strong>do</strong>s por ecossistemas naturais e as espécies queos compõem na sustentação e preenchimento das condições para a vida humana na Terra.Falamos <strong>de</strong> natureza <strong>de</strong> uma maneira diferente aqui, ou seja, os ecossistemas têm valorporque prestam serviços e permitem que a socieda<strong>de</strong> humana viva, <strong>de</strong> uma maneira até hojenão cobrada, mas mais eficiente que qualquer substituto artificial cria<strong>do</strong>, pago pelo homem.Um bom exemplo disso é a questão <strong>do</strong> tratamento <strong>de</strong> água: há áreas <strong>de</strong> mananciais fazen<strong>do</strong> oserviço <strong>de</strong> manutenção da qualida<strong>de</strong> da água <strong>de</strong> maneira mais eficiente e mais barata que asestações <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> água.Po<strong>de</strong>ríamos também chamá-los <strong>de</strong> serviços responsáveis pela infra-estrutura da vidahumana na Terra. De uma maneira geral, são dividi<strong>do</strong>s em três gran<strong>de</strong>s grupos: clima, água ebiodiversida<strong>de</strong>. No clima, a manutenção da floresta é fundamental para a manutenção <strong>do</strong>estoque <strong>de</strong> carbono. O Brasil é acusa<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser um <strong>do</strong>s principais causa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> efeito estufapela emissão que gera (pelo levantamento que o país fez frente a seu compromisso global, o17


Brasil tem 75% <strong>de</strong> suas emissões causadas por <strong>de</strong>smatamento). A cada momento, amanutenção da floresta implica no não-lançamento <strong>de</strong>ssas emissões na atmosfera. O governo<strong>do</strong> Brasil finalmente se convenceu da importância <strong>de</strong>sta estratégia e está agora na Convenção<strong>do</strong> Clima propon<strong>do</strong> justamente o pagamento pela não-conversão da floresta.Outro ponto que nos interessa nessa discussão é a importância das florestas para arestauração e seqüestro <strong>de</strong> carbono, o que po<strong>de</strong>mos ter em APPs e reserva legal, através <strong>de</strong>sistemas agroflorestais e <strong>de</strong> plantios <strong>de</strong> espécies nativas. É importante abrir essa possibilida<strong>de</strong>,imaginar <strong>de</strong> novo que a floresta em pé tem que ter mais valor que a <strong>de</strong>itada, encaran<strong>do</strong> issocomo um serviço global. Ou seja: o que é planta<strong>do</strong> aqui tem merca<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>.Outro importante serviço ambiental provi<strong>do</strong> pelas florestas está liga<strong>do</strong> ao microclima, seuefeito no clima local. Precisamos <strong>de</strong> cada vez mais <strong>de</strong> informações, mas existem trabalhosmostran<strong>do</strong> forte correlação <strong>de</strong> floresta nativa com números <strong>de</strong> dias <strong>de</strong> chuva em São Paulo.Sabemos que dias <strong>de</strong> chuva são fundamentais em qualquer cultura agrícola, e é conhecida aimportância <strong>de</strong> picos <strong>de</strong> chuva em ambientes urbanos nas enchentes, exemplos claros dafloresta afetan<strong>do</strong> a produção <strong>de</strong> culturas agrícolas e ambientes urbanos.Sobre a biodiversida<strong>de</strong>, já é óbvia a importância da manutenção da variabilida<strong>de</strong>genética e a importância <strong>do</strong> estoque genético, o que significa geração <strong>de</strong> receita através <strong>de</strong>novas varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alimentos, novos remédios, <strong>de</strong>senvolvimento industrial, encara<strong>do</strong>s comoserviços globais. E já há exemplos <strong>de</strong> países que têm sabi<strong>do</strong> utilizar isso, como a Costa Rica.Há ainda outros serviços ambientais, como fertilização <strong>do</strong> solo, ciclagem <strong>de</strong> nutrientes,polinização <strong>de</strong> culturas agrícolas, controle <strong>de</strong> pragas e <strong>do</strong>enças, dispersão <strong>de</strong> sementes eoutros valores para a socieda<strong>de</strong>.Sobre o tema ‘floresta e água’, o que isso significa <strong>de</strong> importância econômica para associeda<strong>de</strong>s humanas? Em relação à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água, significa controle <strong>de</strong> erosão, que tem aver com redução <strong>de</strong> turbi<strong>de</strong>z (que se reflete em custos para as empresas que tratam água).Então controle <strong>de</strong> erosão tem a ver com custo <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> água - eis um valoreconômico. O Brasil tem sua matriz energética <strong>de</strong> 90% em torno das hidrelétricas, não faltamlagos para geração <strong>de</strong> energia. À medida que você reduz os sedimentos carrega<strong>do</strong>s para oslagos das usinas, está aumentan<strong>do</strong> a vida útil <strong>de</strong>sses lagos. Isso significa valor econômico paraos proprietários <strong>do</strong>s lagos. A mata ciliar é importante também como filtro <strong>de</strong> sedimentos epoluentes químicos, para a manutenção da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água, para a biodiversida<strong>de</strong> aquática,em sistemas associa<strong>do</strong>s à piscicultura, etc.Tivemos um encontro em São Paulo durante o qual o representante da Sabesp trouxe aseguinte informação: o sistema Alto Cotia e Baixo Cotia abastecem 500 mil pessoas em SãoPaulo; o Alto Cotia é protegi<strong>do</strong> por florestas e o Baixo Cotia está to<strong>do</strong> ocupa<strong>do</strong>. A Sabesp teveum custo em 2005 <strong>de</strong> 3,3 vezes mais pra tratar o Baixo Cotia, o que dá a dimensão muitoclara da floresta <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> Alto Cotia, representa um valor. O que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos cada vezmais é que se a floresta fosse <strong>de</strong> proprietários priva<strong>do</strong>s, faria um gran<strong>de</strong> senti<strong>do</strong> se a Sabespdividisse esse valor, esse serviço com os produtores, para que pu<strong>de</strong>ssem manter vegeta<strong>do</strong>s eprotegi<strong>do</strong>s esses mananciais.Em relação à regulação <strong>do</strong> fluxo <strong>de</strong> água, a floresta previne os corrimentos superficiais,regula enchentes e reduz os impactos na época seca. Não é preciso dizer sobre a importânciaeconômica <strong>de</strong>sses fatores na vida da cida<strong>de</strong> e <strong>do</strong> campo. E temos exemplos, como o da cida<strong>de</strong><strong>de</strong> Nova York, em que o manejo sustentável <strong>de</strong> bacias po<strong>de</strong> ser mais barato <strong>do</strong> que oinvestimento em novas estações <strong>de</strong> tratamento ou novas estruturas <strong>de</strong> captação <strong>de</strong> água.Estamos tentan<strong>do</strong> chamar atenção aqui para a importância econômica <strong>de</strong> diversosserviços provi<strong>do</strong>s pelas florestas e que hoje não recebem valor por isso. Por conta disso quechamamos <strong>de</strong> externalida<strong>de</strong>s, temos serviços cujo valor o merca<strong>do</strong> não reconhece, e por contadisso não são apropria<strong>do</strong>s pelos produtores <strong>de</strong>sses serviços, que não os levam emconsi<strong>de</strong>ração na sua tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.O exemplo <strong>do</strong> produtor rural que abre uma roça na Amazônia é interessante. Para abriraquela roça ele leva em consi<strong>de</strong>ração somente seu trabalho, <strong>do</strong>is dias se colocar fogo e vintedias para abrir se não usar fogo. Só que ele não usan<strong>do</strong> fogo gera um benefício regional eglobal, mas alguém tem que pagar a conta <strong>do</strong>s 18 dias <strong>de</strong>le. Quem vai pagar? A socieda<strong>de</strong> quese beneficia também disso. É o que chamamos <strong>de</strong> externalida<strong>de</strong>s, na medida em que umprodutor rural que mantém floresta gera beneficio <strong>de</strong> água, é importante que a socieda<strong>de</strong>aju<strong>de</strong> a pagar os custos <strong>de</strong>ssa manutenção.18


Esse é o princípio central <strong>do</strong> pagamento por serviços ambientais: aqueles que provêm oserviço, ou seja, aqueles que <strong>de</strong>têm os fragmentos ou que se propõem a fazer restauração<strong>de</strong>vem ser recompensa<strong>do</strong>s por isso. E os beneficia<strong>do</strong>s pelo serviço <strong>de</strong>vem pagar por ele, seja asocieda<strong>de</strong> local, seja a regional, refletida num comitê <strong>de</strong> bacia, seja a global, refletida nomerca<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono.Po<strong>de</strong>mos citar algumas referências internacionais nas quais isso vem acontecen<strong>do</strong>, seja<strong>de</strong> forma privada, como esquemas media<strong>do</strong>s por governo, comitês <strong>de</strong> bacia, ou cominstituições internacionais, como o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono. Há o exemplo da água mineral Perrierque hoje, preocupada com os produtores que estão à montante <strong>de</strong> suas fontes, nascabeceiras, dialoga para que façam conversão a técnicas menos impactantes <strong>de</strong> produção, e<strong>de</strong>cidiu bancar a restauração florestal nas suas áreas <strong>de</strong> captação. Outro exemplo: as usinashidrelétricas da Costa Rica pagam sistematicamente aos produtores em suas cabeceiras paraque mantenham suas áreas vegetadas. Para elas é mais interessante <strong>do</strong> que, <strong>de</strong>pois, ter ocusto <strong>de</strong> abrir novos lagos, novas estruturas para sua <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> energia elétrica.Já na associação <strong>de</strong> irrigantes na Colômbia, os produtores da baixada pagam os dasterras altas para que reflorestem e mantenham mananciais, ou seja, os que têm rentabilida<strong>de</strong>mais alta pela cultura irrigada pagam aos que têm menos para que possam produzir água paraquem precisa <strong>de</strong>la lá embaixo. E por fim, há o exemplo clássico <strong>do</strong> manejo <strong>de</strong> bacias em NovaYork, on<strong>de</strong> foram solicitadas ao governo Estações <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Água (ETA), a cida<strong>de</strong> fezas contas e achou que era mais barato fazer to<strong>do</strong> um trabalho <strong>de</strong> gestão da bacia hidrográfica.Através da compra <strong>de</strong> árvores, fez to<strong>do</strong> um trabalho <strong>de</strong> proteção <strong>do</strong>s mananciais, optan<strong>do</strong> pornão construir a ETA e obten<strong>do</strong> um resulta<strong>do</strong> interessante.Falan<strong>do</strong> sobre as nossas oportunida<strong>de</strong>s nacionais, há o ICMS Ecológico, reconheci<strong>do</strong>internacionalmente como um bom exemplo <strong>de</strong> pagamento por serviços ambientais. Outraoportunida<strong>de</strong> que temos na legislação é o Sistema Nacional <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação(SNUC), que em seus artigos 47 e 48 diz que Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação (UCs) que fornecemágua tanto para abastecimento quanto energia, po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem receber por essefornecimento. Os artigos ainda não estão regulamenta<strong>do</strong>s, estão em processo, mas issoaten<strong>de</strong>ria, por exemplo, a vários parques estaduais, nacionais e Reservas Particulares <strong>do</strong>Patrimônio Natural (RPPNs). É muito comum encontrar UCs com orçamento pequenofornecen<strong>do</strong> água para um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas. O Parque da Serra <strong>do</strong> Mar é um gran<strong>de</strong>exemplo: fornece água para to<strong>do</strong> o litoral <strong>de</strong> São Paulo e po<strong>de</strong>ria ser beneficia<strong>do</strong> com algonessa linha. Também é um potencial beneficio à criação <strong>de</strong> RPPN em diversos esta<strong>do</strong>s.Uma outra oportunida<strong>de</strong> que merece ser <strong>de</strong>talhada é o programa que <strong>de</strong>senvolvemos emparceria com a Agência Nacional <strong>de</strong> Águas (ANA) e com a SMA, buscan<strong>do</strong> exatamente aparceria <strong>do</strong>s comitês <strong>de</strong> bacia. Seria a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> pagamento porserviços ambientais, financia<strong>do</strong> pela cobrança <strong>de</strong> água e outros mecanismos.A cobrança pelo uso da água estabeleceu uma nova fonte potencial <strong>de</strong> pagamento, com alei das águas baseada no principio <strong>do</strong> usuário-paga<strong>do</strong>r, ten<strong>do</strong> a microbacia como unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>manejo. Ela diz que os pagamentos pelos polui<strong>do</strong>res / usuários <strong>de</strong>vem retornar para a mesmabacia no qual foram coleta<strong>do</strong>s. Esse dinheiro arrecada<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser usa<strong>do</strong> em ativida<strong>de</strong>s quepromovam a saú<strong>de</strong> da bacia, no que diz respeito à conservação da água, tanto em qualida<strong>de</strong>quanto em quantida<strong>de</strong>. E quem <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> isso é o comitê, on<strong>de</strong> os recursos serão aloca<strong>do</strong>s. Éenten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a importância da relação entre floresta e água que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos a inserção <strong>de</strong>stapossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> bacia. Temos a cobrança estabelecida no Paraíba <strong>do</strong> Sul<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003, no Piracicaba-Capivari-Jundiaí (PCJ) no início <strong>de</strong>ste ano, e já teremos váriascobranças estaduais a partir <strong>do</strong> ano que vem.O programa ‘Produtor <strong>de</strong> Água’ é um programa proposto pela Agência Nacional <strong>de</strong> Águas(ANA), um trabalho em parceria para buscar parcelas <strong>de</strong>sse recurso arrecada<strong>do</strong> com acobrança e <strong>de</strong>stiná-lo à conservação <strong>do</strong> solo, à recuperação <strong>de</strong> matas ciliares e à proteção <strong>de</strong>remanescentes florestais. Através da lógica da compensação <strong>do</strong>s produtores rurais pormelhores práticas relacionadas a isso, reflete-se a lógica <strong>do</strong> princípio produtor-beneficiário,que consi<strong>de</strong>ramos como um espelho <strong>do</strong> polui<strong>do</strong>r-paga<strong>do</strong>r. Este projeto está basea<strong>do</strong> narelação entre cobertura nativa e saú<strong>de</strong> da bacia, buscan<strong>do</strong> conscientizar os usuários e quemvai tomar a <strong>de</strong>cisão no comitê, reforçan<strong>do</strong> a importância <strong>de</strong> recursos para esse fim. É parceriaentre a ANA, a SMA e o Programa <strong>de</strong> Microbacias da Secretaria <strong>de</strong> Agricultura, e temostambém uma parceria com o WWF, a SOS Mata Atlântica, o Conselho Nacional da Reserva da19


Biosfera e com a Agevap, exatamente pra <strong>de</strong>senvolver esse conceito floresta-água. O objetivoé sempre ter o produtor convenci<strong>do</strong> e engaja<strong>do</strong> a entrar nesse processo.Edilaine Dick – Associação <strong>de</strong> Preservação <strong>do</strong> Meio Ambiente <strong>do</strong> Alto Vale <strong>do</strong> Itajaí –ApremaviA Miriam Prochnow, diretora da Apremavi, iria apresentar o assunto, mas não pô<strong>de</strong> estarpresente. A idéia é contar um pouco sobre o trabalho da Apremavi em Santa Catarina. Aentida<strong>de</strong> foi fundada em 1987, em Ibirama, por um grupo <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> várias áreas queachava necessário, no auge da exploração ma<strong>de</strong>ireira, criar uma associação com a intenção <strong>de</strong><strong>de</strong>nunciar essa exploração, que ocorria principalmente na reserva indígena <strong>de</strong> Ibirama, umaárea original <strong>de</strong> 4 mil hectares <strong>de</strong> florestas preservadas. A Apremavi teve como ponto inicial a‘boca no trombone’, o alvo nas <strong>de</strong>núncias. Com o <strong>de</strong>correr <strong>do</strong>s acontecimentos e seu avanço,em 1990 foi cria<strong>do</strong> outro movimento, o ‘colocan<strong>do</strong> a mão na massa’, com o objetivo <strong>de</strong> criaralternativas para a conservação colocan<strong>do</strong> a floresta como meio econômico, ou seja, nãoadianta só <strong>de</strong>nunciar e não trazer alternativa para aquelas pessoas diretamente envolvidas noprocesso. Em 1990 foi cria<strong>do</strong> o viveiro <strong>de</strong> nativas com a intenção <strong>de</strong> distribuir mudas aosproprietários – os principais prejudica<strong>do</strong>s pela exploração ma<strong>de</strong>ireira.O andar foi natural e hoje estamos situa<strong>do</strong>s nos municípios <strong>de</strong> Atalanta e Rio <strong>do</strong> Sul, oprimeiro on<strong>de</strong> está o viveiro e a gestão <strong>do</strong>s projetos. O viveiro conta com uma estrutura <strong>de</strong>produção <strong>de</strong> 600 mil mudas nativas por ano, e a equipe <strong>de</strong> trabalho é formada por 17 pessoas,com a parte <strong>de</strong> escritório situada em Rio <strong>do</strong> Sul, contan<strong>do</strong> ainda com 350 sócios, além <strong>de</strong>colabora<strong>do</strong>res das universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Santa Catarina e Paraná.O primeiro projeto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte da associação foi o <strong>de</strong> enriquecimento <strong>de</strong> florestassecundárias, em 1996. Foi realiza<strong>do</strong> com apoio <strong>do</strong> PDA, visan<strong>do</strong> manejar a floresta <strong>de</strong> maneirasustentável, porque a região <strong>de</strong> Atalanta, Rio <strong>do</strong> Sul e <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o Vale <strong>do</strong> Itajaí tem comoprincipal cultura o fumo. Toda a região é formada por pequenos proprietários, cada um com nomáximo 10 hectares. E como o fumo exige uma gran<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> lenha, os agricultores nãotinham essa noção <strong>de</strong> que podiam manejar a floresta para ter lenha na proprieda<strong>de</strong> por umlongo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo, sem <strong>de</strong>vastar a mata.O projeto foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em <strong>de</strong>z municípios da região <strong>do</strong> Alto Vale, através <strong>de</strong> cursos<strong>de</strong> capacitação e também <strong>de</strong> plantios <strong>de</strong> outras árvores que serviriam à produção <strong>de</strong> lenha e<strong>de</strong> alimentos; também foi utiliza<strong>do</strong> palmito como alternativa extra <strong>de</strong> renda. O principalobjetivo <strong>do</strong> projeto foi ensinar o produtor <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>ria manter a proprieda<strong>de</strong> utilizan<strong>do</strong>árvores mortas e caídas, num processo natural <strong>de</strong> recomposição das florestas.Entre outros projetos que aconteceram, houve o <strong>de</strong> educação ambiental em quetrabalhamos diretamente com as crianças <strong>de</strong> Atalanta e <strong>de</strong> outros municípios da região <strong>do</strong> AltoVale. E hoje contamos com <strong>do</strong>is carros-chefe na associação, que são os projetos ‘Planejan<strong>do</strong>Socieda<strong>de</strong>s e Paisagens’ e o ‘Matas Legais’. Com o tempo, também fomos apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que nãose caminha sozinho, e criaram-se parcerias com outras ONGs, como a The NatureConservancy, e também com órgãos públicos.O ‘Planejan<strong>do</strong> Socieda<strong>de</strong>s e Paisagens’ é apoia<strong>do</strong> pela Fundação o Boticário <strong>de</strong> Proteção àNatureza e pela Fundação Interamericana. Temos como parceiros a TNC e o órgão <strong>de</strong> pesquisa<strong>de</strong> Santa Catarina. Estão envolvi<strong>do</strong>s diretamente 35 agricultores <strong>do</strong> município e a intenção <strong>do</strong>projeto é manejar a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira sustentável, que o agricultor entenda queconservação da natureza é possível aliada à produção e que não haverá perda financeira emcima disso. A idéia era <strong>de</strong>smistificar que fumo seria a única alternativa <strong>de</strong> produção para omunicípio. Ali também são pequenos produtores, Atalanta é 80% agrícola, toda formada porproprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> no máximo 15 hectares, mas on<strong>de</strong> praticamente só se produz fumo (cerca <strong>de</strong>90% da proprieda<strong>de</strong> está ocupada e só resta o espaço para as benfeitorias).A idéia então é que se tenha uma área <strong>de</strong> reserva legal, <strong>de</strong> mata ciliar e outrasalternativas <strong>de</strong> produção para esses agricultores. O projeto é dividi<strong>do</strong> em cinco etapas, já tem<strong>do</strong>is anos <strong>de</strong> execução, e a primeira etapa foi a <strong>de</strong> reunião com as associações. Começamoscom 15 famílias e hoje estamos com 35 cadastradas. Através das reuniões das associaçõesque já existiam no município, a idéia era formar uma associação que seria a composição <strong>do</strong>sagricultores envolvi<strong>do</strong>s no projeto. A segunda etapa é o reconhecimento <strong>de</strong>ssas pessoas20


interessadas, fazer a visita às proprieda<strong>de</strong>s, estreitar os laços da Apremavi com osproprietários, até porque a idéia <strong>de</strong> alguns ainda é das <strong>de</strong>núncias, o que é preciso <strong>de</strong>smistificare fazer com que o agricultor passe a ter confiança no nosso trabalho, e que possa realmentetrazer melhoria para sua proprieda<strong>de</strong>.A terceira etapa é o planejamento da sua proprieda<strong>de</strong>, junto com ele, saber o que eletem interesse em produzir, o que tem mais afinida<strong>de</strong>, se quer reservar um canto para talempreendimento, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> planejamento estamos levan<strong>do</strong> aos agricultores as experiênciasenvolvidas no projeto. E a quarta etapa passa pela implantação das experiências, que são adiversificação da proprieda<strong>de</strong> e a conservação da natureza. Entre elas, agricultura orgânicacomo outra forma <strong>de</strong> produção e também a diminuição <strong>do</strong>s impactos <strong>do</strong>s agrotóxicos sobre omeio ambiente.Outro passo inicial já realiza<strong>do</strong>, por exemplo, foi o programa <strong>de</strong> fruticultura, com aconquista da confiança <strong>do</strong>s agricultores, pois na verda<strong>de</strong> temos que trabalhar a questão social.Foram entregues a eles cerca <strong>de</strong> 100 mudas <strong>de</strong> frutíferas que seriam adaptadas à região, paraa formação <strong>de</strong> pomares, com as espécies intercaladas <strong>de</strong> maneira que não produzam na época<strong>do</strong> cultivo <strong>do</strong> fumo, da colheita, para que possam ter tempo suficiente para cuidar, terbenefícios e uma outra renda. Através <strong>de</strong>sse programa conseguimos ter a contrapartidaambiental, que seria a instalação das experiências relacionadas ao reflorestamento e àconservação. Essas experiências envolvem a recuperação <strong>de</strong> mata ciliar, o enriquecimento <strong>de</strong>florestas secundárias, a formação <strong>de</strong> corre<strong>do</strong>res ecológicos entre proprietários interliga<strong>do</strong>s como vizinho, além da formação <strong>de</strong> paisagismo nas proprieda<strong>de</strong>s. Como o fumo é uma cultura queenvolve 11 meses, as pessoas não têm tempo <strong>de</strong> se comprometer com o paisagismo, oembelezamento da proprieda<strong>de</strong> e os benefícios disso. Junto com o paisagismo, tambémestamos trabalhan<strong>do</strong> com o projeto ‘acolhida na colônia’, que seria o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>ecoturismo no município, pois Atalanta é consi<strong>de</strong>rada uma das capitais ecológicas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.Outro trabalho social que <strong>de</strong>senvolvemos é a coleta seletiva <strong>de</strong> lixo nas comunida<strong>de</strong>s,sen<strong>do</strong> sete envolvidas. Fizemos um sistema <strong>de</strong> coleta seletiva que passa a cada 15 dias emcada proprieda<strong>de</strong>. Isso era uma vertente que não existia no município e foi um <strong>do</strong>s principaisproblemas <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s por nós, algo em relação ao qual as pessoas tinham dificulda<strong>de</strong> ereclamavam bastante. Pensamos também na organização da proprieda<strong>de</strong>, como melhororganizar os estábulos, os galinheiros, as reformas, temos feito algo nesse senti<strong>do</strong>.O trabalho social precisa passar ainda pelos problemas causa<strong>do</strong>s com o uso <strong>de</strong>agrotóxicos, <strong>de</strong> ir lá e falar <strong>do</strong>s benefícios que se tem com os pomares, horta familiar. Hortafamiliar era algo que inexistia nas proprieda<strong>de</strong>s e talvez um <strong>do</strong>s maiores resulta<strong>do</strong>s queencontramos foi esse. Hoje to<strong>do</strong>s os proprietários têm uma horta.E <strong>de</strong> que maneira está ocorren<strong>do</strong> a implantação das experiências? Para recuperação <strong>de</strong>mata ciliar nos corre<strong>do</strong>res, <strong>do</strong> enriquecimento, estamos distribuin<strong>do</strong> os insumos para fazer asroçadas, a cerca. São distribuí<strong>do</strong>s e o proprietário só tem que ir lá e fazer, nós estamosimplantan<strong>do</strong>, fazemos o plantio. A única intenção é que as pessoas da família estejamenvolvidas para que tenham consciência da importância <strong>do</strong>s próximos cuida<strong>do</strong>s que virão. Aoutra etapa então é um diagnóstico ambiental e social que envolve a visita quinzenal a todasas proprieda<strong>de</strong>s, para fazer esse diagnóstico <strong>do</strong> andamento <strong>do</strong> projeto, <strong>de</strong> como eram essasfamílias e quais os principais resulta<strong>do</strong>s sociais e ambientais.Outro programa é o ‘Matas Legais’, uma parceria com a iniciativa privada, a Klabin,indústria <strong>de</strong> papel, celulose e ma<strong>de</strong>ira, que tem áreas tanto no Paraná como em SantaCatarina e São Paulo. O objetivo <strong>do</strong> programa é trabalhar com os pequenos agricultores. Osistema <strong>de</strong> fomento com que a empresa trabalha hoje é o <strong>de</strong> fornecer mudas <strong>de</strong> eucalipto epinus para os pequenos proprietários como uma renda extra para a proprieda<strong>de</strong>. Entãoestamos prestan<strong>do</strong> assessoria e fazen<strong>do</strong> a entrega <strong>de</strong> mudas nativas a eles para recomposição<strong>de</strong> mata ciliar e reserva legal, sen<strong>do</strong> que uma das exigências da empresa é que o agricultor sóseja contempla<strong>do</strong> se tiver respeita<strong>do</strong> os limites <strong>de</strong> APP e estiver com reserva legal averbada.Nossa intenção é oferecer essa assessoria e fazer a recomposição <strong>de</strong>ssas áreas.Inicialmente estamos trabalhan<strong>do</strong> no Planalto Catarinense, on<strong>de</strong> a empresa tem se<strong>de</strong>,em Otacílio Costa, e também no Alto Vale <strong>do</strong> Itajaí. Uma das vertentes <strong>do</strong> projeto é adiversificação das culturas, a empresa só aceita 30% da proprieda<strong>de</strong> como sen<strong>do</strong> propícia paraplantio <strong>de</strong> eucalipto e pinus. Seriam as áreas on<strong>de</strong> não se tem outra alternativa <strong>de</strong> produção.21


Dentro da diversificação, como o planalto catarinense é propício ao cultivo <strong>de</strong> erva-mate,estamos numa parceria com uma empresa <strong>do</strong> Paraguai que está produzin<strong>do</strong> erva-matesombreada orgânica. Desenvolvemos esse trabalho com os agricultores <strong>de</strong> Otacílio Costa.Outras ações da Apremavi envolvem ainda assessoria técnica realizada aos proprietários quenão se encaixam nos municípios on<strong>de</strong> temos verba para atuar, os que têm interesse e quetambém visitamos para que realizem plantios por conta <strong>de</strong>les.O exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> mudas <strong>do</strong>s viveiros para os projetos da associação é vendi<strong>do</strong> e utiliza<strong>do</strong>para as assessorias técnicas. Outra ação é com a Suzano, um trabalho pareci<strong>do</strong> com a Klabin,<strong>de</strong> planejamento da proprieda<strong>de</strong>, no qual estamos realizan<strong>do</strong> assessoria técnica para aempresa. Temos um trabalho <strong>de</strong> educação ambiental em to<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong>, realizamos palestrasnas escolas, usan<strong>do</strong> recursos <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> programa ‘Mata Legal’ e da Fundação O Boticário, parautilização <strong>de</strong> jogos educativos, <strong>de</strong> uma trilha ecológica que formamos, o ‘Fique Legal’. O jogo éutiliza<strong>do</strong> nas escolas como uma outra ativida<strong>de</strong> didática, e as crianças são os protagonistas dahistória neste jogo. Expomos no município <strong>do</strong> Parque Mata Atlântica, uma UC municipal <strong>de</strong> cujagestão cuidamos, e que utilizamos como um centro <strong>de</strong> educação ambiental para realização <strong>de</strong>seminários e cursos para agricultores.Como parceiros, também temos uma empresa privada, a Metalúrgica Rio-Sulense, <strong>do</strong>município <strong>de</strong> Rio <strong>do</strong> Sul, que trabalha na educação ambiental. Participamos também da criação<strong>de</strong> UCs em Santa Catarina e Paraná, entre elas a criação <strong>do</strong> Parque Nacional das Araucárias, aESEC da Mata Preta e as ARIEs na Serra da Abelha. Temos projetos com outras organizaçõescomo o Instituto Vianei, <strong>de</strong> Lages (SC), para trabalhar a agrofloresta familiar no planaltocatarinense e Alto Vale <strong>do</strong> Itajaí. O resulta<strong>do</strong> está sen<strong>do</strong> satisfatório e não está sen<strong>do</strong> possívelaten<strong>de</strong>r a to<strong>do</strong>s os proprietários interessa<strong>do</strong>s, mas a intenção é formar novas associações etrazer novas alternativas econômicas a partir <strong>de</strong> novas florestas, para que o agricultor<strong>de</strong>scubra o potencial que tem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua própria proprieda<strong>de</strong>.Waldir Mantovani – Escola <strong>de</strong> Artes, Ciências e Humanida<strong>de</strong>s – USPVivemos numa socieda<strong>de</strong> em que há pouco respeito às diferenças, o que acaba serefletin<strong>do</strong> no comportamento da socieda<strong>de</strong> como um to<strong>do</strong>, nas posturas que se tem em relaçãoao ambiente, que é patrimônio <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s nós. Começo esse tipo <strong>de</strong> conversa buscan<strong>do</strong> mostraràs pessoas que o ambiente é algo que po<strong>de</strong> mudar as relações na socieda<strong>de</strong>. Se enten<strong>de</strong>rem oambiente como um bem comum, já teremos uma alteração no padrão <strong>de</strong> comportamento. Aspessoas se apropriam <strong>do</strong> benefício <strong>do</strong> ambiente, <strong>de</strong>gradam o ambiente, mas essa <strong>de</strong>gradação,como na maior parte da nossa economia, é socializada, enquanto os benefícios são individuais.Somos uma socieda<strong>de</strong> que se apropria individualmente <strong>do</strong>s benefícios <strong>do</strong> ambiente, mas quesocializa os prejuízos.Somos um país em que a cidadania é pouco exercitada. Sempre pergunto quantos jáleram a Constituição Brasileira, que diz o que po<strong>de</strong>mos ou não, o que são direitos eobrigações. Quem não leu já não sabe o que são direitos e <strong>de</strong>veres das pessoas, muito menosviu o capítulo da questão ambiental. Pela ausência <strong>de</strong> cidadania é que nós temos uma daslegislações mais evoluídas, e uma das fiscalizações e <strong>do</strong>s processos entre os maissub<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s. Não há policiamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, e não da polícia em si, mas da socieda<strong>de</strong>.Essa postura não-cidadã é a responsável pelo que estamos assistin<strong>do</strong>. Estamos colocan<strong>do</strong> namesa <strong>de</strong> discussão, <strong>de</strong> fato, migalhas, pois esse processo <strong>de</strong> ocupação <strong>do</strong> espaço no Brasil já éregulamenta<strong>do</strong>, não era para estar acontecen<strong>do</strong> neste momento como assistimos. Isso porqueas coisas são distantes... A Amazônia está lá longe, o Pantanal, o Cerra<strong>do</strong> nem sabemos on<strong>de</strong>é, o que aumenta o isolamento das pessoas, <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem fazer o que querem diante dalegislação existente.E existe o discurso <strong>de</strong> que temos uma vantagem, <strong>de</strong> que somos uma socieda<strong>de</strong> jovem. Erealmente, não existe país no mun<strong>do</strong> que não tivesse venci<strong>do</strong> os problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>educação, moradia, para <strong>de</strong>pois conseguir se preocupar com meio ambiente, nenhum país quevenceu o básico das melhoria <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> vida se preocupou com o meio ambiente comoparte da vida das pessoas, ainda não conseguimos tratar <strong>de</strong> meio ambiente como parte daqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Um amigo meu diz algo interessante: ‘o médico sabe acerca <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças,mas isso está relaciona<strong>do</strong> à saú<strong>de</strong>, e quan<strong>do</strong> se trata <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> o médico não enten<strong>de</strong> muito’.Porque saú<strong>de</strong> envolve outras questões, envolve questões sociais, ambientais, muito mais22


amplas, e é essa forma ampla <strong>de</strong> olhar que vai resgatar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as pessoasenten<strong>de</strong>rem os problemas ambientais.O exemplo trazi<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina mostra o envolvimento <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong>participante. Existe uma socieda<strong>de</strong> ali por trás, enten<strong>de</strong>r isso significa <strong>de</strong> fato conseguiravançar nos processos <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> áreas, <strong>de</strong> melhoria das questões ambientais.Vou tratar <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> áreas, <strong>de</strong> seus conceitos e aplicações. Meu olhar acerca <strong>do</strong>ambiente vem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 80 – não é o brilhantismo ou a genialida<strong>de</strong> que interessam;o tempo que as pessoas têm nessa estrada é que dá a visão diferenciada. A conservaçãobiológica é o único caminho pelo qual se po<strong>de</strong> tratar <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> áreas, não apenasplantan<strong>do</strong> mudas. Há uma integração <strong>de</strong> problemas numa escala excepcionalmente maior, eessa escala é abordada pelo que chamamos <strong>de</strong> conservação biológica.Um princípio vem mudan<strong>do</strong> sistematicamente: as universida<strong>de</strong>s vêm forman<strong>do</strong>especialistas, e o problema ambiental não é <strong>de</strong> um especialista, mas <strong>de</strong> especialistas que sejuntam para conversar e, na multidisciplinarida<strong>de</strong>, constroem algo novo, então é um exercícionovo. As pessoas se especializaram absurdamente e <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> se capazes <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r asquestões ambientais, que são integradas. Alguns profissionais fazem muita falta hoje nasquestões ambientais: o historia<strong>do</strong>r natural; o geógrafo (que infelizmente no Brasil acabou<strong>de</strong>rivan<strong>do</strong> para a geografia humana ou a geografia física, numa briga no qual o melhor seper<strong>de</strong>u, o profissional que é capaz <strong>de</strong> discutir a ocupação <strong>do</strong> espaço e os problemasassocia<strong>do</strong>s). Esses profissionais estão fazen<strong>do</strong> muita falta no diálogo com as questõesambientais. Que outros profissionais são forma<strong>do</strong>s capazes <strong>de</strong> trazer esse diálogo entresocieda<strong>de</strong> e meio ambiente? Eu não consigo ver quase nenhum.A conservação biológica é ciência multidisciplinar na qual as disciplinas têm igual valor,biologia não é mais importante, nem economia, sociologia ou agronomia. É mais importante oambiente em si, o problema em si. Basicamente a conservação biológica é uma área que foi<strong>de</strong>senvolvida a partir da crise da diversida<strong>de</strong> biológica, e tem <strong>do</strong>is objetivos: enten<strong>de</strong>r osefeitos das ativida<strong>de</strong>s humanas nas espécies, comunida<strong>de</strong>s e ecossistemas, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>,<strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s práticas e, se possível, reintegrar as espécies ameaçadas <strong>de</strong> extinção.É uma disciplina <strong>de</strong>senvolvida na crise, é uma ciência multidisciplinar, não é exata, éinexata, carregada <strong>de</strong> valores. A gran<strong>de</strong> maioria das pessoas que se coloca como <strong>de</strong>fensoradas questões ambientais hoje, muitas vezes, não tem competência para fazer isso. Porque éuma competência que está sen<strong>do</strong> formada, tem que ser revista, mas é antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>carregada <strong>de</strong> valores, é passional, e às vezes, nossa lógica tem que tomar a frente <strong>de</strong>ssapassionalida<strong>de</strong>, somos to<strong>do</strong>s apaixona<strong>do</strong>s pelo tema ambiental. Mas não posso tratar apenascomo tema passional, sou um profissional, tenho <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a certas questões para as quaistenho algumas habilida<strong>de</strong>s, não posso simplesmente mostrar toda a emoção que tenho pelotema, tem uma lógica por trás que explica muito as coisas.E é uma ciência que trabalha com a escala evolutiva, é uma ciência também da eternavigilância, que não po<strong>de</strong> ser aban<strong>do</strong>nada. Hoje, to<strong>do</strong>s os projetos <strong>de</strong> recuperação que sedispuseram a isso e aban<strong>do</strong>naram a área não <strong>de</strong>ram certo. É um processo que tem que seracompanha<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> tempo até chegar um ponto em que haja equilíbrio a ser manti<strong>do</strong>pelo próprio ecossistema.Esse é o trecho mais longo que vou ler, a Constituição, que traz no artigo 225 que:“tomos temos o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibra<strong>do</strong>, bem <strong>de</strong> uso comum<strong>do</strong> povo, essencial à sadia qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, impon<strong>do</strong>-se ao po<strong>de</strong>r público e à coletivida<strong>de</strong> o<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> protegê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. E no parágrafo 1º:“incumbe ao po<strong>de</strong>r público preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais, e prover omanejo ecológico das espécies e ecossistemas. De exigir, na forma da lei, para a instalação <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s siginificativamente <strong>de</strong>grada<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> meio ambiente, estu<strong>do</strong> prévio <strong>de</strong> impactoambiental. E <strong>de</strong> promover a educação ambiental em to<strong>do</strong>s os níveis <strong>de</strong> ensino para aconscientização pública e a preservação <strong>do</strong> meio ambiente”.Isso não é um discurso <strong>de</strong> político, está na Constituição e to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>veria cobrar <strong>do</strong>po<strong>de</strong>r público, <strong>de</strong>veria agir nesse processo. Isso é algo que conhecemos, o que não quer dizerque tenhamos consciência disso. Não somos uma socieda<strong>de</strong> em que a prática cidadã sejaforte.Trata então <strong>do</strong> discurso entre diversas áreas <strong>do</strong> saber, seja manejo <strong>de</strong> espécies,configuração <strong>de</strong> reservas, economia ecológica, que são áreas novas, seja ecologia da23


estauração, conservação <strong>do</strong>s ecossistemas e ética ambiental. Numa socieda<strong>de</strong> que não é éticasequer nas relações diárias entre as pessoas, como se espera a construção <strong>de</strong> uma éticaambiental? Uma ética entre nós, entre os po<strong>de</strong>res. O problema não é <strong>de</strong> ética ambiental, mas<strong>de</strong> ética, quem é educa<strong>do</strong>, é para tu<strong>do</strong>. Nas ciências naturais, há a área da biologia e seuscomponentes, evolução, genética, biogeografia, geologia. E nas áreas sociais, há aantropologia, sociologia, economia, política, legislação e filosofia. Problemas ambientais sãohumanos, são cria<strong>do</strong>s pelas ações humanas, não dá pra olhar só sob a ótica biológica, entãosem inserir o homem como parte <strong>do</strong> processo, não é possível avançar. Os cursos <strong>de</strong> biologiatratam a natureza sem o homem, ele não é inseri<strong>do</strong> como parte <strong>do</strong> processo, não é mais umaespécie e isso vai fazer diferença.Existem alguns princípios básicos na conservação: a questão da evolução, ou seja, omun<strong>do</strong> ecológico é dinâmico e não apresenta equilíbrio, modifican<strong>do</strong>-se naturalmente; temosum teatro ecológico e a presença humana precisa ser inserida nos planos <strong>de</strong> conservação. Nãodá para <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar a socieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> entorno, as pessoas diretamente afetadas, é necessáriodiscutir com essas pessoas, inseri-las no processo.Existem alguns argumentos éticos em que a maioria <strong>de</strong> vocês talvez não acredite. Toda aespécie tem o direito <strong>de</strong> existir. Vocês diriam e ‘aquela aranha, aquela barata’, sim to<strong>do</strong>s têmo direito <strong>de</strong> existir como espécie. Alguém já parou para pensar? Nós, seres humanos, semquase relação com a natureza, será que achamos isso mesmo? Todas as espécies sãointer<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, a espécie humana precisa viver com os mesmos limites que as outras.Somos uma espécie que <strong>de</strong>sperdiça recursos, se pararmos para pensar, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>tranqueira que não usamos em casa há anos é absurda. As pessoas precisam serresponsabilizadas por suas ações, têm responsabilida<strong>de</strong>s com as futuras gerações, e esta idéiaé até mais fácil para sensibilizar, fazer as pessoas pensarem a favor <strong>do</strong>s filhos, <strong>do</strong>s netos. Osrecursos não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sperdiça<strong>do</strong>s, a espécie humana <strong>de</strong>ve viver com os mesmos limitesdas outras.Ainda entre os argumentos éticos: o respeito pela vida e a diversida<strong>de</strong> humana <strong>de</strong>ve sero mesmo para a diversida<strong>de</strong> biológica. Se nós não respeitamos a vida, a diversida<strong>de</strong> humana,a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> opiniões, <strong>de</strong> posições, que tipo <strong>de</strong> respeito esperamos em relação aos outrosorganismos, às coisas que são distantes <strong>de</strong> nós? A natureza tem valores estéticos e espirituaistambém que transcen<strong>de</strong>m o econômico. De fato, muitos <strong>de</strong> nós já caminhamos muito parachegar num lugar e observar uma paisagem, uma beleza cênica qualquer e o senti<strong>do</strong> dissomuitas vezes foi o <strong>de</strong> sentirmos quão pequenos somos diante da natureza.A diversida<strong>de</strong> biológica é necessária para <strong>de</strong>terminar a origem da vida, esse é um <strong>do</strong>sgran<strong>de</strong>s segre<strong>do</strong>s da vida, não sabemos <strong>de</strong> on<strong>de</strong> viemos, ainda não sabemos exatamente,então a manutenção <strong>de</strong> toda a biodiversida<strong>de</strong> ainda tem esse papel. Essa diversida<strong>de</strong> biológicapo<strong>de</strong> ser olhada sob diversas óticas: existe um processo <strong>de</strong> conservação da variabilida<strong>de</strong>genética, que é populacional; da diversida<strong>de</strong> alfa, que é da comunida<strong>de</strong>; da diversida<strong>de</strong> beta,que é a que trata <strong>de</strong> gradientes ambientais; da diversida<strong>de</strong> gama, que é a que trata <strong>de</strong>paisagens complexas; e da diversida<strong>de</strong> epsilon, que trata <strong>do</strong> nível bio-geográfico. Na América<strong>do</strong> Sul, por exemplo, somos um continente com uma diversida<strong>de</strong> biogeográficaexcepcionalmente elevada. São essas escalas que têm <strong>de</strong> ser olhadas para fins daconservação.Existem alguns valores nos bens da natureza também, que po<strong>de</strong>m ser diretos, <strong>de</strong>consumo, produtivos; ou po<strong>de</strong>m ser indiretos, como a produtivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ecossistema, aprodução da água, controle climático, o próprio controle <strong>de</strong> <strong>de</strong>jetos, o relacionamento entre asespécies, indica<strong>do</strong>res ambientais, recreação e turismo, existem valores educacionais ecientíficos. Além <strong>de</strong>sses valores não-consumistas, há valores <strong>de</strong> opção, a pessoa tem relaçãocom a floresta e <strong>de</strong>ixa ela <strong>de</strong> pé porque gosta, tem relação afetiva. E finalmente, uma relação<strong>de</strong> existência, ele acredita que as espécies têm o direito <strong>de</strong> existir, e portanto opta porconservar.Temos formas diferentes <strong>de</strong> olhar a natureza. O antropocentrismo tem um valorintrínseco que é o próprio ser humano, o ser humano é centro <strong>do</strong> universo, não só <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,é o ser mais próximo <strong>de</strong> Deus: po<strong>de</strong>mos tu<strong>do</strong>, é o que vimos fazen<strong>do</strong>, algumas religiõescolocam isso <strong>de</strong> forma clara, sobre como usar os recursos. Neste caso, o valor da natureza ésó instrumental, o ser humano senhor da natureza po<strong>de</strong> tu<strong>do</strong>. Outro pensamento, judaicocristão,coloca a questão da origem das espécies, o ser humano como parte da origem comum.É uma visão mais holística e o homem passa a ser o zela<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sse processo. Existe também o24


iocentrismo, em que os organismos individualmente têm valor e o homem é apenas um entreos <strong>de</strong>mais. E o ecocentrismo, em que há um valor intrínseco, <strong>de</strong> espécies, ecossistemas e aprópria biosfera; é um valor holístico, e o homem é um membro comum, um cidadão, fazparte <strong>de</strong>sse processo, não se isola.As principais ameaças à biodiversida<strong>de</strong> hoje são as extinções causadas pela <strong>de</strong>struição,pela fragmentação, pela <strong>de</strong>gradação <strong>do</strong> ar, pela superexploração <strong>de</strong> espécies. E também pelaintrodução <strong>de</strong> exóticas, pelo aumento <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças, e pelas extinções em ilhas efragmentos – <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fragmentadas, as áreas per<strong>de</strong>m seu valor, não adianta cercar umaárea, por exemplo, e conservá-la como se não houvesse uma dinâmica no entorno tãodiferente da original que não levasse à probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> extinção da própria área.E isso tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser olha<strong>do</strong> sob uma ótica que é a da ecologia da paisagem, no mínimo ograu com que <strong>de</strong>ve ser avalia<strong>do</strong> é <strong>de</strong>ssa coisa mais integrada. E para conservação <strong>de</strong>comunida<strong>de</strong>s, as áreas protegidas <strong>de</strong>vem ter uma eficácia, o que não acontece hoje. Vi<strong>de</strong> oque acontece, por exemplo, nas áreas <strong>de</strong> Cerra<strong>do</strong> no interior <strong>de</strong> São Paulo invadidas pelabraquiária, uma espécie africana que conseguiu ocupar nosso território e invadiu as áreas <strong>de</strong>preservação. O componente herbáceo <strong>de</strong>ssas áreas <strong>de</strong> Cerra<strong>do</strong> em São Paulo estácompletamente prejudica<strong>do</strong>.As priorida<strong>de</strong>s para proteção po<strong>de</strong>m ser dadas na abordagem das próprias espécies, porisso são eleitas uma espécie-ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s gostam, têm afinida<strong>de</strong>; e a abordagempo<strong>de</strong> ser dada nas comunida<strong>de</strong>s e ecossistemas, que é a melhor, pois as espécies em si não seprotegem se não houver estrutura <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> que a sustente. E aí há uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>planejamento, não planejamos nosso dia, nosso cotidiano, somos uma socieda<strong>de</strong> que nãoplaneja. Quan<strong>do</strong> se fala em conservação biológica, não basta simplesmente cercar, énecessário fazer um plano <strong>de</strong> manejo, e é importante, nesse senti<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>rar o própriotamanho da reserva, a minimização <strong>do</strong>s efeitos <strong>de</strong> borda, a fragmentação, os corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong>hábitat e a ecologia da paisagem. Tu<strong>do</strong> isso vale para a recuperação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadascomo um to<strong>do</strong>, não dá pra criar ilhas <strong>de</strong> vegetação e achar que têm um valor biológico gran<strong>de</strong>.Além disso, po<strong>de</strong>mos, no manejo <strong>de</strong> áreas protegidas, tratar das ameaças, comoinvasões biológicas e incêndios. O manejo é uma coisa importante, existe um princípio nasUnida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação que ninguém po<strong>de</strong> tocar. Se ela fosse <strong>de</strong> fato primitiva, se estivessenas condições que existia anteriormente, tu<strong>do</strong> bem, mas ela já não existe mais nessascondições, está fragmentada e sob pressões. Então manejar, manipular, fazer o manejo <strong>de</strong>lianas <strong>de</strong> borda, por exemplo, é fundamental, o que não significa tirar todas as lianas, significacontrolar as invasoras.Uma outra questão importante é tratar da ecologia da restauração. Restaurar significabrincar <strong>de</strong> Deus. Ao longo <strong>do</strong> tempo o homem <strong>de</strong>struiu a natureza e hoje tem dificulda<strong>de</strong>imensa <strong>de</strong> recuperar funções que a própria vegetação possuía, em suas funções originais; emcertos tipos <strong>de</strong> biomas, nem temos mais mo<strong>de</strong>los. A floresta estacional semi<strong>de</strong>cidual, <strong>do</strong>interior <strong>de</strong> São Paulo, não tem um único fragmento que seja capaz <strong>de</strong> representar essafloresta <strong>de</strong> forma preservada. O Parque <strong>do</strong> Morro <strong>do</strong> Diabo é imenso, mas não tem um trechoque seja totalmente preserva<strong>do</strong>. Qual é o mo<strong>de</strong>lo? Que tipo <strong>de</strong> floresta é essa? Nãoconhecemos no passa<strong>do</strong> e não temos mo<strong>de</strong>lo hoje para construir absolutamente nada. Entãobrincamos <strong>de</strong> Deus, e como seres imperfeitos, vamos criar mo<strong>de</strong>los imperfeitos, que é o quese espera.Na gestão da conservação, <strong>de</strong> novo precisamos pensar em termos econômicos, emtermos sociais e da biologia como um to<strong>do</strong>. Aqui ressalto algo que per<strong>de</strong>mos há algum tempo,to<strong>do</strong>s os cursos <strong>de</strong>veriam ter a filosofia, que é o que faz rever as coisas, faz as pessoaspensarem no seu lugar na natureza, se enten<strong>de</strong>rem na sua relação com a natureza e comoutras pessoas.Vejam o quão difícil é fazer alguma coisa, o que não quer dizer que não possamos tomaralgumas medidas, sempre trabalhan<strong>do</strong> com um grupo <strong>de</strong> pessoas o mais diverso possível,capaz <strong>de</strong> nos trazer as contribuições das mais diversas áreas <strong>de</strong> conhecimento, inclusive ossaberes tradicionais - tão explora<strong>do</strong>s por nós, que nos trazem experiências maravilhosas, enão voltamos a eles esse conhecimento que nos passaram.Várias áreas têm <strong>de</strong> estar associadas. Existe uma política ambiental, e parte <strong>de</strong>la é alegislação, parte são algumas ações, parte é o policiamento. Planejamento ambiental eavaliação <strong>de</strong> impacto ambiental também passam a ser importantes. A gestão ambiental é25


parte <strong>de</strong>sse processo e é complexa, pois insere todas as áreas <strong>de</strong> conhecimento. É necessáriofazer zoneamento, não temos a ilusão <strong>de</strong> que a Amazônia vai permanecer assim, daqui a 50anos vamos ter fragmentos <strong>de</strong> floresta na Amazônia. Que fragmentos serão esses, qual será adistribuição? Na abordagem <strong>do</strong> gerenciamento da bacia hidrográfica, que é uma unida<strong>de</strong> on<strong>de</strong>o monitoramento é relativamente simples, é possível saber da qualida<strong>de</strong> da bacia através dasua drenagem, é possível controlar a qualida<strong>de</strong>.É preciso lembrar que a gestão ambiental é um processo <strong>de</strong> articulação das ações <strong>de</strong>diferentes agentes sociais que interagem em da<strong>do</strong> espaço. Temos os políticos <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geralhoje, nos três níveis, tratan<strong>do</strong> das suas coisas e <strong>de</strong>cidin<strong>do</strong> por nós, raramente nós temos aparticipação da socieda<strong>de</strong>. Como vêem é necessário respeitar um conjunto imenso <strong>de</strong> coisas,to<strong>do</strong>s os fatores liga<strong>do</strong>s ao problema <strong>de</strong>vem ser trata<strong>do</strong>s.Dentro da gestão, há em escala macro ações orientadas por uma política ambiental, e, àsvezes, nós temos uma contradição neste caso. Qual foi a política ambiental <strong>do</strong> ultimo governofe<strong>de</strong>ral? Foi completamente contraditória à política agrícola, econômica, a política <strong>de</strong>exportação da soja claramente foi contra a ambiental. Essas contradições não são colocadas namesa para discussão. Como vamos resolver isso? Vamos simplesmente ampliar a parte daprodução porque a política econômica é mais forte? A socieda<strong>de</strong> se posiciona, diz que políticasquer estabelecidas. Então política é algo consensual, ninguém estabelece sem que haja umadiscussão, acor<strong>do</strong>s.O planejamento ambiental é um processo <strong>de</strong> raciocínio visan<strong>do</strong> ações, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>políticas estabelecidas, a legislação condizente e a gestão propostas. Essas coisas se encaixamem diversos níveis <strong>de</strong> organização, são escalas relevantes para o que estamos discutin<strong>do</strong>. Essagestão envolve a participação social e tem vários componentes a serem avalia<strong>do</strong>s: adisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos ambientais, <strong>de</strong> informações e técnicas, os aspectos sociais, físicos,químicos e biológicos, os aspectos econômicos, financeiros, políticos, institucionais, legais eoutros.Alguns fatores são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s mais relevantes na contradição entre a legislação e suaaplicação. Por exemplo, existem as estratégias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento dissociadas das políticasambientais, sen<strong>do</strong> os parâmetros ambientais consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s secundários e até mesmoconflitantes com os objetivos <strong>de</strong> crescimento econômico. Há sempre esse discurso <strong>de</strong> que ocrescimento é necessário ao <strong>de</strong>senvolvimento - não é necessariamente. O Chile, por exemplo,teve um crescimento econômico que não foi excepcional, mas teve um <strong>de</strong>senvolvimento socialeleva<strong>do</strong>, mostran<strong>do</strong> que são coisas diferentes. Desenvolvimento quer dizer que a socieda<strong>de</strong>toda ganhou com o processo, já no crescimento econômico, nem toda a socieda<strong>de</strong> ganha. Eexiste uma assimetria <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r, que é gerada pelo peso <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res públicos em relação aos<strong>de</strong>mais atores sociais, <strong>de</strong> forma que os interesses <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Nacional se sobrepõem ao local eregional, que arcam com os custos ambientais e sociais. Às vezes o processo é inversotambém, a exemplo <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> litoral que estão queren<strong>do</strong> mudar o parcelamento daterra, pois terão um número maior <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s e o imposto municipal amplia<strong>do</strong>.Além disso, po<strong>de</strong>mos ter interesses sociais contraditórios, o produtor agrícola não <strong>de</strong>ixa<strong>de</strong> ser um componente da socieda<strong>de</strong>, uma indústria não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser, e há interessescontraditórios que se manifestam quan<strong>do</strong> parte <strong>do</strong>s atores evita discutir os custos sociais eecológicos. Esses custos sociais e ecológicos são socializa<strong>do</strong>s, mas os benefícios sãoindividuais, <strong>de</strong> grupos que acabam se aproprian<strong>do</strong>. Além disso, existe a ina<strong>de</strong>quação <strong>do</strong>quadro institucional atual para o planejamento e gerenciamento ambiental, quan<strong>do</strong> háinteresses contraditórios seguin<strong>do</strong> cada instancia <strong>de</strong> governo, prefeituras, esta<strong>do</strong>s, ministérios.A falta <strong>de</strong> recursos para a área ambiental torna precárias tanto a implantação dasestratégias propostas, quanto a capacitação técnica <strong>do</strong>s órgãos ambientais. Isso aconteceu,por exemplo, na fase inicial em que foram exigi<strong>do</strong>s os EIA-RIMAS, os órgãos ambientais nãotinham a capacida<strong>de</strong> das equipes que elaboraram os relatórios, isso foi construí<strong>do</strong> num tempo.Hoje alguns esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil têm equipes altamente competentes nessa questão da análise,mas outros não.Entre os princípios <strong>de</strong>ssa gestão, pensamos que os processos ecológicos precisam sermanti<strong>do</strong>s ou restabeleci<strong>do</strong>s, metas e objetivos precisam ser estabeleci<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>conhecimento profun<strong>do</strong> das proprieda<strong>de</strong>s ecológicas <strong>do</strong> sistema. Temos uma lacuna <strong>de</strong>conhecimento sobre como funcionam os nossos ecossistemas, conhecemos mais da Amazôniaque da <strong>Floresta</strong> Pluvial Atlântica aqui no litoral. Ameaças externas precisam ser minimizadas eos benefícios maximiza<strong>do</strong>s, processos evolutivos precisam ser conserva<strong>do</strong>s e a gestão precisa26


ser adaptativa e minimamente inclusiva, quer dizer, <strong>de</strong>ve ter ações, mas não modificar osprocessos como um to<strong>do</strong>.Essas ações <strong>de</strong> conservação fazem parte <strong>de</strong> políticas públicas (que raramentediscutimos), para cujo estabelecimento três princípios precisam estar claramente formaliza<strong>do</strong>s:o primeiro é o princípio da humilda<strong>de</strong>, precisamos reconhecer as limitações <strong>do</strong> conhecimentohumano, não sabemos tu<strong>do</strong>, e como resulta<strong>do</strong>, há limite da nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manejar oplaneta; o princípio da precaução, quan<strong>do</strong> em dúvida <strong>de</strong>vemos pensar profundamente e agirlentamente; e o princípio da reversibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vemos promover mudanças que não sejamirreversíveis, que não levem à <strong>de</strong>gradação quan<strong>do</strong> o sistema não tiver a mínima capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>retomar sua condição original.Essas ações são feitas por algumas instituições, com as educacionais colocadas emprimeiro lugar, porque o problema ambiental é educacional, é um problema <strong>de</strong> relação dasocieda<strong>de</strong> com o ambiente, é <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s; os próprios governos; as ONGs; o comércio, osconsumi<strong>do</strong>res, as instituições legais, religiosas, e a própria mídia. Temos uma mídia que nãoeduca, não ajuda nada no processo educativo, auxilia pouco.E chegamos nesse nível <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> áreas, o que tratamos <strong>de</strong>ntro da ecologia darestauração. Restauração é algo que quase não fazemos, pois significa retornar a um processo<strong>de</strong> esta<strong>do</strong> original, o que chamei <strong>de</strong> ‘brincar <strong>de</strong> Deus’, restabelecer um conjunto <strong>de</strong> funções erelações complexas que evoluíram ao longo <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> anos, e não vamos fazer isso agoracom milhares <strong>de</strong> plantas e animais. A reabilitação trata <strong>de</strong> restabelecer elementos da estruturae função, é o que <strong>de</strong> fato estamos fazen<strong>do</strong>. Reforma também é restabelecer algumas funções<strong>de</strong> áreas muito <strong>de</strong>gradadas sem que haja matriz, é o que acontece em parte com algunsmo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> floresta estacional semi<strong>de</strong>cidual. A recriação utiliza mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> outras áreas pararestaurar aquelas severamente <strong>de</strong>gradadas. Finalmente, o restabelecimento busca restaurar apartir <strong>de</strong> um impulso artificial, por exemplo, em áreas <strong>de</strong> mineração que têm problema <strong>de</strong>compactação <strong>do</strong> solo, eliminá-la po<strong>de</strong> ser um impulso à recuperação natural.Um aumento da biomassa e no número <strong>de</strong> espécies e complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ecossistema é oque buscamos nestes mo<strong>de</strong>los que conhecemos. Com esse conjunto <strong>de</strong> coisas, procurei trazera complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores envolvi<strong>do</strong>s, mas esse <strong>de</strong>safio <strong>de</strong>ve ser intelectual, <strong>do</strong> diálogo entreas áreas <strong>do</strong> saber, pois nenhum <strong>de</strong> nós é mais competente. Precisamos tratar <strong>do</strong> problema, éisso que merece <strong>de</strong>staque, não o indivíduo e a sua fala. Abstrair o indivíduo que cada um <strong>de</strong>nós tem implica numa mudança <strong>de</strong> postura, e aí, mesmo como um ser egoísta, pensar <strong>de</strong> umaforma diferente. Se eu oferecer para o outro um pouco <strong>do</strong> conhecimento que tenho, eletambém não vai passar? Não seremos os <strong>do</strong>is melhores? No mínimo, como um ser egoísta, eu<strong>de</strong>veria saber permutar.Walter <strong>de</strong> Paula Lima – Esalq/USPVou falar sobre hidrologia, um tema que se relaciona com floresta e água. Precisamosentener um pouco mais <strong>de</strong>ssa relação <strong>de</strong> como a unida<strong>de</strong> da paisagem representada pela baciahidrográfica se encaixa neste contexto, como a hidrologia po<strong>de</strong> ajudar nessa preocupação <strong>de</strong>recuperação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas, principalmente em relação aos recursos hídricos.Quan<strong>do</strong> falamos <strong>de</strong> bacia, estamos tratan<strong>do</strong> essencialmente <strong>de</strong> microbacia, em que pesea dificulda<strong>de</strong> das pessoas <strong>de</strong> <strong>de</strong>finirem a palavra. Não é pelo tamanho, existe um conceitomais importante <strong>de</strong>ntro da escala <strong>de</strong> microbacia, que é localizar a importância <strong>de</strong> zonas ouáreas ripárias. Po<strong>de</strong>mos tirar a palavra ‘zona’ e dizer matas ripárias. É preciso usar osconhecimentos <strong>do</strong> funcionamento hidrológico <strong>de</strong> microbacias paras restaurar, basea<strong>do</strong>s noconceito básico <strong>do</strong> conhecimento das relações hidrológicas <strong>do</strong>s ecossistemas ripários, comosubsídio para o estabelecimento <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> restauração da saú<strong>de</strong> ou estabilida<strong>de</strong> dasmicrobacias.Na hidrologia, os temas se afunilam: quan<strong>do</strong> falo da hidrologia florestal, da relaçãofloresta-água, po<strong>de</strong>mos dizer que a <strong>de</strong>finição é ‘ciência que estuda o funcionamentohidrológico das microbacias’. Dentro <strong>de</strong>ssa escala hidrológica, as chamadas zonas ripárias sãoimportantes, então o primeiro passo para estabelecer um programa <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> zonas<strong>de</strong>gradadas é i<strong>de</strong>ntificar essas áreas ripárias. O nosso Código <strong>Floresta</strong>l já acatou isso eintroduziu, através <strong>de</strong> portaria <strong>do</strong> Conama, esse conceito, ou seja, a APP não é mais a27


vegetação que está a 30 metros, 100 metros, mas a área que <strong>de</strong>ve ser preservada. E colocaaté um parêntese: (com ou sem vegetação), não importa, é a área porque é <strong>de</strong>la que resultamos serviços ambientais. Quan<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntificamos essas áreas na escala das microbacias e avegetação característica <strong>de</strong>ssas áreas, a ripária ou mata ciliar, começa a ocorrer o queecologicamente chamamos <strong>de</strong> interações ripárias. To<strong>do</strong> esse conjunto <strong>de</strong>fine o que chamamos<strong>de</strong> ecossistema ripário, o responsável pela água, que mantém o mais importante serviçoambiental liga<strong>do</strong> à proteção <strong>do</strong>s recursos hídricos.Se começarmos só a plantar floresta, na realida<strong>de</strong> estamos diminuin<strong>do</strong> a quantida<strong>de</strong>, adisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água superficial, pois a floresta consome bastante água, não só o eucalipto,mas a floresta em geral. Mas o ecossistema ripário na escala da microbacia mantém o que éimportante: a regularida<strong>de</strong> da vazão. Esse serviço ambiental, tanto <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>regularida<strong>de</strong>, da qualida<strong>de</strong> e da quantida<strong>de</strong>, é fundamentalmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> quechamamos <strong>de</strong> ‘integrida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ecossistema ripário’, e aí a complexida<strong>de</strong> aumenta, mas é issoque temos <strong>de</strong> restaurar: a integrida<strong>de</strong>.Cada microbacia é diferente da outra, ou seja, respeita os processos evolucionáriosadapta<strong>do</strong>s às condições locais <strong>de</strong> clima, geologia, etc. Coletivamente, essas coisas nosfornecem aquilo que é a medida da vitalida<strong>de</strong>, da estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse ecossistema <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pelamicrobacia. E po<strong>de</strong>mos monitorar essa vitalida<strong>de</strong> através da quantida<strong>de</strong> e da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>água, da composição da comunida<strong>de</strong> ripária que está protegen<strong>do</strong> as zonas ripárias, a fauna, oque passa também pela questão da diversida<strong>de</strong> genética. Portanto, quan<strong>do</strong> se pensa emrecuperar área <strong>de</strong>gradada, significa manter a água, <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> ou quantida<strong>de</strong>, e manejosustentável (o manejo sustentável foi feito para ser a vigilância permanente, é o conceitofundamental por trás da expressão <strong>de</strong>senvolvimento sustentável).Assim, a primeira coisa que precisamos saber <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista hidrológico é i<strong>de</strong>ntificar e<strong>de</strong>limitar espacialmente a extensão das zonas ripárias: são 30 metros, 100 metros? Nanatureza nada é linear ou simétrico como a lei tenta impor para a gente, mas já sabemoscomo são i<strong>de</strong>ntificadas as zonas ripárias na escala das microbacias hidrográficas, o que émuito importante.Outro aspecto seria procurar restaurar uma ‘faixinha’ <strong>de</strong> vegetação voltada àquelaintegrida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ecossistema ripário, que passa por proteger as áreas ripárias, <strong>de</strong>senvolver avegetação característica <strong>de</strong>ssas áreas e dar início ao processo das interações ecológicas quecomeçam a ser <strong>de</strong>senvolvidas, pois é isso que queremos resgatar.Não adianta ficarmos falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> elementos isola<strong>do</strong>s, pensarmos ‘ao invés <strong>de</strong> plantar isso,vou plantar aquilo’, pois existe uma interação muito forte entre o ecossistema aquático e essavegetação: qualquer alteração nela, segun<strong>do</strong> o conceito <strong>de</strong> ecossistema ripário, vai afetar asrelações.A largura da mata ciliar, por exemplo, é outro elemento isola<strong>do</strong>, não há nenhumajustificativa para achar que tem que ser X metros ao longo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o curso d’água. Outroelemento isola<strong>do</strong> é achar que só a mata ciliar vai resolver o problema. Tem <strong>de</strong> haver o manejointegra<strong>do</strong>, ou seja, a manutenção <strong>de</strong>sse elemento que foi restaura<strong>do</strong> ou forma<strong>do</strong> ao longo dasáreas ripárias vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>do</strong> manejo que se aplica em toda a área da bacia hidrográfica.Uma cerca isolan<strong>do</strong> a mata ciliar que foi restaurada não vai resolver o problema, é precisoolhar as outras coisas que estão acontecen<strong>do</strong> ao longo da bacia e po<strong>de</strong>m estar afetan<strong>do</strong> estaintegrida<strong>de</strong>.Enxergan<strong>do</strong> então uma microbacia, as cabeceiras <strong>de</strong> drenagem e os cursos d’água,po<strong>de</strong>mos i<strong>de</strong>ntificar <strong>do</strong>is conjuntos <strong>de</strong> coisas que <strong>de</strong>finem a saú<strong>de</strong> da bacia: a água, ou o quechamamos <strong>de</strong> processos hidrológicos, qualida<strong>de</strong>, quantida<strong>de</strong>, processo <strong>de</strong> vazão (quan<strong>do</strong>enxergamos o riacho neste contexto vemos que não é apenas a água, mas também a vida, oecossistema aquático); e a questão da diversida<strong>de</strong> biológica, vista agora na escala damicrobacia, protegen<strong>do</strong> áreas que <strong>de</strong>vem ser protegidas, que são as zonas ripárias, cabeceiras<strong>de</strong> drenagem.Começamos a pensar então ‘o que é esse tal <strong>de</strong> ecossistema ripário’? Sabemos o que érestaurar?’. Temos que saber o que se busca com a recuperação e o que estamos per<strong>de</strong>n<strong>do</strong>com a <strong>de</strong>gradação. Sabemos que a questão é complexa e se <strong>de</strong>senvolve em função <strong>de</strong>diversos fatores ambientais: hidrologia, geomorfologia (solo, luz, temperatura...), entreoutros. A hidrologia é um <strong>do</strong>s elementos-chave <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> ecossistema ripário.Autores já falam que teremos <strong>de</strong> pensar em restaurar mata ciliar basea<strong>do</strong>s em cada bacia28


hidrográfica, porque a evolução, a relação evolutiva entre uma coisa e outra é tão forte, quenão po<strong>de</strong>mos pensar em plantar mata ciliar <strong>de</strong> uma bacia para outra.Sobre as interações ecológicas <strong>de</strong> que falamos, quan<strong>do</strong> restauramos mata ciliar nãopo<strong>de</strong>mos pensar ‘um tronco caiu <strong>de</strong> repente, temos que tirar’, não, faz parte <strong>de</strong>ssa interação,<strong>de</strong>ssa complexida<strong>de</strong>. Uma <strong>de</strong>finição interessante para zonas ripárias é a <strong>de</strong> interface entre <strong>do</strong>isecossistemas, o terrestre e o aquático. Sabemos que essas áreas são caracterizadas por umaalta variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores ambientais e processos ecológicos, mais ou menos água,velocida<strong>de</strong>. Então alguém <strong>de</strong>fine também que a zona ripária pertence mais ao riacho <strong>do</strong> que àzona terrestre. Seria como um subsistema <strong>do</strong> próprio sistema aquático. Há <strong>de</strong>limitaçãoespacial, mas também uma dinâmica, uma <strong>de</strong>limitação temporal, varia ao longo <strong>do</strong> ano com asestações. Isso é totalmente <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>, <strong>de</strong>srespeita<strong>do</strong>, e a própria lei passa por cima disso.Por ser muito complexa, a vegetação ripária possui alta diversida<strong>de</strong> florística. E na escalada microbacia, essa mata ripária <strong>de</strong>sempenha papel fundamental no regime ambiental <strong>do</strong>ecossistema aquático. A composição florística <strong>de</strong>ssas áreas apresenta enorme variação, e essavariabilida<strong>de</strong> também é função <strong>de</strong> vários fatores, incluin<strong>do</strong> a hidrologia, que dá suporte geoecológicopara a ocorrência da mata ciliar. Através <strong>de</strong> adaptações morfo-geológicas, háespécies que conseguem sobreviver e viver em áreas encharcadas, adaptações reprodutivas <strong>de</strong>espécies que só jogam a semente, chamadas <strong>de</strong> hidrológicas, além daquelas espécies em queo florescimento é sintoniza<strong>do</strong> com o final da estação chuvosa, a fim <strong>de</strong> que haja oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> permanência. Então essas adaptações permitem i<strong>de</strong>ntificar o que é vegetação ripária emrelação a outro tipo <strong>de</strong> vegetação.Por outro la<strong>do</strong>, a vegetação ripária também influencia a hidrologia. Através <strong>de</strong> váriosprocessos, como a dinâmica hidráulica <strong>do</strong>s canais, a geração <strong>do</strong> escoamento direto (ou seja, aresposta <strong>de</strong> cada microbacia a um evento <strong>de</strong> chuva, se vai sair mais por escoamento artificialou por infiltração), tu<strong>do</strong> isso interfere na saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> ecossistema ripário, <strong>de</strong>posição e arrasto <strong>de</strong>sedimentos, aporte <strong>de</strong> tronco, fontes <strong>de</strong> alimentos para organismos aquáticos, controle datemperatura da água, da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água, <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> macro-invertebra<strong>do</strong>s.A mata ciliar protege as áreas hidrologicamente sensíveis das microbacias. Ao restauraras funções hidrológicas, precisamos ver se queremos contribuir para a busca <strong>do</strong> manejosustentável, ou <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> manejo que caminhe nessa direção, como por exemplo omanejo integra<strong>do</strong>, que é volta<strong>do</strong> para a produção, mas preocupa<strong>do</strong> com a manutenção daqualida<strong>de</strong> ambiental. Se queremos encontrar uma forma <strong>de</strong> restabelecer o ecossistema ripário,temos <strong>de</strong> primeiro <strong>de</strong>finir on<strong>de</strong> estão as áreas ripárias, levar em conta que têm uma<strong>de</strong>limitação espacial e são também dinâmicas. É a geomorfologia que dirá on<strong>de</strong> a paisagem émais ou menos sensível hidrologicamente. O Código <strong>Floresta</strong>l mu<strong>do</strong>u, agora fala que consi<strong>de</strong>ra<strong>de</strong> preservação permanente a ‘área’, não fala mais a ‘vegetação’.Esses serviços ambientais que a integrida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ecossistemas ripários promove <strong>de</strong>corremunicamente <strong>do</strong> ‘tamponamento’ <strong>do</strong>s processos hidrológicos, a interceptação <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong>escoamento direto. Quan<strong>do</strong> chove, a forma como a microbacia se encontra é que indica sevamos ter enxurrada ou água entran<strong>do</strong> no solo e reabastecen<strong>do</strong> o lençol freático, manten<strong>do</strong> avazão ecológica. Então é o papel <strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> pelos ecossistemas ripários no tamponamentoou na interceptação <strong>de</strong>sses processos hidrológicos na escala da microbacia que mantém essesserviços. E esse tamponamento varia <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com solo, profundida<strong>de</strong>, umida<strong>de</strong>, mas variaprincipalmente com as formas <strong>de</strong> manejo. Não dá pra ser <strong>de</strong>sintegra<strong>do</strong>, se eu só cuidar damata ripária e esquecer essas coisas, não tem jeito. Portanto, a manutenção da integrida<strong>de</strong><strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> práticas sadias <strong>de</strong> uso da terra em toda a microbacia.‘Resiliência ecológica’ po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alteração que oecossistema ripário po<strong>de</strong> absorver sem mudar seu esta<strong>do</strong>. O ecossistema ripário já estáconstantemente sujeito a pancadas naturais; <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da chuva, não há floresta quesegure, haverá enchente, transbordamento, ele tem que estar forte para agüentar essascoisas. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alterações que po<strong>de</strong> absorver <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da diversida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s gruposfuncionais que possui. Isso <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> ao se resgatar mata ciliar.No nosso país e em muitos outros, a causa principal da <strong>de</strong>gradação hidrológica foi aperda gradativa da resiliência das microbacias hidrográficas ou <strong>do</strong>s ecossistemas ripários. Nãoprecisa ir longe, não precisa nem sair da cida<strong>de</strong>, é só passar por qualquer riachinho para ver. Ecomo fazemos para mudar esse esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> coisas, como enxergaríamos o manejo <strong>do</strong>ecossistema ripário, não no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> cortar, mas <strong>de</strong> manter aquele funcionamento, comopo<strong>de</strong>mos agregar resiliência neste ecossistema <strong>de</strong>grada<strong>do</strong>?29


Primeiro, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que ele funciona como um tampão entre a chegada da chuva namicrobacia e a liberação <strong>de</strong>ssa água ao longo <strong>do</strong> solo, <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> drenagem, etc. Enten<strong>de</strong>rque essas coisas todas funcionam em diferentes escalas <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>, que é umconceito multidisciplinar e também <strong>de</strong> múltiplas escalas. Enten<strong>de</strong>r que a presença <strong>de</strong> núcleos<strong>de</strong> renovação, como foram chama<strong>do</strong>s esses fragmentos que po<strong>de</strong>m contribuir para arestauração, é parte fundamental <strong>de</strong>ssa resiliência. Temos que enten<strong>de</strong>r também não apenas<strong>do</strong>s limites espaciais, mas também das dinâmicas das zonas ripárias das microbacias. Temosque enten<strong>de</strong>r que em outras escalas da sustentabilida<strong>de</strong>, a gente já po<strong>de</strong> estar causan<strong>do</strong>problemas, as estradas malfeitas e mal conservadas são um problema sério <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradaçãohidrológica, temos que enten<strong>de</strong>r que zona ripária não foi feita para se jogar lixo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la.E se só nos preocuparmos com a espécie que vamos plantar, no nosso sítio ou numafazenda maior, não vamos enxergar outras escalas importantes que começam na microbacia,passam à paisagem, e cada paisagem tem uma questão regional. Então há indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sustentabilida<strong>de</strong>: em cada uma <strong>de</strong>ssas escalas, a microbacia é uma escala interessante, poisse situa justamente entre a parte on<strong>de</strong> as ações ocorrem, on<strong>de</strong> o homem planta, <strong>de</strong>strói ourestaura, e aquilo que o próprio homem espera, que é a manutenção da qualida<strong>de</strong> da biosfera.Os aspectos regionais da paisagem também <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>ssesecossistemas afeta<strong>do</strong>s por nossas ações.Quan<strong>do</strong> vemos uma paisagem e dizemos ‘que legal, temos uma fazenda com área <strong>de</strong>produção e <strong>de</strong> proteção hidrológica’, po<strong>de</strong> ser uma visão aparente. Se chegamos mais perto,po<strong>de</strong>mos ver que aquele ecossistema ripário que <strong>de</strong> longe parece bonitinho já começa a darsinais <strong>de</strong> não estar bem. Se o manejo <strong>do</strong> ecossistema ripário não for a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, afeta orestante. É preciso ligar recuperação com questões <strong>de</strong> manejo.De que adianta eu ter 50 metros <strong>de</strong> mata <strong>de</strong> cabeceira protegen<strong>do</strong> a nascente, se façouma estrada ruim e a mata não serve para nada? Respeitar a lei é uma coisa, mas respeitar oslimites da zona ripária é bem diferente.CONSIDERAÇÕES FINAIS:Walter <strong>de</strong> Paula LimaQuan<strong>do</strong> falamos em microbacia, não olhamos para o que é que precisamos cuidar. Pensamos‘<strong>de</strong>ixa o rio, ele é um artista, é o maior artista porque consegue atravessar quilômetros <strong>de</strong>área <strong>de</strong>gradada’, mas está morren<strong>do</strong> porque as microbacias que são as alimenta<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>sgran<strong>de</strong>s sistemas pluviais não passam por políticas ambientais. Precisaria dar uma guinada...Quan<strong>do</strong> falam em revitalizar o rio São Francisco, acho <strong>de</strong> uma idiotice sem tamanho, <strong>de</strong>ixa elelá, vamos cuidar das microbacias <strong>de</strong>gradadas que vimos por aí.Demóstenes Barbosa SilvaPu<strong>de</strong> perceber que temos inquietu<strong>de</strong> em relação ao tema da gestão ambiental, enfim, daspolíticas públicas diversas. Acho que é muito positiva essa inquietu<strong>de</strong>, que se verifica numplano nacional e internacional. Talvez isso indique que nossa socieda<strong>de</strong> e comunida<strong>de</strong>s jáestão com um grau <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> ao tema bastante apropriada para colocarmos a mão namassa. A responsabilida<strong>de</strong> por restaurar o que foi impacta<strong>do</strong> não po<strong>de</strong> ser atribuída a umsegmento ou outro <strong>de</strong> governo, ou às empresas, ou às escolas. Temos uma gran<strong>de</strong> tarefa aser empreendida <strong>de</strong> uma forma cooperativa e com base na consciência que já formamos. Creioque é ótimo que a inquietu<strong>de</strong> exista, que cultivemos e nos associemos uns aos outros paraenfrentar o <strong>de</strong>safio, que é muito gran<strong>de</strong>. O governo <strong>de</strong> São Paulo, esse evento, o próprioPrograma <strong>de</strong> Recuperação <strong>de</strong> Matas Ciliares é um atesta<strong>do</strong>, indicativo <strong>do</strong> quanto tem si<strong>do</strong> feito<strong>de</strong> esforços <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> governo. Nós, da socieda<strong>de</strong> civil organizada, precisamos nos integrar aeste esforço.Waldir MantovaniQueria fazer apologia a algo que está sen<strong>do</strong> extinto ultimamente que é o servi<strong>do</strong>r público,também sou. Não sou funcionário publico, ser servi<strong>do</strong>r publico é uma postura, é algo muito30


diferente <strong>de</strong> ser funcionário, que às vezes se apropria <strong>do</strong> público por questões privadas. E oservi<strong>do</strong>r publico é alguém que serve o público e que <strong>de</strong>ve ser cobra<strong>do</strong> pelos seus serviços;então existe toda uma estrutura pública no Brasil sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>gradada. Não é possível que nãotenhamos ação <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> atuan<strong>do</strong> nestas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s para, no mínimo, dar uma condiçãoigual para as pessoas partirem <strong>de</strong> um ponto minimamente satisfatório para o seu<strong>de</strong>senvolvimento. Falo <strong>de</strong> ensino público <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, mas também <strong>de</strong>órgãos públicos que cuidam da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ambiente, e raramente temos um discurso <strong>de</strong> quemeio ambiente somos nós, pessoas que vivem no mesmo espaço. Em geral somos ‘nós’ e ‘eles’governo, e eu não tenho responsabilida<strong>de</strong> no processo. Chamar essa responsabilida<strong>de</strong> àsocieda<strong>de</strong> como um to<strong>do</strong> implica em valorizar o papel que tem o serviço público nas suasmissões, qualifica-lo, inclusive. Quan<strong>do</strong> na década <strong>de</strong> 70 houve uma migração da classe médiapara as escolas particulares, as públicas per<strong>de</strong>ram muito valor, foram largadas, e quem pô<strong>de</strong>pagar escola particular privilegiou seus filhos, crian<strong>do</strong> condição para entrar na universida<strong>de</strong>.Então é uma postura da socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> um segmento, e às vezes por omissão permitem queaconteça isso. Quan<strong>do</strong> garoto, lembro que era trata<strong>do</strong> apenas nos postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> municipal,on<strong>de</strong> estavam os melhores médicos. Isso mu<strong>do</strong>u radicalmente num tempo curto, apenasporque não fomos cidadãos, não fizemos exercício da exigência <strong>de</strong>ssas condições.Esse eixo ambiental, se as pessoas olharem <strong>de</strong> novo, é capaz <strong>de</strong> resgatar essas relaçõessociais mais iguais, porque amarra novamente as pessoas, não importa a classe social, se aágua está ruim ,está ruim pra to<strong>do</strong>s, ar i<strong>de</strong>m, to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> paga um preço da <strong>de</strong>gradação. Éuma mudança real na forma <strong>de</strong> olhar.Fernan<strong>do</strong> VeigaSó queria agra<strong>de</strong>cer a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estarmos <strong>de</strong>baten<strong>do</strong> esse tema da floresta-água,apresentar conceitos <strong>de</strong> serviços ambientais, e <strong>de</strong>ixar a mensagem da importância <strong>de</strong> pôr emprática conceitos novos que vêm sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> carbono à produção <strong>de</strong>água; lembrar a importância da construção <strong>de</strong> parcerias para a implementação <strong>de</strong>ssas novaspropostas. Assim, vislumbramos novos caminhos para o quadro da <strong>de</strong>gradação que envolve agestão <strong>de</strong> água e floresta.Helena CarrascosaEste encontro é uma oportunida<strong>de</strong> interessante <strong>de</strong> avançarmos nesse diálogo e nessaconstrução, que é algo que to<strong>do</strong>s nós esperamos que aconteça. Temos hoje condição muitodiferente <strong>do</strong> que tínhamos há 20 anos, as instituições públicas, as ONGs, as empresas e aspessoas amadureceram muito. E hoje temos condição <strong>de</strong> passar da fase <strong>de</strong> ‘boca no trombone’para ‘botar a mão na massa’, e isso se <strong>de</strong>ve fazer coletivamente. É fundamental oengajamento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, inclusive o que critica a atuação <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público, a gente não se senteofendi<strong>do</strong> pessoalmente. Somos to<strong>do</strong>s companheiros neste processo.31


9 <strong>de</strong> novembro- MESA-REDONDA 3 –BIODIVERSIDADE, MUDANÇAS CLIMÁTICAS E CRÉDITOS DE CARBANOComposição da mesa‣ Getulio Batista – Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciências Ambientais - Unitau‣ Lucila Lima – Meio Ambiente Carbono‣ Marco Antonio Fujihara – Instituto Totum‣ Osval<strong>do</strong> Stella Martins – Centro Nacional <strong>de</strong> Referência em Biomassa‣ Warwick Manfrinato – Esalq-USP e Plant Planejamento e Ambiente‣ Victor Kamphorst – Conselho <strong>de</strong> Sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Banco RealGetúlio T. Batista - Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciências Ambientais – Unitau,A idéia inicial era ter a apresentação <strong>do</strong> Warwick em primeiro lugar, porque ele traz obalizamento científico <strong>de</strong> toda essa preocupação. Há uma base científica que gerou to<strong>do</strong> essemerca<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono e essa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservação e conservação da biodiversida<strong>de</strong>.Agra<strong>de</strong>ço muito ao Warwick pela apresentação e também pela sua última contribuição sobre omerca<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono. O problema é tão crítico e às vezes o governo caminha numa velocida<strong>de</strong>tão lenta, que as empresas já estão se adiantan<strong>do</strong>, toman<strong>do</strong> atitu<strong>de</strong>s e participan<strong>do</strong>ativamente <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, embora formalmente elas ainda não tenham um compromissoassumi<strong>do</strong>.As quatro apresentações anteriores abordaram os diversos aspectos da temática dabiodiversida<strong>de</strong>, mudança climática e merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono. Tivemos o embasamento científico<strong>do</strong> Warwick, tivemos aspectos <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> e um enfoque econômico da biodiversida<strong>de</strong>,tivemos um enfoque <strong>do</strong> Osval<strong>do</strong> sobre a biomassa, <strong>de</strong> como medir e como avaliar. Eespecialmente, o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono <strong>do</strong> setor florestal que, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Protocolo <strong>de</strong> Kyoto,representa um <strong>de</strong>safio muito gran<strong>de</strong>. A apresentação <strong>do</strong> Fujihara permitiu ampliar esseconceito. O Protocolo <strong>de</strong> Kyoto estabeleceu metas muito específicas, indicou prazos, taxas,i<strong>de</strong>ntificou gases <strong>de</strong> efeito estufa e com isso <strong>de</strong>u uma abertura objetiva para se estabelecer omerca<strong>do</strong>, bolsas <strong>de</strong> valores e negociações mais efetivas. Mas isso tem que ser amplia<strong>do</strong>, o queestá sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>bati<strong>do</strong> agora na COP-12, em Nairóbi, no Quênia. A abordagem tem si<strong>do</strong> esta,inclusive <strong>do</strong> governo brasileiro <strong>de</strong> valorizar a floresta <strong>de</strong> pé e propor um pagamento peladiminuição da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento, que é a única forma <strong>de</strong> contê-lo.Teremos agora a palestra <strong>do</strong> Vitor Kamphorst, que traz uma visão que, <strong>de</strong> alguma forma,fecha to<strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> que tivemos com uma ação <strong>de</strong> negócios, a partir da experiência <strong>de</strong>leassessoran<strong>do</strong> o Banco Real, que efetivamente foi um <strong>do</strong>s pioneiros a atuar nessa área <strong>de</strong>merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono.Lucila Lima – Meio Ambiente CarbonoEstamos tratan<strong>do</strong> hoje <strong>do</strong> tema <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>safio para a humanida<strong>de</strong>, que é a questão damudança climática, <strong>do</strong> aquecimento global. Esse <strong>de</strong>safio exige uma coesão da cidadania global,ou seja, to<strong>do</strong>s nós, indivíduos, empresas e a socieda<strong>de</strong> como um to<strong>do</strong>, indistintamente, somoschama<strong>do</strong>s a colaborar para minimizar a problemática <strong>do</strong> aquecimento global. Algo que estáintimamente liga<strong>do</strong> à questão da biodiversida<strong>de</strong>, já que o aquecimento atinge a Terra em todasua dimensão e, embora exista uma resiliência da natureza, num <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> momento esseponto será quebra<strong>do</strong> pelo excesso da temperatura na Terra.32


Na década <strong>de</strong> 80 iniciaram-se os <strong>de</strong>bates sobre essa problemática. E ainda existe muito<strong>de</strong>bate, porque trabalhamos na fronteira <strong>do</strong> conhecimento. Na fronteira <strong>do</strong> conhecimentoeconômico, <strong>do</strong> direito, da antropologia, da sociologia, da geografia. Tu<strong>do</strong> o que trabalharmosdaqui para frente será novida<strong>de</strong>. Então como po<strong>de</strong>remos minimizar o impacto <strong>de</strong>sses gases noplaneta Terra?A partir <strong>do</strong>s anos 80, a Organização Mundial <strong>de</strong> Meteorologia iniciou os primeiros <strong>de</strong>batesque culminariam na construção da IV Convenção Quadro <strong>de</strong> Mudanças Climáticas. AConvenção foi o primeiro trata<strong>do</strong> internacional mo<strong>de</strong>rno em que se vislumbrou a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> se conhecer e preencher o próprio trata<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> tempo, como se fosse uma molduraem branco, em que to<strong>do</strong>s os Esta<strong>do</strong>s se juntam para discutir possíveis políticas e medidaslegais que agreguem as principais novida<strong>de</strong>s técnicas <strong>de</strong>senvolvidas no mun<strong>do</strong>.É uma engenharia diferente, como se fosse um imenso guarda-chuva, em que outrosprotocolos se somam a esse arcabouço inicial, sen<strong>do</strong> que os Esta<strong>do</strong>s signatários da IVConvenção po<strong>de</strong>m ir assinan<strong>do</strong> esses outros protocolos <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com um consenso geral <strong>do</strong>sEsta<strong>do</strong>s. Naquela ocasião, não se chegou a uma meta inicial <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> gases <strong>do</strong> efeitoestufa. Somente em 1997, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Kyoto, Japão, durante a III Conferência das Partes(COP-3) nasce o Protocolo <strong>de</strong> Kyoto. Este fixou em 5,2% a meta <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong>gases <strong>do</strong> efeito estufa pelos Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s. Dividiu o mun<strong>do</strong> em Anexo I, ou Esta<strong>do</strong>s<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, e os não-Anexo I, os países em <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>do</strong>s quais o Brasil faz parte.De um mo<strong>do</strong> geral, para que se possam alcançar as metas iniciais estabelecidas peloProtocolo, entre 2008 a 2012, foram cria<strong>do</strong>s três mecanismos <strong>de</strong> flexibilização. Destacamosaqui o Mecanismo <strong>de</strong> Desenvolvimento Limpo (MDL), por ser o único instrumento que permiteprojetos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s com a colaboração <strong>do</strong> Anexo I e <strong>do</strong>s não-Anexo I. Na evolução dasnegociações, criaram-se os acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Marrakesh, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o primeiro arcabouço jurídicoinstitucionalcom as regras para os projetos <strong>de</strong> MDL.Na Conferência da Partes, que funciona tanto para a Convenção <strong>do</strong> Clima como para oProtocolo <strong>de</strong> Kyoto, é que ocorrem os gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>bates internacionais e se avança,paulatinamente, a respeito <strong>do</strong> que se po<strong>de</strong>rá ser realiza<strong>do</strong> em conjunto. Essas conferênciassão uma espécie <strong>de</strong> coração, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> tu<strong>do</strong> emana.Dentro da Conferência das Partes existe um conselho, a Junta Executiva <strong>do</strong> MDL, quetoma conta <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os projetos <strong>de</strong>sse mecanismo. Serve para supervisionar as regras eaprovar to<strong>do</strong>s os registros <strong>de</strong> projetos. Depois, temos as chamadas entida<strong>de</strong>s operacionais<strong>de</strong>signadas, as terceiras partes <strong>de</strong>sse arcabouço que servem para, uma vez <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> umprojeto, validá-los dizen<strong>do</strong> se estão <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as regras internacionais <strong>do</strong> MDL e <strong>do</strong> paíshospe<strong>de</strong>iro. Isso porque é preciso estar <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a legislação interna <strong>de</strong> cada país,principalmente a ambiental.Existe uma outra entida<strong>de</strong> operacional <strong>de</strong>signada, fixada em território nacional e queverifica se aquele projeto foi realmente monitora<strong>do</strong>, se as reduções foram realmente feitas.Uma vez efetivadas as reduções, o projeto é certifica<strong>do</strong>. Essa certificação é o que chamamos<strong>de</strong> CER - Certifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> Redução <strong>de</strong> Emissão. Os CERs são corporifica<strong>do</strong>s em títulos vendi<strong>do</strong>sno merca<strong>do</strong>. São adquiri<strong>do</strong>s pelos países, ou por empresas, porque, na verda<strong>de</strong>, quem vaireduzir as emissões são as empresas, as indústrias e futuramente, os indivíduos. O queprecisamos <strong>de</strong>bater é como isso se formaliza na prática. No momento, temos poucoscertifica<strong>do</strong>s já emiti<strong>do</strong>s, mas temos uma expectativa <strong>de</strong> direito, há um ciclo para que ocertifica<strong>do</strong> se torne um ativo.Marco Antonio Fujihara – Instituto TotumVou tratar sobre a idéia <strong>de</strong> como valoramos a biodiversida<strong>de</strong>.Em pouco tempo estaremos comercializan<strong>do</strong> serviços <strong>de</strong> ecossistemas, o que po<strong>de</strong>acontecer em menos <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos. Neste caso, falamos <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>, umconjunto <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res chama<strong>do</strong>s Global Reporting Initiative - GRI, que permitem avaliar osserviços <strong>do</strong>s ecossistemas e como são coloca<strong>do</strong>s em prática. Esses indica<strong>do</strong>res são necessáriosao se tratar da biodiversida<strong>de</strong>, pois não po<strong>de</strong>mos entendê-la como o passarinho bonitinhovoan<strong>do</strong>. É necessário precisão, e isso é da<strong>do</strong> pelos indica<strong>do</strong>res. Qualquer que seja o indica<strong>do</strong>r,precisa também <strong>de</strong> pré-requisitos. Deve ser relevante, ou seja, refletir uma política pública e33


orientar na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões, e ter também uma completu<strong>de</strong>, apresentar todas asmeto<strong>do</strong>logias usadas para se chegar a ele. Por fim, precisa ser transparente e ter a capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> ser rastrea<strong>do</strong> e contabiliza<strong>do</strong>.Hoje, já existem alguns indica<strong>do</strong>res para manejar a biodiversida<strong>de</strong> no mun<strong>do</strong>. Elesexistem porque biodiversida<strong>de</strong> é um processo que envolve conhecer um valor para nosapropriarmos <strong>de</strong>le. No fun<strong>do</strong>, esses indica<strong>do</strong>res significam que eu tenho uma hierarquia <strong>de</strong>valores, que permite a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões.O GRI estabelece algumas diretrizes para comunicar esses valores ao merca<strong>do</strong> e àsocieda<strong>de</strong> como um to<strong>do</strong>, à margem <strong>do</strong>s processos empresariais, mas que <strong>de</strong> alguma maneiraparticipa <strong>de</strong>les, como parte envolvida em seus negócios. O GRI estabelece os indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>água, energia e biodiversida<strong>de</strong>, os quais as empresas têm que reportar. O GRI tem umcapítulo só sobre biodiversida<strong>de</strong>.Como é que valoro um parque ecológico e o que ele gera? Cobrar ingressos é umamaneira <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar seu valor? Não. Seu valor está em outras coisas, liga<strong>do</strong> a comotransformo tu<strong>do</strong> aquilo que existe em um parque num valor único para as pessoas. Já existeuma tentativa, por exemplo, <strong>de</strong> estabelecer os valores da conservação, e a base são osserviços ofereci<strong>do</strong>s pelo ecossistema. To<strong>do</strong> ecossistema tem serviços, que estão à nossadisposição, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> água fresca e biodiversida<strong>de</strong> ao ciclo <strong>de</strong> nutrientes.Em 2004, elaborou-se um levantamento, chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> “Milennium EcosystemsAssessment”, que <strong>de</strong>termina os serviços presta<strong>do</strong>s por um ecossistema e como po<strong>de</strong>m servalora<strong>do</strong>s e coloca<strong>do</strong>s à disposição das pessoas. Hoje, to<strong>do</strong>s esses serviços são ofereci<strong>do</strong>s <strong>de</strong>graça.A água que usamos na nossa casa precisou <strong>de</strong> uma mata ciliar para existir. Mas quempaga para que a mata ciliar seja mantida? Hoje, ninguém - por isso essa mata ten<strong>de</strong> a acabar,a não existir mais. Mas não existe bem natural eterno, as coisas têm <strong>de</strong> ser remuneradas. Oaquecimento global já é uma conta que estamos pagan<strong>do</strong>.Para reforçar o conceito <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> e sustentabilida<strong>de</strong>, temos que falar emalgumas dimensões básicas: primeiro, qual o valor da biodiversida<strong>de</strong>, seu valor econômico,ambiental e social; se o valor é da<strong>do</strong> pelo uso ou pelo não-uso. Por exemplo, uma mata ciliarusada para cobrir o déficit hídrico <strong>de</strong> uma região tem seu valor <strong>de</strong> uso. Mas o que eu não usotambém tem um valor: com o crédito <strong>de</strong> carbono, eu estou dan<strong>do</strong> valor a algo que eu nãoproduzi, é o seu não-uso; isso também tem valor, como acontece com a biodiversida<strong>de</strong>. Ovalor econômico da biodiversida<strong>de</strong>, que provê uma série <strong>de</strong> serviços, <strong>de</strong>ve ser estima<strong>do</strong>. Háalguns autores que afirmam que 40% <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os produtos e serviços vendi<strong>do</strong>s no mun<strong>do</strong> sãobasea<strong>do</strong>s na biodiversida<strong>de</strong>, o que representa um valor enorme. Temos <strong>de</strong> começar a pensaressas coisas <strong>de</strong> maneira diferente.Valor ambiental da biodiversida<strong>de</strong> é o mais próximo a nós. É o balanço <strong>de</strong> gases, aregulação <strong>de</strong> água, o ciclo <strong>de</strong> nutrientes, a questão da polinização. É necessária uma novaética em relação à biodiversida<strong>de</strong>, e sua dimensão econômica é dada pelos serviços queoferece - são os serviços <strong>do</strong>s ecossistemas. Existe uma série <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s indican<strong>do</strong> ser possívelvalorar a biodiversida<strong>de</strong>, que levam em conta seu valor <strong>de</strong> uso direto e <strong>de</strong> uso indireto.Sempre há uma inter-relação entre os sistemas econômicos e os ecossistemas e, se existeessa relação, isso tem valor e ele po<strong>de</strong> ser transaciona<strong>do</strong>.Trata-se <strong>de</strong> colocar que os serviços <strong>do</strong>s ecossistemas precisam <strong>de</strong> regulação e incluemaspectos culturais, além <strong>de</strong> uma correspondência nas relações sociais estabelecidas no dia-adiadas pessoas. Os pagamentos por proteção <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> já existem, como na CostaRica.Os benefícios da biodiversida<strong>de</strong> normalmente são verifica<strong>do</strong>s na extração <strong>de</strong> produtos,recreação, na provisão <strong>de</strong> água e na conservação; já os impactos da <strong>de</strong>gradação geralmentesão senti<strong>do</strong>s na biodiversida<strong>de</strong> e na água. No futuro, a biodiversida<strong>de</strong> e a água sofrerãoimpactos <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à extração <strong>de</strong> produtos que têm impacto direto naconservação. O que isso significa? Um benefício <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser gera<strong>do</strong> e ele tem um valor quealguém tem <strong>de</strong> pagar.Trabalhos como o <strong>do</strong> Banco Mundial, <strong>de</strong> 2004, que tratam da valoração econômica dabiodiversida<strong>de</strong> e <strong>do</strong>s ecossistemas, precisam ser mais discuti<strong>do</strong>s no Brasil. Na Costa Rica, háhoje uma série <strong>de</strong> leis e regulamentos que, <strong>de</strong> 1969 para cá, vêm regulan<strong>do</strong> as questõesrelacionadas à biodiversida<strong>de</strong>. O último estu<strong>do</strong> econômico que vi naquele país já mostrava que34


o pagamento pelos serviços <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> da Costa Rica gera a mesma receita que oturismo; a Costa Rica ganha dinheiro ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ecossistemas para o mun<strong>do</strong>. Isso significa quenão é simplesmente uma lei, ou um arcabouço legal que vai mudar isso, mas um conjunto <strong>de</strong>regulações <strong>de</strong> políticas públicas para administrar essas questões <strong>de</strong> maneira mais consistente.Osval<strong>do</strong> Stella Martins – Centro Nacional <strong>de</strong> Referência em Biomassa -(CENBIO/IEE/USP)A absorção <strong>de</strong> carbono é um serviço ambiental. Na época <strong>do</strong> meu <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, em SãoCarlos, procurei ver como tratar a questão da valoração <strong>do</strong>s serviços ambientais localmente.Existe uma cida<strong>de</strong> vizinha a São Carlos, Ribeirão Bonito, com um <strong>do</strong>s maiores índices <strong>de</strong>cobertura vegetal <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo. O custo <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> água nessa cida<strong>de</strong> é 200vezes menor <strong>do</strong> que o custo <strong>de</strong> tratamento em São Paulo: esse é um índice prático davaloração <strong>do</strong> serviço ambiental.Vou apresentar um trabalho que temos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em parceria com a SecretariaEstadual <strong>do</strong> Meio Ambiente (SMA), que busca viabilizar projetos <strong>de</strong> pequena escala emMecanismo <strong>de</strong> Desenvolvimento Limpo (MDL) florestal, que, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s projetos <strong>de</strong> MDL, sãosem dúvida os mais complexos. Por exemplo, para monitorar os créditos <strong>de</strong> carbono <strong>de</strong> umprojeto <strong>de</strong> aterro sanitário, preciso <strong>de</strong> um medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> vazão e <strong>de</strong> um analisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> gases. Paramedir os créditos <strong>de</strong> carbono <strong>de</strong> um projeto florestal, é preciso <strong>de</strong>senvolver uma meto<strong>do</strong>logia<strong>de</strong> monitoramento na qual vou dividir o reflorestamento em estratos. Dentro <strong>de</strong> cada estrato,tenho <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar uma amostra representativa <strong>do</strong> que é aquela população, e <strong>de</strong> tempos emtempos medir o diâmetro <strong>de</strong>ssas árvores <strong>de</strong>ntro da amostra, verifican<strong>do</strong> o incremento <strong>de</strong>biomassa. Isso é caro, não é tão simples e tem um índice <strong>de</strong> imprecisão um pouco menor <strong>do</strong>que um medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> vazão. E biometria é uma ciência mais <strong>de</strong>senvolvida para florestashomogêneas, como pinus e eucalipto, <strong>do</strong> que para as heterogêneas. O MDL tem contribuí<strong>do</strong>para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logias e novos estu<strong>do</strong>s nesse senti<strong>do</strong>.Nesse projeto em parceria com a Secretaria Estadual <strong>do</strong> Meio Ambiente, o objetivo éanalisar como o MDL po<strong>de</strong>ria contribuir com a recuperação das matas ciliares no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo. O primeiro passo foi adaptar um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Everson, que em função <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s comochuva, tipo <strong>de</strong> solo e tipo <strong>de</strong> cobertura vegetal, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar mais ou menos o estoque <strong>de</strong>biomassa em <strong>de</strong>terminadas regiões. Temos uma estimativa <strong>de</strong> quais regiões <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo teriam os lugares em que o <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> biomassa (as florestas) é maior. Em uma regiãoon<strong>de</strong> a floresta é maior, em termos <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> carbono, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um projeto numaárea <strong>de</strong> floresta mais exuberante torna-se mais atrativo.Nesse mo<strong>de</strong>lo, pegamos da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> solo, pluviosida<strong>de</strong>, radiação e topografia e atribuímosum índice a cada um, obten<strong>do</strong> um mapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biomassa potencial, com umgradiente <strong>do</strong> maior para o menor. Em função <strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong> campo, atribuo valores a essasáreas; assim, posso obter os valores <strong>de</strong> biomassa no esta<strong>do</strong>, estabelecen<strong>do</strong> um mínimo e ummáximo.A segunda etapa <strong>do</strong> projeto é, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> mata ciliares daSMA, i<strong>de</strong>ntificar uma área on<strong>de</strong> a recuperação da mata ciliar acumule mais carbono. Foii<strong>de</strong>ntificada uma microbacia na região <strong>de</strong> Socorro, a cobertura vegetal nessa região, além daárea que necessitaria <strong>de</strong> reflorestamento. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> carbono se dá em funçãoda quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biomassa que haverá no futuro, em função daquele mapa <strong>de</strong>linea<strong>do</strong> e <strong>do</strong> quese tem hoje. Um <strong>de</strong>talhe <strong>de</strong>sse trabalho é a i<strong>de</strong>ntificação da ocupação <strong>do</strong> solo nas matasciliares.Aplican<strong>do</strong> a meto<strong>do</strong>logia, <strong>de</strong>terminamos o acúmulo <strong>de</strong> biomassa acima e abaixo <strong>do</strong> solo eo acúmulo total, ou seja, quanto carbono eu absorveria na recomposição <strong>do</strong>s 122 hectares <strong>de</strong>matas ciliares. Concluímos que haveria 11 mil toneladas <strong>de</strong> carbono absorvidas da atmosfera,e isso em termos <strong>de</strong> projeto é minúsculo. Existem projetos <strong>de</strong> granja <strong>de</strong> suínos que têm maiscrédito <strong>de</strong> carbono <strong>do</strong> que isso em um ano. A questão da escala é muito importante para umprojeto <strong>de</strong> MDL florestal. Mais <strong>do</strong> que a escala, é integrar outras coisas ao projeto quepensávamos estritamente para matas ciliares. Hoje nossa idéia é a abordagem em umamicrobacia: num mesmo projeto tratar da mata ciliar, <strong>de</strong> reserva florestal, e em algumasoportunida<strong>de</strong>s, os sistemas agroflorestais, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da vocação regional.35


Estamos inician<strong>do</strong> a segunda fase <strong>do</strong> projeto, na qual justamente analisamos cenáriosregionais, recomposição da mata ciliar, composição <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínios <strong>de</strong> reserva legal e culturasque po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> biomassa para combustível, na área contínua à APP da mata ciliar, comoeucaliptos, que po<strong>de</strong>m ser transforma<strong>do</strong>s em pallets para serem usa<strong>do</strong>s como combustível.Outra possibilida<strong>de</strong> é o plantio <strong>de</strong> seringueiras ou outras espécies que contribuam pararetirada <strong>de</strong> carbono da atmosfera e agreguem uma ativida<strong>de</strong> econômica no curto prazo paraessas regiões, já que um <strong>do</strong>s problemas <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> carbono florestal é que to<strong>do</strong>o investimento tem <strong>de</strong> ser feito em um ano: fazer as covas, roçar, plantar, adubar. E voureceber esses créditos em um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> trinta anos. Portanto, ainda não existe uma cotação<strong>de</strong> merca<strong>do</strong> para os créditos <strong>de</strong> carbono florestal. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incorporação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>seconômicas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sses projetos é essencial, porque os projetos <strong>de</strong> MDL florestal têm umaviabili7da<strong>de</strong> econômica um tanto complicada.Warwick Manfrinato – Esalq-USP e Plant Planejamento e Ambiente LtdaA absorção <strong>de</strong> carbono é um serviço ambiental. Na época <strong>do</strong> meu <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, em SãoCarlos, procurei ver como tratar a questão da valoração <strong>do</strong>s serviços ambientais localmente.Existe uma cida<strong>de</strong> vizinha a São Carlos, Ribeirão Bonito, com um <strong>do</strong>s maiores índices <strong>de</strong>cobertura vegetal <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo. O custo <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> água nessa cida<strong>de</strong> é 200vezes menor <strong>do</strong> que o custo <strong>de</strong> tratamento em São Paulo: esse é um índice prático davaloração <strong>do</strong> serviço ambiental.Vou apresentar um trabalho que temos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em parceria com a SecretariaEstadual <strong>do</strong> Meio Ambiente (SMA), que busca viabilizar projetos <strong>de</strong> pequena escala emMecanismo <strong>de</strong> Desenvolvimento Limpo (MDL) florestal, que, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s projetos <strong>de</strong> MDL, sãosem dúvida os mais complexos. Por exemplo, para monitorar os créditos <strong>de</strong> carbono <strong>de</strong> umprojeto <strong>de</strong> aterro sanitário, preciso <strong>de</strong> um medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> vazão e <strong>de</strong> um analisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> gases. Paramedir os créditos <strong>de</strong> carbono <strong>de</strong> um projeto florestal, é preciso <strong>de</strong>senvolver uma meto<strong>do</strong>logia<strong>de</strong> monitoramento na qual vou dividir o reflorestamento em estratos. Dentro <strong>de</strong> cada estrato,tenho <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar uma amostra representativa <strong>do</strong> que é aquela população, e <strong>de</strong> tempos emtempos medir o diâmetro <strong>de</strong>ssas árvores <strong>de</strong>ntro da amostra, verifican<strong>do</strong> o incremento <strong>de</strong>biomassa. Isso é caro, não é tão simples e tem um índice <strong>de</strong> imprecisão um pouco menor <strong>do</strong>que um medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> vazão. E biometria é uma ciência mais <strong>de</strong>senvolvida para florestashomogêneas, como pinus e eucalipto, <strong>do</strong> que para as heterogêneas. O MDL tem contribuí<strong>do</strong>para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logias e novos estu<strong>do</strong>s nesse senti<strong>do</strong>.Nesse projeto em parceria com a Secretaria Estadual <strong>do</strong> Meio Ambiente, o objetivo éanalisar como o MDL po<strong>de</strong>ria contribuir com a recuperação das matas ciliares no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo. O primeiro passo foi adaptar um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Everson, que em função <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s comochuva, tipo <strong>de</strong> solo e tipo <strong>de</strong> cobertura vegetal, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar mais ou menos o estoque <strong>de</strong>biomassa em <strong>de</strong>terminadas regiões. Temos uma estimativa <strong>de</strong> quais regiões <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo teriam os lugares em que o <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> biomassa (as florestas) é maior. Em uma regiãoon<strong>de</strong> a floresta é maior, em termos <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> carbono, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um projeto numaárea <strong>de</strong> floresta mais exuberante torna-se mais atrativo.Nesse mo<strong>de</strong>lo, pegamos da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> solo, pluviosida<strong>de</strong>, radiação e topografia e atribuímosum índice a cada um, obten<strong>do</strong> um mapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biomassa potencial, com umgradiente <strong>do</strong> maior para o menor. Em função <strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong> campo, atribuo valores a essasáreas; assim, posso obter os valores <strong>de</strong> biomassa no esta<strong>do</strong>, estabelecen<strong>do</strong> um mínimo e ummáximo.A segunda etapa <strong>do</strong> projeto é, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> mata ciliares daSMA, i<strong>de</strong>ntificar uma área on<strong>de</strong> a recuperação da mata ciliar acumule mais carbono. Foii<strong>de</strong>ntificada uma microbacia na região <strong>de</strong> Socorro, a cobertura vegetal nessa região, além daárea que necessitaria <strong>de</strong> reflorestamento. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> carbono se dá em funçãoda quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biomassa que haverá no futuro, em função daquele mapa <strong>de</strong>linea<strong>do</strong> e <strong>do</strong> quese tem hoje. Um <strong>de</strong>talhe <strong>de</strong>sse trabalho é a i<strong>de</strong>ntificação da ocupação <strong>do</strong> solo nas matasciliares.Aplican<strong>do</strong> a meto<strong>do</strong>logia, <strong>de</strong>terminamos o acúmulo <strong>de</strong> biomassa acima e abaixo <strong>do</strong> solo eo acúmulo total, ou seja, quanto carbono eu absorveria na recomposição <strong>do</strong>s 122 hectares <strong>de</strong>matas ciliares. Concluímos que haveria 11 mil toneladas <strong>de</strong> carbono absorvidas da atmosfera,36


e isso em termos <strong>de</strong> projeto é minúsculo. Existem projetos <strong>de</strong> granja <strong>de</strong> suínos que têm maiscrédito <strong>de</strong> carbono <strong>do</strong> que isso em um ano. A questão da escala é muito importante para umprojeto <strong>de</strong> MDL florestal. Mais <strong>do</strong> que a escala, é integrar outras coisas ao projeto quepensávamos estritamente para matas ciliares. Hoje nossa idéia é a abordagem em umamicrobacia: num mesmo projeto tratar da mata ciliar, <strong>de</strong> reserva florestal, e em algumasoportunida<strong>de</strong>s, os sistemas agroflorestais, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da vocação regional.Estamos inician<strong>do</strong> a segunda fase <strong>do</strong> projeto, na qual justamente analisamos cenáriosregionais, recomposição da mata ciliar, composição <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínios <strong>de</strong> reserva legal e culturasque po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> biomassa para combustível, na área contínua à APP da mata ciliar, comoeucaliptos, que po<strong>de</strong>m ser transforma<strong>do</strong>s em pallets para serem usa<strong>do</strong>s como combustível.Outra possibilida<strong>de</strong> é o plantio <strong>de</strong> seringueiras ou outras espécies que contribuam pararetirada <strong>de</strong> carbono da atmosfera e agreguem uma ativida<strong>de</strong> econômica no curto prazo paraessas regiões, já que um <strong>do</strong>s problemas <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> carbono florestal é que to<strong>do</strong>o investimento tem <strong>de</strong> ser feito em um ano: fazer as covas, roçar, plantar, adubar. E voureceber esses créditos em um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> trinta anos. Portanto, ainda não existe uma cotação<strong>de</strong> merca<strong>do</strong> para os créditos <strong>de</strong> carbono florestal. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incorporação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>seconômicas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sses projetos é essencial, porque os projetos <strong>de</strong> MDL florestal têm umaviabilida<strong>de</strong> econômica um tanto complicada.Victor Kamphorst – Conselho <strong>de</strong> Sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Banco RealVou disseminar um pouco <strong>do</strong> conhecimento que adquirimos no Banco Real, construin<strong>do</strong> oprograma <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> banco, que teve início há 8 anos. A idéia começou quan<strong>do</strong> obanco quis <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser o vilão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, pois em todas as coisas ruins que acontecem nomerca<strong>do</strong>, sempre há um banco culpa<strong>do</strong>. Passou a investir num comportamento sustentável,on<strong>de</strong> ética, integrida<strong>de</strong>, profissionalismo, trabalho em equipe e respeito passaram a ser nossosvalores corporativos; ou seja, criou-se um banco <strong>de</strong> valor. Assim, já tivemos <strong>de</strong>missões porquestões éticas, profissionais e <strong>de</strong> integrida<strong>de</strong>. Tolerância zero.Em nossa política <strong>de</strong> risco socioambiental, to<strong>do</strong>s os clientes passaram a ter <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>rum questionário socioambiental, e radicalizamos em algumas coisas. Não trabalhamos comempresas que tenham <strong>de</strong>núncias comprovadas <strong>de</strong> envolvimento com trabalho infantil, nemcom empresas que tenham ligação com trabalho escravo. Não trabalhamos com empresas queem sua matéria-prima tenham o amianto, ou com empresas que fabriquem armas oumunições <strong>de</strong> qualquer espécie, ao contrário da nossa matriz, que aceita como cliente umaempresa que fature no máximo 30% em armas. No Brasil, radicalizamos, <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> tercomo cliente a Avibrás, nossa segunda maior cliente. E radicalizamos ao não trabalhar comempresas que ensejem a prostituição. Com 1.620 agências, vocês po<strong>de</strong>m imaginar quantossex shops, cabarés e ren<strong>de</strong>z-vous eram clientes <strong>do</strong> banco. Cerca <strong>de</strong> 800, e to<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong>ser clientes.Temos uma lista <strong>de</strong> 22 setores <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s num ‘watch list’, que são obriga<strong>do</strong>s arespon<strong>de</strong>r esse questionário socioambiental. Se acharmos que há alguma coisa errada, vamosvisitar para conversar com essa empresa e tirarmos nossa visão. Se acharmos queefetivamente há alguma coisa errada, <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> trabalhar.Por outro la<strong>do</strong>, o tripé ambiental, social e econômico da sustentabilida<strong>de</strong> tem que estarpresente em tu<strong>do</strong>, porque sustentabilida<strong>de</strong> é um assunto <strong>de</strong> negócio. No banco também temosuma área que cuida <strong>de</strong> projetos sociais, mas carida<strong>de</strong> é outro <strong>de</strong>partamento. Temos 41projetos sociais para os quais damos suporte financeiro. No ano passa<strong>do</strong>, 970 municípiosmandaram projetos sociais para o banco, e entre os escolhi<strong>do</strong>s, havia mais ou menos 25projetos sociais em que sequer o en<strong>de</strong>reço existia; ou seja, há pessoas que continuamentetentam passar a perna. Então visitamos to<strong>do</strong>s e monitoramos, mas a parte financeira é nossa,a contabilida<strong>de</strong> é nossa, para termos certeza <strong>de</strong> que cada centavo é efetivamente investi<strong>do</strong> noprojeto social e levará aos resulta<strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s.Levamos muito a sério essa questão da sustentabilida<strong>de</strong> ser negócio. Somos apaixona<strong>do</strong>spor lucro. A<strong>do</strong>ramos lucro e isso é o que nos sustenta, é o que permite retribuir cada vez maispara a comunida<strong>de</strong> que nos sustenta, porque enten<strong>de</strong>mos que nosso lucro precisa serdistribuí<strong>do</strong> para três entida<strong>de</strong>s: o funcionário, o acionista e a comunida<strong>de</strong> - sem ela nãoexistimos.37


O programa <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Banco Real é muito sério: são treze equipes <strong>de</strong>ntro<strong>do</strong> banco, cada uma trabalhan<strong>do</strong> com um papel diante da questão. Eu sou responsável pelaavaliação <strong>de</strong> projetos sustentáveis especiais, o que significa que to<strong>do</strong> projeto recebi<strong>do</strong> dacomunida<strong>de</strong>, seja <strong>de</strong> cliente ou não cliente, <strong>de</strong> colega ou que não seja social, cai na minhamesa para uma avaliação <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negócio, porque sustentabilida<strong>de</strong> é um assunto<strong>de</strong> negócio. Por exemplo, agora em <strong>de</strong>zembro lançaremos o Programa Real <strong>de</strong> Reciclagem <strong>de</strong>Pilhas e Baterias, o ‘papa-pilhas’, com pilotos em Porto Alegre, Campinas e João Pessoa, queterá um roll-out durante 2007 para todas as agências <strong>do</strong> banco e clientes, principalmenteescolas. Faremos parceria com cerca <strong>de</strong> 2,5 mil escolas, que não somente terão a coleta <strong>de</strong>pilhas e baterias, mas um programa educacional intenso. Cerca <strong>de</strong> 62% <strong>do</strong> orçamento <strong>do</strong>projeto são ações educacionais, pois enten<strong>do</strong> que uma nova mentalida<strong>de</strong> virá através <strong>do</strong>sjovens, da meninada, porque a minha geração está perdida.Dos oito anos em que trabalho com isso, neste ano <strong>de</strong> 2006 é a primeira vez em queencontro novida<strong>de</strong>s. Até então, encontrava sistematicamente as mesmas pessoas. Em marçotive uma conversa na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Administração <strong>do</strong> Litoral Sul, na Praia Gran<strong>de</strong>, e foi aprimeira vez que tive uma tremenda surpresa positiva. O auditório estava lota<strong>do</strong>, porque osuniversitários tinham resolvi<strong>do</strong> trazer seus pais para uma conversa sobre sustentabilida<strong>de</strong>. Foimaravilhoso, a primeira gran<strong>de</strong> surpresa que tive. Para mim, carbono já passou; quero saber<strong>de</strong> valoração <strong>do</strong> ecossistema.Gostaria <strong>de</strong> recomendar alguns filmes. Não sei se já assistiram a ‘Ilha das Flores’,disponível no site www.portacurtas.com.br. Outro filme, ‘Uma Verda<strong>de</strong> Inconveniente’, <strong>do</strong> AlGore, é exatamente sobre aquecimento global e mudanças climáticas, com uma visão <strong>de</strong>merca<strong>do</strong> e científica excepcional, imperdível. Não sei se vocês já viram o filme ‘A Corporação’,com a história da maior empresa <strong>de</strong> carpetes <strong>do</strong> planeta, chamada Interface, norte-americana,cujo relato é feito pelo presi<strong>de</strong>nte da empresa, que é o Ray An<strong>de</strong>rson, um filme que mostrapor que somos preda<strong>do</strong>res em termos <strong>de</strong> meio ambiente e mostra a virada que uma empresapo<strong>de</strong> dar. Uma empresa que é a maior produtora e ven<strong>de</strong><strong>do</strong>ra <strong>de</strong> carpetes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e setransforma numa empresa que aluga carpetes, para ter a certeza <strong>de</strong> que esse carpete volta100%, ou quase 100% para po<strong>de</strong>r ser recicla<strong>do</strong>. Vale a pena ver esse filme.A ‘Marcha <strong>do</strong>s Pinguïns’ também é interessante porque retrata bem o que é comunida<strong>de</strong>e a vida comunitária. Faz você pensar num con<strong>do</strong>mínio on<strong>de</strong> os mora<strong>do</strong>res nem secumprimentam. Os pingüins nos ensinam a como viver em comunida<strong>de</strong>, é fantástico.A Teoria <strong>de</strong> Gaia é também uma gran<strong>de</strong> questão: a <strong>de</strong> voltarmos a uma relação entre acapacida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ecossistemas e a <strong>de</strong>manda humana, já que hoje essa capacida<strong>de</strong> foiesquecida. Os cientistas dizem que estamos a um ou <strong>do</strong>is milímetros da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>reversão. Temos <strong>de</strong> fazer com que efetivamente essa relação volte a acontecer, e só há umjeito: água custa nada e vai ter que custar muito. Vai precisar ter valoração, porque hoje só secobra o seu custo <strong>de</strong> tratamento. A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, com 11 milhões <strong>de</strong> habitantes, temágua para 5 milhões, e hoje importa água. Se as bacias hidrográficas pararem <strong>de</strong> fornecer,quero ver o que vamos fazer.A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campinas não tem licença para ter aterro sanitário e vive jogan<strong>do</strong> seu lixo<strong>de</strong> maneira ilegal; o aterro que eles usam não está licencia<strong>do</strong>. No norte da Austrália, nãoexiste mais água potável, então, no centro daquele país está se construin<strong>do</strong> a maior usina <strong>de</strong>energia solar <strong>do</strong> planeta. A torre terá um quilômetro <strong>de</strong> altura e a abrangência das placas será<strong>de</strong> 20 km 2 . Isso é ótimo, mas veja o problema que a falta <strong>de</strong> água gera: acabou a água,acabou a energia, e isso vai em ca<strong>de</strong>ia: homens, animais, plantas.A Alemanha é um exemplo em termos da questão ambiental e em termos dasustentabilida<strong>de</strong>. Você vai ao supermerca<strong>do</strong> e já tem um lugar para <strong>de</strong>ixar a caixinha <strong>de</strong> pasta<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes; para que o consumi<strong>do</strong>r quer uma caixinha <strong>de</strong> pasta <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes?Há um ano e meio comprei uma televisão e quis <strong>de</strong>ixar a embalagem na loja, afinal,aquele lixo não é meu. Man<strong>de</strong>i um e-mail para o SAC da Phillips e eles não me respon<strong>de</strong>ram.Descobri então on<strong>de</strong> morava o presi<strong>de</strong>nte da Phillips e man<strong>de</strong>i um telegrama para ele. Umasemana e meia <strong>de</strong>pois, veio a resposta: “Agra<strong>de</strong>cemos a preocupação e estamos toman<strong>do</strong>providências”. Contratei um táxi e fiz com que o táxi <strong>de</strong>ixasse a embalagem da TV na casa <strong>do</strong>presi<strong>de</strong>nte da Phillips.Quan<strong>do</strong> vamos ao supermerca<strong>do</strong>, está lá o legume sobre uma ban<strong>de</strong>jinha <strong>de</strong> poliestireno,embrulha<strong>do</strong> em um filme; daí a gente pega e coloca num saquinho. Chega no caixa e ele38


coloca em outro saquinho. Tu<strong>do</strong> isso é lixo! Estamos começan<strong>do</strong> um movimento para que ossupermerca<strong>do</strong>s cobrem as bolsas <strong>de</strong> plástico. Não tem jeito, precisa cobrar. To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>respeita o uso <strong>do</strong> cinto porque tem multa.Mas o assunto <strong>de</strong> hoje é carbono. O merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono <strong>de</strong> fato é muito bonito no papel,numa apresentação, mas na vida como ela é, é um pouco diferente. Há <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s merca<strong>do</strong>s<strong>de</strong> carbono para três produtos principais, que são: o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> permissões, que foi chama<strong>do</strong><strong>de</strong> ‘allowances’; o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ‘joint implementantion’- operações conjuntas; e o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong>projetos MDL. O nosso merca<strong>do</strong> brasileiro, como merca<strong>do</strong> emergente e país <strong>do</strong> não-Anexo I,não tem a obrigação <strong>de</strong> reduzir suas emissões em 5,2% com base em 1990. Aliás, esse 5,2%com base em 1990 é uma piada <strong>de</strong> mau gosto, porque não resolve nada: segun<strong>do</strong> os melhorescálculos, a redução precisaria ser em torno <strong>de</strong> 60% para que tivéssemos um planeta melhordaqui a 30, 50 anos. Mas melhor isso <strong>do</strong> que nada.Assim, não adianta pensarmos no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> permissões, nem no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ‘jointimplementation’, esses não são nossos merca<strong>do</strong>s, temos que focar em projetos <strong>de</strong> MDL. Após2012, certamente o Brasil será um país com obrigação <strong>de</strong> redução das emissões. Quan<strong>do</strong>começamos Kyoto, estávamos no 19 o a 20 o lugar como país mais polui<strong>do</strong>r. Hoje disputamoscom a Índia o 4 o e 5 o lugar. A China, dizem, já é tranqüilamente o terceiro lugar, e logo será omaior polui<strong>do</strong>r <strong>do</strong> planeta, porque a China existe em cima <strong>de</strong> uma mina <strong>de</strong> carvão - toda aenergia <strong>de</strong>les vem <strong>do</strong> carvão mineral, o mais polui<strong>do</strong>r <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s eles.Os projetos <strong>de</strong> MDL po<strong>de</strong>m ser por reflorestamento. Quan<strong>do</strong> começou o Protocolo <strong>de</strong>Kyoto, a gran<strong>de</strong> novida<strong>de</strong> era o seqüestro <strong>de</strong> carbono pelas florestas, ao se falar <strong>de</strong> reduçãodas emissões. Um aterro sanitário capta CH 4 (gás metano) para queimá-lo e jogá-lo naatmosfera como CO 2 (gás carbônico). O metano tem um forçamento radioativo 21 vezessuperior ao CO 2 , o que significa dizer que a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aquecimento global <strong>do</strong> metano é 21vezes maior que a <strong>do</strong> gás carbônico. Esta diferença é um crédito <strong>de</strong> carbono: é preferívelemitir um gás menos poluente.Uma indústria <strong>de</strong> móveis que na sua cal<strong>de</strong>ira queima o diesel e troca esse combustívelpor biomassa, como restos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira da própria indústria, gera uma diferença que significaum crédito <strong>de</strong> carbono. Mas se a indústria <strong>de</strong> móveis já começar queiman<strong>do</strong> biomassa, nãoterá o crédito <strong>de</strong> carbono, porque isso é Business as Usual (BAU). Uma coisa é o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong>Kyoto, chama<strong>do</strong> ECX, que são as bolsas européias comprometidas com a sustentabilida<strong>de</strong>;outra é o merca<strong>do</strong> CCX, que é a bolsa <strong>de</strong> Chicago, sem compromisso com a sustentabilida<strong>de</strong>.Em Chicago, por exemplo, florestamento da Klabin, Aracruz, está incluí<strong>do</strong>, porque umafloresta <strong>de</strong> eucalipto negociada na bolsa <strong>de</strong> Chicago tem corte raso a casa sete anos. Kyoto, aocontrário, analisa ciclo <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> produto: aquela ma<strong>de</strong>ira cortada <strong>do</strong> eucalipto precisará terseu <strong>de</strong>stino analisa<strong>do</strong>. Irá para fábrica <strong>de</strong> celulose, vai virar papel? E o ciclo <strong>de</strong> vida dacelulose e <strong>do</strong> papel provavelmente será negativo.Para aqueles que efetivamente trabalham com sustentabilida<strong>de</strong>, não se po<strong>de</strong> trabalharcom esse critério na Bolsa <strong>de</strong> Chicago, tem que estar na ECX, nas bolsas européias, e adiferença <strong>de</strong> preço é muito gran<strong>de</strong>. Enquanto em Chicago a tonelada <strong>de</strong> carbono está por volta<strong>de</strong> 4,5 dólares, nas Bolsas ECX o preço já chegou a 28 euros e hoje está por volta <strong>de</strong> 15 euros,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> projeto. No merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono, é preciso muita atenção, porqueexistem critérios, técnicas e mensurações.39


- MESA-REDONDA 4 –GESTÃO INTEGRADA DE RECURSOS HÍDRICOSComposição da mesa‣ Marcelo Targa – Pós-Graduação em Ciências Ambientais – Unitau‣ Devanir Garcia <strong>do</strong>s Santos – MMA‣ Demetrios Christofidis – Câmara Técnica <strong>de</strong> Educação, Capacitação, Mobilização Social eInformação em Recursos Hídricos – Conselho Nacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos‣ Edílson <strong>de</strong> Paula Andra<strong>de</strong> – Comitê <strong>de</strong> Bacias Hidrográficas <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul‣ Paulo Valadares Soares – Fundação <strong>Floresta</strong>l‣ Ricar<strong>do</strong> Novaes - Laboratório <strong>de</strong> Educação e Ambiente – TEIA/USPDevanir Garcia <strong>do</strong>s Santos – Ministério <strong>do</strong> Meio AmbienteDes<strong>de</strong> que o homem resolveu viver nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, mu<strong>do</strong>u seu perfil <strong>de</strong> consumo eo quanto passou a consumir energia. Como não existe milagre, para suprir essa necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> energia, teve <strong>de</strong> impactar o meio à custa <strong>do</strong>s recursos naturais. Dadas as necessida<strong>de</strong>s,sem uma tecnologia a<strong>de</strong>quada, começamos a consumir muitos recursos hídricos, numatrajetória perigosa sobre a qual temos que começar a nos preocupar, a pensar em mudar seurumo.Se observarmos a matriz energética <strong>do</strong> Brasil, algo ainda é muito interessante: temos44,7% com base em energia renovável e 55,3% em não-renovável, bem diferente <strong>do</strong> resto <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>, que consome muito mais energia não-renovável. Isso levou, há cerca <strong>de</strong> 20 anos, ainiciarmos uma discussão sobre a sustentabilida<strong>de</strong> e formas <strong>de</strong> alongarmos cada vez maisnosso estoque <strong>de</strong> recursos naturais, fundamentais à sobrevivência <strong>de</strong>ssa e das futurasgerações.Com a questão da água não foi diferente, pois apesar <strong>de</strong> aparentemente haver em muitaquantida<strong>de</strong>, somente 2,5% da água no mun<strong>do</strong> é <strong>do</strong>ce. Desses 2,5%, temos 69% em geleira,30% em águas subterrâneas muitas vezes profundas, 9% em placas <strong>de</strong> gelo, e apenas 0,3%como água em sobre a qual temos condição exercer alguma governabilida<strong>de</strong>. Então, quan<strong>do</strong>falamos em gestão <strong>de</strong> recursos hídricos, isso diz respeito a 0,3% <strong>do</strong>s 2,5% existentes nomun<strong>do</strong>. A água está mal distribuída no mun<strong>do</strong>, mas o Brasil tem uma parcela muito boa; noBrasil há gran<strong>de</strong> uso agrícola e consi<strong>de</strong>rável uso industrial e urbano. Usar a água é umaquestão normal, o que preocupa é a forma como isso se faz: to<strong>do</strong>s os segmentos que utilizamágua estão consumin<strong>do</strong> cada vez mais, e ainda há a perda nos usos. Isso levou a discutirmos ea iniciarmos uma preocupação com a gestão <strong>de</strong> recursos hídricos.O Brasil tem 13,8% <strong>do</strong>s recursos superficiais <strong>de</strong> água <strong>do</strong>ce <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Se consi<strong>de</strong>rarmosas águas internas, a que entra pela bacia amazônica, chegamos a 18% da água superficial <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>. Isso trouxe sempre a idéia da abundância e gerou a cultura <strong>do</strong> uso abusivo, e com issotivemos uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrios, tornan<strong>do</strong> complica<strong>do</strong> hoje para muitas regiões <strong>do</strong> Brasilsuprir suas necessida<strong>de</strong>s.Se olharmos a situação <strong>de</strong> perto, veremos que a região Norte tem gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>água, <strong>de</strong> solos, e uma pequena população; no outro extremo, o Nor<strong>de</strong>ste possui pouquíssimaágua, boa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solo e uma gran<strong>de</strong> população. Isso traz o retrato <strong>de</strong> uma regiãoNorte, amazônica, prove<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> serviços ambientais, pois tem vocação para isso. Masprecisamos começar a trabalhar para que seja remunerada e permaneça como prove<strong>do</strong>ra <strong>de</strong>serviços ambientais.Na região Nor<strong>de</strong>ste, a água não dá mesmo nem para abastecer a população, háproblema <strong>de</strong> seca constante e muitas vezes falta água até para o uso <strong>do</strong>méstico. Na região Sule Su<strong>de</strong>ste, estamos impactan<strong>do</strong> nossos recursos hídricos, per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> em qualida<strong>de</strong>. E há oCentro-Oeste, cuja fronteira agrícola tem gran<strong>de</strong> potencial, que se for bem trabalha<strong>do</strong>,efetivamente po<strong>de</strong>rá realizar o sonho <strong>do</strong> Brasil <strong>de</strong> ser o celeiro <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Mas teremos que40


acionalizar muita água nessa região para po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>senvolver a irrigação necessária a essesonho.Antigamente, pensávamos somente na geração <strong>de</strong> energia elétrica, irrigação eabastecimento humano, mas hoje vemos que os usos da água estão mais diversos - tanto quealguns usos não têm voz nos comitês, como a vazão ecológica.A disponibilida<strong>de</strong> está diminuin<strong>do</strong> porque estamos poluin<strong>do</strong> parte <strong>de</strong>ssas águas e asnossas <strong>de</strong>mandas estão crescen<strong>do</strong>, o que tem gera<strong>do</strong> diversos conflitos, e somente com anegociação, o sentar para se discutir, será possível alguma solução. Precisamos começar atrabalhar questões com as quais a Agência tem se preocupa<strong>do</strong>, tais como o uso racional, sejana indústria, nos usos urbanos, nas edificações, seja na própria irrigação. A irrigação tem umgran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> redução, há perdas na captação, na distribuição, mas po<strong>de</strong>mos ver que osméto<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s. Hoje há possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar nossos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong>irrigação praticamente apenas mudan<strong>do</strong> peças, temos emissores que consomem menosenergia, menos água, com custo menor para o agricultor fazer essa adaptação. Muitas vezes aquestão da manutenção não é vista: compramos um carro e a cada 5 mil km fazemos umarevisão, mas o agricultor compra um sistema e fica 20 anos acreditan<strong>do</strong> que tem o mesmopotencial <strong>de</strong> colocar água. Um ponto fundamental da racionalização <strong>do</strong> uso da água nairrigação é o controle <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo, que a maioria <strong>do</strong>s agricultores não praticam em suairrigação.Outra questão importante para equilibrar essa equação oferta-<strong>de</strong>manda é o reúso.Estamos trabalhan<strong>do</strong> numa resolução específica para uso agrícola, um gran<strong>de</strong> projeto que oBrasil está <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> <strong>de</strong> agroenergia basea<strong>do</strong> no biodiesel. O projeto exigirá gran<strong>de</strong>quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biomassa, e como já temos diversos municípios que captam água e lançamesgoto diretamente no rio, a idéia é fazer um tratamento simplifica<strong>do</strong> na medida danecessida<strong>de</strong>.É preciso fazer um cálculo entre o que temos no efluente e o que o solo é capaz <strong>de</strong>receber, fazer um tratamento intermediário para equilibrar esses <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s, a partir daípo<strong>de</strong>mos reutilizar essa água, seja na produção <strong>de</strong> bosque, da biomassa, na aqüicultura, ou <strong>de</strong>forrageiras. Para se ter uma idéia, um município <strong>de</strong> 20 mil habitantes produz em torno <strong>de</strong> 40litros por segun<strong>do</strong>, que daria tranqüilamente para irrigar 50 hectares. Assim, po<strong>de</strong>ria serproduzida biomassa em apoio ao programa <strong>de</strong> água e energia, e com isso teríamos geração <strong>de</strong>empregos e uma série <strong>de</strong> outras vantagens.Estamos falan<strong>do</strong> que o mo<strong>de</strong>lo atual pega nossos recursos hídricos para aplicar na cida<strong>de</strong>e na agricultura e <strong>de</strong>volve água residuária. O que queremos é que essas águas residuáriaspassem por um tratamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e voltem a ser insumo, a ser aplica<strong>do</strong> na agricultura.Para equilibrar a questão, somente a gestão compartilhada, na qual pudéssemos reunirto<strong>do</strong>s os usuários e fazer uma discussão madura, é viável. O Edílson, aqui presente, tem feitoisso na região há muitos anos e sabe que a única forma <strong>de</strong> gestão é sentar à mesa e fazer comque cada um perca um pouco para que to<strong>do</strong>s ganhem. É uma realida<strong>de</strong> necessária, pois aágua hoje é consi<strong>de</strong>rada bem econômico justamente porque a quantida<strong>de</strong> disponível é menorque a <strong>de</strong>manda.Além <strong>de</strong>ssas questões, a conservação <strong>do</strong> solo é uma forma <strong>de</strong> fazermos a gestão efetivada oferta <strong>de</strong> água. Prevenir é sempre melhor que remediar, pois os custos <strong>de</strong> recuperação dasnossas bacias são muito eleva<strong>do</strong>s. E os principais problemas das nossas bacias são recentes,vemos que a questão da rápida e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada urbanização, da década <strong>de</strong> 50 até hoje, quan<strong>do</strong>a população saiu <strong>do</strong> campo e veio pra cida<strong>de</strong>, inverteu o cenário. O uso intensivo <strong>do</strong> solo,principalmente no Cerra<strong>do</strong>, tem cerca <strong>de</strong> 35, 36 anos; na medida em que aumentou a<strong>de</strong>manda por carne, há o sobrepastoreio; há o <strong>de</strong>smatamento para usar ma<strong>de</strong>ira como fonte<strong>de</strong> energia, o aumento da <strong>de</strong>manda por insumo para si<strong>de</strong>rurgia; e a conseqüente construção<strong>de</strong> estradas, lembran<strong>do</strong> que estradas rurais são problemas sérios para as bacias pois são, emgeral, mal construídas, mal mantidas, e focos <strong>de</strong> erosão. Infelizmente, com o crescimento dapopulação e a divisão das nossas proprieda<strong>de</strong>s, há um aumento das nossas áreas <strong>de</strong> estradas,e aí está o principal foco <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição das nossas bacias. A construção <strong>de</strong> hidrelétricas paraprodução <strong>de</strong> energia também. To<strong>do</strong>s esses processos foram construí<strong>do</strong>s sobre paradigmasantigos, ou seja, se olharmos para os anos 70, ninguém discutia as questões ambientais, nãotínhamos essa preocupação, e sim programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico.41


Hoje, o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio é inserir a dimensão ambiental nesses processos, porque existeme vão continuar existin<strong>do</strong>. Não adianta os ambientalistas dizerem ‘não vamos mais construirhidrelétricas, não vamos mais abrir estradas’, isso não existe, porque é uma <strong>de</strong>manda dasocieda<strong>de</strong>. Então temos que nos preocupar em inserir a dimensão ambiental nesse processo,ou seja, criar os parâmetros <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>. Esses parâmetros precisam ser cria<strong>do</strong>s juntocom o segmento produtivo, é preciso criar condições para que alguém possa fazer, essa é umadiferença que precisamos ter em mente. Falar para os outros fazerem é muito fácil, mas senós queremos, por que não ajudamos a fazer?Isso fica muito claro quan<strong>do</strong> analisamos nossos programas <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong> água esolo, os quais envolvem pontos interessantes: <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s agricultores é fácil, pois ele percebeque quan<strong>do</strong> faz conservação <strong>do</strong> solo valoriza a proprieda<strong>de</strong>, ou seja, está ganhan<strong>do</strong>. Qualquerum que <strong>de</strong>cida comprar uma fazenda, se tiver estrada, se estiver aguada, se tiver reservalegal e tu<strong>do</strong> o mais, qualquer pessoa está disposta a pagar mais, caso contrário, não quer nemcomprar. Então é valorização da proprieda<strong>de</strong>, mas a socieda<strong>de</strong> não percebe que se to<strong>do</strong>s osagricultores conservarem sua proprieda<strong>de</strong>, teremos mais água retida, florestas a<strong>de</strong>quadas, ecom isso geraremos o que se chamam <strong>de</strong> externalida<strong>de</strong>s positivas. Existe um ganho para asocieda<strong>de</strong>, e se ela não pagar por esse ganho, a balança não se equilibra. Temos que mudar ovelho discurso ‘precisamos que os agricultores cui<strong>de</strong>m <strong>do</strong> meio ambiente’. Se nãointroduzirmos em nossos programas a visão <strong>de</strong> que cada um <strong>de</strong>ve pagar pelo ganho que tem,dificilmente teremos viabilida<strong>de</strong> econômica na execução <strong>do</strong>s nossos projetos.Sabemos que a permanência da qualida<strong>de</strong> da água na natureza <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviçosproporciona<strong>do</strong>s pelo ecossistema. Ninguém tem dúvida <strong>de</strong> que existe uma relação estreitaentre cobertura florestal e água, principalmente nas regiões <strong>de</strong> nascente, mas temos<strong>de</strong>sequilibra<strong>do</strong> esse processo na medida em que implementamos ações que citeianteriormente, sem a visão ambiental. Não adianta ficarmos insistirmos na questão dasustentabilida<strong>de</strong>, pois é um conceito muito complica<strong>do</strong>, envolve a questão social, ambiental, evocê nunca tem uma segurança <strong>de</strong> que aquele resulta<strong>do</strong> é sustentável. É mais fácil falarmos<strong>de</strong> manejo sustentável nas questões agrícolas, pois traz uma visão mais simples, muda-se <strong>de</strong>práticas extremamente <strong>de</strong>gradantes para outras mais <strong>de</strong>sejáveis, que reduzem erosão, queseguram mais a água no terreno.Mas não adianta fazer isso sem medição, e para medir há bons indica<strong>do</strong>res, como aintegrida<strong>de</strong> e a saú<strong>de</strong> na bacia em sua forma natural. É muito boa <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista ambientale muito fraca <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista econômico. Quer dizer, uma área preservada é uma área queainda produz pouco <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista econômico. Mas temos, por outro la<strong>do</strong>, a saú<strong>de</strong> da bacia,que está em equilíbrio dinâmico, que consegue fornecer os recursos naturais para asativida<strong>de</strong>s econômicas sem per<strong>de</strong>r sua capacida<strong>de</strong> produtiva, reduzir sua vazão, piorar aqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua água, ou sem per<strong>de</strong>r sua biodiversida<strong>de</strong>. Precisamos buscar uma bacia quetenha efetivamente saú<strong>de</strong>, até porque, se refletirmos, o único momento em que temos umadistribuição da qualida<strong>de</strong> da água é quan<strong>do</strong> chove. A partir daí, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> tratamentoque damos a essa água, ou ela fica um longo tempo geran<strong>do</strong> benefícios ou escorrerapidamente, provocan<strong>do</strong> erosões e enchentes. A escolha é sempre nossa.A questão da zona ripária é importante. Muitas vezes discutimos a mata ciliar como umapanacéia, mas temos que enten<strong>de</strong>r a região como um to<strong>do</strong>, em uma boa mata ciliar sem azona ripária a<strong>de</strong>quada, haverá problemas. Essas coisas têm que estar em conjunto, porque háuma série <strong>de</strong> outros serviços fundamentais nessas áreas. Para proteger uma nascente, se nãofizermos florestamento, certamente a nascente mudará <strong>de</strong> lugar, é o que ocorre to<strong>do</strong> dia nocampo.Sou um crítico da nossa legislação florestal porque acho que ela trabalha muito comnúmeros, se consi<strong>de</strong>rarmos uma <strong>de</strong>terminada sub-bacia, por exemplo, muitas vezes a zonaripária ultrapassa 30 metros, e há lugares que nem precisavam <strong>de</strong> 30, outros precisavam estarprotegen<strong>do</strong> e não estão. Ou seja, o que está na legislação é muito bom <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vistalegal, mas muito pouco eficiente <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da solução <strong>de</strong> problemas em suaintegrida<strong>de</strong>. Falta competência para fiscalizar da maneira que precisa, então crio uma regraem que fica fácil ver no campo.Muitas vezes, quan<strong>do</strong> vejo uma área <strong>de</strong> Cerra<strong>do</strong>, fico na dúvida <strong>de</strong> que ponto <strong>de</strong> vistaolhar: uma área <strong>de</strong>ssas tem distribuição muito gran<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> ser mata ciliar, <strong>de</strong> galeria, seca,mas o fundamental é que todas possuem um potencial muito gran<strong>de</strong> em termos <strong>de</strong> serviçosambientais, sejam frutos, ma<strong>de</strong>ira, hábitat <strong>de</strong> animais, e uma série <strong>de</strong> produtos que nós,42


socieda<strong>de</strong>, não valorizamos, porque o dia em que valer dinheiro, será um sucesso. Hoje emBrasília há, por exemplo, uma sorveteria que ven<strong>de</strong> sorvetes <strong>de</strong> frutos <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong>pensarmos em coisas <strong>de</strong>sse tipo, não haverá mais razão para tirarmos nosso Cerra<strong>do</strong>, porqueele valerá mais em pé <strong>do</strong> que <strong>de</strong>smata<strong>do</strong>. E isso não é o proprietário da área que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>, poisele comprou a terra para ser uma proprieda<strong>de</strong> econômica, e precisa sobreviver, se o que temnão ven<strong>de</strong>, precisa substituir, ninguém produz se não há merca<strong>do</strong>.Esse é o caminho que precisamos perseguir para termos resulta<strong>do</strong> na manutenção dasnossas áreas. Se olharmos uma área como essa <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista biológico, é uma riqueza,tem representativida<strong>de</strong>, en<strong>de</strong>mismo, uma série <strong>de</strong> vantagens. Mas se usarmos o critériopolítico-administrativo, é preciso ver ‘a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se manter essa área, a conveniência,se é econômico’. É uma discussão importante para termos um olhar diferente sobre as nossasáreas <strong>de</strong> proteção.A zona ripária é excelente, mantém a biodiversida<strong>de</strong>, conserva a qualida<strong>de</strong> da água,melhora a temperatura local e até a global, tem poliniza<strong>do</strong>res, mas quem paga para ter essasáreas? Temos que refletir. Foi a partir daí que i<strong>de</strong>alizamos um programa na ANA, com oesforço gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> testar essa experiência, inclusive no Paraíba <strong>do</strong> Sul. É uma forma <strong>de</strong>incentivarmos nossos agricultores a manterem suas áreas, fazerem sua conservação <strong>do</strong> solo.Na verda<strong>de</strong>, o programa ‘Produtor <strong>de</strong> Água’ visa tornar beneficiários os produtores rurais. To<strong>do</strong>aquele que tiver sua área vegetada e fizer a<strong>de</strong>quadamente a preservação <strong>do</strong> solo, infiltran<strong>do</strong>mais água na sua proprieda<strong>de</strong> e reduzin<strong>do</strong> erosão e sedimentos, terá que receber em dinheiroum incentivo para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssas práticas, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> prove<strong>do</strong>rrecebe<strong>do</strong>r,exatamente o inverso <strong>do</strong> conceito da cobrança pelo uso da água, que é o <strong>do</strong>usuário-paga<strong>do</strong>r. Quem usa paga, quem conserva <strong>de</strong>ve receber.Fontes para um projeto como esse existem, mas não <strong>de</strong> forma direta. Por exemplo, umestu<strong>do</strong> envolven<strong>do</strong> os 3 mil maiores reservatórios <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> mostrou que a vida útil <strong>de</strong>les é <strong>de</strong>somente 22 anos. E custa muito reconstruí-los, só com sedimentação o Brasil per<strong>de</strong> 3 bilhõespor ano. Por que jogar fora esse dinheiro, quan<strong>do</strong> seria melhor pagar para o agricultor fazeruma coisa a<strong>de</strong>quada e acabar com a <strong>de</strong>struição <strong>do</strong>s nossos reservatórios? Os custosoperacionais para tratamento <strong>de</strong> água chegam a ser 4 vezes maiores quan<strong>do</strong> tenho sedimentona água.O diagnóstico <strong>do</strong>s municípios brasileiros em 2005, feito pelo IBGE, mostrou os principaisproblemas <strong>de</strong>sses locais: assoreamento, poluição da água, alteração da paisagem,contaminação <strong>do</strong> solo e poluição <strong>do</strong> ar. Quan<strong>do</strong> vemos espacialmente os municípios queopinaram, notamos que não foi algo pontual, não foi meia dúzia, as respostas foram quaseuma unanimida<strong>de</strong> entre os municípios. Os estu<strong>do</strong>s da Embrapa também mostram isso, mais <strong>de</strong>300 miligramas por litro <strong>de</strong> sedimento, e po<strong>de</strong>mos ver que gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sses sedimentos éproduzida na região <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, na região Central.Com o programa produtor <strong>de</strong> água, preten<strong>de</strong>mos aumentar a oferta e a garantia <strong>de</strong>sserecurso. Queremos a melhoria da qualida<strong>de</strong> da água através <strong>do</strong> incentivo à a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> práticasque promovam o florestamento e a diminuição da sedimentação, além da conscientização <strong>do</strong>sprodutores e consumi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> água acerca da importância da gestão integrada das bacias. Poroutro la<strong>do</strong>, queremos reconhecer aqueles produtores que efetivamente cuidam <strong>do</strong> nosso meioambiente. Queremos certificar esses produtores participantes, incentivar a compensaçãofinanceira por serviços ambientais, através <strong>de</strong> mecanismos legais e institucionais, além <strong>de</strong><strong>de</strong>monstrar aos usuários <strong>de</strong> água os benefícios ambientais das boas práticas conservacionistas.A estratégia <strong>do</strong> programa é a compra <strong>de</strong> benefícios, a idéia não é passar dinheiro paraninguém, mas medir o benefício que o produtor aporta e pagar para ele um incentivo para quecada vez mais tenha estímulo para continuar com aquela prática. Os pagamentos são sempreproporcionais aos abatimentos <strong>de</strong> erosão e à ampliação da área florestada, fazen<strong>do</strong> com que oprograma possa ser auto-sustentável. É um contraponto à cobrança pelo uso da água, seutilizarmos recursos da cobrança sempre teremos usuários e sempre teremos gente aportan<strong>do</strong>benefícios, equilibran<strong>do</strong> essas duas balanças, e ficará cada vez melhor.Outras fontes que po<strong>de</strong>riam ser exploradas são fun<strong>do</strong>s estaduais <strong>de</strong> recursos hídricos,organismos internacionais - tanto ONGs como bancos –, empresas <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> energiaelétrica - pois como mostrei, se custa quatro vezes mais para a empresa tratar a água, nãoseria melhor pensar ‘pego meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> dinheiro que gasto e pago para os agricultores se elesme aportarem água <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>’?. É uma ação na qual o comitê tem um papel importante epo<strong>de</strong> intermediar, uma transferência <strong>de</strong> recursos entre os setores, por meio da qual será43


possível melhorar cada vez mais nosso ambiente. E há o recurso da cobrança, da compensaçãofinanceira por parte <strong>de</strong> usuários, além <strong>do</strong>s próprios mecanismos <strong>do</strong> Protocolo <strong>de</strong> Kyoto.A proposta que fazemos para a região <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul é: temos condição, a cadaprática que o agricultor implementa, <strong>de</strong> avaliar quanto <strong>de</strong> erosão ele está reduzin<strong>do</strong>; e comoexiste uma correlação muito gran<strong>de</strong> entre erosão e infiltração <strong>de</strong> água no solo, vamos pagarpela erosão, que é mais fácil <strong>de</strong> ser avaliada (utilizan<strong>do</strong> a equação universal <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> solosimplificada). Bom, computamos que se ele reduz até 50% da erosão da área <strong>de</strong>le, recebeaquele valor, se reduz entre 51 e 75% recebe mais, e assim por diante, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o quetenha beneficia<strong>do</strong>.Mas não fica só na questão da erosão, entra também a questão das Áreas <strong>de</strong>Preservação Permanente (APPs), na medida em que o produtor recupera essas áreas, e<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> tratamento que dá a essas florestas, ganha também. E há mais uma questãoque po<strong>de</strong> envolver remuneração: as florestas já existentes, florestas mantidas por quem se<strong>de</strong>dicou a vida a isso; não po<strong>de</strong>mos dar incentivo para quem chega e planta e o que já temficar sem beneficio. Assim, criamos uma tabela, um indica<strong>do</strong>r, em que to<strong>do</strong> aquele que temsuas florestas auxilie na recuperação das APPs. Então na medida em que recupera o déficit <strong>de</strong>APP, passa a ser remunera<strong>do</strong> - não pela área <strong>de</strong> APP, mas pelo total <strong>de</strong> floresta em suaproprieda<strong>de</strong>.Por fim, o que estamos tentan<strong>do</strong> e discutin<strong>do</strong> no Paraíba <strong>do</strong> Sul é o seguinte: aSecretaria <strong>de</strong> Meio Ambiente e a TNC aportan<strong>do</strong> recursos para a recuperação da coberturaflorestal, e a Secretaria <strong>de</strong> Agricultura com um programa <strong>de</strong> micro-bacias aportan<strong>do</strong> recursopara a conservação <strong>do</strong> solo. A parte <strong>de</strong> monitoramento e o gerenciamento <strong>de</strong>ssa ação se dáatravés da ANA e da Agevap, reunin<strong>do</strong> recursos da cobrança suficientes para o incentivo aosprodutores que a<strong>de</strong>rirem ao programa. Tenho muita fé e espero que a gente consiga levar issopara campo.Demetrios Christofidis – Câmara Técnica <strong>de</strong> Educação, Capacitação, MobilizaçãoSocial e Informação em Recursos Hídricos – Conselho Nacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos(CTEM – CNRH)Vou falar sobre a visão associada à minha própria experiência. Des<strong>de</strong> os 17 anos trabalhocom recursos hídricos, na área <strong>de</strong> engenharia, e <strong>de</strong>pois como professor, há 26 anos naUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília. Em um trabalho mais atual, no campo, atuo com treinamento,informação e capacitação. Pelo que aprendi nesses anos, consi<strong>de</strong>ro importante abordar oesta<strong>do</strong> da arte da educação ambiental.Na minha opinião, para trabalhar com esse tema é preciso ter um coração ver<strong>de</strong>, umcoração vegetal. O ser humano é uma síntese da natureza, <strong>do</strong>s diversos reinos, mineral,vegetal e animal, e não po<strong>de</strong> se esquecer disso. É preciso trabalhar não só com a razão, mastambém com o coração. Pela minha percepção <strong>do</strong> 2º Fórum Mundial da Água, estamostrilhan<strong>do</strong> um caminho que leva à insustentabilida<strong>de</strong> e à ruptura. Isso já esta acontecen<strong>do</strong> nasaú<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> temos uma pessoa a cada cinco sem acesso à água potável e duas pessoas a cadacinco sem acesso a sistemas seguros <strong>de</strong> saneamento básico. A crise prevista em seguida é acrise <strong>do</strong> alimento, e a outra é <strong>de</strong> nós nos sentirmos separa<strong>do</strong>s da natureza. Sairão caros ostipos <strong>de</strong> ação danosa que estamos causan<strong>do</strong> ao meio ambiente.O primeiro sinal para mudança ocorreu com a própria Constituição, quan<strong>do</strong> sugeriu aforma <strong>de</strong> se montar um sistema nacional <strong>de</strong> gerenciamento <strong>do</strong>s recursos hídricos. Daí veio aLei 9.433, <strong>de</strong> 1997, que estabeleceu o sistema recomenda<strong>do</strong> pela Constituição, a PolíticaNacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> também surgiram os sistemas estaduais. A principalmudança e o reca<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa lei foi mudar a forma setorial, fragmentada, <strong>de</strong> atuar, passan<strong>do</strong> auma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. Até quan<strong>do</strong> colocamos essa expressão no nossocomputa<strong>do</strong>r, ela aparece como errada, <strong>de</strong> tão difícil <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida. O olhar da oferta e <strong>do</strong> usopassou a existir <strong>de</strong> forma mais forte que no passa<strong>do</strong>, assim como a integração <strong>do</strong>s agentes apartir <strong>de</strong>sse novo comportamento. Surge também a figura <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> bacias, <strong>do</strong>s comitês,que são os parlamentos <strong>de</strong> bacia, e <strong>do</strong>s executivos, que são os agentes <strong>de</strong> bacia. Isso permitea integração <strong>de</strong> programas e políticas. Reforçamos isso e o Ministério <strong>do</strong> Planejamento passoua propor este ano a integração <strong>do</strong>s diversos ministérios, assim, existem cerca <strong>de</strong> 43profissionais trabalhan<strong>do</strong> este mês para planejar uma nova forma <strong>de</strong> pensar o país segun<strong>do</strong>44


essa ótica. O país passa a ser pensa<strong>do</strong> não por programa e projeto, mas pela integração <strong>de</strong>programas e projetos através <strong>do</strong> território. O território vai ser trabalha<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s osministérios, secretarias estaduais e municípios, visan<strong>do</strong> a forma melhor <strong>de</strong> atuar sobre esseespaço.Seguin<strong>do</strong> o rumo da educação, vemos que somos a síntese da natureza e a relação queexiste entre a energia <strong>de</strong> uma planta e <strong>do</strong> ser humano. É importante então, na administraçãopública ou na administração <strong>de</strong> qualquer tipo, vermos que a gestão da água está associada àgestão da natureza e daquilo que a socieda<strong>de</strong> quer. Ou seja, o sistema aquático e os usuáriosda água têm que estar consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s a cada programa cria<strong>do</strong>. Como evoluir na educaçãoambiental para isso? Pensei então em discutir esse mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> pensar que leve à integração <strong>do</strong>sdiversos conhecimentos, interesses e práticas.Primeiro, precisamos saber on<strong>de</strong> estamos, on<strong>de</strong> queremos chegar, quais os percursosque faremos e como faremos para que tenham êxito na educação ambiental.Se consi<strong>de</strong>rarmos que o ciclo hidrológico é um movimento sanguíneo da biosfera e quenós fazemos parte disso, veremos que os ecossistemas partilham das mesmas águas que osseres humanos. Tanto o corpo humano quanto os corpos hídricos recebem e oferecem água aomeio ambiente. Como fazer então, para que esse corpo não emagreça e não a<strong>do</strong>eça? É umdilema fundamental, porque os humanos precisam <strong>de</strong> água para sua saú<strong>de</strong>, entretanto,poluem a água pelo uso que fazem, pela industrialização para gerar renda e bem-estar. To<strong>do</strong>snós queremos ter nosso carro, nosso bem-estar, que vem da indústria.Mas para ser alcança<strong>do</strong>, esse mesmo bem-estar gera resíduos industriais que causam a<strong>de</strong>gradação da água. Precisamos <strong>de</strong> cada vez mais alimento, e para que sua oferta cresça,a<strong>do</strong>tamos práticas que consomem água, ocasionam <strong>de</strong>pressão, poluição e alteração da ofertada água. Como esse corpo vai suportar, o corpo hídrico e o humano, <strong>de</strong>ssa forma? A retirada<strong>de</strong> água para a irrigação, cerca <strong>de</strong> 70% em média no mun<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ve levar em consi<strong>de</strong>raçãocomo se faz a retirada para a indústria, sem que os retornos causem a<strong>do</strong>ecimento, e sem quea retirada cause o emagrecimento.Como criar uma educação que observe os abate<strong>do</strong>uros, a agroindústria, sem que estescriem um rio vermelho, ou um rio ver<strong>de</strong>, como a gente observa em Santa Catarina e outroslocais, on<strong>de</strong> a poluição e os <strong>de</strong>jetos para exportar a qualquer custo estão causan<strong>do</strong> um estragopara o futuro? Como fazer com que o respeito pelo ecossistema leve em conta as vazõesecológicas necessárias para manter a vida? A água é a chave para o <strong>de</strong>senvolvimento social epara uma melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, e isso envolve qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ambiente. Como isso <strong>de</strong>ve serrespeita<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma que possamos abastecer as populações <strong>de</strong> qualquer tipo, em qualquernível, em qualquer moradia, sem que haja lançamentos como esses?Os Ministérios <strong>do</strong> Planejamento, <strong>do</strong> Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia têmtrabalha<strong>do</strong>, por exemplo, com o Pró-Água. Em locais que visitamos há 3 anos, os esgotossaíam direto das residências para o rio, com sofá, máquina <strong>de</strong> lavar, to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença,como a esquistossomose , em 90% da população. Foi preciso envolver to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> para queos resíduos não chegassem a um nível existente em Jacarta, na In<strong>do</strong>nésia. Na Baía <strong>de</strong>Guanabara, não está tão longe. Como po<strong>de</strong>mos reverter esse quadro através da educaçãoambiental?Nessa região foi feito um plano <strong>de</strong> educação ambiental no qual as pessoas foramenvolvidas, pessoas <strong>de</strong> <strong>de</strong>z comunida<strong>de</strong>s com populações menores <strong>de</strong> 5 mil habitantes, e on<strong>de</strong>a empresa <strong>de</strong> saneamento não trabalhava. Foi feito to<strong>do</strong> um trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong>resíduos, <strong>de</strong> cuidar <strong>do</strong> rio como se fosse vivo, e alguns <strong>de</strong>safios foram venci<strong>do</strong>s. Uma questãobásica é como fazer para recuperar as águas subterrâneas que estão contaminadas comresíduos, inclusive <strong>de</strong> abate<strong>do</strong>uros. Nesta região foi forma<strong>do</strong> um comitê da bacia, muitoatuante, o qual se <strong>de</strong>dicou a solucionar a questão da segurança, <strong>do</strong> suprimento <strong>de</strong> águapotável, da coleta e tratamento <strong>de</strong> esgotos.Há negligência no cuida<strong>do</strong> com a qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> da água: sua gestão tem si<strong>do</strong>fragmentada e é insuficiente face aos <strong>de</strong>safios. Quem vai solucionar as questões, os governos,as populações, as ONGs ou a iniciativa privada? Um joga para o outro, e o brasileiro,principalmente <strong>de</strong> algumas regiões, tem a mania <strong>de</strong> esperar que o governo faça por ele. Naregião em que trabalhamos, por exemplo, houve um esforço que a população teve que fazerjunto. Antes, tu<strong>do</strong> o que limpavam <strong>do</strong> quintal, jogavam no rio, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>sse trabalho, 3 anos<strong>de</strong>pois, o rio mu<strong>do</strong>u. Passaram a criar varandas <strong>de</strong> frente para a nova pista e a olhar a água45


com carinho, cada criança da área a<strong>do</strong>tou uma árvore. De manha vão lá molhar a árvore, oque nem precisava porque o rio está na zona radicular da planta, mas que é importante pelaresponsabilida<strong>de</strong> e pelo papel <strong>do</strong> cuidar, pela criança e pelo cuida<strong>do</strong> que a árvore recebe.Então os usuários <strong>de</strong>vem ser envolvi<strong>do</strong>s na governança <strong>do</strong>s recursos hídricos, ocrescimento econômico não po<strong>de</strong> continuar acarretan<strong>do</strong> <strong>de</strong>gradação. A água <strong>de</strong> abastecimentohumano e os serviços <strong>de</strong> saneamento são cruciais para a estabilida<strong>de</strong> urbana. E a gestãointegrada <strong>do</strong>s recursos hídricos, assim como os programas <strong>de</strong> educação ambiental, <strong>de</strong>vem serbasea<strong>do</strong>s em soluções integradas, ninguém vai resolver o problema sozinho.Uma questão importante é o que temos feito quan<strong>do</strong> pensamos no uso da água e não naoferta. O corpo usa água e recebe água, se eu comparo o corpo humano a uma contabancária, não po<strong>de</strong>mos só nos preocupar com o que gastamos, mas também com o que entra:se o salário fica melhor, e não se meus filhos não po<strong>de</strong>m ir ao cinema. Tenho que mepreocupar com os <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s, e vejo que as políticas <strong>de</strong> gestão integrada pensam muito nouso, partem <strong>do</strong> contrário, em vez <strong>de</strong> se prepararem cada vez melhor para terem mais <strong>de</strong>pósitona conta. Nossa oferta <strong>de</strong> água para esse corpo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das condições da floresta, davegetação, <strong>do</strong> solo a ser manti<strong>do</strong>: tenho que me preocupar com o quanto vou tirar <strong>de</strong>ssecorpo, ao mesmo tempo em que forneço água, e o que tem aconteci<strong>do</strong> é que tenho avança<strong>do</strong>sobre essa fronteira e <strong>de</strong>struí<strong>do</strong> a vegetação, que é a base hídrica. Isso aumenta cada vezmais: pela agricultura <strong>de</strong> cerqueira, essa que não tem EIA-Rima, que não é igual à agriculturairrigada, na qual há o trabalho <strong>de</strong> provar que não se está afetan<strong>do</strong> o ambiente e a<strong>do</strong>tarpraticas sustentáveis; e pela pecuária, que tem avança<strong>do</strong> bastante.Há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> os agricultores reverterem essa situação, asseguran<strong>do</strong> tanto águapara o suprimento <strong>do</strong>méstico, irrigação ou abastecimento, quanto para funções sanitárias,garantin<strong>do</strong> água para produção alimentar e, ao mesmo tempo, asseguran<strong>do</strong> a redução dapoluição. Protegen<strong>do</strong> mananciais, bacias hidrográficas, pelas práticas <strong>de</strong> balanço harmônicoentre oferta e consumo, pensan<strong>do</strong> na conta pelos <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> conservação e uso racional. Épreciso pensar no <strong>de</strong>pósito bancário, e não na retirada.Quais os percursos para uma educação que leve à sustentabilida<strong>de</strong>? O que as nações emdificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem fazer, fornecer água à população ou o governo ajudar a combater a pobrezae a fome? Claro que são as duas necessida<strong>de</strong>s básicas. É preciso que as nações mais<strong>de</strong>senvolvidas assegurem o melhor uso possível, a<strong>do</strong>tem o que chamaram <strong>de</strong> maior produçãopor cada gota <strong>de</strong> água, conservem as fontes, importem alimentos e usem as águas com opropósito da melhoria da agregação <strong>de</strong> valor <strong>de</strong> cultivos.No nosso trabalho, temos busca<strong>do</strong> a educação para a mudança <strong>de</strong> paradigma, quecomeça com a eliminação <strong>do</strong> que não serve no mun<strong>do</strong> atual. Nessa dinâmica <strong>do</strong> movimento <strong>de</strong>um gestor que vai fazer gestão integrada <strong>de</strong> recursos humanos, <strong>de</strong>vemos pensar queestratégia será usada. Primeiro, começar a fazer perguntas, começar a eliminar o que não estábom e manter o que está bom, o que <strong>de</strong>ve ser fortaleci<strong>do</strong>, potencializa<strong>do</strong>. A primeira respostaé a eficiência, que é a melhoria evitan<strong>do</strong> as perdas quantitativas, que são muitas. E <strong>de</strong>pois aeficácia, com redução das perdas qualitativas, fazen<strong>do</strong> reciclagem, melhor uso, fazen<strong>do</strong> reúsoe utilizan<strong>do</strong> os instrumentos <strong>de</strong> gestão da política <strong>de</strong> águas. O Plano Nacional <strong>de</strong> RecursosHídricos ficou pronto, os ca<strong>de</strong>rnos setoriais mostram que potencialida<strong>de</strong>s locais <strong>de</strong>vem serenfocadas. E a eficácia, junto com a eficiência, olha o quantitativo com o qualitativo.A principal questão é como sou afeta<strong>do</strong> pela água que recebo e como causo transtornoaos outros e à qualida<strong>de</strong> da água que a minha utilização lança nos corpos <strong>de</strong> recursos hídricos.Se eu não sei o que os outros me causam e o que causo aos outros, não tenho postura parareclamar os meus direitos, nem <strong>de</strong> evitar certos problemas, um terceiro patamar é aefetivida<strong>de</strong>, que é agregar a eficiência e a eficácia ao contexto <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> água, da bacia,<strong>do</strong> olhar da sustentabilida<strong>de</strong>. Qual o uso <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> para a água cuja finalida<strong>de</strong> fornece o melhorresulta<strong>do</strong> ao usuário, ao consumi<strong>do</strong>r e ao meio ambiente?Quan<strong>do</strong> o afluxo <strong>de</strong> água é reduzi<strong>do</strong> pelas captações, o gran<strong>de</strong> risco da redução <strong>de</strong> águaé causar danos aos hábitats banha<strong>do</strong>s, mangues, fauna, flora e seres humanos. Os gestores <strong>de</strong>‘água azul’ têm observa<strong>do</strong> só uma parte da realida<strong>de</strong>, to<strong>do</strong>s seus esforços e interesses têm seconcentra<strong>do</strong> em gestão <strong>do</strong>s recursos hídricos <strong>do</strong> planeta, excluin<strong>do</strong> toda a água envolvida naprodução agrícola, que infiltra naturalmente no solo e se constitui em água disponível aoscultivos e ecossistemas - conceituada como ‘água ver<strong>de</strong>’. É o principal recurso hídricoenvolvi<strong>do</strong> nos cultivos <strong>de</strong>correntes da chuva, na pecuária, na produção <strong>de</strong> biomassa <strong>do</strong>secossistemas naturais.46


Uma nova abordagem <strong>de</strong>ve orientar nosso olhar – que vê somente a água azul comorecurso econômico - a consi<strong>de</strong>rar também a água ver<strong>de</strong>. Esse olhar <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>consi<strong>de</strong>ra a conservação <strong>do</strong> solo não só pelo controle da erosão, mas pela dinâmica da água,observan<strong>do</strong> quais pontos <strong>de</strong> alimentação e recarga po<strong>de</strong>m levar ao <strong>de</strong>senvolvimentosustentável.É necessária a educação ambiental para perceber a importância da conservaçãointegrada entre água, solo, vegetação. Um uso eficiente, eficaz e efetivo, que olha o ‘prédio’inteiro, com to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> moran<strong>do</strong>, reduzin<strong>do</strong> o avanço <strong>de</strong> impactos da agricultura <strong>de</strong> cerqueiroe da pecuária. Ter uma consciência reflexiva, evitar o emagrecimento, o a<strong>do</strong>ecimento, aesterilização, a obesida<strong>de</strong>, o aborto e a morte <strong>do</strong> corpo hídrico. E fazer o uso construtivo equalitativo, evitar as perdas e atuar na alfabetização ambiental, enten<strong>de</strong>r e respeitar o ciclohidrológico, crian<strong>do</strong> uma ‘consciência hídrica’, não pensar só no uso.Por que há gran<strong>de</strong>s vazios no atendimento a saneamento que não são preenchi<strong>do</strong>s, porque a educação associada a como ampliar a produtivida<strong>de</strong> não é a<strong>do</strong>tada mais rapidamente,como perceber as nuances <strong>de</strong> diversas utilizações e sua sinergia na sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>secossistemas, e na segurança alimentar?Lidan<strong>do</strong> com a drenagem urbana e as cheias – acho importante falar disso, pois aspopulações estão muito vulneráveis às cheias, e existe um estreito vínculo entre esse uso, asformas <strong>de</strong> ocupação e as cheias. Estu<strong>do</strong>s recentes mostram a causa das cheias tanto poralterações climáticas como por falhas <strong>de</strong> infra-estrutura que não respeitam a dinâmica e essevalor da natureza.Edílson <strong>de</strong> Paula Andra<strong>de</strong> – Comitê das Bacias Hidrográficas <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> SulRicar<strong>do</strong> Novaes – Laboratório <strong>de</strong> Educação Ambiental – Teia / USPEstava muito ansioso pelo dia <strong>de</strong> hoje, e <strong>de</strong>pois que vi meus parceiros <strong>de</strong> mesa, fiqueisem saber o que falar com pessoas que enten<strong>de</strong>m muito <strong>de</strong> recursos hídricos e <strong>de</strong> bacia. Tinhaduas possibilida<strong>de</strong>s: <strong>de</strong>fendi minha tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> sobre a gestão no Paraíba <strong>do</strong> Sul, e issoé um la<strong>do</strong>, quero mostrar um pouco os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssa tese, principalmente sobre a construçãoda relação muitas vezes conflituosa entre o comitê paulista e o fe<strong>de</strong>ral; e <strong>de</strong>pois, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>Laboratório <strong>de</strong> Educação e Ambiente da USP, há uma série <strong>de</strong> projetos discutin<strong>do</strong> a questão daeducação ambiental e recursos hídricos, as quais gostaria <strong>de</strong> compartilhar, sobre meto<strong>do</strong>logias<strong>de</strong> educação ambiental.Conversei com muitas pessoas para montar esse projeto, pessoas envolvidas com ahistória <strong>de</strong>sse comitê. Também tive a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar na Prefeitura <strong>de</strong> São José <strong>do</strong>sCampos entre 1993 e 1997, quan<strong>do</strong> estava sen<strong>do</strong> monta<strong>do</strong> o comitê paulista, entãoacompanhei um pouco a luta em torno <strong>de</strong>sse processo, e logo <strong>de</strong>pois a montagem <strong>do</strong> comitêfe<strong>de</strong>ral. Como enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong>safios, limites e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fazer uma gestão integrada <strong>de</strong>bacias? Vemos que há pequenas armadilhas no sistema quan<strong>do</strong> analisamos uma baciacomplexa como a <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul. Se fosse para implementarmos um projeto-piloto, talvezfosse melhor escolher uma bacia com menos complexida<strong>de</strong>.Esta bacia está presente nos esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Minas Gerais, São Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro, eenvolve a questão <strong>de</strong> <strong>do</strong>minialida<strong>de</strong> e pacto fe<strong>de</strong>rativo, a questão <strong>de</strong> como fazer uma gestãointegrada. Há um comitê paulista e um fe<strong>de</strong>ral, com interfaces sobrepostas. A confusão é quequan<strong>do</strong> esse mo<strong>de</strong>lo foi construí<strong>do</strong>, apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a ser monta<strong>do</strong> durante sua própriamontagem, aparecem algumas armadilhas que têm atrapalha<strong>do</strong> a gestão <strong>de</strong>sse sistema. Abacia hidrográfica é a unida<strong>de</strong> territorial para a implementação da Política Nacional <strong>de</strong>Recursos Hídricos. O que é esta bacia? Pega a vertente da Mantiqueira, Serra <strong>do</strong> Mar, até<strong>de</strong>saguar no RJ, ou seja, é a bacia como um to<strong>do</strong>, não se fala <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rativas. Emcompensação, não existe bacia hidrográfica enquanto um ente político-administrativo, existeesta<strong>do</strong>, município, União. Como fazer então uma gestão integrada <strong>de</strong> bacia se não tem umente, e qual o papel <strong>de</strong> um comitê? Isto está relaciona<strong>do</strong> à política municipal, estadual, com a47


União. Esse foi o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio nos últimos 10, 15, 20 anos para tentar construir um sistemaque não é simples, não está pronto, que ainda está em construção.Vamos falar <strong>do</strong> conflito que se <strong>de</strong>u entre o mo<strong>de</strong>lo paulista e o fe<strong>de</strong>ral. Brinco quequan<strong>do</strong> via, em 1993, 1994, a discussão sobre o Paraíba <strong>do</strong> Sul, e alguém <strong>de</strong> São Paulo falava,dava a impressão que a bacia acabava na divisa; se passássemos para o la<strong>do</strong> <strong>de</strong> lá, o rio nãoexistia mais. De outro la<strong>do</strong>, se alguém <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral falava sobre a bacia, São Paulo nãoexistia como um ator <strong>de</strong>ntro daquela gestão. Essa falta <strong>de</strong> conversa foi muito complicada.As perguntas que nos colocamos então foram: que instrumentos e arranjos po<strong>de</strong>mpermitir uma maior integração, sinalizan<strong>do</strong> o avanço da gestão integrada? E qual o futuroreserva<strong>do</strong> aos comitês neste trecho? Há e havia, pelo menos até hoje, uma certa tensão sobreo que aconteceria aos comitês <strong>de</strong>sse trecho, qual o futuro <strong>de</strong> um comitê <strong>de</strong> São Paulo frente aum comitê fe<strong>de</strong>ral: sumiria, seria engloba<strong>do</strong>, morreria por inanição e não por <strong>de</strong>creto, querdizer, per<strong>de</strong>ria seu espaço <strong>de</strong> interlocução? E quais as perspectivas <strong>de</strong>sejáveis <strong>de</strong> convivênciaarticulada entre as experiências <strong>de</strong> gestão?Na verda<strong>de</strong>, a questão não é quem vai sobreviver ou não, mas quais as estratégias queesses entes to<strong>do</strong>s, esta<strong>do</strong>, município, União, vão construir, é uma negociação política. Envolvecomo as pessoas fazem para cumprir seus acor<strong>do</strong>s, quais as regras <strong>do</strong> jogo para fazer a coisafuncionar, e qual o preço que vamos pagar para fazer as regras <strong>do</strong> jogo serem cumpridas.No caso da água, por exemplo, quem mora em prédio sabe que o hidrômetro é coletivo,to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> paga a água con<strong>do</strong>minial. Há um apartamento com três pessoas, outro com oitoque tomam banho o dia inteiro, e ao final <strong>do</strong> mês vão pagar a mesma conta <strong>de</strong> água daspessoas <strong>do</strong> prédio. É um dilema que a socieda<strong>de</strong> vive, <strong>de</strong> ter que criar regras <strong>de</strong> convivênciapara fazer a gestão <strong>de</strong> alguns recursos. E precisaremos criar novos sistemas para isso, talvezcolocar um hidrômetro individual em cada apartamento, quem gasta mais paga mais, ou criaruma relação <strong>de</strong> confiança entre os mora<strong>do</strong>res para terem um pacto, uma regra ‘olha gente,banho <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 15 minutos, não’, e ter instituições, regras <strong>de</strong> convivência <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong>gestão até <strong>do</strong> próprio prédio.Instituições são vistas como um conjunto <strong>de</strong> normas e relações que analisamcomportamentos a fim <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r necessida<strong>de</strong>s humanas, ou como estratégias <strong>de</strong> superação<strong>de</strong> um dilema <strong>de</strong> ação coletiva. Isso porque o vizinho <strong>de</strong> cima com 10 filhos não vai querereconomizar água, a conta <strong>de</strong>le é ‘quanto mais eu gastar, mais estou economizan<strong>do</strong>’, ou seja‘aquela água <strong>de</strong> que estou me aproprian<strong>do</strong> individualmente é muito mais <strong>do</strong> que estougastan<strong>do</strong> con<strong>do</strong>minialmente, dividi<strong>do</strong> pelos apartamentos <strong>do</strong> prédio’, é negócio para ele gastarágua! Se to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> pensar assim, teremos algo chama<strong>do</strong> ‘tragédia <strong>do</strong>s comuns’ e essa águavai acabar. Temos que superar esse dilema, isso funciona com pastagens, com comunida<strong>de</strong>stradicionais, com sobrepesca, e outros exemplos. Para isso são cria<strong>do</strong>s normas, leis, regras eacor<strong>do</strong>s informais, que po<strong>de</strong>m ser convenções, códigos <strong>de</strong> postura, entre outros.Sobre a bacia especificamente, houve no Brasil um processo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> novas regras<strong>do</strong> jogo. Até então era algo menos complica<strong>do</strong>, a água aparentemente não era tão escassa,não estava com tantos problemas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Poucos atores tinham po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>liberação,era muito fácil, você tinha um processo menos <strong>de</strong>mocrático, o setor elétrico era hegemônicoao falar on<strong>de</strong> e quem vai usar água. Nos últimos anos, criou-se uma nova regra <strong>do</strong> jogo <strong>de</strong>consi<strong>de</strong>rar a bacia como unida<strong>de</strong>, a água tem valor econômico, tem função social, existemcomitês, são <strong>de</strong>scentraliza<strong>do</strong>, participativos. Bagunçou tu<strong>do</strong>, exigiu toda uma nova engenhariainstitucional <strong>de</strong> construção.Nesta confusão que é a bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul, muitos dizem que avançamos pouco nagestão, mas pensan<strong>do</strong> em como essa coisa é confusa, enten<strong>de</strong>mos que há muita genteenvolvida no processo. O trecho paulista, a região metropolitana <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, que não ébacia, mas um ator fundamental na bacia, um verda<strong>de</strong>iro mosaico institucional... Então nãoadianta pensarmos ‘vamos pensar a gestão <strong>do</strong> trecho paulista’, há um comitê paulista<strong>de</strong>liberan<strong>do</strong> que lá em Queluz entregamos água na qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> que queremos.Não, temos <strong>de</strong> pensar um sistema que vai integrar essa bagunça toda, e veremos que isso nãoestá sen<strong>do</strong> fácil.O trecho paulista está no meio <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul como uma <strong>de</strong>ssas unida<strong>de</strong>s, e o comitêtem historicamente uma criação que prece<strong>de</strong>u o mo<strong>de</strong>lo nacional. São Paulo foi pioneiro epagou o preço <strong>de</strong>sse pioneirismo na montagem <strong>do</strong> sistema. A partir <strong>do</strong>s anos 80 e começo <strong>do</strong>s90 foi montan<strong>do</strong> um sistema, que esteve basea<strong>do</strong> no seguinte: a bacia hidrográfica é a48


unida<strong>de</strong>, a água tem uso múltiplo, a água tem valor econômico e social, e a gestão agora éparticipativa, <strong>de</strong>scentralizada e integrada. Não é mais o <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> obras contra a secaou o setor elétrico que vai falar on<strong>de</strong> vai ter água e on<strong>de</strong> não, a coisa complicou.Historicamente, há o Código das Águas <strong>de</strong> 1934, um mo<strong>de</strong>lo normativo centraliza<strong>do</strong>r. Ahistória <strong>de</strong> retificação no trecho paulista é muito interessante, trata <strong>de</strong> um processo que visavao <strong>de</strong>senvolvimento da bacia, um pouco inspira<strong>do</strong> no vale <strong>do</strong> Tennessee, um projeto<strong>de</strong>senvolvimentista. E aconteceu o seguinte: a água foi acaban<strong>do</strong>, pioran<strong>do</strong>, apareceu ummonte <strong>de</strong> gente para dar palpite, e a socieda<strong>de</strong> começou a falar ‘quero participar <strong>de</strong>ssa mesa<strong>de</strong> negociação’; um <strong>de</strong>bate transversal no qual a questão ambiental começou a aparecer.Duvi<strong>do</strong> que fosse possível falar em comitê <strong>de</strong> bacia em 1950, em 1968, porque esse arcabouçonão estava pronto, não havia espaço <strong>de</strong>mocrático para isso, a temática ambiental não estavacolocada <strong>de</strong>ssa forma. Felizmente a situação mu<strong>do</strong>u, com marcos legais como a Constituição<strong>de</strong> 1988 e a Constituição Paulista <strong>de</strong> 1989, com diversos artigos sobre água. Em 1991 ummarco para o Brasil é a Política <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>de</strong> São Paulo. Em 1994 se dá a criação <strong>do</strong>comitê paulista, em 1996 a criação <strong>do</strong> Ceivap, e em 1997, a Lei 9.433, que vai dar o gran<strong>de</strong>marco legal da gestão das águas para o Brasil.Se houve uma lei criada em São Paulo, com o mo<strong>de</strong>lo paulista puxan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>bate, vamosenten<strong>de</strong>r um pouco os problemas que levaram São Paulo a criar seu mo<strong>de</strong>lo antes <strong>do</strong> fe<strong>de</strong>ral.Basicamente nesse caso, o conflito é <strong>de</strong> <strong>do</strong>minialida<strong>de</strong>, entre o que é <strong>de</strong> São Paulo e o que éda União. Se pego água <strong>do</strong> rio Jaguari e jogo no Paraíba, <strong>de</strong> quem é essa água, e se façocaptação subterrânea... Isso vai dar um certo problema, <strong>de</strong> conflito <strong>de</strong> aproximação entre omo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> São Paulo e o fe<strong>de</strong>ral.No trabalho, mapeamos cinco fases no processo <strong>de</strong> relação entre os <strong>do</strong>is sistemas emrelação à gestão das águas. No caso estuda<strong>do</strong>, há inicialmente um extremo antagonismo entreos <strong>do</strong>is mo<strong>de</strong>los, um conflito quase <strong>de</strong>clara<strong>do</strong> entre o mo<strong>de</strong>lo paulista e o fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong> saberqual <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is seria hegemônico na gestão das águas da bacia. Assim, cada um foi cuidar umpouco <strong>de</strong> si, tinha que se estruturar, fazer sua captação, seus instrumentos <strong>de</strong> gestão. E aseguir houve momentos <strong>de</strong> cooperação, em que o sistema começou a funcionar por umprocesso <strong>de</strong> aprendizagem social, <strong>de</strong> convivência, <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> confiança.Entre 1987 e 1993, ocorrem os momentos iniciais da montagem <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> gestão,tanto em São Paulo quanto no Brasil. Os <strong>do</strong>is sistemas estavam em construção e ninguémsabia o que eram. Havia propostas <strong>de</strong> atores <strong>de</strong> São Paulo que diziam ‘tu<strong>do</strong> bem, não somos<strong>do</strong>nos, a bacia é uma só’, mas uma linha dizia ‘São Paulo cuida das suas águas, Rio <strong>de</strong> Janeirodas suas, Minas Gerais das suas’, fazemos um pacto <strong>de</strong> padrão e respeitamos esse padrão,crian<strong>do</strong> um comitê <strong>de</strong> integração on<strong>de</strong> nos reunimos os três, chamamos a União, e fazemosuma outra coisa. Essa seria uma proposta. Havia uma outra linha que dizia ‘não, vamos fazerum sistema enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a bacia como uma coisa só, uma gestão única’, só que nisso haviaproblemas <strong>de</strong> relação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, alguém teria que ganhar e per<strong>de</strong>r po<strong>de</strong>r nesse sistema. Em1993, começa o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão no trecho paulista, quan<strong>do</strong> é cria<strong>do</strong> o comitê. Já havia umatensão <strong>de</strong>clarada, sabia-se que o sistema fe<strong>de</strong>ral estava se construin<strong>do</strong>, São Paulo fazia parte<strong>de</strong>sse movimento, mas ainda sem saber qual seria o mo<strong>de</strong>lo hegemônico.A partir daí, quan<strong>do</strong> é cria<strong>do</strong> o Ceivap, passa-se a colocar energia em sua organizaçãointerna, seu surgimento, sua estruturação, porque o comitê é <strong>de</strong> 1996, mas só começa afuncionar em 1997. E cada um vai para um canto um pouco estruturar seus planos <strong>de</strong> baciaespecíficos, seus financiamentos, seus instrumentos <strong>de</strong> gestão, quan<strong>do</strong> então os <strong>do</strong>is sistemasvivem uma relação conflituosa. É tão maluco isso, que cada um <strong>de</strong>sses entes sobrepostos namesma bacia estejam construin<strong>do</strong> seu plano <strong>de</strong> bacia, fazen<strong>do</strong> seu planejamento sem muitasvezes consi<strong>de</strong>rar o outro, o diálogo era muito precário.A partir <strong>de</strong> 2000 a 2003 é que se inicia uma tensão muito gran<strong>de</strong> entre os <strong>do</strong>is mo<strong>de</strong>los,uma série <strong>de</strong> questões mapeiam o porquê <strong>de</strong>ssas tensões, especulam se seria a questão <strong>do</strong>plano <strong>de</strong> bacia, a questão da aprovação da cobrança pelo uso da água a nível fe<strong>de</strong>ral queenfraqueceu o sistema paulista, essa agenda <strong>de</strong> São Paulo. Alguns atores fortes <strong>de</strong> São Paulocomeçaram a jogar na arena <strong>do</strong> Ceivap, na questão da gestão. A ANA começou a priorizarmuito o funcionamento <strong>do</strong>s instrumentos <strong>de</strong> gestão, cobrança, o plano <strong>de</strong> bacia, ocadastramento <strong>do</strong>s usuários, a cobrança tinha que começar e foi meio a fórceps, e assim secriaram algumas rusgas entre os <strong>do</strong>is mo<strong>de</strong>los naquele momento.Nesse processo, inicia-se uma distensão e uma nova forma <strong>de</strong> articulação entre os <strong>do</strong>ismo<strong>de</strong>los, <strong>de</strong> perspectivas comuns, o mo<strong>de</strong>lo que estamos vivencian<strong>do</strong>. Hoje, quem acompanha49


o sistema sabe que quan<strong>do</strong> se fala em plano <strong>de</strong> bacia, já se fala <strong>de</strong> integração, está tu<strong>do</strong> maispróximo. Isso se dá por uma maior relação <strong>de</strong> confiança, pelo trânsito <strong>de</strong> atores, as pessoasconviviam muito e tinham relações pessoais e institucionais que favoreceram relações <strong>de</strong>confiança, que agregaram a esse processo.Outra coisa aju<strong>do</strong>u nisso: acabou a água. Quan<strong>do</strong> acabou a água, entre 2002 e 2003, aquestão não era mais quem vai mandar, mas uma questão concreta, não havia mais água.Tinha que fechar Jaguari, Santa Branca, Paraibuna, o rio precisaria <strong>de</strong> racionamento, to<strong>do</strong>mun<strong>do</strong> ia ter que sentar e resolver isso <strong>de</strong> uma vez. Não havia mais muito clima para dividir,havia um problema concreto, e os comitês foram obriga<strong>do</strong>s a criar instrumentos para isso. Foium gran<strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong>.Paulo Valladares Soares – Fundação <strong>Floresta</strong>lVamos fazer algumas consi<strong>de</strong>rações relacionadas ao comprometimento e aoposicionamento que está permea<strong>do</strong> n as questões urbanas. Cerca <strong>de</strong> 94% da população <strong>do</strong>Vale Paraibano ocupa a calha <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul. Precisamos compartilhar o olhar que aestrutura morfológica e pe<strong>do</strong>lógica <strong>de</strong>ssa região nos traz, para uma reflexão <strong>do</strong> que temos navárzea hoje. A estruturação <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> anos nos levou a esta situação. Negligenciamosessas questões e precisamos pon<strong>de</strong>rar sobre até que ponto <strong>de</strong>vemos fazer o gerenciamento damata ciliar se não pensarmos na saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> ecossistema. Não po<strong>de</strong>mos per<strong>de</strong>r a dimensão <strong>de</strong>on<strong>de</strong> a água infiltra, on<strong>de</strong> ela entra, on<strong>de</strong> ela é reservada e on<strong>de</strong> é disponibilizada para nossoconsumo, o que ocorre nas partes mais baixas <strong>do</strong> vale.Sou geólogo <strong>de</strong> formação e o que vou compartilhar é para ser discuti<strong>do</strong> na hora <strong>do</strong><strong>de</strong>bate. Há fatores sociológicos para a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> inovações e, quan<strong>do</strong> falo isso, refiro-me aopúblico <strong>de</strong> área rural. Os fatores sociológicos para a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> inovações têm pontos queprecisamos consi<strong>de</strong>rar quan<strong>do</strong> formulamos nossas estratégias e propostas, porque sãoconcebidas no ambiente urbano e esquecemos que nosso interlocutor não está disposto ou é<strong>de</strong>sinteressa<strong>do</strong> nesses temas. A falta <strong>de</strong> confiança no técnico que faz a interlocução, o risco e aincerteza da ativida<strong>de</strong> agrícola fazem com que ele pense menos ainda na ativida<strong>de</strong> florestal. Ese estamos pensan<strong>do</strong> numa ativida<strong>de</strong> agrícola <strong>de</strong> ciclo curto, <strong>de</strong>vemos levar em conta que aativida<strong>de</strong> florestal tem ciclos muito mais longos, para se pensar numa política agrícola clara e<strong>de</strong>finida.Os problemas se relacionam ao alto preço <strong>do</strong>s insumos, ao <strong>de</strong>sconhecimento dasvantagens <strong>do</strong>s princípios <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong> solos, ao baixo nível <strong>de</strong> aspiração <strong>de</strong>sse público,ao tradicionalismo nas relações, às crenças e tabus. Para se começar um processo <strong>de</strong>modificação é preciso consi<strong>de</strong>rar aquela relação perpetuada e a diversificação <strong>de</strong> outrasativida<strong>de</strong>s mais generosas economicamente.Outra questão é o saber. O <strong>de</strong>sconhecimento das inovações nos leva a pensar na<strong>de</strong>ficiência e no mau uso <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa. Estamos, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>,preocupa<strong>do</strong>s em transmitir a mensagem da conservação, mas <strong>de</strong> outro não há a preocupação<strong>de</strong> quem é o interlocutor, com quem é que estou procuran<strong>do</strong> estabelecer uma relação <strong>de</strong>comprometimento com a questão ambiental, através <strong>do</strong> compartilhar. O baixo nível <strong>de</strong>escolarida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse público e a baixa relação entre o técnico e o produtor, on<strong>de</strong> inexiste umarelação <strong>de</strong> confiança, dificultam que se estabeleçam coisas <strong>de</strong> longo prazo.Temos que mostrar o caminho, a forma <strong>de</strong> fazer. Mas há um conhecimento insuficienteda inovação, pouca relação <strong>do</strong> técnico com o produtor e uma resistência ao associativismo.7Como é que se pensam essas três coisas? A aproximação entre a universida<strong>de</strong> comtécnicas <strong>de</strong> melhoramento e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agregar valor ao produtor ainda é feita <strong>de</strong>forma bastante precária, e ainda há a insegurança <strong>do</strong> próprio técnico lidan<strong>do</strong> com as questões.É fundamental nesse processo enten<strong>de</strong>r que em uma bacia hidrográfica, precisamossaber qual a melhor composição <strong>de</strong> cenário entre conservação <strong>de</strong> solos e florestas. Porque sepensarmos que uma bacia tem <strong>de</strong> ser inteiramente vegetada, <strong>de</strong>vemos também saber queessa floresta consome água. E aí eu lanço uma pergunta: se uma bacia que está <strong>de</strong>gradada,ou seja, vem <strong>de</strong>cain<strong>do</strong> a sua produção <strong>de</strong> água, será que num primeiro momento eu tenho quetrabalhar com conservação <strong>de</strong> solos, ou com florestas? Qual é o mix i<strong>de</strong>al para essa situação?50


(Não esquecen<strong>do</strong> nunca <strong>de</strong> que atrás <strong>de</strong>ssa pergunta existe uma pessoa). Há <strong>de</strong>ficiência norepasse da pesquisa sobre os produtos trabalha<strong>do</strong>s.Essa é a área on<strong>de</strong>, a meu ver, precisamos avançar; avançar bastante na aproximaçãoda universida<strong>de</strong> e das instituições <strong>de</strong> pesquisa com o produtor, nosso interlocutor e que vaifazer com que a gestão ambiental seja colocada em prática. Se pensarmos na produção <strong>de</strong>água, ela não é feita nos centros urbanos, mas no meio rural, e aí se <strong>de</strong>stacam principalmenteos riscos e as incertezas comerciais <strong>de</strong>ssas relações, pois existem questões das condiçõesintrínsecas da proprieda<strong>de</strong>, como: topografia, tipo <strong>de</strong> solo, recursos hídricos e coberturavegetal, que se juntam a um baixo po<strong>de</strong>r aquisitivo, difícil acesso ao crédito rural e um altopreço <strong>do</strong>s insumos. Essas questões compõem o pano <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> nosso interlocutor. Aquelesque me prece<strong>de</strong>ram já colocaram essa situação que pu<strong>de</strong> aprofundar: é preciso chegar maisperto <strong>de</strong> nosso parceiro em qualquer projeto <strong>de</strong> recuperação da bacia, que é o produtor rural.Assim, po<strong>de</strong>remos começar a falar da problemática ambiental, que ao nosso ver, precisaser compreendida a partir <strong>de</strong>ssas inter-relações da socieda<strong>de</strong>, que até hoje têm si<strong>do</strong>perversas, e com os seus aspectos próprios começam a <strong>de</strong>linear questões <strong>do</strong> meio físiconatural.O produtor rural só ara morro abaixo porque não foi passada para ele uma outra técnica.E não é só ir lá e falar para ele, ou dar a ele um trator; é preciso que haja essa interação paramodificação <strong>de</strong> paradigma. Temos que fazer essa modificação no micro, no pequeno. Mas issoé complica<strong>do</strong> porque <strong>de</strong>manda tempo, <strong>de</strong>mora; um trabalho <strong>de</strong> educação ambiental para queas pessoas comecem a fazer to<strong>do</strong> esse envolvimento leva cerca <strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos e meio. Quan<strong>do</strong>to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> começa a aparecer na fotografia: Sabesp, prefeitura, professor, aluno, vocêcomeça a ver que este processo <strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos e meio é precisa ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s nós.Nesse senti<strong>do</strong>, a problemática ambiental em sua complexida<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> sercompreendida segun<strong>do</strong> a técnica <strong>de</strong> uma única ciência, ela convoca diversos campos <strong>do</strong> saber.Nós interagimos no limite das nossas áreas <strong>de</strong> conhecimento. Essas áreas <strong>de</strong> interface fazemcom que nós também repensemos as nossas relações institucionais e interdisciplinares <strong>de</strong> talforma que nenhuma área <strong>do</strong> conhecimento específico tem competência para <strong>de</strong>cidir sobre ela,embora muitos tenham o que dizer - e precisamos aprimorar esse “muitos têm o que dizer”.Vejo não só em relação à ciência, ao outro, precisamos melhorar esse mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> conhecerinterdisciplinar e <strong>de</strong> inter-relacionamento.Precisamos ter comprometimento com o ato pedagógico, um ato <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>sseconhecimento, feito na dialética entre a teoria e a prática: fazer, experienciar, tornar a fazer,para que esse reconhecimento da realida<strong>de</strong> implique em assumir a complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r.Se nós não caminharmos para isso e para aquela questão mais pontual da pessoa, nãoconseguiremos avançar, porque aí nós jogaríamos o problema para as instituições públicas,que por sua vez retornam para o cidadão, e aí fica aquela discussão intensa e nada <strong>de</strong>concreto é feito. Nesse senti<strong>do</strong>, a gestão ambiental é um processo <strong>de</strong> mediação <strong>de</strong> interesses econflitos. Esse processo <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> e re<strong>de</strong>fini<strong>do</strong> continuamente procura englobar com osdiferentes atores sociais medidas práticas e alteran<strong>do</strong> a qualida<strong>de</strong> ambiental num <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>momento e distribuin<strong>do</strong> na socieda<strong>de</strong> os custos e benefícios <strong>de</strong>correntes da ação daquelesagentes.Toda concepção meto<strong>do</strong>lógica que organiza o processo <strong>de</strong> ensino e aprendiza<strong>do</strong> nosprogramas <strong>de</strong> educação continuada <strong>do</strong>s profissionais <strong>de</strong> área ambiental <strong>de</strong>veria se basear noexercício das premissas acima. Se não fizermos isso, teremos uma lacuna muito gran<strong>de</strong> entreos projetos que estão se operacionalizan<strong>do</strong> e o conhecimento.Vou colocar para reflexão. Essa conformação geológica <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba sobre a qualeu falei no início nos faz pensar que os anos <strong>de</strong> ciclo <strong>de</strong> exploração predatória faz com que osolo não cumpra sua função hidrológica <strong>de</strong> reservar essa água para disponibilizá-la ao longo <strong>do</strong>tempo. Então, urge pensar que precisamos racionalizar, reutilizar os centros urbanos erepensar essas práticas nas nossas áreas <strong>de</strong> cabeceira. E há uma outra coisa: nós estamos emdéficit hídrico.Feitas essas consi<strong>de</strong>rações tanto na educação ambiental, quanto ligadas ao produtorrural, o sentimento <strong>de</strong> pertencimento <strong>do</strong>s atores em relação ao processo é condição essencial<strong>de</strong> capacitação que está voltada ao atendimento <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>mandas, com objetivo <strong>de</strong> levar aoempo<strong>de</strong>ramento que subsidiará a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão coletiva. É fato que os projetosambientais <strong>de</strong>vem estabelecer processos participativos; a participação tem o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>51


<strong>de</strong>spertar essa responsabilida<strong>de</strong> cidadã, o pertencimento, em uma <strong>de</strong>terminada localida<strong>de</strong>, nãopo<strong>de</strong>n<strong>do</strong> mais existir essa passivida<strong>de</strong> diante <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.Feito isso, acreditamos que o caminho possa ser esse, era uma preocupação que eutinha: como é que nós vamos fazer o empo<strong>de</strong>ramento coletivo? Como é que se estabeleceesse processo <strong>de</strong> pertencimento e disseminação <strong>do</strong> conhecimento? Através da i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>grupos na comunida<strong>de</strong>, seleção <strong>de</strong> parceiros, a coesão <strong>do</strong> grupo, a capacitação técnica, acapacitação profissional, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos e a prestação <strong>de</strong> serviços. Oenvolvimento das comunida<strong>de</strong>s locais no gerenciamento <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> gestão ambiental éfundamental para o sucesso <strong>de</strong>sses.Edilson <strong>de</strong> Paula Andra<strong>de</strong> – Comitê das Bacias Hidrográficas <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul -CeivapA vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>bater esse tema é gran<strong>de</strong>. A gran<strong>de</strong> jogada <strong>do</strong> futuro na gestão <strong>de</strong>recursos hídricos é saber trabalhar com as pessoas que estão nas nascentes.Gostaria <strong>de</strong> colocar alguns <strong>do</strong>s <strong>de</strong>safios que experimentamos na gestão <strong>de</strong> recursoshídricos no Paraíba <strong>do</strong> Sul, tentan<strong>do</strong> transmitir mais sobre as priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> recursosfinanceiros e <strong>de</strong> ação nesta bacia: <strong>de</strong> que maneira isso ocorre <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> comitê e qual ocaminho já trilha<strong>do</strong>, para vermos se as priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> hoje serão as mesmas no futuropróximo, ou se temos <strong>de</strong> mudar e dar uma inclinada no nosso vôo.Se perguntarem para qualquer pessoa qual o gran<strong>de</strong> problema da Bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong>Sul, 90% vão dizer que é a falta <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgoto <strong>do</strong>méstico. Qualquer um vê isso noscorpos d’água <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> vale, porque são malcheirosos, e a medida paliativa <strong>do</strong> po<strong>de</strong>rpúblico é fazer uma canalização fechada <strong>do</strong>s córregos que cortam as áreas urbanas. Hoje já édifícil para uma criança que estu<strong>de</strong> em área urbana conhecer algum córrego, não sabemdireito o que é um riacho, porque está tu<strong>do</strong> canaliza<strong>do</strong>. Então, esse realmente é um gran<strong>de</strong>problema na bacia <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul.Há problemas mais graves <strong>do</strong> que esse também, como a falta <strong>de</strong> afastamento <strong>de</strong> esgoto<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa bacia. Menos em São Paulo, on<strong>de</strong> isso já foi resolvi<strong>do</strong> razoavelmente bem, mashá rincões na bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul on<strong>de</strong> falta até afastar o esgoto da casa <strong>do</strong> cidadão,então o problema é bastante grave. A água servida à população, principalmente à mais pobre,também não é a<strong>de</strong>quada. Então, a ausência <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgoto é um gran<strong>de</strong> problema<strong>de</strong>ssa bacia, o que causa um dano muito gran<strong>de</strong> à qualida<strong>de</strong> das águas. Isso está se refletin<strong>do</strong>nas tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, tanto <strong>do</strong> Ceivap, que é o comitê <strong>de</strong> toda a bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sulnos três esta<strong>do</strong>s (Rio <strong>de</strong> Janeiro, Minas Gerais e São Paulo), quanto no comitê geral, <strong>do</strong> qualtenho a honra <strong>de</strong> ser o secretário executivo. Temos senti<strong>do</strong> uma pressão <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro,no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> colocar recursos financeiros em ações <strong>de</strong> saneamento e isso se reflete nas<strong>de</strong>cisões. Recentemente, houve a reunião <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> meio ambiente daindústria da parte paulista da bacia, que estava no processo <strong>de</strong> discussão pela cobrança <strong>de</strong> uso<strong>de</strong> água, e eles nos colocaram um <strong>do</strong>cumento dizen<strong>do</strong> o seguinte: queremos que 85% <strong>do</strong>srecursos arrecada<strong>do</strong>s sejam investi<strong>do</strong>s em tratamento <strong>de</strong> esgotos e 5% para o custeio damáquina administrativa.O setor <strong>de</strong> saneamento é, evi<strong>de</strong>ntemente, o setor que mais paga pelo uso da água nabacia. A cobrança pelo uso da água já é feita em rios <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio da União, como é o caso <strong>do</strong>rio Paraíba, e o recurso arrecada<strong>do</strong> tem si<strong>do</strong> reinvesti<strong>do</strong> em saneamento.Ao longo <strong>de</strong>sses quase <strong>do</strong>ze anos <strong>de</strong> atuação <strong>do</strong> comitê, os recursos têm si<strong>do</strong> aloca<strong>do</strong>sprioritariamente nessa área. Isso está erra<strong>do</strong>? Não, mas cabe uma reflexão pararedirecionarmos nossas priorida<strong>de</strong>s. Para terem uma idéia, a obra <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgotoque a Sabesp está construin<strong>do</strong> em Taubaté vai consumir cerca <strong>de</strong> 100 milhões <strong>de</strong> reais eminvestimentos, só entre Taubaté e Tremembé, com aproximadamente 300 mil habitantes. Ovalor da cobrança estimada para a parte paulista da bacia é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 2,9 milhões <strong>de</strong> reaisanuais. Mais 2 milhões <strong>de</strong> reais que entram to<strong>do</strong> ano pelo Ceivap, mais 1 milhão <strong>de</strong> reais peloFehidro, temos em torno <strong>de</strong> 6 milhões <strong>de</strong> reais por ano aloca<strong>do</strong>s aqui na bacia. Se <strong>de</strong>sse total,tu<strong>do</strong> fosse aplica<strong>do</strong> em esgoto, só para dar suporte a essa estação <strong>de</strong> esgoto <strong>de</strong> Taubaté, seriaum investimento <strong>de</strong> 15 a 17 anos.52


A mesma situação <strong>de</strong> Taubaté acontece em São José <strong>do</strong>s Campos e Jacareí, com 200 milhabitantes, que precisa <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 100 milhões <strong>de</strong> reais para fazer coleta e tratamento <strong>de</strong>100% <strong>de</strong> seu esgoto. Fica evi<strong>de</strong>nte que o setor <strong>de</strong> recursos hídricos e os comitês <strong>de</strong> baciashidrográficas têm <strong>de</strong> ajudar os municípios a fazer tratamento <strong>de</strong> esgoto, dar um apoio nosenti<strong>do</strong> <strong>de</strong> oferecer um pouco, e então o município coloca mais e executa aquela obra. Isso écorreto, e o comitê tem que continuar com essa política <strong>de</strong> auxiliar. Mas a responsabilida<strong>de</strong>pelo saneamento não é <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> recursos hídricos, e sim <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> saneamento, <strong>do</strong>Ministério das Cida<strong>de</strong>s, <strong>do</strong>s governos estaduais, das companhias <strong>de</strong> saneamento. A cobrançapelo uso da água não veio para suprir as falhas <strong>do</strong> saneamento, ela é um instrumento quecomeçou no Paraíba <strong>do</strong> Sul, existe também no Ceará e agora nas bacias <strong>do</strong> Piracicaba-Capivari-Jundiaí, servin<strong>do</strong> <strong>de</strong> auxílio à gestão.Aqui em São Paulo, a água subterrânea vai custar um pouco mais caro <strong>do</strong> que a águasuperficial. Usamos a cobrança para criar uma diferenciação: estamos dizen<strong>do</strong> que queremospreservar as águas subterrâneas, que é um recurso estratégico, uma água mais limpa e,portanto, com um preço maior. Então, a valoração entra como um instrumento <strong>de</strong>planejamento <strong>de</strong> gestão: colocamos que a água para abastecimento industrial é um poucomais cara que a água para <strong>do</strong>micílios. A própria Constituição já diz que a água paraabastecimento da população é priorida<strong>de</strong> número 1. Para uso alternativo, como em postos <strong>de</strong>gasolina e loteamentos isola<strong>do</strong>s, essa água é ainda mais cara.Eis o gran<strong>de</strong> objetivo da cobrança: preservar os corpos d’água. Temos hoje uma gran<strong>de</strong>pressão <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s comitês para usar dinheiro em saneamento. Por outro la<strong>do</strong>, temos outrasgran<strong>de</strong>s priorida<strong>de</strong>s, que na área urbana não são muito sentidas, ligadas ao programa dasnossas bacias hidrográficas no meio rural, um gran<strong>de</strong> problema que não é muito perceptível.Um exemplo são os dirigentes industriais, que não estão erra<strong>do</strong>s em reivindicar o saneamento,mas talvez não percebam o benefício que po<strong>de</strong>ríamos ter orientan<strong>do</strong> investimentos constantesao longo <strong>de</strong> décadas para a recuperação <strong>de</strong>ssas bacias hidrográficas na zona rural. Sãoprogramas <strong>de</strong> longos perío<strong>do</strong>s, recuperan<strong>do</strong> nascentes, projetos feitos em concordância comos produtores rurais, pois normalmente o que sentimos é que eles topam fazer preservação <strong>de</strong>nascentes.Esse tema não é complica<strong>do</strong> para eles como é complica<strong>do</strong> o problema daquela faixa aolongo <strong>do</strong>s corpos d’água, os 30 metros que <strong>de</strong>veriam existir ao longo da calha <strong>do</strong> rio. Isso já émais <strong>de</strong>lica<strong>do</strong>, um problema que encontra mais resistência, pois essa faixa pega a melhor área<strong>do</strong> produtor rural, <strong>de</strong> várzea. Temos que enten<strong>de</strong>r como esse pessoal vive, como é a cultura<strong>de</strong>les, e não adianta conversar com o produtor rural numa linguagem que ele não entenda, épreciso ser capacita<strong>do</strong> para trabalhar com as entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>les, fazer as reuniões nos horários elocais certos.Temos <strong>de</strong> olhar a bacia hidrográfica <strong>de</strong> forma abrangente. De nada adianta um programa<strong>de</strong> recursos hídricos e <strong>de</strong> nascentes para o produtor, se não enten<strong>de</strong>rmos como ele conseguesobreviver, se ele tira leite, como vai cuidar <strong>do</strong> ver<strong>de</strong>; é necessário trabalhar <strong>de</strong> formaintegrada. Não cabe ao comitê <strong>de</strong> bacia hidrográfica enxergar-se como o único ator com direitoou obrigação <strong>de</strong> fazer esse trabalho; o comitê <strong>de</strong> bacia hidrográfica é um instrumento <strong>de</strong> queas outras entida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m se utilizar. A proteção da zona rural é a Secretaria da Agriculturaque conhece bem, por suas realida<strong>de</strong>s. Os sindicatos, as universida<strong>de</strong>s, têm programas, comoo da Unitau para a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Una, que é uma das mais <strong>de</strong>gradadas <strong>de</strong> toda aregião, com alto comprometimento <strong>de</strong> sóli<strong>do</strong> transporta<strong>do</strong>. Isso motivou até a Sabesp, 15 anosatrás, a quase acabar com a captação <strong>de</strong> água <strong>do</strong> rio Una. Era tanto sedimento, que na época<strong>de</strong> chuvas era impossível para as bombas da Sabesp trabalharem. A Unitau fez um trabalho <strong>de</strong>diagnóstico disso tu<strong>do</strong>, trouxe para nós a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> convencer o produtor rural a fazerrecomposição <strong>de</strong> vegetação ciliar e, ao saber <strong>de</strong>ssa dificulda<strong>de</strong>, trabalhamos para superá-la.Essa é uma priorida<strong>de</strong> que está começan<strong>do</strong> a tomar corpo <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> comitê. Há ummovimento chama<strong>do</strong> ‘Nascentes <strong>do</strong> Paraíba’ muito interessante, li<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pelo professorLázaro, que pega esse pessoal to<strong>do</strong> <strong>de</strong> professores, forma<strong>do</strong>res <strong>de</strong> opinião e vai à nascente <strong>do</strong>Paraitinga. Chegan<strong>do</strong> lá, to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> vê a área não-florestada on<strong>de</strong> nasce o rio. Então, essemovimento <strong>de</strong> nascentes está conseguin<strong>do</strong> passar para o comitê uma visão, um mote para apreservação das nascentes. Numa primeira estratégia, é muito bom encamparmos isso, egradativamente partir para as matas ciliares, como no programa da SMA, que está sen<strong>do</strong>implanta<strong>do</strong> em fase inicial na bacia <strong>do</strong> Ribeirão <strong>de</strong> Guaratinguetá, em Cunha e Paraibuna.53


Então algumas iniciativas já entram em mata ciliar, com programas bem feitos. Há váriasoutras experiências, culminan<strong>do</strong> com a proposta <strong>do</strong> Devanir, da ANA, que leva o incentivofinanceiro ao produtor rural para que ele preserve seus recursos. Mas isso não está transitan<strong>do</strong>no Ceivap com muita tranqüilida<strong>de</strong>, pois o pensamento <strong>de</strong> investir pesa<strong>do</strong> em tratamento <strong>de</strong>esgoto para recuperação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água é o que pre<strong>do</strong>mina no nosso comitê.A terceira linha <strong>de</strong> que vou falar é <strong>de</strong> educação ambiental, nossa priorida<strong>de</strong> no comitê.Estabelecemos na reunião <strong>de</strong> duas semanas atrás que vamos investir 80% em esgoto e 20%na área <strong>de</strong> educação ambiental e conservação <strong>de</strong> nascentes. Então, se conseguirmos esses 2,9milhões <strong>de</strong> reais <strong>de</strong> recursos da cobrança estadual, ou mesmo em torno <strong>de</strong> 2 milhões <strong>de</strong> reaispor ano, teríamos cerca <strong>de</strong> 400 mil reais ao ano, e po<strong>de</strong>mos pensar em muitos anos. É precisohaver uma ação das pessoas que enten<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sse assunto e são militantes na área, <strong>de</strong>convencimento <strong>de</strong>sses outros atores, <strong>do</strong> pessoal <strong>do</strong> saneamento, da indústria, tentan<strong>do</strong>mostrar que educação leva ao combate à erosão e ao assoreamento, para que possamos ir<strong>de</strong>slocan<strong>do</strong> esses investimentos <strong>do</strong> comitê. Ao longo <strong>do</strong> tempo, ao invés <strong>de</strong> 80% parasaneamento e 20% para essas áreas, talvez possamos fazer esses investimentos priorizan<strong>do</strong>mais a conservação <strong>do</strong>s recursos hídricos.Atualmente, estamos na expectativa <strong>de</strong> montar um grupo <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong>várias áreas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> comitê para tratar <strong>do</strong> tema da redistribuição <strong>de</strong> investimentos. Temosum novo planejamento da bacia em curso, e esse grupo que estamos em vias <strong>de</strong> criar terácomo incumbência traduzir essas medidas e propostas para <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> bacia, para quese possa refletir essa gradativida<strong>de</strong>. Começamos com 80% para esgoto, mas vamos, no prazo<strong>de</strong> 4 anos, investir mais nas outras áreas.E essa é uma tarefa <strong>de</strong> muito longo prazo, fundamental para a saú<strong>de</strong> da nossa baciahidrográfica. A água que corre na nossa bacia é como o sangue no nosso corpo: se essesangue não estiver bem, o corpo to<strong>do</strong> vai perecer. Da mesma forma, temos que buscar asaú<strong>de</strong> das bacias hidrográficas para termos água para as futuras gerações.BIODIVERSIDADE E MANEJO DE RECURSOS AMBIENTAIS▲ Menção honrosaTítulo:Forma <strong>de</strong> apresentação:▲ Macrófitas aquáticas utilizadas como micro-hábitat <strong>de</strong> caranguejos<strong>de</strong> água <strong>do</strong>cePainel1º Autor: Fabrízio Alves VenâncioO estu<strong>do</strong> das necessida<strong>de</strong>s básicas da fauna e das características peculiares <strong>de</strong> cada sistema emicro-hábitat ocupa<strong>do</strong> po<strong>de</strong> gerar subsídios para o estabelecimento <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> manejo emonitoramento ambiental. O caranguejo <strong>de</strong> água <strong>do</strong>ce Trichodactylus petropolitanus(Trichodactylidae) é bastante comum na bacia <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul e utiliza<strong>do</strong> por pesca<strong>do</strong>reslocais como isca <strong>de</strong> peixe. No presente trabalho, procurou-se investigar aspectos ecológicos <strong>de</strong>staespécie no córrego da Mina, subafluente <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul, localiza<strong>do</strong> numa zona rural <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong> pastoril, no município <strong>de</strong> Caçapava (SP). A coleta <strong>do</strong>s caranguejos foi feita revolven<strong>do</strong>-sea vege7tação marginal e o leito <strong>do</strong> riacho no perío<strong>do</strong> diurno. Ao longo <strong>de</strong> um ano, foramamostra<strong>do</strong>s 258 exemplares, <strong>do</strong>s quais 230 eram indivíduos jovens. Estes foram facilmentecaptura<strong>do</strong>s junto aos rizomas da macrófita aquática Hedychium coronarium, conhecida como54


lírio-<strong>do</strong>-brejo. Esta macrófita é consi<strong>de</strong>rada exótica no Brasil e foi introduzida nas Américas háalguns anos. Como planta invasora oportunista, veio a colonizar as margens <strong>de</strong> diversos rios eriachos da bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul. Como uma barreira contra a matéria orgânica carreada pelasenxurradas da área rural, essa vegetação ciliar serve ainda <strong>de</strong> alimento para ninfas e insetosaquáticos. No local <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, esta macrófita está sen<strong>do</strong> utilizada como “ferramenta ecológica”,servin<strong>do</strong> <strong>de</strong> micro-hábitat para jovens <strong>do</strong> caranguejo T. petropolitanus.Título:▲ A Reposição <strong>Floresta</strong>l e a Educação Não-Formal: Ferramentas <strong>de</strong>Recuperação Ambiental da Bacia <strong>do</strong> Rio UnaForma <strong>de</strong> apresentação: Painel1º Autor: Carlos Moure CiceroO uso ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> das terras que compõem as bacias hidrográficas <strong>do</strong>s rios principais e seustributários é um <strong>do</strong>s problemas que restringem o abastecimento <strong>de</strong> água à população <strong>do</strong>smunicípios brasileiros. Nesse contexto, a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Una, em sua maior parte nomunicípio <strong>de</strong> Taubaté, tem apresenta<strong>do</strong> sérios problemas ambientais em função <strong>de</strong> açõesantrópicas negativas. Entre elas, o uso ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>do</strong> solo, que tem provoca<strong>do</strong> erosão, levan<strong>do</strong> àrápida sedimentação e assoreamento <strong>do</strong>s rios e córregos e à redução na qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong>das águas. Torna-se imprescindível o estabelecimento <strong>de</strong> medidas que estimulem os produtores aconservarem o solo e recuperarem áreas <strong>de</strong>gradadas e recursos hídricos, principalmente portratar-se <strong>de</strong> um bem coletivo. Em atendimento às metas <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Bacias Hidrográficas <strong>do</strong> RioParaíba <strong>do</strong> Sul, a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taubaté (Unitau) <strong>de</strong>senvolve o projeto Reposição <strong>Floresta</strong>l eEducação Ambiental na Bacia <strong>do</strong> Rio Una, com apoio <strong>do</strong> Comitê <strong>de</strong> Bacias Hidrográficas <strong>do</strong> Paraíba<strong>do</strong> Sul (CBH-PS). Este projeto visa: o reflorestamento com essências nativas da região <strong>de</strong> 12unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 1 hectare cada, em Áreas <strong>de</strong> Preservação Permanente (APP); a realização <strong>de</strong> ações <strong>de</strong>educação ambiental envolven<strong>do</strong> a comunida<strong>de</strong> da bacia, incluin<strong>do</strong> a capacitação <strong>de</strong> técnicos,membros <strong>de</strong> ONGs e produtores através <strong>de</strong> mini-cursos e dias <strong>de</strong> campo. Como resulta<strong>do</strong>spreliminares recebeu-se da Votorantim Celulose e Papel (VCP) as mudas a serem utilizadas noreflorestamento ainda em 2006, assim como a realização <strong>de</strong> <strong>do</strong>is eventos junto à comunida<strong>de</strong> nabacia.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:▲ Hidrografia <strong>de</strong> cavas <strong>de</strong> areia em recuperação: estratégias <strong>de</strong>educação e pesquisa com compromisso socialComunicação Oral1º Autor: Murilo Pires FioriniO presente projeto visa elaborar um plano <strong>de</strong> recuperação, manejo e gerenciamento <strong>de</strong> 10 lagoas<strong>de</strong> mineração aban<strong>do</strong>nadas em Jacareí (SP). Foram realizadas coletas mensais e nictemerais (24horas, em perío<strong>do</strong>s seco e chuvoso) <strong>de</strong> variavéis físicas, químicas e biológicas (pH, oxigêniodissolvi<strong>do</strong>, temperatura da água, condutivida<strong>de</strong>, transparência Secchi, pigmentos e nutrientestotais). Também se produziram peixes em tanques-re<strong>de</strong> com ativida<strong>de</strong>s sócio-educativas. Aprodução <strong>de</strong> peixes em tanques-re<strong>de</strong> foi feita em 2004, 2005 e 2006, com duração <strong>de</strong> 6 meses aum ano. As ativida<strong>de</strong>s sócio-educativas foram realizadas com a elaboração <strong>de</strong> protocolo <strong>de</strong>avaliação rápida e cartilha sobre as lagoas <strong>de</strong> mineração, para a capacitação <strong>do</strong> corpo discente e55


da socieda<strong>de</strong> civil. Os sistemas lênticos aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s variam <strong>de</strong> oligotrófico a eutrófico, comconectivida<strong>de</strong> pelo lençol freático associa<strong>do</strong> ao Paraíba <strong>do</strong> Sul. A falta <strong>de</strong> manejo <strong>do</strong>reflorestamento e <strong>de</strong> talu<strong>de</strong>s po<strong>de</strong> vir a ocasionar a eutrofização das lagoas. A produção <strong>de</strong> peixesem tanques re<strong>de</strong> é eficaz <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às gran<strong>de</strong>s profundida<strong>de</strong>s das lagoas, sen<strong>do</strong> necessário o rodízio<strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong> nestes ambientes. Po<strong>de</strong> também ser utilizada para engorda <strong>de</strong> peixes endêmicos,visan<strong>do</strong> a reintrodução na bacia <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul, com compromisso social e responsabilida<strong>de</strong>com a natureza. A produção <strong>de</strong> peixes, com alto teor <strong>de</strong> proteína, já vem sen<strong>do</strong> utilizada comofonte alternativa <strong>de</strong> alimento para a comunida<strong>de</strong> ribeirinha <strong>do</strong> Beira Rio, além <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>capacitação <strong>do</strong> corpo discente para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pesquisas e empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo, para o<strong>de</strong>senvolvimento da biotecnolgia aqüícola no Vale <strong>do</strong> Paraíba.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Manejo Sustentável da Zona <strong>de</strong> Amortecimento Do Parque Estadual daSerra <strong>do</strong> Mar – Núcleo Santa VirgíniaComunicação Oral1º Autor: João Paulo VillaniO objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é propor o manejo sustentável <strong>do</strong>s fragmentos florestais situa<strong>do</strong>s nazona <strong>de</strong> amortecimento <strong>do</strong> Parque Estadual da Serra <strong>do</strong> Mar – Núcleo Santa Virgínia. A<strong>do</strong>ta-secomo premissas: a participação da comunida<strong>de</strong> rural da bacia hidrográfica <strong>do</strong> Rio Paraibuna, asustentabilida<strong>de</strong> das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> entorno e a garantia e manutenção da diversida<strong>de</strong> biológica e<strong>do</strong>s recursos genéticos da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação. A proposta focaliza o enriquecimento <strong>do</strong>sremanescentes florestais com o plantio <strong>do</strong> palmito Jussara (Euterpe edulis Mart.), visan<strong>do</strong> aexploração comercial como alternativa <strong>de</strong> renda para o produtor rural. Em relação aosprocedimentos meto<strong>do</strong>lógicos para a caracterização geral da área e da comunida<strong>de</strong> envolvida,utilizou-se levantamentos <strong>de</strong> campo, <strong>de</strong> fontes <strong>do</strong>cumentais e <strong>de</strong> entrevistas. A <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>scritérios para <strong>de</strong>limitação da zona <strong>de</strong> amortecimento e seleção <strong>do</strong>s fragmentos baseou-se nolimite da bacia hidrográfica e na legislação ambiental vigente. Utilizou-se para o mapeamento ei<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s fragmentos florestais, o Sistema <strong>de</strong> Informação Geográfica (GIS)-Arc Gis versão8.1.2 da Esri. Os resulta<strong>do</strong>s apontaram 20 fragmentos na zona <strong>de</strong> amortecimento <strong>do</strong> Parque compotencialida<strong>de</strong>s para a implantação das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> manejo sustentável. Indicaram ainda, anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> articulação <strong>do</strong>s setores da região e a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> estratégias que incentivem aparticipação e a capacitação técnica <strong>de</strong>sses proprietários rurais.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Estu<strong>do</strong>s Preliminares Para Análise da Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Carga daCachoeira Pedro David em São Francisco XavierComunicação Oral1º Autor: Paulo Henrique Volpe SoaresO objetivo <strong>de</strong>sse estu<strong>do</strong> é i<strong>de</strong>ntificar meto<strong>do</strong>logias para a análise da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga dacachoeira Pedro David, atrativo turístico natural, localizada em São Francisco Xavier, distrito <strong>de</strong>São José <strong>do</strong>s Campos, SP. O estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga fornece parâmetros para oaproveitamento sustentável <strong>do</strong>s atrativos, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> o número básico <strong>de</strong> visitantes a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> em<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> espaço e perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo. O local foi escolhi<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o relatório final <strong>do</strong>Diagnóstico <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento Integra<strong>do</strong> <strong>do</strong> Turismo Sustentável <strong>de</strong> São Francisco56


Xavier - PDITS-SFX (2003), consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> sua situação como um atrativo <strong>de</strong> fácil acesso, <strong>de</strong>proprieda<strong>de</strong> pública e com alto impacto ambiental pelo uso intensivo <strong>de</strong> turistas <strong>de</strong> um dia nosfinais <strong>de</strong> semana e feria<strong>do</strong>s. Para este estu<strong>do</strong>, foram selecionadas técnicas <strong>de</strong> pesquisas emturismo para o levantamento <strong>do</strong> perfil <strong>do</strong> visitante, visan<strong>do</strong> informações sócio-econômicas ecomportamentais. Com referência ao cálculo <strong>do</strong> número <strong>de</strong> visitantes a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, optou-se pelameto<strong>do</strong>logia indicada por Cifuentes. O méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> Manejo <strong>do</strong> Impacto <strong>do</strong> Visitante (MIV) foiescolhi<strong>do</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> parâmetros para pesquisa <strong>de</strong> campo. Para a caracterização<strong>do</strong> posicionamento <strong>do</strong>s atores sociais relaciona<strong>do</strong>s ao uso da Cachoeira Pedro David (mora<strong>do</strong>res,empresários e li<strong>de</strong>ranças governamentais), utilizar-se-á a Meto<strong>do</strong>logia ZOPP (Planejamento <strong>de</strong>Projetos Orienta<strong>do</strong> por Objetivos).Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Sensoriamento remoto aplica<strong>do</strong> ao estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> solo <strong>de</strong>mata ciliar <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul no município <strong>de</strong> CaçapavaPainel1º Autor: Luis Fabian <strong>de</strong> Freitas BittencourtA i<strong>de</strong>ntificação e classificação <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> solo são fundamentais ao conhecimento <strong>do</strong> ambiente. Asmatas ciliares funcionam como filtros, reten<strong>do</strong> <strong>de</strong>fensivos agrícolas, poluentes e sedimentos queseriam transporta<strong>do</strong>s para os cursos d'água. São importantes também como corre<strong>do</strong>res ecológicosligan<strong>do</strong> fragmentos. Nos últimos anos, foi verifica<strong>do</strong> o crescimento <strong>de</strong> moradias às margens <strong>do</strong>Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul, no município <strong>de</strong> Caçapava. O novo Código <strong>Floresta</strong>l (Lei n.° 4.777/65), <strong>de</strong>s<strong>de</strong>1965, inclui as matas ciliares na categoria <strong>de</strong> Áreas <strong>de</strong> Preservação Permanente. Assim, toda avegetação natural, arbórea ou não, presente ao longo das margens <strong>do</strong>s rios e ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong>nascentes e reservatórios, <strong>de</strong>ve ser preservada. A faixa <strong>de</strong> mata ciliar a ser preservada estárelacionada com a largura <strong>do</strong> curso d'água, conforme o artigo 2° <strong>de</strong>sta lei, e da resolução Conamanº 303, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2002. O uso <strong>do</strong> Sensoriamento Remoto possibilita a utilização <strong>de</strong>tecnologia <strong>de</strong> ponta. E o uso <strong>do</strong> Spring para digitalização <strong>de</strong> imagens obtidas através <strong>do</strong> satéliteCBERS, viabiliza o levantamento fisiográfico, mapeamento e <strong>de</strong>limitação da área, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> emonitoran<strong>do</strong> as ativida<strong>de</strong>s prepon<strong>de</strong>rantes. Atrela<strong>do</strong> à pesquisa <strong>de</strong> campo, possibilita integração<strong>de</strong> da<strong>do</strong>s que resulta numa análise mais precisa, multidimensional e global <strong>do</strong> local <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>,revelan<strong>do</strong> a fisiografia atual da APP. O presente estu<strong>do</strong> tem como objetivo mapear e avaliar osdiversos tipos <strong>de</strong> ocupação, visan<strong>do</strong> a preservação e recuperação da Área <strong>de</strong> PreservaçãoPermanente.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:A Relação entre a Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aves Aquáticas e a Caracterizaçãodas Lagoas <strong>de</strong> Mineração <strong>de</strong> AreiaPainel1º Autor: Rodrigo Leite Marco SantosInúmeros impactos ocorreram na várzea <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul com a rizicultura, que impôsmudanças no ecossistema a partir da retificação <strong>do</strong>s leitos. Mais recentemente os impactossurgiram advin<strong>do</strong>s da extração mineral. Com isso, a avifauna aquática tem apresenta<strong>do</strong> mudanças,porém pouco tem se avalia<strong>do</strong> quanto aos impactos causa<strong>do</strong>s pelo estabelecimento <strong>de</strong> lagoasmarginais <strong>do</strong> rio. Foram realizadas observações em 10 lagoas, sen<strong>do</strong> 5 ativas e 5 inativas, ao57


longo <strong>de</strong> 2005. Para o cálculo <strong>de</strong> abundância, foi utiliza<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> pontos fixos, em queespécies e número <strong>de</strong> indivíduos foram registra<strong>do</strong>s durante 15 minutos, totalizan<strong>do</strong> 80 horas <strong>de</strong>observação. Para caracterização das lagoas, foram observadas as variáveis relacionadas a medidasmitigatórias: recuperação da mata ciliar, presença <strong>de</strong> vegetação e rebatimento <strong>do</strong> talu<strong>de</strong>; presença<strong>de</strong> vegetação aquática e presença <strong>de</strong> ilhas. Para <strong>de</strong>screver a analogia entre as lagoas, foi realizadaa análise <strong>de</strong> distância a partir da similarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jaccard, entre as variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e adistribuição e abundância das espécies. Ao final das observações, foram constatadas 17 espéciespertencentes, chegan<strong>do</strong>-se a um total <strong>de</strong> 2101 indivíduos registra<strong>do</strong>s. Quanto à abundância dasespécies, observou-se uma relação positiva com lagoas inativas, presença <strong>de</strong> ilhas flutuantes evegetação aquática.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Os Ecossistemas <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba PaulistaPainel1º Autor: Potiguara Chagas FerreiraEste artigo apresenta e discute as formações vegetacionais presentes na região <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> ParaíbaPaulista, que ao longo <strong>de</strong> sua história sofreu um intenso processo <strong>de</strong> supressão <strong>de</strong> sua vegetaçãooriginal, como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico regional. Entre os objetivos dapesquisa, está a i<strong>de</strong>ntificação das formações da Mata Atlântica <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba Paulista e seuatual esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> preservação e conservação. Para a realização <strong>de</strong>ste trabalho foram utilizadas:Atlas, Programa <strong>de</strong> Pesquisas em Caracterização, Conservação e Uso Sustentável da Biodiversida<strong>de</strong><strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo – BIOTA/FAPESP, Atlas da Mata Atlântica da Fundação SOS Mata Atlântica,bibliografias relacionadas ao tema e saídas <strong>de</strong> campo. Os resulta<strong>do</strong>s expressam a presença dasseguintes formações: <strong>Floresta</strong> Ombrófila Densa, <strong>Floresta</strong> Ombrófila Mista, <strong>Floresta</strong> EstacionalSemi<strong>de</strong>cidual e Encraves <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> Paulista. Os resulta<strong>do</strong>s também apontam para o alto índice <strong>de</strong><strong>de</strong>smatamento no curso <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul, on<strong>de</strong> são observadas com maior freqüência formações<strong>de</strong> <strong>Floresta</strong> Estacional Semi<strong>de</strong>cidual e Encraves <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> Paulista, provavelmente por seremdistribuídas em uma paisagem com características urbanas. Para que o comprometimento dasocieda<strong>de</strong> com os ecossistemas regionais seja efetivo, faz-se necessária divulgação científica <strong>do</strong>secossistemas, para que possa conhecê-los, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> sua importância e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>serem <strong>de</strong>senvolvidas práticas sustentáveis em seu contexto.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Cunha, o turismo e a problemática socioambientalComunicação Oral1º Autor: Érika MesquitaCunha é um pequeno município <strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> Alto Vale <strong>do</strong> Paraíba. Des<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 90, com aexplosão <strong>do</strong> turismo e a procura pela natureza, a cida<strong>de</strong> vem enfrentan<strong>do</strong> problemas quanto à<strong>de</strong>gradação ambiental e ao zoneamento urbano. Além <strong>de</strong>ssas questões, o trabalho aborda aterritorialida<strong>de</strong> e a espacialida<strong>de</strong> rural e urbana <strong>de</strong> Cunha. O município é conheci<strong>do</strong> por suatradição caipira e vem atrain<strong>do</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nadamente o turismo ecológico e rural, com repercussõessobre a rica biodiversida<strong>de</strong> local. Possui ainda duas Áreas <strong>de</strong> Preservação Ambiental. Devi<strong>do</strong> àgeomorfologia <strong>de</strong> sua localização, Cunha conseguiu manter suas características culturais enaturais, já que possui pequenas proprieda<strong>de</strong>s na gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong> suas terras em área rural.58


Com a crescente urbanização, vivencia-se o fenômeno cultural da procura pelo autêntico e pelanatureza "intocada", perfil on<strong>de</strong> o município se encaixa. Com isso, vem crescen<strong>do</strong> o número <strong>de</strong>segundas residências em Cunha e a <strong>de</strong>manda <strong>do</strong> turismo, trazen<strong>do</strong> um maior impacto ambiental,já que inexistem políticas públicas em prol da questão.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Palmeiras em Áreas <strong>de</strong> Escorregamentos no ParqueEstadual da Serra <strong>do</strong> Mar, Núcleo Santa VirgíniaPainel1º Autor: Adriano Teixeira Bastos NetoRealiza<strong>do</strong> no Parque Estadual da Serra <strong>do</strong> Mar - Núcleo Santa Virgínia, o presente estu<strong>do</strong> tem opropósito <strong>de</strong> avaliar as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> palmeiras em duas áreas <strong>de</strong> escorregamentos ocorri<strong>do</strong>sno verão <strong>de</strong> 1996. Tais escorregamentos situam-se no interior <strong>do</strong> parque, com coor<strong>de</strong>nadasgeográficas 45º 30’ a 45º 11’ O e 23º 17’ a 23º 24’ S. Tais perturbações são freqüentes na regiãoe a interação <strong>de</strong> fatores como relevo, geomorfologia, solo e histórico climatológico, figuram comoseus <strong>de</strong>flagra<strong>do</strong>res . A primeira área tem face voltada para o Norte, com aproximadamente 1,2hectares, e a segunda tem aproximadamente 0,6 hectare, voltada para o Sul. Ambas estãosituadas às margens <strong>do</strong> Rio Paraibuna, posicionadas frontalmente entre si, com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> entre47% e 52% respectivamente. Foram toma<strong>do</strong>s os números <strong>de</strong> indivíduos/espécie/hectare, obti<strong>do</strong>s apartir <strong>de</strong> parcelas amostrais circulares com 100 metros quadra<strong>do</strong>s, posicionadas nas bordas <strong>do</strong>escorregamento e no interior da floresta em cotas <strong>de</strong> base (810 m), meio (900 m) e topo (990 m).Mesmo na hegemonia <strong>de</strong> Euterpe edulis Mart. nas cotas meio e base, há ocorrência das espéciesG. elegans, G. gamiova, G. pohliana, G. schotiana, A. dúbia, e com base no relatório <strong>de</strong> Fish et al(2002 – 2005), esta ocorrência já era esperada. A espécie Geonoma schotiana L. apresentou-sebem estabelecida na porção topo <strong>do</strong> escorregamento <strong>do</strong>is. Na porção topo <strong>do</strong> escorregamentoum, não houve ocorrência <strong>de</strong> palmeiras. Observou-se que em função <strong>do</strong> superior grau <strong>de</strong>preservação da floresta, no segun<strong>do</strong> escorregamento a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> palmeiras apresenta umamaior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Características Físicas e Químicas da Lagoa <strong>de</strong> Mineração em São José<strong>do</strong>s Campos (SP)Painel1º Autor: Cibele Santos DucciniNa lagoa <strong>de</strong> mineração <strong>de</strong>sativada (UNIVAP/Campus Urbanova), situada em São José <strong>do</strong>s Campos,realizou-se um estu<strong>do</strong> limnológico das cavas <strong>de</strong> areia com o intuito <strong>de</strong> propor alternativas paraminimizar os impactos causa<strong>do</strong>s pela ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> areia. O estu<strong>do</strong> realizou-se entrefevereiro/06 e maio/06, num ponto central da lagoa aban<strong>do</strong>nada. As coletas foram feitas com oauxílio da sonda multiparamétrica HORIBA U-10. Determinou-se as seguintes variáveislimnológicas: temperatura da água, oxigênio dissolvi<strong>do</strong>, condutivida<strong>de</strong> elétrica e pH. O maior valorobti<strong>do</strong> para temperatura foi <strong>de</strong> 26,2ºC em março e o mínimo <strong>de</strong> 18,6ºC em maio. A temperaturada água apresentou-se <strong>de</strong>sestratificada durante os meses <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e observou-se que asconcentrações <strong>de</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong> apresentaram estratificações possivelmente relacionadascom a profundida<strong>de</strong> da lagoa e a proliferação <strong>de</strong> Salvinia auriculata. A condutivida<strong>de</strong> elétrica59


permaneceu homogênea e o pH apresentou pequenas variações, porém, com características ácidasque po<strong>de</strong>m estar associadas ao sedimento no ambiente e ao processo <strong>de</strong> ciclagem <strong>do</strong>s nutrientes(<strong>de</strong>composição das macrófitas), por ser um sistema fecha<strong>do</strong>. Outro fator relevante é a lagoa nãopossuir influências climatológicas (vento, temperatura e precipitação) ou trocas gasosas ar-água.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Estrutura <strong>de</strong> Populações <strong>de</strong> Palmiteiro (Euterpe Edulis Mart.) na Reserva<strong>Floresta</strong>l <strong>do</strong> Trabiju, Pindamonahangaba (SP)Painel1º Autor: Leonar<strong>do</strong> Dias <strong>de</strong> OliveiraO palmiteiro (Euterpe edulis Mart.) é uma espécie nativa da Mata Atlântica, cujas populaçõesnaturais encontram-se <strong>de</strong>gradadas pela extração ilegal. Atualmente, com o aumento <strong>do</strong> interesseem programas <strong>de</strong> reflorestamento nativo, tornam-se necessárias evoluções tecnológicasfavoráveis que apontem para a preservação <strong>do</strong>s indivíduos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu estágio inicial. O objetivo<strong>de</strong>sta pesquisa é avaliar a estrutura da população <strong>de</strong> palmiteiro em parcelas <strong>de</strong> áreas da reserva<strong>do</strong> Trabiju, na tentativa <strong>de</strong> gerar informações que contribuam para o seu manejo. O estu<strong>do</strong> foirealiza<strong>do</strong> na reserva <strong>do</strong> Trabiju, em Pindamonhangaba (SP), utilizan<strong>do</strong>-se 33 parcelas <strong>de</strong> 50metros <strong>de</strong> comprimento por 4 metros <strong>de</strong> largura, a partir da borda da trilha, e se efetuan<strong>do</strong> umacontagem <strong>de</strong> indivíduos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> plântulas até seu estágio adulto (medin<strong>do</strong>-se o diâmetro <strong>do</strong>sindivíduos adultos). Notamos um número maior <strong>de</strong> indivíduos jovens na maioria das parcelas,totalizan<strong>do</strong> 3.679 indivíduos (61,2% média), segui<strong>do</strong>s pelo número <strong>de</strong> 2.110 plântulas (35,1%) e220 indivíduos adultos (3,7%). Nos indivíduos adultos foram encontra<strong>do</strong>s três visíveis aumentosno diâmetro médio, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> indicar três populações. Nas parcelas on<strong>de</strong> foi encontrada extraçãoilegal <strong>de</strong> palmito, notamos um número menor <strong>de</strong> plântulas e indivíduos jovens. Concluímos que apopulação <strong>de</strong> Euterpe edulis Mart encontra-se em estágio <strong>de</strong> recuperação, embora a predaçãoilegal ocorra em número mais eleva<strong>do</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o baixo número <strong>de</strong> indivíduos adultos.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Água & <strong>Floresta</strong>Comunicação Oral1º Autor: Benedito Jorge <strong>do</strong>s ReisA bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul, situada na região Su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>parte <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> São Paulo, Rio <strong>de</strong> Janeiro e Minas Gerais, apresenta gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> ecomplexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> solo. A planície aluvial situada no trecho paulista da bacia apresenta umacrescente alteração em seu regime hídrico, em razão da formação <strong>de</strong> lagos resultantes daativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> areia em cavas. Neste trabalho é investigada a evolução das áreas <strong>de</strong>cavas <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> areia no trecho entre Jacareí e Pindamonhangaba. Compara-se a perda <strong>de</strong>água por evaporação para a atmosfera (EL) com a evapotranspiração (ET) <strong>de</strong> florestas, paraverificação da sua influência no balanço hídrico regional. O trabalho foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> através daanálise <strong>de</strong> imagens Landsat ETM e <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s bibliográficos, apuran<strong>do</strong>-se um crescimento na área<strong>de</strong> lagos da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 591 hectares, em 1993, para 1.726 hectares, em 2003. A evaporação <strong>de</strong>lagos (EL) obtida com da<strong>do</strong>s da estação climatológica 83784 – Unitau/INMET constatou no mesmoperío<strong>do</strong> um aumento <strong>de</strong> 203% na evaporação <strong>de</strong> lagos, o que resultou na evaporação <strong>de</strong>60


19.157.022 m³, no ano <strong>de</strong> 2003. Pesquisas efetuadas em micro-bacias reflorestadas comeucalipto na região <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba indicaram uma ET média <strong>de</strong> 63,6%, enquanto que a média<strong>de</strong> onze anos da evaporação produzida pela área <strong>de</strong> lagos (EL) foi <strong>de</strong> 83,21%. Da análise <strong>do</strong>sda<strong>do</strong>s, conclui-se que seria benéfico para a bacia, a redução gradativa da área <strong>de</strong> lagos, com arevegetação <strong>de</strong>ssas áreas.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Etnoictiologia: uma visão <strong>do</strong>s pesca<strong>do</strong>res artesanais <strong>de</strong> subsistência eprofissionais no Reservatório <strong>de</strong> Santa Branca (SP)Painel1º Autor: Marcus Paolo JunqueiraEste trabalho tem por objetivo caracterizar o planejamento da pesca artesanal, enfocan<strong>do</strong> oconhecimento cultural e científico envolvi<strong>do</strong> na arte <strong>de</strong> pescar. Descreve também os potenciais daprática, <strong>do</strong> conhecimento e <strong>do</strong> convívio com o rio e a pesca <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> mais amplo. Forneceinformações ecológicas e biológicas <strong>de</strong> peixes transmitidas através <strong>de</strong> gerações. A percepçãoambiental da população ribeirinha <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> Santa Branca, Vale <strong>do</strong> Paraíba (SP), énecessária à realização <strong>de</strong> ações visan<strong>do</strong> a troca <strong>de</strong> experiências entre o saber popular ecientífico. Alternativas viáveis no âmbito da conservação <strong>do</strong>s recursos naturais <strong>de</strong>vem integrar emsuas discussões a parcela da população que tem no meio ambiente sua forma direta <strong>de</strong> obtenção<strong>de</strong> subsistência. Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma pesquisa que visa a troca <strong>de</strong> experiências entre os saberescultural e técnico-científico (referências bibliográficas), apurou-se que os pesca<strong>do</strong>res aindapossuem conhecimentos teóricos e práticos importantes, a serem consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s em estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>manejo, conservação e uso sustentável <strong>do</strong>s recursos pesqueiros. Com base nos <strong>de</strong>poimentosobti<strong>do</strong>s por meio <strong>de</strong> entrevistas abertas e semi-estruturadas com a população ribeirinha epesca<strong>do</strong>res da represa <strong>de</strong> Santa Branca, i<strong>de</strong>ntificaram-se conhecimentos que possibilitam a <strong>de</strong>vidautilização <strong>do</strong>s recursos, contribuin<strong>do</strong> na participação para a gestão <strong>do</strong>s ecossistemas aquáticos epara a conservação ambiental.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Capacida<strong>de</strong> Suporte em Uma Lagoa <strong>de</strong> Mineração no Vale <strong>do</strong> Paraíba(SP)Comunicação Oral1º Autor: Silvana Pereira <strong>do</strong>s SantosO Vale <strong>do</strong> Paraíba vem sofren<strong>do</strong> diferentes impactos causa<strong>do</strong>s pela extração <strong>de</strong> areia, acarretan<strong>do</strong>alterações ambientais sobre o ambiente aquático e ribeirinho. O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi avaliara capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte <strong>de</strong> uma lagoa <strong>de</strong> mineração com 89 mil metros quadra<strong>do</strong>s, situada emSão José <strong>do</strong>s Campos (SP). Utilizam-se variáveis limnológicas, visan<strong>do</strong> a reutilização conjugadacom a prática da aqüicultura em tanques-re<strong>de</strong> para fins sociais. As amostras <strong>de</strong> água foramcoletadas <strong>de</strong> janeiro a junho <strong>de</strong> 2005, no P1 (centro da lagoa) e P2 (próximo aos tanques <strong>de</strong>cultivo <strong>de</strong> peixes). Foram analisa<strong>do</strong>s: temperatura da água, oxigênio dissolvi<strong>do</strong>, pH econdutivida<strong>de</strong> elétrica, transparência da água e alcalinida<strong>de</strong> total. Em ambos os pontos, atemperatura da água variou, diminuin<strong>do</strong> gradativamente <strong>do</strong> verão para o inverno. Asconcentrações <strong>de</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong> foram superiores na superfície, encontran<strong>do</strong>-se na faixa <strong>do</strong>satisfatório, e em condições <strong>de</strong> anoxia nas camadas inferiores. Os valores <strong>de</strong> pH mostraram-se na61


faixa da neutralida<strong>de</strong>, característica comum em ambientes aquáticos naturais. Os valores <strong>de</strong>condutivida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s baixos, apesar <strong>de</strong> toda perturbação causada pela açãohumana. Transparência e alcalinida<strong>de</strong> foram consi<strong>de</strong>radas a<strong>de</strong>quadas conforme recomendaçõestécnicas para <strong>de</strong> piscicultura. Os resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s encontram-se entre as faixasrecomendadas por Sipaúba-Tavares (1995), indican<strong>do</strong> que, com manejo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, a lagoa <strong>de</strong>mineração apresentou condições para a criação <strong>de</strong> peixes.DESENVOLVIMENTO URBANO E RURAL▲ Menção honrosaTítulo:Forma <strong>de</strong> apresentação:▲ Reforma no Parque Barbosa <strong>de</strong> Oliveira (Praça Ro<strong>do</strong>viária Velha) emTaubaté :Opinião <strong>de</strong> MunícipesPainel1º Autor: Terezinha Espín<strong>do</strong>la <strong>de</strong> Amorim MessiasA praça da Ro<strong>do</strong>viária Velha vem sen<strong>do</strong> alvo <strong>de</strong> reformas a cada administração pública. Na atualreforma, vê-se avanço <strong>do</strong> calçamento externo e interno sobre o espaço ver<strong>de</strong>, construção <strong>de</strong>estacionamento e limitação <strong>do</strong> raio periférico <strong>de</strong> terra em várias árvores com cimento. Este estu<strong>do</strong>objetivou conhecer a opinião <strong>do</strong>s transeuntes da Praça com levantamento tipo enquete, ementrevistas com 50 indivíduos, perguntan<strong>do</strong> se os mesmos eram favoráveis ou não à reforma eque justificassem sua opinião. Após análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s (que contemplou aspectos ambientais epolítico-institucionais), os resulta<strong>do</strong>s mostraram: 68,8% são favoráveis à reforma e 31,2 % nãosão. Para os que são favoráveis, os motivos foram, as melhorias na estética em 43,2%; segurançaem 18,9%; trânsito 16,3%; acesso 8,1%; preservação ambiental 8,1%; e lazer 5,4%. Para os<strong>de</strong>sfavoráveis, a <strong>de</strong>struição ambiental em 33,3%; gastos <strong>de</strong>snecessários 33,3%; <strong>de</strong>struição <strong>do</strong>patrimônio em 20,0% e prejuízo no trânsito com 13,4%. Concluiu-se que apenas uma minoria, <strong>de</strong>10,0%, percebe o impacto ambiental negativo da reforma. Ou seja, a maioria importa-se com aestética, mas pouco questiona <strong>de</strong>cisões político-administrativas ou efeitos coletivos <strong>de</strong>stas<strong>de</strong>cisões.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:▲ Zoneamento Ecológico-Econômico MunicipalPainel1º Autor: Marcel WadaComo uma ferramenta <strong>de</strong> organização <strong>do</strong> território que estabelece medidas e padrões <strong>de</strong> proteçãoambiental, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a assegurar a qualida<strong>de</strong> ambiental <strong>do</strong>s recursos hídricos e <strong>do</strong> solo, assimcomo a conservação da biodiversida<strong>de</strong>, o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) tem por objetivosistematizar e integrar planos, programas, projetos e ativida<strong>de</strong>s que, direta ou indiretamente,utilizem recursos naturais. Com isso, po<strong>de</strong> subsidiar as <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> planejamento social,econômico e ambiental <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> território nacional em bases sustentáveis.Previsto no artigo 9º, inciso II, da Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 6.938/81, que institui a Política Nacional <strong>do</strong> Meio62


Ambiente, o ZEE passou a ter força <strong>de</strong> lei através <strong>do</strong> <strong>de</strong>creto nº 4.297, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2002.Este trabalho tem como objetivo a<strong>de</strong>quar e otimizar o ZEE para a implementação <strong>de</strong> um possívelZoneamento Ecológico-Econômico Municipal (ZEEM), visan<strong>do</strong> alcançar a resiliência <strong>de</strong> Taubaté.Tem como princípio fundamental o equilíbrio dinâmico e o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. Otrabalho se divi<strong>de</strong> basicamente na elaboração da agenda azul, ver<strong>de</strong> e marrom, na gestão <strong>do</strong>perímetro rural e na gestão <strong>do</strong> perímetro urbano, sen<strong>do</strong> este último, subdividi<strong>do</strong> em zonaindustrial e zona resi<strong>de</strong>ncial. E tem como base o Estatuto da Cida<strong>de</strong> e as diretrizes <strong>do</strong> ZEE Fe<strong>de</strong>ral.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:▲ Uso da solarização na redução <strong>de</strong> microrganismos patogênicos noefluente <strong>do</strong>mésticoPainel1º Autor: Eliana Maria <strong>de</strong> Araujo Mariano da SilvaEstu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s por pesquisa<strong>do</strong>res brasileiros têm se mostra<strong>do</strong> eficientes na redução <strong>de</strong>microrganismos <strong>de</strong> veiculação hídrica através <strong>do</strong> SODIS (<strong>de</strong>sinfecção solar). Neste caso, a água écolocada em garrafas plásticas transparentes <strong>de</strong> 2 litros e expostas ao sol por um perío<strong>do</strong> mínimo<strong>de</strong> 2 horas. O objetivo <strong>de</strong>sta pesquisa é verificar a eficácia da solarização para águas residuáriasarmazenadas em garrafas nos perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> inverno, primavera e verão no município <strong>de</strong> Taubaté. Oexperimento está sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em condições <strong>de</strong> campo, em área numa fazenda piloto, e aanálise <strong>de</strong> coliformes totais e fecais sen<strong>do</strong> feita no Laboratório <strong>de</strong> Microbiologia Agrícola eFitopatologia <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Ciências Agrárias da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taubaté. Os tratamentosutiliza<strong>do</strong>s foram 0, 2, 4, 6 e 8 horas <strong>de</strong> exposição ao sol, com 4 repetições totalizan<strong>do</strong> 20garrafas. As amostras da água são coletadas antes e <strong>de</strong>pois 2, 4, 6 e 8 horas, após submetidas àsolarização. Foram realizadas as <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong> coliformes totais e fecais e, pelos resulta<strong>do</strong>s,pô<strong>de</strong>-se observar que a exposição <strong>do</strong> efluente às radiações solares reduziu a ocorrência <strong>de</strong>coliformes totais e fecais, à medida que se aumentou o tempo <strong>de</strong> exposição. A exposição <strong>de</strong> 6horas reduziu em 98,7% para coliformes totais e 90,4 % para coliformes fecais. E os menoresvalores <strong>de</strong> inibição foram 91,1% para coliformes totais e 78,5 % para coliformes fecais, emamostras submetidas a 2 horas <strong>de</strong> solarização. De acor<strong>do</strong> com os resulta<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>-se concluir quea solarização po<strong>de</strong>rá ser utilizada como forma <strong>de</strong> reduzir a presença <strong>de</strong> microorganismospatogênicos no ambiente.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Parque I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>Painel1º Autor: Mauricio Eduar<strong>do</strong> Duque Andra<strong>de</strong>A relação <strong>do</strong> ser humano à diversida<strong>de</strong> natural <strong>de</strong> nossa região, e a noção <strong>de</strong> natureza epreservação está relacionada com o projeto <strong>de</strong> um parque urbano, situa<strong>do</strong> na divisa entre Taubatée Tremembé. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se criar mecanismos e impor uma solução para melhorar a vidaurbana da região, fez com que se preservasse uma barreira já existente e totalmente natural,crian<strong>do</strong> formas <strong>de</strong> lazer e entretenimento. A área escolhida, o Parque I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, está sen<strong>do</strong> alvo<strong>de</strong> um acelera<strong>do</strong> crescimento urbano <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>, entre duas cida<strong>de</strong>s distintas. A conurbaçãoestá explícita e sem gran<strong>de</strong>s planos para preservação da área natural ainda existente. O projeto <strong>do</strong>parque visa impor mecanismos <strong>de</strong> lazer e entretenimento para os bairros periféricos, com a63


criação <strong>de</strong> equipamentos esportivos, culturais e sociais, visan<strong>do</strong> assim a melhor vivência paraambas as cida<strong>de</strong>s. A área abrange a estrada velha Taubaté-Tremembé e a estrada nova. Oambiente para a criação ainda é favorável ao <strong>de</strong>senvolvimento alia<strong>do</strong> à preservação da natureza,po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ainda manter parte <strong>de</strong> sua mata e córregos existentes.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Preservação da mata ciliar da represa <strong>de</strong> Paraibuna no município <strong>de</strong>Nativida<strong>de</strong> da Serra e a limitação da proprieda<strong>de</strong>Painel1º Autor: Deniz Apareci<strong>do</strong> <strong>de</strong> OliveiraA pesquisa objetiva elaborar uma análise quanto à dicotomia meio ambiente/proprieda<strong>de</strong>, à luz daConstituição e <strong>de</strong> leis infraconstitucionais, analisan<strong>do</strong>-se o direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> e suaslimitações, função social e <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> preservação. Essa análise se relaciona às áreas <strong>de</strong> mata ciliarda represa <strong>de</strong> Paraibuna, situadas na zona rural <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Nativida<strong>de</strong> da Serra. O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong>veres inerentes relativos às proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> Nativida<strong>de</strong> da Serravisa ressaltar a importância <strong>do</strong> aproveitamento racional <strong>de</strong>stas áreas, com vistas à preservação. Oestu<strong>do</strong> passa por uma análise <strong>do</strong>utrinária acerca <strong>do</strong> assunto, toman<strong>do</strong> por base a Constituição daRepública Fe<strong>de</strong>rativa <strong>do</strong> Brasil, o Código Civil e a Lei Orgânica <strong>do</strong> Município. Isso possibilita<strong>de</strong>limitar por meio indutivo as responsabilida<strong>de</strong>s tanto <strong>do</strong> proprietário, em fazer uso racional daproprieda<strong>de</strong>, como <strong>do</strong>s órgãos públicos em fiscalizar. Até a fase atual da pesquisa, ficou evi<strong>de</strong>nteo quanto não é observa<strong>do</strong> o fim social da proprieda<strong>de</strong>, incorren<strong>do</strong>-se na falta <strong>de</strong> fiscalização <strong>do</strong>po<strong>de</strong>r público com intuito <strong>de</strong> resguardar a mata ciliar da Represa <strong>do</strong> Rio Paraibuna. Medianteconstatações alcançadas pela pesquisa, po<strong>de</strong>mos afirmar, <strong>de</strong> forma preliminar, que osproprietários das áreas rurais <strong>de</strong> Nativida<strong>de</strong> da Serra não têm atenta<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>ver constitucional <strong>de</strong>preservação e uso racional das terras, sem que, entretanto, sofram as sanções legais <strong>de</strong>correntes.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Parque Municipal <strong>do</strong> Trabiju - A Importância da Sinalização AmbientalComunicação Oral1º Autor: Edésio da Silva SantosExiste uma preocupação antiga em a<strong>de</strong>quar o ambiente ao bem-estar humano, buscan<strong>do</strong> soluçõespara os problemas relaciona<strong>do</strong>s à natureza. Nos últimos anos, verificou-se uma maiornecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar no indivíduo o compromisso com a preservação <strong>do</strong> meio ambiente e <strong>de</strong>tu<strong>do</strong> que o ro<strong>de</strong>ia, visan<strong>do</strong> evitar a <strong>de</strong>struição <strong>do</strong> patrimônio natural. Este <strong>de</strong>scaso com a naturezaocorre em to<strong>do</strong> o planeta e mais especificamente no Brasil, o que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um<strong>de</strong>scaso com a própria vida. O presente trabalho foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> junto ao Parque Municipal <strong>do</strong>Trabiju, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pindamonhangaba (SP). Teve como objetivo melhorar a apresentação visual<strong>do</strong>s espaços próximos ao parque e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le, tornan<strong>do</strong>-o mais valoriza<strong>do</strong> como patrimôniocultural e facilitan<strong>do</strong> o acesso turístico. A presente pesquisa utiliza méto<strong>do</strong>s comparativos, comda<strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentais e estatísticos volta<strong>do</strong>s a informar, direcionar e i<strong>de</strong>ntificar os espaçoscircundantes. A conclusão <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> sinalização ambiental possibilita proteger o parque einteragir com a comunida<strong>de</strong> local, indican<strong>do</strong>, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> e direcionan<strong>do</strong> serviços <strong>de</strong> interessesocial, cultural, natural e histórico e possibilitan<strong>do</strong> melhoria na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população.64


Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:O belo ou o ecologicamente correto: A reforma <strong>do</strong> parque Barbosa <strong>de</strong>Oliveira (praça da ro<strong>do</strong>viária velha)Painel1º Autor: Juliana Cane<strong>do</strong> MacielA proteção <strong>do</strong> meio ambiente é uma das maiores preocupações <strong>do</strong> homem na contemporaneida<strong>de</strong>e os meios <strong>de</strong> comunicação tem por objetivo levar à reflexão sobre essa realida<strong>de</strong>. Esse trabalhoteve por finalida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar e analisar os aspectos estéticos e ambientais presentes na opinião<strong>do</strong>s munícipes sobre a reforma na praça Barbosa <strong>de</strong> Oliveira, em Taubaté. Foi utilizada enquête,em entrevistas com 50 indivíduos <strong>de</strong> ambos os sexos, que além <strong>de</strong> opinarem se favoráveis ou nãoà reforma, expressaram suas opiniões sobre o fato. Buscou-se nestas falas o momento em que oaspecto <strong>do</strong> belo se sobrepõe ao aspecto <strong>do</strong> ecologicamente correto ou da consciência ambiental.Resulta<strong>do</strong>s apontaram que 70% valorizaram apenas o aspecto estético, com ausência da críticaambiental na população, sem atitu<strong>de</strong> ecológica ou preocupação com o meio enquanto espaçopúblico <strong>de</strong> área ver<strong>de</strong>, mas apenas com a estética da praça. Concluiu-se ser necessária a educaçãoambiental da população, como forma <strong>de</strong> evitar que intervenções no patrimônio público tenhampor justificativa o belo, sem aten<strong>de</strong>r e respeitar a correta utilização <strong>do</strong>s recursos para não<strong>de</strong>gradarem o ambiente.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:A Sustentabilida<strong>de</strong> da Tecnologia Vernacular: Resgate das ConstruçõesHabitacionais <strong>de</strong> Terra no Vale <strong>do</strong> Paraíba PaulistaPainel1º Autor: Ediane Nadia Nogueira Paranhos Gomes <strong>do</strong>s SantosO presente estu<strong>do</strong> buscou, por meio <strong>de</strong> uma análise histórica da arquitetura vernacular dashabitações <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba Paulista, a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> sua tecnologia construtiva. O objetivo foirefletir acerca <strong>do</strong> impacto ambiental da construção civil e a necessária preocupação ambientalneste caso, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> incentivar a utilização da arquitetura <strong>de</strong> terra. Aliada à arquiteturasustentável, a<strong>de</strong>quada às necessida<strong>de</strong>s atuais e mudanças tecnológicas, esta arquitetura visa aminimização <strong>do</strong> impacto e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma consciência e cidadania ambiental. Aconstrução civil, com suas novas tecnologias, tem gera<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s índices <strong>de</strong> impacto ambiental. Ahumanida<strong>de</strong> carece da consciência e da prática sustentável para a recuperação parcial <strong>do</strong> planeta.Inúmeras são as tentativas <strong>de</strong> educação ambiental, a fim <strong>de</strong> que as pessoas se interem <strong>de</strong> taispráticas, para que os impactos ambientais sejam reduzi<strong>do</strong>s. É certo que as práticas <strong>de</strong> preservaçãoe <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem ser seguidas por to<strong>do</strong>s, já que gran<strong>de</strong>s são os impactos dasindústrias e afins, mas uma parcela <strong>de</strong>sse impacto ambiental é gerada pela construção <strong>de</strong>habitações. Os construtores e usuários <strong>de</strong>ssas residências, <strong>de</strong> uma maneira geral, po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vemcontribuir para a sustentabilida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong>.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:A Eficiência <strong>do</strong> Uso da Água em Edificações – Consumo ResponsávelPainel65


1º Autor: Kleber Felipe Paranhos SantosNo sistema LEED (Lear<strong>de</strong>rship in Energy and Environmental Design), classificam-se e certificam-seas edificações que se mostram eficientes no uso <strong>do</strong>s recursos naturais em to<strong>do</strong> seu ciclo <strong>de</strong> vida.Busca-se a redução <strong>do</strong>s impactos ambientais, pelo sistema aplica<strong>do</strong> por países europeus e pelosEUA na busca <strong>do</strong> cumprimento das metas da ECO-92. Os itens certifica<strong>do</strong>s são: o local, a água, aenergia e os materiais. A Agenda 21, em seu capítulo 21, cita questões relativas ao usosustentável e reuso da água, ten<strong>do</strong> a água como um fator limitante para o <strong>de</strong>senvolvimentourbano, industrial e agrícola. Vários fatores contribuem para a escassez da água, como ocrescimento da população, a poluição, o aumento da <strong>de</strong>manda <strong>do</strong>méstica e as mudançasclimáticas. Não só a economia <strong>de</strong> água po<strong>de</strong> auxiliar numa mudança, mas também a busca por ummaior padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, representa<strong>do</strong> nas seguintes categorias: Economia <strong>de</strong> água,Eficiência <strong>de</strong> água, Suficiência <strong>de</strong> água, Substituição da água e Reaproveitamento da água. Énecessário, porém, que os hábitos das pessoas se modifiquem, inovan<strong>do</strong>-se na maneira <strong>de</strong> utilizaros recursos naturais. É importante minimizar o uso da água já no projeto, planejan<strong>do</strong> aspossibilida<strong>de</strong>s e indican<strong>do</strong> equipamentos para o uso eficiente e o reuso – neste caso, permitin<strong>do</strong>que nas ativida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> a água é necessária, mas não carece <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong>, faça-se o reuso,reservan<strong>do</strong> a água potável para as ativida<strong>de</strong>s mais nobres e a sobrevivência <strong>do</strong>s seres vivos.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Responsabilida<strong>de</strong> Social – Projeto <strong>de</strong> Extensão: elo entre oconhecimento e a comunida<strong>de</strong>Painel1º Autor: Renata Barbosa DanelliO município <strong>de</strong> Taubaté está localiza<strong>do</strong> na região paulista <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba, também conhecidacomo Médio Vale <strong>do</strong> Paraíba. Des<strong>de</strong> o início, a região apresentou-se bastante propícia aocrescimento urbano, mas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong> planejamento, este ocorreu <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sorganizada.Por estar localiza<strong>do</strong> no eixo Rio-São Paulo, o Vale <strong>do</strong> Paraíba Paulista é favoreci<strong>do</strong>economicamente, abrangen<strong>do</strong> 34 municípios e sen<strong>do</strong> uma das regiões mais industrializadas eurbanizadas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo. O crescimento populacional, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>trabalho nas indústrias locais, fez com que o número <strong>de</strong> construções, habitações e,principalmente, autoconstruções crescesse. Esse constante crescimento, alia<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong> infraestruturae planejamento, acabou por gerar conseqüências <strong>de</strong>sastrosas. Houve aumento da<strong>de</strong>posição irregular <strong>de</strong> resíduos, aci<strong>de</strong>ntes com os trabalha<strong>do</strong>res e membros das famílias <strong>de</strong>autoconstrutores e má qualida<strong>de</strong> da construção. Este projeto apresenta uma iniciativa acadêmica,por intermédio <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> Extensão da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taubaté, Departamento <strong>de</strong>Arquitetura, com apoio da Prefeitura Municipal e da Associação Brasileira <strong>de</strong> Cimento Portland –ABCP, <strong>de</strong> levar esclarecimentos à comunida<strong>de</strong> para que essas construções apresentem melhorescondições <strong>de</strong> salubrida<strong>de</strong>. Também visa melhores condições <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, menor <strong>de</strong>sperdício e omínimo risco <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes, por meio <strong>de</strong> palestras elucidativas e fornecimento <strong>de</strong> material didáticonuma meto<strong>do</strong>logia educativa, com abordagem simples e direta para as comunida<strong>de</strong>s com maiorincidência <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> construção.66


Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Sustentabilida<strong>de</strong> Urbana: Mobilida<strong>de</strong> CicloviáriaPainel1º Autor: Flávia Pintus Gonçalves da CostaA cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna não existe sem um eficiente sistema que possibilite a ampla e rápidamobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus habitantes. Mas os mo<strong>de</strong>los urbanos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s até então se basearam emconceitos não sustentáveis, geran<strong>do</strong> uma pre<strong>do</strong>minância quase absoluta <strong>do</strong> automóvel como meio<strong>de</strong> locomoção. O objetivo principal <strong>do</strong> projeto é proporcionar a mobilida<strong>de</strong> urbana, através daimplantação <strong>de</strong> uma Re<strong>de</strong> Cicloviária integrada ao Sistema <strong>de</strong> Transporte Municipal <strong>de</strong> São José<strong>do</strong>s Campos – cida<strong>de</strong> na qual o sistema viário, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, influencia intensamenteo <strong>de</strong>senho urbano. Há, porém, o seguinte paradigma: sistemas viários cada vez maioressolucionariam a questão da mobilida<strong>de</strong>? Não, se levarmos em consi<strong>de</strong>ração que estes estimulam ouso intensivo <strong>do</strong> automóvel. A utilização da bicicleta como meio <strong>de</strong> transporte trás uma série <strong>de</strong>vantagens, como custo acessível e diminuição <strong>do</strong> impacto ambiental. O incentivo ao seu uso <strong>de</strong>veestar alia<strong>do</strong> ao conforto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r utilizá-la com segurança, mesmo nas mais adversas condiçõesclimáticas. Propõe-se a idéia <strong>de</strong> uma estrutura cicloviária coberta e iluminada, ten<strong>do</strong> como<strong>de</strong>senho formal inicial a estrutura espacial da própria bicicleta, interagin<strong>do</strong> com um <strong>de</strong>signsustentável (forma que se afunila no pilar central para captação da água <strong>de</strong> chuva). Repensar amobilida<strong>de</strong> urbana ten<strong>do</strong> como princípio a sustentabilida<strong>de</strong> implica em se buscar o atendimentodas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> da atual geração, sem comprometimento da capacida<strong>de</strong> dasfuturas gerações.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Cemitérios e Meio Ambiente nas Cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraiba PaulistaPainel1º Autor: Prof. MSc. Benedito Assagra Ribas <strong>de</strong> MelloEste trabalho aborda a implantação <strong>do</strong>s cemitérios nas cida<strong>de</strong>s brasileiras, procuran<strong>do</strong> evi<strong>de</strong>nciarsuas principais características, por meio <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> casos em nível nacional (Salva<strong>do</strong>r, Rio <strong>de</strong>Janeiro e São Paulo) e regional (Taubaté, Bananal e Mogi das Cruzes). Buscou-se i<strong>de</strong>ntificar pormeio <strong>de</strong> fontes primárias e secundárias, os referenciais teóricos e as estratégias utilizadas poraqueles que participaram <strong>do</strong>s embates para o surgimento <strong>de</strong>ste espaço nas cida<strong>de</strong>s brasileiras apartir <strong>do</strong> século 19. Percebe-se que as questões relacionadas aos sepultamentos e aos espaçosocupa<strong>do</strong>s pelos cemitérios nos teci<strong>do</strong>s urbanos, emergiram <strong>de</strong> maneira diferenciada. No entanto,estão relaciona<strong>do</strong>s ao processo <strong>de</strong> distensão das relações entre o po<strong>de</strong>r público e a Igreja Católica.O sepultamento migra da esfera <strong>do</strong>s espaços sagra<strong>do</strong>s para a esfera <strong>do</strong>s espaços públicos,ecumênicos. Associa-se ao tema também, questões relacionadas ao planejamento urbano, aosaneamento, ao meio ambiente e à gestão da cida<strong>de</strong>. Atualmente, a questão mais premente <strong>do</strong>impacto ambiental <strong>do</strong>s cemitérios nas cida<strong>de</strong>s está relacionada à contaminação <strong>do</strong> lençol freáticoe <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>nsamentos urbanos em seus limites.67


Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Diagnóstico Ambiental <strong>do</strong> Setor 9 – Jd. da Granja, São José <strong>do</strong>s Campos(SP)Painel1º Autor: Ariana Rodrigues CursinoO município <strong>de</strong> São José <strong>do</strong>s Campos encontra-se no médio Vale <strong>do</strong> Rio Paraíba, esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo, nas margens da Ro<strong>do</strong>via Presi<strong>de</strong>nte Dutra. Com o uso <strong>de</strong> um diagnóstico ambiental, tem-semelhor conhecimento das áreas a serem exploradas para o crescimento, contribuin<strong>do</strong> para o<strong>de</strong>senvolvimento e controle das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> município, para as melhorias nos mecanismos <strong>de</strong>preservação <strong>do</strong> meio ambiente da região. O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi elaborar um diagnósticoambiental <strong>do</strong> setor 9 - Jd. Granja – setor sócio econômico- <strong>do</strong> município <strong>de</strong> São Jose <strong>do</strong>s Campos,analisan<strong>do</strong>-se o meio antrópico, físico e biológico. A proposta <strong>de</strong> educação ambiental pararecuperação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas teve como suporte técnico e meto<strong>do</strong>lógico uma pesquisabibliográfica sobre os fatores ambientais em estu<strong>do</strong> e coleta <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> relatórios técnicocientíficos,divulga<strong>do</strong>s por instituições privadas e governamentais. A área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>radamista, apresenta como característica pre<strong>do</strong>minante <strong>de</strong> urbanização <strong>do</strong>is empreendimentos <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> escala, o CTA e o INPE. A região está inserida na bacia <strong>do</strong> córrego Cambuí, que apresentaestrutura geomorfológica <strong>de</strong> terraços mo<strong>de</strong>rnos, estrutura geotécnica com pre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong>sedimentos argilo-arenosos e clima <strong>de</strong> característica tropical. Contém uma fauna e floradiversificada, empreendimentos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte que valorizam a região e uma boa estrutura paraeducação, cultura e lazer, além <strong>de</strong> uma área ver<strong>de</strong> no entorno <strong>do</strong> rio.EDUCAÇÃO AMBIENTAL▲ Menção honrosaTítulo:Forma <strong>de</strong> apresentação:▲ A Educação Ambiental como forma <strong>de</strong> Inclusão Social <strong>de</strong> Alunos comNecessida<strong>de</strong>s EspeciaisPainel1º Autor: Andreia Fabiana Miranda Lemes Marcon<strong>de</strong>sO presente trabalho tem por finalida<strong>de</strong> possibilitar o contato direto entre os alunos comnecessida<strong>de</strong>s especiais e o meio ambiente e com os <strong>de</strong>mais alunos da re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> ensino. Ocontato se dá por meio <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s lúdicas, propician<strong>do</strong> uma maior interação com o ambienteem que esses alunos vivem e a socieda<strong>de</strong>. O projeto <strong>de</strong> educação ambiental conta com ativida<strong>de</strong>srelacionadas ao meio ambiente, voltadas a alunos com diferentes necessida<strong>de</strong>s especiais e ida<strong>de</strong>entre 9 e 14 anos, da entida<strong>de</strong> filantrópica CEEP – Centro <strong>de</strong> Atendimento e Educação Especial <strong>do</strong>município <strong>de</strong> Tremembé. Este trabalho proporciona a oportunida<strong>de</strong> <strong>do</strong> exercício e<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s motoras, sociais, cognitivas e <strong>de</strong> inclusão social e conta cominstrumentos <strong>de</strong> trabalho como os livros Apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> com a Natureza e Trabalhan<strong>do</strong> com aNatureza <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Micro-bacias Hidrográficas, da Secretaria da Agricultura eAbastecimento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo. A vivência em sala <strong>de</strong> aula objetiva melhorar a capacida<strong>de</strong>68


<strong>de</strong> observação e experimentação. Também são realizadas visitas monitoradas pelo técnico da Casada Agricultura local à microbacia hidrográfica <strong>do</strong> Ribeirão da Serragem. Essa troca <strong>de</strong> experiênciascom alunos da re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> ensino proporciona maior socialização. O trabalho tem mostra<strong>do</strong>resulta<strong>do</strong>s significativos no que diz respeito à conscientização <strong>do</strong>s alunos com necessida<strong>de</strong>sespeciais quanto à importância da conservação <strong>do</strong>s recursos naturais, transforman<strong>do</strong>-os emagentes <strong>de</strong> preservação da natureza junto a seus familiares e à comunida<strong>de</strong>.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:▲ Revitalização <strong>de</strong> Nascentes em Áreas Públicas Urbanas MunicipaisPainel1º Autor: Rosana Mayumi Oumura <strong>de</strong> MeloO extenso <strong>de</strong>smatamento ocorri<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s anos reduziu o número <strong>de</strong> florestas protetoras <strong>de</strong>nascentes e margens <strong>de</strong> cursos d’água, refletin<strong>do</strong> na progressiva escassez <strong>de</strong> água. Oreflorestamento <strong>de</strong>ssas áreas permite o reabastecimento das bacias hidrográficas e a proteção <strong>do</strong>smananciais. O projeto visa revitalizar nascentes <strong>de</strong>gradadas em áreas públicas urbanas nomunicípio <strong>de</strong> Taubaté, com plantio <strong>de</strong> árvores (conforme a Lei Fe<strong>de</strong>ral 4771/65 e a resolução SMA047), contribuin<strong>do</strong> para a melhoria das condições da Bacia <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul. Um amploprograma <strong>de</strong> educação ambiental nas comunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> entorno une esforços <strong>de</strong> vários segmentosda socieda<strong>de</strong> para garantir o uso sustentável da água. As ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação ambiental foram<strong>de</strong>senvolvidas para sensibilizar a comunida<strong>de</strong> sobre a importância da concretização <strong>do</strong> projetocom a participação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s. Para as escolas públicas circunvizinhas às nascentes, foi realiza<strong>do</strong>um dia <strong>de</strong> capacitação, com alunos e professores multiplica<strong>do</strong>res. Neste dia, preparou-se umcircuito <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s práticas, dinâmicas e interativas, para a fundamentação teórica em que sebaseia o projeto e o seu processo <strong>de</strong> implantação, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> capacida<strong>de</strong>s para que acomunida<strong>de</strong> possa contribuir <strong>de</strong> forma atuante em seu meio. Foram cria<strong>do</strong>s materiais didáticos einformativos, como apostilas e mapas sobre o projeto. O início da implantação <strong>do</strong> trabalho gerourepercussão positiva, entusiasmo e comprometimento com a proposta. O envolvimento dacomunida<strong>de</strong> se <strong>de</strong>ve ao fato da participação efetiva na melhoria <strong>do</strong> ambiente on<strong>de</strong> se vive.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:▲ Educação ambiental em projetos <strong>de</strong> recuperação e conservaçãoflorestal no Vale <strong>do</strong> Paraíba- uma concepção institucionalComunicação Oral1º Autor: Paulo Valladares SoaresAs ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação ambiental <strong>de</strong>senvolvidas pela Fundação <strong>Floresta</strong>l no Vale <strong>do</strong> Paraíbatêm como objetivo: construir e capacitar na comunida<strong>de</strong> rural os agentes multiplica<strong>do</strong>res <strong>do</strong>processo <strong>de</strong> recuperação/conservação florestal. Meto<strong>do</strong>logias participativas são adaptadas àscaracterísticas locais, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> duas vertentes complementares: implantação <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>monstrativas (fazer) e capacitação da comunida<strong>de</strong> (ensinar e apren<strong>de</strong>r). Produtores eprofessores rurais, os principais atores locais, são parceiros e agentes transforma<strong>do</strong>res noprocesso. Construir o sentimento <strong>de</strong> pertencimento <strong>do</strong>s atores em relação ao processo é condiçãoessencial e prece<strong>de</strong> a capacitação, que está voltada ao atendimento das suas <strong>de</strong>mandas, comobjetivo <strong>de</strong> proporcionar empo<strong>de</strong>ramento que subsidiará a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão coletiva. Cursos <strong>de</strong>Capacitação Ambiental para Professores Rurais, Unida<strong>de</strong>s Demonstrativas em Cunha (FEHIDRO) e69


Projetos <strong>de</strong> Conservação <strong>de</strong> Solo e Recuperação <strong>de</strong> Matas Ciliares em Guaratinguetá (Consula<strong>do</strong>Britânico), são alguns <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s que reforçam o potencial da educação ambiental na gestãointegra<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s recursos hídricos e florestais. Nestes projetos, as parcerias com os NúcleosCunha/Indaiá e Santa Virgínia <strong>do</strong> Parque Estadual da Serra <strong>do</strong> Mar (Instituto <strong>Floresta</strong>l), SecretariasMunicipais e Estaduais da Agricultura e Educação, além <strong>de</strong> fóruns representativos <strong>de</strong> produtoresrurais, são <strong>de</strong> fundamental importância e garantem a continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s trabalhos.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Educação Ambiental para Recursos Hídricos: Popularização da CiênciaPainel1º Autor: Getulio Teixeira BatistaEm resposta ao Edital “Popularização da Ciência: Olhan<strong>do</strong> para a Água” (CT-HIDRO/MCT/CNPq -N0 15/2005), o estu<strong>do</strong> selecionou a bacia hidrográfica <strong>do</strong> Ribeirão das Almas – Caieiras, quecontempla a comunida<strong>de</strong> Associação Amigos <strong>do</strong> Bairro <strong>do</strong> Ribeirão das Almas - Caieiras e a EscolaMunicipal <strong>de</strong> Ensino Infantil e Fundamental Mário Lemos <strong>de</strong> Oliveira, <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> educaçãomunicipal <strong>de</strong> Taubaté (SP). Esta escolha se <strong>de</strong>u porque o Departamento <strong>de</strong> Ciências Agrárias daUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taubaté já está <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> projetos para o Comitê das Bacias Hidrográficas<strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul, especificamente para a Bacia <strong>do</strong> Rio Una, da qual a micro-bacia selecionada éparte. Os objetivos <strong>de</strong>sse trabalho contemplam: a integração das instituições, ou seja, da IES, daEscola <strong>de</strong> Ensino Fundamental e da comunida<strong>de</strong>; o levantamento e a análise <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s hidrológicose meteorológicos; e a difusão <strong>do</strong> conhecimento científico sobre recursos hídricos e a consolidação<strong>de</strong> conceitos <strong>de</strong> conservação ambiental por meio da participação conjunta <strong>de</strong>ssas instituições. Oprojeto prevê a caracterização física da bacia hidrográfica <strong>do</strong> Ribeirão das Almas e um Dia daEscola no Campo para análise e divulgação <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s, assim como a elaboração <strong>de</strong> materialdidático divulga<strong>do</strong> em diversos meios (impresso, CD-ROM, homepage, ví<strong>de</strong>os e workshops). Oprojeto também está permitin<strong>do</strong> o plantio <strong>de</strong> 2000 mudas <strong>de</strong> essências nativas. Espera-se, com arealização <strong>de</strong>sse projeto, um impacto positivo para a comunida<strong>de</strong> da bacia <strong>do</strong> Ribeirão das Almas,para os alunos envolvi<strong>do</strong>s e, indiretamente, para a educação ambiental com os diversos produtosdidático-pedagógicos gera<strong>do</strong>s pelo projeto.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Educação Ambiental para Alunos <strong>do</strong> Ensino Fundamental - Utilizan<strong>do</strong> oRio Paraíba <strong>do</strong> Sul como fonte <strong>de</strong> Ensino e AprendizagemPainel1º Autor: Helânia Helena Caetano GomesO estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul é uma forma didática <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> ambiente, pois a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sua água reflete suas formas <strong>de</strong> uso, oferecen<strong>do</strong> parâmetros para a reflexão ambiental. Nessecontexto, o objetivo <strong>do</strong> trabalho foi criar uma meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> aprendizagem a partir da análise daqualida<strong>de</strong> da água <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul, no município <strong>de</strong> Santa Branca (SP), utilizan<strong>do</strong> parâmetrosfísico-químicos e biológicos. Tal projeto envolveu 12 alunos da 6ª série da EMEF Profª PalmyraMartins Rosa Perillo, entre agosto e outubro <strong>de</strong> 2005. Foram realiza<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s teóricos com otema água, observações <strong>do</strong> ambiente e coletadas amostras <strong>de</strong> água para as análises em 2 pontos<strong>do</strong> rio. As temperaturas <strong>do</strong> ar e da água não variaram acentuadamente. O pH não se alteroudrasticamente, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao fluxo contínuo <strong>de</strong> água provoca<strong>do</strong> pela topografia com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s,70


po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> não haver acidificação. A condutivida<strong>de</strong> elétrica apresentou valores ligeiramenteeleva<strong>do</strong>s, estan<strong>do</strong> provavelmente relacionada com o esgoto recebi<strong>do</strong> pelo rio. As concentrações <strong>de</strong>oxigênio dissolvi<strong>do</strong> indicaram ambientes sem impactos severos, mas que já começam a serobservadas. Quanto à análise biológica, são observa<strong>do</strong>s resíduos vegetais e um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong>protozoários e bactérias, <strong>de</strong>ntre eles, alguns patogênicos, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s bioindica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>poluição. Uma dinâmica <strong>de</strong> ensino, constituída por ações teóricas e práticas, permitiu aos alunosperceberem as alterações antrópicas e <strong>de</strong>senvolverem uma visão crítica sobre a importância daágua e a necessida<strong>de</strong> da conservação <strong>de</strong>sse recurso natural.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Recuperação da Mata Ciliar na Margem <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul <strong>do</strong>Município <strong>de</strong> PindamonhangabaPainel1º Autor: Theophilo Augusto da SilvaNo final <strong>do</strong> século XX, a região <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba <strong>de</strong>stacou-se por sua alta produtivida<strong>de</strong> nocultivo <strong>do</strong> café, responsável por seu gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Como conseqüência <strong>de</strong>ssecrescimento, porém, a <strong>de</strong>gradação <strong>do</strong> meio ambiente e as perturbações e impactos ambientais sãovistas até hoje. Este trabalho objetivou diagnosticar os danos causa<strong>do</strong>s ao meio ambiente e proporuma ação <strong>de</strong> recuperação ambiental para <strong>de</strong>terminada área <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul. O trechoanalisa<strong>do</strong> pertence ao município <strong>de</strong> Pindamonhangaba, e o estu<strong>do</strong> às margens <strong>do</strong> rio em área <strong>de</strong>APP, o que <strong>de</strong>terminou seu nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação, visualiza<strong>do</strong> junto à mata ciliar. Nesta área<strong>de</strong>limitada, foi realizada uma análise <strong>do</strong> solo para verificar se havia necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> correção. Paraa seleção das mudas, levou-se em consi<strong>de</strong>ração as condições climáticas <strong>do</strong> solo e, principalmente,as características da flora da região. Inicialmente, foram selecionadas mudas <strong>de</strong> espéciesprimárias, plantadas com um espaçamento <strong>de</strong> 3 metros na vala e 3 metros no corre<strong>do</strong>r, seguin<strong>do</strong>a legislação vigente. Cerca <strong>de</strong> 5 mil mudas foram utilizadas neste processo. Devi<strong>do</strong> à predação <strong>do</strong>ambiente e às mudanças climáticas, construiu-se uma pequena estufa para o cultivo <strong>de</strong> mudasque, posteriormente, substituirão as mais fracas. Este controle será realiza<strong>do</strong> periodicamente porum profissional da área com a ajuda da população ribeirinha, que será incentivada a participar <strong>do</strong>processo <strong>de</strong> reflorestamento. O objetivo é que aprenda a manusear e proteger a área reflorestada.Espera-se, assim, gerar uma maior conscientização ambiental junto às comunida<strong>de</strong>s.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Projeto: “NUCAM nas Escolas”Comunicação Oral1º Autor: Fernan<strong>do</strong> Borges Correia FilhoO GECA é a ONG ambientalista mais antiga <strong>de</strong> Taubaté e uma das primeiras <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba.Nos seus 23 anos <strong>de</strong> existência, sempre atuou sob a ótica socioambiental (<strong>do</strong>cumentos, notícias<strong>de</strong> jornais, entre outros, testemunham essa visão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1983). Entre seus inúmeros trabalhos,<strong>de</strong>staca-se o NUCAM – Núcleo <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s Campestres, que congrega jovens para a prática <strong>de</strong>campismo, levan<strong>do</strong>-os a interagir com a natureza, <strong>de</strong>spertar amor por ela e a trabalhar em sua<strong>de</strong>fesa. As ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> NUCAM são, essencialmente, <strong>de</strong> educação ambiental realizadas naprática, complementan<strong>do</strong> o aprendiza<strong>do</strong> escolar. Atualmente, o projeto <strong>de</strong>senvolve um núcleo(projeto piloto) na Escola Estadual José Marcon<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Mattos, em Taubaté. Este trabalho faz parte71


<strong>do</strong> projeto NUCAM nas escolas, que servirá <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para outras instituições educacionais,promoven<strong>do</strong> a conscientização <strong>de</strong> um número incalculável <strong>de</strong> jovens praticantes da ecologia. Oprojeto NUCAM nas escolas tem como objetivos principais: promover a educação ambiental;<strong>de</strong>spertar os jovens para o valor da natureza; incentivar a socialização <strong>do</strong>s participantes;<strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s relacionadas ao campismo; promover o exercício da cidadania. Ameto<strong>do</strong>logia a<strong>do</strong>tada enfocou: reuniões semanais, palestras, acampamentos, acantonamentos,passeios, caminhadas, pesquisas, e outras ativida<strong>de</strong>s. Entre os resulta<strong>do</strong>s preliminares estão:interesse por parte <strong>do</strong>s jovens após as palestras iniciais, e 120 jovens já cadastra<strong>do</strong>s no projeto.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Água hoje e sempre: consumo sustentávelPainel1º Autor: Rosilene <strong>de</strong> Souza GodinhoTrata-se <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por <strong>do</strong>centes, alunos e comunida<strong>de</strong> circundante da EEProfessor Mário Car<strong>do</strong>so Franco, visan<strong>do</strong> conscientizar o educan<strong>do</strong> e seus familiares a a<strong>do</strong>tarempráticas <strong>de</strong> uso racional da água. Também são estimula<strong>do</strong>s a promover ações, através dareciclagem <strong>de</strong> materiais, que possibilitem minimizar o impacto ambiental no rio Paraíba <strong>do</strong> Sul,causa<strong>do</strong> pela poluição. Alguns alunos, acompanha<strong>do</strong>s por professores da escola, foram até o RioParaíba <strong>do</strong> Sul, on<strong>de</strong> recolheram o lixo nas margens e conversaram com a população ribeirinha,orientan<strong>do</strong>-a quanto aos perigos <strong>de</strong> se consumir peixes <strong>do</strong> local, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao lançamento <strong>de</strong>resíduos industriais e <strong>do</strong>mésticos. Enfatizaram também a importância da limpeza local, evitan<strong>do</strong>sea proliferação <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças infecto-contagiosas. O projeto “Água hoje e sempre: consumosustentável" é trabalha<strong>do</strong> interdisciplinarmente, <strong>de</strong> maneira contextualizada em todas as áreas <strong>do</strong>conhecimento. Estão previstas ações futuras como: elaboração <strong>de</strong> uma horta comunitária,implantação <strong>de</strong> cisternas (para aproveitar a água da chuva), reciclagem <strong>do</strong> lixo produzi<strong>do</strong> naescola e a realização <strong>de</strong> oficinas <strong>de</strong> artesanato com papel recicla<strong>do</strong>. Cabe ressaltar que o projetofoi o ganha<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Concurso Rio Vivo, patrocina<strong>do</strong> pela Band Vale em 2005.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Maquete Ambiental <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> ParaíbaComunicação Oral1º Autor: Flavio Brant MourãoO projeto “Maquete Ambiental <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba - 500 Anos <strong>de</strong> Transformações” representa <strong>de</strong>forma tridimensional a bacia hidrográfica <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul e Litoral Norte paulista, com<strong>de</strong>staque para as serras <strong>do</strong> Mar e da Mantiqueira. A maquete permite apresentar <strong>de</strong> maneirainterativa a história <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a chegada <strong>do</strong>s portugueses, em 1500, até omomento atual, mostran<strong>do</strong> historicamente como se <strong>de</strong>u o processo <strong>de</strong> ocupação urbana esupressão da Mata Atlântica ao longo <strong>do</strong>s séculos. Além disso, a maquete revela os processoshidrológicos e a importância da vegetação para a qualida<strong>de</strong> e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água. Por meio dasua tridimensionalida<strong>de</strong>, o estudante tem a visão da região sob a forma <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> bacia <strong>de</strong>drenagem. O movimento <strong>de</strong> retirada <strong>de</strong> placas sobrepostas (representan<strong>do</strong> a vegetação) induz oobserva<strong>do</strong>r à percepção e à sensibilida<strong>de</strong> diante <strong>do</strong>s impactos gera<strong>do</strong>s pelo <strong>de</strong>senvolvimentoeconômico e pela ocupação sem planejamento. São representa<strong>do</strong>s na maquete, além dasformações geográficas, antigos caminhos indígenas, os ciclos econômicos <strong>do</strong> ouro, da cana-<strong>de</strong>-72


açúcar, <strong>do</strong> café, da pecuária e, finalmente, a construção da Via Dutra e das represas seguida porum acelera<strong>do</strong> processo <strong>de</strong> industrialização e expansão urbana. O projeto “Maquete Ambiental <strong>do</strong>Vale <strong>do</strong> Paraíba” é patrocina<strong>do</strong> pela Petrobrás e tem apoio <strong>do</strong> INPE (Instituto Nacional <strong>de</strong> PesquisasEspaciais), UNIVAP (Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba), UNITAU (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taubaté) eDutrafer.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Projeto <strong>de</strong> Educação Ambiental e Sanitária no Bairro Rural <strong>do</strong> Macuco,Taubaté (SP)Comunicação Oral1º Autor: A<strong>de</strong>mir Fernan<strong>do</strong> MorelliEste projeto integra o Programa <strong>de</strong> Recuperação <strong>de</strong> Áreas Degradadas <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> EngenhariaAmbiental e Sanitária <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Engenharia Civil da Unitau. Em Taubaté, o programatem como priorida<strong>de</strong> a bacia <strong>do</strong> Una, no bairro rural <strong>do</strong> Macuco, o mais à montante <strong>de</strong>sta bacia. Oprograma se orienta para o diagnóstico e recuperação ambiental e sanitária da bacia.Complementan<strong>do</strong> os projetos <strong>de</strong> recuperação, a Secretaria <strong>de</strong> Meio Ambiente <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>recomenda a realização <strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong> educação ambiental e sanitária. Assim, objetivo éconceber um projeto <strong>de</strong> educação ambiental e sanitária para o bairro <strong>do</strong> Macuco, visan<strong>do</strong> acompreensão e aceitação <strong>do</strong>s projetos <strong>de</strong> recuperação pela comunida<strong>de</strong>, assim como sua inclusãoparticipativa. Os méto<strong>do</strong>s incluem revisão bibliográfica, formação <strong>de</strong> parcerias com a comunida<strong>de</strong>,caracterização sócio-econômica, realização <strong>de</strong> palestras e produção <strong>de</strong> cartilha e folhetoeducativo. Os resulta<strong>do</strong>s preliminares i<strong>de</strong>ntificaram como principais problemas ambientais:erosão, <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> pastagens e <strong>de</strong>smatamento, que resultaram na diminuição dadisponibilida<strong>de</strong> hídrica. Os problemas sanitários <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s incluem o lançamento <strong>de</strong> esgoto nosrios, presença <strong>de</strong> fossas e pocilgas à montante e próximas aos pontos <strong>de</strong> captação <strong>de</strong> água.Conclui-se que é fundamental esclarecer a comunida<strong>de</strong> sobre esses problemas, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong>-seos benefícios para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida advin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> recuperação ambiental e sanitária.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Percepção Ambiental da comunida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Bairro Rural <strong>do</strong> Macuco, Bacia<strong>do</strong> Una, Município <strong>de</strong> Taubaté –SPPainel1º Autor: Pamela Esmeralda <strong>do</strong>s SantosEste projeto é integrante <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> pesquisa em Recuperação Ambiental e Sanitária <strong>do</strong>Curso <strong>de</strong> Engenharia Ambiental e Sanitária no Departamento <strong>de</strong> Engenharia Civil da Universida<strong>de</strong><strong>de</strong> Taubaté. O programa se orienta para o diagnóstico ambiental e modificação das condiçõesambientais gera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação. Complementan<strong>do</strong> os projetos <strong>de</strong> recuperação, é necessárioe recomenda<strong>do</strong> pela Secretaria <strong>de</strong> Meio Ambiente <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo a realização <strong>de</strong> trabalhos<strong>de</strong> percepção e educação ambiental. O projeto pesquisa os efeitos da percepção ambiental naformação <strong>de</strong> valores e na mudança <strong>de</strong> comportamento da população <strong>do</strong> bairro. Os méto<strong>do</strong>senvolveram pesquisa para caracterização psicosocial <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> bairro, avaliação dapercepção ambiental para a sensibilização <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res e aplicação <strong>de</strong> vivências e dinâmicas. Osresulta<strong>do</strong>s preliminares apontam para uma <strong>de</strong>sconexão <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res em relação aos valoresambientais e culturais da comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>monstrada pelas atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezo pela situação73


ambiental e sanitária <strong>do</strong> ambiente da vivência. Conclui-se que as práticas <strong>de</strong> percepção têmgran<strong>de</strong> potencial para avaliação <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> fundamentais para amudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> e para a formação <strong>de</strong> comportamentos ambientalmente corretos.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:"Meio Ambiente - O Outro Meio e a Gente..."Comunicação Oral1º Autor: Taciano Moreira GonçalvesO projeto surgiu a partir <strong>de</strong> um problema levanta<strong>do</strong> pelos estudantes, uma vez que muitosresi<strong>de</strong>m próximo ao rio Cambuí, afluente <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul. Durante as aulas <strong>de</strong> Ciências, apósum <strong>de</strong>bate sobre os problemas ambientais, ficou evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> o <strong>de</strong>scontentamento <strong>do</strong>s alunosquanto a atual situação <strong>do</strong> rio <strong>de</strong> seu bairro (Vila São Benedito) e <strong>de</strong> to<strong>do</strong> seu entorno, haja vistaque o rio também fica próximo à escola. Uma vez aponta<strong>do</strong> o problema pelos próprios alunos,ficou nítida a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprofundamento. Com isso, optou-se por uma aula prática na beira<strong>do</strong> rio, para que fossem avaliadas, com mais clareza, as causas <strong>do</strong>s problemas ambientais, seusresponsáveis e, principalmente, como solucioná-los. Realizada a aula prática, para a surpresa <strong>de</strong>to<strong>do</strong>s, foram aponta<strong>do</strong>s problemas ambientais que serviram para fortalecer ainda mais anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir além nessas questões. Levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração que “o conteú<strong>do</strong> mais indica<strong>do</strong>a ser trabalha<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser origina<strong>do</strong> <strong>do</strong> levantamento da problemática ambiental vividacotidianamente pelos alunos...” (REIGOTA), optou-se por trabalhar <strong>de</strong> forma contextualizada e, <strong>de</strong>acor<strong>do</strong> com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997), <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s temas transversais <strong>do</strong>scurrículos escolares.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Cantan<strong>do</strong> e Dançan<strong>do</strong> com o Rio ParaíbaComunicação Oral1º Autor: Aristóteles Pereira RangelEste projeto consiste em sensibilizar as pessoas para os gran<strong>de</strong>s riscos por que passa, hoje, o rioParaíba <strong>do</strong> Sul. Através da música “O Paraíba passa aqui”, cuja letra chama atenção para oscausa<strong>do</strong>res da <strong>de</strong>gradação <strong>do</strong> rio, os alunos cantam e dançam numa coreografia animada e cheia<strong>de</strong> “curvas”, fazen<strong>do</strong> lembrar o sinuoso Paraíba <strong>do</strong> Sul. Com isso, passam a observar mais asquestões que envolvem o rio. O projeto acontece com crianças <strong>de</strong> 1ª à 4ª série, on<strong>de</strong> incorporam aproblemática <strong>do</strong> rio. Antes, muitas sequer sabiam o nome <strong>do</strong> maior rio que corta a região valeparaibana. Juntamente com este projeto, os professores passaram a registrar com os alunospesquisas alusivas ao rio, motivan<strong>do</strong> as crianças a conhecê-lo melhor e a se posicionarem emrelação à problemática, conforme sugere a música. A coreografia, além <strong>do</strong>s componentes <strong>de</strong> dançae expressão corporal, prima por uma linguagem gestual como um “sinal <strong>de</strong> alerta”. É <strong>de</strong> sumaimportância que nas apresentações feitas fora da escola, as pessoas vejam as crianças comoagentes conscientiza<strong>do</strong>res e multiplica<strong>do</strong>res da idéia <strong>de</strong> preservação <strong>do</strong> rio. As apresentaçõeschamam atenção para a reflexão necessária e alertam toda a socieda<strong>de</strong> para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>posturas ambientalmente responsáveis quanto ao uso da água.Título:Implementação <strong>do</strong> Sensoriamento Remoto para Educação Ambiental na74


Educação Básica em Escolas PúblicasForma <strong>de</strong> apresentação:Comunicação Oral1º Autor: Suely Franco Siqueira LimaAs mudanças climáticas enfrentadas pelo homem po<strong>de</strong>m afetar o meio ambiente por conseqüência<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s antrópicas locais. Para mudar essa situação, são necessários programas <strong>de</strong> educaçãoque mostrem a importância das ações locais no contexto global. Para a educação ambiental emsala <strong>de</strong> aula, são necessárias ferramentas que permitam uma visão espacial <strong>do</strong>s problemasambientais e o entendimento da interação entre os diversos componentes <strong>do</strong>s mesmos. Nestecontexto, a Oficina Pedagógica da Diretoria <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> São José <strong>do</strong>s Campos tem como objetivoimplementar o uso da tecnologia <strong>de</strong> sensoriamento remoto como recurso didático para educaçãoambiental na educação básica. Algumas escolas estaduais estão <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> projetosambientais com o uso da tecnologia <strong>de</strong> sensoriamento remoto como programa piloto. Por ser umatecnologia <strong>de</strong>sconhecida <strong>do</strong>s educa<strong>do</strong>res, fez-se necessário uma orientação técnica, <strong>de</strong> forma apreparar os professores para o uso da ferramenta como recurso didático. O acompanhamento <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> projeto dá-se por encontros semestrais on<strong>de</strong> são expostos os facilita<strong>do</strong>res ecomplica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> uso da tecnologia para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> projeto. Alguns indica<strong>do</strong>res, tanto<strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho como da aceitação, já fornecem subsídios para criar condições efetivas <strong>de</strong>adaptação <strong>do</strong> recurso no ensino público, fazen<strong>do</strong> com que possa ser facilmente adapta<strong>do</strong> àsdiversas realida<strong>de</strong>s nacionais. A implementação <strong>do</strong> programa procurou aten<strong>de</strong>r à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>atualização da educação brasileira, discutin<strong>do</strong> formas <strong>de</strong> sua implementação operacional.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Utilização <strong>de</strong> uma Maquete da Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Água comoInstrumento <strong>de</strong> Conscientização para a Qualida<strong>de</strong> da ÁguaPainel1º Autor: Tiago Camilo Tole<strong>do</strong>O rio Paraíba <strong>do</strong> Sul, com seus afluentes, forma uma importante bacia hidrográfica relacionada,principalmente, ao <strong>de</strong>senvolvimento urbano e industrial da região. O mesmo <strong>de</strong>senvolvimento que<strong>de</strong>veria levar a uma melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida para os que vivem na bacia <strong>do</strong> Paraíba tornou-se,porém, seu principal problema. Para intervir neste problema, <strong>de</strong>staca-se a educação ambientalcomo ferramenta pra uma nova relação entre a população e os recursos hídricos. Objetivou-se,neste trabalho, criar uma maquete <strong>de</strong> Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Água, versan<strong>do</strong> sobre ofuncionamento e a conseqüente conscientização para a qualida<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>spoluição <strong>do</strong>s corposhídricos afluentes <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul. O trabalho é <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela equipe <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong>Extensão <strong>de</strong> Profilaxia das Parasitoses, <strong>do</strong> laboratório <strong>de</strong> Parasitologia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taubaté- Unitau. A apresentação da maquete é feita sob <strong>do</strong>is aspectos: no primeiro, prioriza-se o sistemautiliza<strong>do</strong> para captação <strong>de</strong> água e como este é realiza<strong>do</strong>, enfatizan<strong>do</strong> a micro-bacia comoabastece<strong>do</strong>ra da região on<strong>de</strong> o público-alvo resi<strong>de</strong>; e no segun<strong>do</strong>, toda a atenção se volta para asetapas <strong>do</strong> tratamento <strong>de</strong> água, enfatizan<strong>do</strong> a qualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>spoluição. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a maquetecomo um meio <strong>de</strong> comunicação interativo, permitin<strong>do</strong> a visualização pelo público infantil, tem-seobserva<strong>do</strong> que o instrumento é eficaz para compreensão e conscientização sobre o trabalhorelativo ao tratamento <strong>de</strong> água e proteção <strong>do</strong>s recursos hídricos, vital para o <strong>de</strong>senvolvimento daregião.75


Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:O Desperdício <strong>de</strong> ÁguaPainel1º Autor: Adriano Moreira Marcon<strong>de</strong>sO <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> água é um <strong>do</strong>s problemas mais graves da atualida<strong>de</strong> no gerenciamentoambiental público e priva<strong>do</strong>. Atualmente, o uso da água no mun<strong>do</strong> se concentra em três ativida<strong>de</strong>shumanas: industrial (22%), <strong>do</strong>méstico (85%) e agrícola (70%). Na bacia <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul, on<strong>de</strong>se focaliza este trabalho, vivem cerca <strong>de</strong> 5 milhões <strong>de</strong> habitantes numa área <strong>de</strong> 57 milquilômetros quadra<strong>do</strong>s; ali se encontra uma das mais <strong>de</strong>senvolvidas áreas industriais <strong>do</strong> país.Nesta bacia, a crescente <strong>de</strong>manda por água <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e em quantida<strong>de</strong>, motivou a implantaçãodas novas políticas <strong>de</strong> cobrança pelo uso da água, como forma <strong>de</strong> gerar recursos para arecuperação e gerenciamento ambiental. A cobrança funciona, principalmente, como indutora <strong>do</strong>uso racional <strong>de</strong>sse importante recurso hídrico da região. Este manancial irriga parte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>São Paulo, bem como parte <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Minas Gerais e <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, ten<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> aANA (Agência Nacional <strong>de</strong> Águas), passa<strong>do</strong> no último quarto <strong>de</strong> século por um processo acelera<strong>do</strong><strong>de</strong> industrialização e urbanização. Isto culminou num cenário <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação ambiental comsignificativos custos associa<strong>do</strong>s. Torna-se necessária a conscientização e a reeducação daspessoas para evitar, ou na pior das hipóteses minimizar, o <strong>de</strong>sperdício da água. Com este intuito,são propostas algumas metas educacionais a fim <strong>de</strong> reaproveitar o uso da água para mais <strong>de</strong> umaativida<strong>de</strong>.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:O Ciclo da ÁguaPainel1º Autor: Gilberto Antônio AmancioA água líquida é uma merca<strong>do</strong>ria rara no cosmos. Não existe água líquida no Sol ou em qualqueroutro lugar <strong>do</strong> sistema solar. Na Terra, temos essencialmente água pura (constituída somente porH 2 O) em gotas, con<strong>de</strong>nsada a partir <strong>de</strong> uma atmosfera limpa; água fresca (água com uma fração<strong>de</strong> 1% <strong>de</strong> sal dissolvi<strong>do</strong>) a partir <strong>de</strong> nascentes; água <strong>do</strong> mar (água com pequena porcentagem <strong>de</strong>sal dissolvi<strong>do</strong>); e salmoura (soluções saturadas com sal). Uma condição imprescindível à existênciada vida no nosso planeta é a temperatura média mantida <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites apropria<strong>do</strong>s para quea água permaneça líquida. Em or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> importância, os reservatórios <strong>de</strong> água são: oceanos;geleiras; águas subterrâneas; lagos e rios; atmosfera e massa biológica (toda a matéria viva).Assim, a transferência <strong>de</strong> água entre os vários reservatórios superficiais é chamada <strong>de</strong> ciclohidrológico. A bacia <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul que irriga parte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, bem comoparte <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Minas Gerais e <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, passou, segun<strong>do</strong> a ANA (Agência Nacional<strong>de</strong> Águas), por um processo acelera<strong>do</strong> <strong>de</strong> industrialização e urbanização no último quarto <strong>de</strong>século. Neste processo, o homem tem altera<strong>do</strong> drasticamente seu ciclo hidrológico, através <strong>do</strong><strong>de</strong>smatamento da Mata Atlântica e <strong>do</strong> uso ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> da água. Torna-se importante acompreensão <strong>de</strong> como ocorre esse ciclo da natureza e os impactos que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>correr damudança drástica <strong>do</strong> mesmo pelo homem.76


Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:A Vegetação Nativa da Mata AtlânticaPainel1º Autor: Aline Hecht Car<strong>do</strong>soA Mata Atlântica se estendia por to<strong>do</strong> litoral brasileiro, <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte ao Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong>Sul. A floresta possui cerca <strong>de</strong> 10 mil espécies <strong>de</strong> plantas, das quais, 50% são endêmicas. Hojerestam apenas 7,6% <strong>de</strong> sua cobertura original em relação à época <strong>do</strong> <strong>de</strong>scobrimento, em 1500. Asagressões tiveram início com a colonização <strong>do</strong> país: a cana-<strong>de</strong>-açúcar no litoral, ga<strong>do</strong> e café nointerior e na região da bacia <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul; atualmente a maior ameaça é representada pelaexpansão urbana, seja por con<strong>do</strong>mínios, favelas ou roça<strong>do</strong>s. A Mata Atlântica protege e regula ofluxo <strong>de</strong> mananciais que abastecem cida<strong>de</strong>s e principais metrópoles <strong>do</strong> país, garantin<strong>do</strong> também afertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo, controle <strong>do</strong> clima e preservação <strong>de</strong> patrimônios históricos e culturais <strong>de</strong>diversas comunida<strong>de</strong>s nativas - indígenas, caiçaras, ribeirinhas e quilombolas. O objetivo <strong>de</strong>stetrabalho é proporcionar um meio <strong>de</strong> educação às pessoas, <strong>de</strong> tal maneira que conheçam evalorizem esse patrimônio natural, responsável pelo controle <strong>de</strong> muitos ciclos biogênicos queocorrem não só na região da bacia <strong>do</strong> rio Paraíba, mas em boa parte <strong>do</strong> Brasil.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Recuperação <strong>de</strong> Áreas Ver<strong>de</strong>sComunicação Oral1º Autor: Sandra Regina MarcelinoConsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservação e recuperação <strong>do</strong> meio ambiente, a Secretaria <strong>de</strong>Meio Ambiente <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Jacareí, conta com uma equipe permanente <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong>conceitos e práticas necessárias à garantia da educação ambiental nas escolas. Palestras teóricasvisam esclarecer os alunos sobre méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> áreas ver<strong>de</strong>s para aplicação emcampo. Este projeto tem como objetivo a proteção e recuperação das áreas ver<strong>de</strong>s <strong>de</strong>gradadas enascentes, restabelecen<strong>do</strong> a cobertura vegetal com a diversida<strong>de</strong> necessária para garantir asustentabilida<strong>de</strong>. Visa ainda minimizar os impactos negativos ocasiona<strong>do</strong>s pela antropização;evitar processos erosivos e assoreamentos das nascentes; promover a interação entre as escolas ea comunida<strong>de</strong>, contan<strong>do</strong> com a participação efetiva das crianças. O processo <strong>de</strong> recuperação dasáreas ver<strong>de</strong>s <strong>de</strong>gradadas proporcionou a integração da Secretaria <strong>de</strong> Meio Ambiente com acomunida<strong>de</strong> <strong>do</strong> município. Integração que resulta em plantios para uma melhor qualida<strong>de</strong>ambiental, restabelecen<strong>do</strong> a avifauna, aspectos paisagísticos, melhoramento micro-climático erecomposição da mata ciliar <strong>de</strong> córregos e várzeas <strong>do</strong> município. A população torna-se, assim,consciente da preservação <strong>do</strong> local on<strong>de</strong> mora, envolven<strong>do</strong>-se em sua conservação, manutenção eproteção.77


Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Projeto "Apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> com A Natureza" na Micro-bacia Hidrográfica <strong>do</strong>Ribeirão da Serragem no Município <strong>de</strong> TremembéPainel1º Autor: Ranieri Ribeiro <strong>do</strong>s SantosO Projeto <strong>de</strong> Educação Ambiental “Apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> com a Natureza” integra o Programa Estadual <strong>de</strong>Micro-bacias Hidrográficas, executa<strong>do</strong> pela Casa da Agricultura <strong>de</strong> Tremembé, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2004. Tempor objetivo ampliar para os alunos <strong>do</strong> Ensino Fundamental noções sobre o meio em que vivem esistematizar conhecimentos relaciona<strong>do</strong>s à interação <strong>do</strong> ser humano com o ambiente. Assim,oferece condições para que os alunos possam se apropriar <strong>de</strong> conceitos que envolvem as questõesambientais <strong>de</strong> forma critica e reflexiva. Participam <strong>do</strong> Projeto “Apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> com a Natureza” alunose professores <strong>de</strong> 4 as séries <strong>de</strong> escolas municipais localizadas na Micro-bacia Hidrográfica <strong>do</strong>Ribeirão da Serragem. O Projeto envolve: a utilização <strong>de</strong> um livro <strong>de</strong> apoio didático (Apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong>com a Natureza), por se tratar <strong>de</strong> material pedagógico <strong>de</strong> educação ambiental com enfoquevolta<strong>do</strong> ao meio rural, estabelecen<strong>do</strong> imediata i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> aluno com o colega proveniente dazona rural; capacitação/orientação <strong>de</strong> professores, realizada por meio <strong>de</strong> reuniões periódicas aolongo <strong>do</strong> ano letivo, as quais possibilitam a discussão da proposta e <strong>de</strong> sua aplicação junto aosalunos; estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> meio, através da visita <strong>do</strong>s alunos e professores à Micro-bacia <strong>do</strong> Ribeirão daSerragem; acompanhamento/avaliação da aplicação <strong>do</strong> material. Até o momento, participaram <strong>do</strong>Projeto “Apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> com a Natureza” 511 alunos e 28 professores <strong>de</strong> 7 escolas municipais,obten<strong>do</strong>-se resulta<strong>do</strong>s significativos em termos <strong>de</strong> respostas positivas <strong>de</strong> apropriação <strong>de</strong>conceitos e mudanças <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s por parte <strong>do</strong>s alunos.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Material Didático para Educação Ambiental Voltada aos RecursosHídricos: Um Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> CasoComunicação Oral1º Autor: Marcus Vinícius Sabino PratesUma coleção <strong>de</strong> material didático envolven<strong>do</strong> diversos meios, tais como a miniatura <strong>de</strong> umaEstação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Esgoto usan<strong>do</strong> tecnologia <strong>de</strong> “leito <strong>de</strong> raízes” e animações gráficasmostran<strong>do</strong>: a importância da preservação da vegetação, <strong>do</strong> solo e da água; o funcionamento <strong>de</strong>uma estação meteorológica; meto<strong>do</strong>logia para medidas <strong>de</strong> vazão usan<strong>do</strong> méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> campo;cartilhas e encartes abordan<strong>do</strong> diversos aspectos <strong>de</strong> educação ambiental. Esse material foiproduzi<strong>do</strong> no contexto <strong>do</strong> Projeto Olhan<strong>do</strong> para as Águas <strong>do</strong> Ribeirão das Almas - Caieiras,<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, em resposta ao edital CT-HIDRO/MCT/CNPq-Nº 15/2005 - Popularização daCiência. Envolve a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taubaté, a Associação Amigos <strong>do</strong> Bairro <strong>do</strong> Ribeirão das Almas- Caieiras e a Escola Municipal <strong>de</strong> Ensino Infantil e Fundamental Mário Lemos <strong>de</strong> Oliveira <strong>do</strong>sistema <strong>de</strong> educação municipal <strong>de</strong> Taubaté (SP). Essa sub-bacia contribui para a bacia <strong>do</strong> Rio Una,importante tributário <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul. Foram também <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s vários ví<strong>de</strong>os didáticospara registrar as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> projeto visan<strong>do</strong> enfatizar aspectos da popularização da ciência.Desenvolveu-se também uma página na Internet que apresenta uma <strong>de</strong>scrição da escola, acaracterização física da bacia hidrográfica, o uso atual <strong>do</strong> solo e as Áreas <strong>de</strong> PreservaçãoPermanente da bacia. A página traz ainda curiosida<strong>de</strong>s para fixação <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong>78


sustentabilida<strong>de</strong>, educação ambiental voltada para o uso da água, sala <strong>do</strong> professor comsugestões <strong>de</strong> material didático, <strong>de</strong>claração <strong>do</strong>s direitos da água, entre outros.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Forma <strong>de</strong> apresentação:Estratégias para educação AmbientalEducação ambientalPainel1º Autor: Adauton Apareci<strong>do</strong> VieiraA presença há oito meses no Vale, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Silveiras, com a missão <strong>de</strong> implantar a educaçãoambiental, faz a equipe <strong>de</strong>sse projeto procurar implantar e fortalecer um processo participativo esustentável <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista ambiental. Num primeiro momento, a prática mostra queprecisamos conhecer as pessoas para só posteriormente propor ações, projetos e mudanças.Assim, foi montada a 1ª Semana <strong>do</strong> Meio Ambiente da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Silveiras, com palestras,participação <strong>do</strong> Grêmio Estudantil, participação <strong>de</strong> representantes <strong>do</strong> tropeirismo, das escolas,prefeitura e comunida<strong>de</strong>. To<strong>do</strong>s foram envolvi<strong>do</strong>s e, aproveitan<strong>do</strong> o evento, foram lança<strong>do</strong>s trêsprojetos: o Livro Ambiental, construí<strong>do</strong> pelas crianças da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino; o Tropeiros da Natureza,envolven<strong>do</strong> o la<strong>do</strong> histórico e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservação ambiental da região; e o Guardiões daBocaina, que visa atrair os jovens e a comunida<strong>de</strong> em geral, sensibilizan<strong>do</strong> para sua atuação comoagentes <strong>de</strong> preservação. Essas ações buscam, através <strong>de</strong> instrumentos diferencia<strong>do</strong>s, levar àpreservação e à valorização ambiental, enfatizan<strong>do</strong> a educação ambiental não como um ramo daciência ou uma matéria <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s separada, mas sim como um marco da preservação da própriaexistência.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:O acervo <strong>de</strong> educação ambiental nos sítios eletrônicos das secretarias<strong>de</strong> Educação e <strong>de</strong> Meio Ambiente <strong>de</strong> São PauloPainel1º Autor: Marta Angela Marcon<strong>de</strong>sAo <strong>de</strong>senvolverem ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação ambiental nas escolas em que lecionam, professores <strong>do</strong>ensino básico procuram subsídios em fontes <strong>de</strong> acesso rápi<strong>do</strong> e fácil, como a Internet. Dada aprofusão <strong>de</strong> sítios eletrônicos, é sempre natural que acessem páginas <strong>de</strong> instituições oficiais,como as das secretarias <strong>de</strong> Educação e <strong>de</strong> Meio Ambiente. Decidiu-se, então, em agosto <strong>de</strong> 2006,verificar nos sítios das secretarias da Educação (SE) e <strong>do</strong> Meio Ambiente (SMA) <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo o que o usuário encontra sobre a temática. Na página da SE(http://www.educacao.sp.gov.br) não se localizou qualquer acervo sobre EA, nem no menu nematravés <strong>de</strong> busca<strong>do</strong>res. A página <strong>de</strong> abertura contém uma profusão <strong>de</strong> itens em um conjuntovisualmente confuso, o que dificulta uma busca rápida e objetiva. Em contrapartida, na SMA(http://www.ambiente.sp.gov.br) o menu permite acesso direto a um significativo acervo quedisponibiliza centenas <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos, textos, publicações e legislação. Divulga cursos, indicasítios sobre EA e exibe sinopse <strong>de</strong> obras e ví<strong>de</strong>os que po<strong>de</strong>m ser requisita<strong>do</strong>s pelo usuário. Mas abusca por obras recentes retornou apenas 3 títulos referentes ao ano <strong>de</strong> 2005 e nenhum referentea 2006, sugerin<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atualizações mais freqüentes. Ten<strong>do</strong> em vista a nãolocalização <strong>de</strong> acervo sobre EA no sítio da SE e <strong>de</strong> ponte que estabelecesse ligação com o acervo79


da SMA, fica patente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma maior integração entre as páginas das duassecretarias.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Projeto <strong>de</strong> Educação Ambiental para Taubaté.Comunicação Oral1º Autor: Paulo Francisco Henriques Fernan<strong>de</strong>sA educação ambiental é um <strong>do</strong>s mais importantes e completos instrumentos <strong>de</strong> política públicavolta<strong>do</strong>s à proteção <strong>do</strong> ambiente. A comprovação <strong>de</strong>ssa hipótese conduz este estu<strong>do</strong>, visan<strong>do</strong><strong>de</strong>monstrar que a educação ambiental, quan<strong>do</strong> regionalizada, agrega valores sociais, econômicos,ambientais e culturais fundamentais para a educação. A proposta tem como objetivo: inserir aeducação ambiental (ainda não regulamentada no município <strong>de</strong> Taubaté e em outros da região <strong>do</strong>Vale <strong>do</strong> Paraíba) por via complementar no ensino público, ou seja, a educação ambiental aplicada acada disciplina obrigatória <strong>do</strong> ensino médio e fundamental. Desta forma, obras <strong>de</strong> referênciapo<strong>de</strong>m ser elaboradas para complementar o ensino, assim como cursos <strong>de</strong> capacitação a seremofereci<strong>do</strong>s aos professores neste ciclo inicial. Com isso, po<strong>de</strong>-se inserir uma educação ambientalque transmita às crianças e a<strong>do</strong>lescentes os valores e a importância <strong>do</strong> meio ambiente natural,além da história <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o rico ambiente cultural <strong>de</strong> Taubaté, pouco explora<strong>do</strong>.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Capacitação em Gestão <strong>de</strong> Recursos Hídricos na Bacia <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong>SulPainel1º Autor: Marcelo <strong>do</strong>s Santos TargaO Comitê das Bacias <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul, CBH-PS, conta com um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> membrosprovenientes <strong>de</strong> órgãos públicos e priva<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> organizações não-governamentais queparticipam <strong>de</strong> suas das câmaras técnicas e/ou da plenária para <strong>de</strong>cidir sobre a aplicação <strong>de</strong>recursos em ações <strong>de</strong> recuperação e gestão <strong>de</strong> recursos hídricos. A disseminação <strong>de</strong>conhecimentos básicos po<strong>de</strong>, em última análise, contribuir com a qualida<strong>de</strong> das discussões e<strong>de</strong>cisões <strong>do</strong> Comitê. Em resposta ao Edital MCT/CNPq/CT-HIDRO No 12/2005, Chamada 2 –Cursos presenciais <strong>de</strong> aperfeiçoamento técnico, o presente projeto tem como objetivo acapacitação <strong>de</strong> 50 membros <strong>do</strong> CBH-PS, por meio <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> aperfeiçoamento para pessoaltécnico que atua no comitê. Esta capacitação propiciará conhecer aspectos relaciona<strong>do</strong>s à gestão<strong>de</strong> recursos hídricos, ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s comitês, qualida<strong>de</strong> da água, ciclo hidrológico, conservação <strong>do</strong>solo e da água, e o próprio manejo <strong>de</strong> bacias hidrográficas. Além <strong>do</strong> fortalecimento da capacida<strong>de</strong><strong>do</strong>s técnicos <strong>de</strong> interferir nos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação <strong>do</strong>s recursos naturais, por meio <strong>de</strong> ações<strong>de</strong> gerenciamento basea<strong>do</strong> em preceitos harmoniza<strong>do</strong>s para a melhoria e conservação daqualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água em bacias hidrográficas. O projeto visa também a <strong>de</strong>mocratização<strong>do</strong> acesso ao conhecimento e expansão <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s na gestão <strong>de</strong> recursos hídricos e manejo<strong>de</strong> bacias hidrográficas. Com isso, impulsiona a gestão <strong>de</strong> recursos hídricos na bacia <strong>do</strong> RioParaíba <strong>do</strong> Sul, bem como a produção <strong>de</strong> material técnico sobre os diversos aspectos da gestão <strong>de</strong>recursos hídricos.80


Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Políticas Públicas em Educação Ambiental - Propostas <strong>de</strong> açõespedagógicas no Vale <strong>do</strong> ParaíbaComunicação Oral1º Autor: Adriana Neves da SilvaA inserção das questões culturais, históricas, sociais, econômicas, éticas e ambientais nasrealida<strong>de</strong>s locais e regionais, voltadas à práticas pedagógicas <strong>de</strong> professores, é uma importanteestratégia para implementação <strong>de</strong> políticas públicas em educação ambiental, associada à gestão<strong>do</strong>s recursos hídricos e florestais. Nessa perspectiva, este trabalho aborda propostas alternativas<strong>de</strong> ação pedagógica em educação ambiental, construídas em processo <strong>de</strong> formação continuadapor professores <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Cunha, no Vale <strong>do</strong> Paraíba. Os professores propuseram,elaboraram, <strong>de</strong>senvolveram, implementaram e avaliaram projetos sobre vegetação e água. Aênfase foi na recuperação <strong>de</strong> nascentes <strong>do</strong> entorno das escolas e nos sítios em que moram osalunos, bem como na avaliação da qualida<strong>de</strong> da água <strong>do</strong>s tributários <strong>do</strong>s rios Paraitinga eParaibuna. Outros <strong>do</strong>is temas foram lixo e saneamento, com foco na redução <strong>do</strong>s resíduos rurais,limpeza <strong>do</strong>s ribeirões próximos às escolas, venda <strong>de</strong> material reciclável e construção <strong>de</strong> fossassépticas nas escolas pela comunida<strong>de</strong>. Os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstraram que os projetos queenfocaram problemas e soluções locais, se aproximaram das comunida<strong>de</strong>s. Também traçaramestratégias transforma<strong>do</strong>ras num processo <strong>de</strong> formação em educação ambiental, subsidia<strong>do</strong> pelatroca <strong>de</strong> experiências entre pares e pela parceria com os especialistas em meio ambiente. Otrabalho é parte <strong>do</strong> Projeto “Meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> Cursos <strong>de</strong> Educação Ambiental frente aos PCN nosVales <strong>do</strong> Paraíba e Ribeira – SP”, <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelo Instituto <strong>Floresta</strong>l e Fundação <strong>Floresta</strong>l /SMA,financia<strong>do</strong> pelo Programa <strong>de</strong> Políticas Públicas - Fapesp.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Campanha <strong>de</strong> Conscientização para o uso Racional da ÁguaComunicação Oral1º Autor: Cláudia GrabherO Comitê para Integração da Bacia <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul (Ceivap), iniciou em 2006 a Campanha <strong>de</strong>Conscientização para o Uso Racional da Água, cuja estratégia é criar um processo permanente <strong>de</strong>conscientização junto à socieda<strong>de</strong>, através da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino e <strong>de</strong> instituições civis. Esse processovisa a integração <strong>do</strong>s 180 municípios que compõem a Bacia <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul, num programaon<strong>de</strong> a questão <strong>do</strong>s recursos hídricos seja tratada <strong>de</strong> forma simultânea e contínua em toda aextensão territorial da bacia, apoian<strong>do</strong> a implementação da Política Nacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos.Estão sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s projetos pilotos simultâneos em cinco municípios - Cataguases, Pinheiral,Guaratinguetá, Nova Friburgo e Jacareí, contemplan<strong>do</strong> os três esta<strong>do</strong>s. Em julho foi feita a primeiracapacitação <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res e professores, que ficaram hospeda<strong>do</strong>s no Parque Estadual da Serra<strong>do</strong> Mar, Núcleo Cunha, imersos em oficinas, visitas técnicas, palestras e dinâmicas. Foi enfocada aimportância das florestas para recarga <strong>de</strong> aqüíferos e preservação <strong>de</strong> nascentes. Em visita técnicaa uma das nascentes <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul foi possível visualizar o uso, ocupação <strong>do</strong> solo e o<strong>de</strong>smatamento. No momento estão sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong> educação ambiental emobilização da comunida<strong>de</strong> com os conhecimentos adquiri<strong>do</strong>s. A escola <strong>do</strong> município <strong>de</strong>Guaratinguetá a<strong>do</strong>tou uma nascente para estudar e cuidar junto com os alunos. Nos primeiros81


meses <strong>do</strong> programa, já se po<strong>de</strong> constatar o gran<strong>de</strong> interesse e a<strong>de</strong>são das escolas e a realnecessida<strong>de</strong> da conscientização regional para a preservação das águas <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul.GESTÃO AMBIENTAL, ENERGIA E MEIO AMBIENTE▲ Menção honrosaTítulo:Forma <strong>de</strong> apresentação:▲ Plano <strong>de</strong> Manejo da APA - Área <strong>de</strong> Proteção Ambiental São FranciscoXavier: uma Ação ParticipativaPainel1º Autor: Eliane Aguiar PeixotoSão Francisco Xavier é a APA estadual paulista que se encontra em fase mais adiantada <strong>de</strong>elaboração <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Manejo. Sua área ocupa as cabeceiras <strong>do</strong> Rio <strong>do</strong> Peixe, afluente <strong>do</strong>reservatório <strong>do</strong> Jaguari, importante manancial regional. Este resumo trata da meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong>elaboração <strong>do</strong> Plano. O trabalho foi uma ação <strong>de</strong> planejamento participativo, num processo <strong>de</strong>construção conduzi<strong>do</strong> pela Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Planejamento Ambiental Estratégico e EducaçãoAmbiental–CPLEA, o Conselho Gestor e uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> colabora<strong>do</strong>res. Foi inicia<strong>do</strong> com ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>integração, capacitação e informação <strong>do</strong> grupo e integrou o saber técnico e o saber comunitário. Aestratégia utilizada foi <strong>de</strong> oficinas <strong>de</strong> planejamento nas etapas <strong>de</strong>: informação, sistematização,proposição e consolidação. A oficina <strong>de</strong> informação contemplou apresentações sobre ações epesquisas realiza<strong>do</strong>s na região, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong>-se e mapean<strong>do</strong>-se os principais problemasambientais e oportunida<strong>de</strong>s, e elegen<strong>do</strong> temas prioritários (biodiversida<strong>de</strong>, recursos hídricos,agricultura e turismo). A partir da organização <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s levanta<strong>do</strong>s esboçou-se uma préproposta<strong>de</strong> zoneamento. A segunda oficina envolveu etapas <strong>de</strong> sistematização e proposição,discutin<strong>do</strong>-se e aperfeiçoan<strong>do</strong>-se as zonas sugeridas, sua <strong>de</strong>limitação, características, usosprioritários e programas, permitin<strong>do</strong> à CPLEA aprimorar o mapa e elaborar a minuta <strong>do</strong> texto legal.Na etapa seguinte, oficina <strong>de</strong> consolidação, foi avaliada e aprovada pelo Conselho Gestor a minuta<strong>do</strong> Decreto <strong>do</strong> Plano. O <strong>do</strong>cumento foi submeti<strong>do</strong> a duas audiências públicas e ao CONSEMA e opasso seguinte é sua aprovação.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:▲ O Reuso da Água no Processo <strong>de</strong> Produção numa Indústria <strong>de</strong>Mecânica Pesada da região <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba, Taubaté (SP)Painel1º Autor: Acácio <strong>de</strong> Tole<strong>do</strong> NettoEste trabalho apresenta consi<strong>de</strong>rações sobre o reuso da água no processo <strong>de</strong> produção numaindústria <strong>de</strong> mecânica pesada da região <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba, Taubaté (SP). Insere-se comoinstrumento <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável <strong>do</strong>s recursos hídricos, previsto nos incs. I e II <strong>do</strong> art.2º da Lei 9433/97, e na prevenção <strong>de</strong> danos ambientais. A água é hoje não só um bem <strong>de</strong> <strong>do</strong>míniopúblico, mas, principalmente, um recurso natural limita<strong>do</strong>, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> valor econômico, nos termos82


<strong>do</strong> art. 1o, incs. I e II da mesma lei. A empresa, por meio da Portaria DAEE n. 245 <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> março<strong>de</strong> 2000, foi autorizada a utilizar e/ou interferir nos recursos hídricos <strong>do</strong> ribeirão Pinhão, tambémconheci<strong>do</strong> como córrego José Raimun<strong>do</strong>, para fins <strong>de</strong> atendimento sanitário e industrial, nacaptação <strong>de</strong> 21 mil m 3 /mês. Para melhoria contínua, a empresa <strong>de</strong>senvolve procedimentos <strong>de</strong>aprimoramento <strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Gestão Ambiental basea<strong>do</strong>s na ISO 14000 e legislação pertinente,que foram sistematicamente acompanha<strong>do</strong>s no processo produtivo. Existem, no sistema <strong>de</strong>recuperação da água utilizada, duas torres <strong>de</strong> resfriamento da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gera<strong>do</strong>res que reciclamas águas utilizadas nos troca<strong>do</strong>res <strong>de</strong> calor da área. A instalação das torres nos anos <strong>de</strong> 2001 e2003 foi a causa principal <strong>de</strong> redução no consumo mensal <strong>de</strong> água em m 3 pela indústria. Estetrabalho mostra que as ações da indústria, na otimização e reuso da água, trouxeram não só umasensível contribuição aos custos sociais da não <strong>de</strong>terioração <strong>do</strong>s recursos ambientais, mastambém um significativo custo/benefício para a empresa.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:▲ A Recuperação Ambiental nas Minerações <strong>de</strong> AreiaComunicação Oral1º Autor: Nei<strong>de</strong> AraujoA recuperação ambiental das áreas <strong>de</strong> mineração é um tema <strong>de</strong> interesse <strong>do</strong>s vários setores dasocieda<strong>de</strong> no Vale <strong>do</strong> Paraíba. O objetivo <strong>do</strong> trabalho é avaliar os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> zoneamentoambiental minerário existente na região, enfatizan<strong>do</strong> a revegetação ciliar e permitin<strong>do</strong> maiortransparência sobre a política pública a<strong>do</strong>tada para o setor. O trabalho foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> através daestimativa da área revegetada em cada uma das 154 minerações no trecho entre Jacareí ePindamonhangaba. Analisou-se a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s plantios executa<strong>do</strong>s e os efeitos na paisagem daregião, comparan<strong>do</strong>-se a situação da cobertura vegetal antes (1997) e após os trabalhos <strong>de</strong>revegetação (2005). Os resulta<strong>do</strong>s preliminares apontam que: 42% das empresas têm recupera<strong>do</strong>as áreas <strong>de</strong> forma incipiente ou ausente; 21% <strong>de</strong> forma mediana; e 26% têm andamento equalida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s. Adicionalmente, verificou-se que 70% das minerações encontram-separalisadas ou encerradas. Quanto à significância <strong>do</strong>s plantios executa<strong>do</strong>s, embora tenha existi<strong>do</strong>um aumento <strong>de</strong> 428 hectares para 850 hectares da área ocupada por vegetação florestal nativa naregião, entre 1997 e 2005, pre<strong>do</strong>minam pequenos fragmentos distantes daqueles maiores, àexceção <strong>do</strong> quadro verifica<strong>do</strong> em São José <strong>do</strong>s Campos e Tremembé. Os resulta<strong>do</strong>s apontam anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprimoramento da política pública praticada, através <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novasalternativas <strong>de</strong> recuperação das áreas <strong>de</strong>gradadas e <strong>de</strong> monitoramento, maior envolvimento dasprefeituras e empresários, aprimoramento <strong>do</strong>s plantios, entre outros.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Técnica <strong>de</strong> Análise e Controle Ambiental numa Empresa <strong>de</strong> BebidasPainel1º Autor: Val<strong>de</strong>rez Fernan<strong>de</strong>s RigozoNo processo <strong>de</strong> fabricação da cerveja, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a produção <strong>do</strong> mosto até a parte final noenvasamento, há uma gran<strong>de</strong> geração <strong>de</strong> resíduos que, se não forem <strong>de</strong>vidamente controla<strong>do</strong>s,irão agredir o meio ambiente. Quanto mais se produz, mais resíduos são gera<strong>do</strong>s, o que, por suavez, causa cada vez mais impactos ao meio ambiente. O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é <strong>de</strong>senvolvermetas para o planejamento ambiental <strong>de</strong>ntro da empresa, em todas as fases <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>83


fabricação, através <strong>de</strong> uma análise <strong>de</strong> controle ambiental em sua área <strong>de</strong> instalação. Tambémobjetiva minimizar a utilização <strong>do</strong>s recursos naturais, notadamente a água, através <strong>do</strong>reaproveitamento da mesma em outras ativida<strong>de</strong>s na empresa. Isso é feito através <strong>de</strong> uma análise<strong>de</strong>sses impactos e um posterior controle <strong>do</strong>s mesmos, para se ter uma idéia <strong>do</strong> que está sen<strong>do</strong>impacta<strong>do</strong> e como minimizar esse impacto. No estu<strong>do</strong>, foram tomadas como referências asempresas <strong>de</strong> bebidas Kaiser e Ambev, que se encontram na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jacareí, esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo.Ambas estão localizadas numa região mista, <strong>de</strong> área urbana e rural. Observou-se ainda o tamanho<strong>do</strong> impacto causa<strong>do</strong> por uma empresa ao meio ambiente, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sua área <strong>de</strong> ocupação. Já noprocesso <strong>de</strong> fabricação da cerveja, foi observada a geração <strong>de</strong> resíduos (sóli<strong>do</strong>, líqui<strong>do</strong> e gasoso)em cada uma das três etapas <strong>do</strong> processo. Assim, são apresentadas algumas ações <strong>de</strong> controle<strong>de</strong>sses resíduos gera<strong>do</strong>s.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Avaliação <strong>do</strong> Índice <strong>de</strong> Fases (IF) no Meristema Radicular <strong>de</strong> AlliumCepa nas amostras <strong>de</strong> água <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> SulPainel1º Autor: Flavia Car<strong>do</strong>so LourençoOs esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> São Paulo, Minas Gerais e Rio <strong>de</strong> Janeiro são banha<strong>do</strong>s pelo rio Paraíba <strong>do</strong> Sul, oqual abrange uma área <strong>de</strong> 57 mil quilômetros quadra<strong>do</strong>s. Sua importância está relacionada aoabastecimento industrial, resi<strong>de</strong>ncial, disposição final <strong>de</strong> esgotos e preservação da fauna e flora. Oobjetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi comparar o índice <strong>de</strong> fases (IF) em amostras <strong>de</strong> água <strong>de</strong>ste rio nascida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Taubaté (T2), Tremembé (T3) e Aparecida (T4), em relação ao controle <strong>de</strong> água <strong>de</strong>nascente (T1). O teste Allium foi escolhi<strong>do</strong>, utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> 4 a 7 bulbos para cada cida<strong>de</strong>. Asraízes foram colocadas por 48 horas em água <strong>de</strong> nascente e, em seguida, tratadas por 24 horascom as águas-teste. Após este perío<strong>do</strong>, foram fixadas em solução <strong>de</strong> álcool/áci<strong>do</strong> acético naproporção <strong>de</strong> 3:1, tratadas pela reação <strong>de</strong> Feulgen, esmagadas, congeladas em nitrogênio líqui<strong>do</strong>,para remoção da lamínula, contra–coradas com fast green e montadas em bálsamo. Foramanalisadas 5 mil células para cada tratamento (cida<strong>de</strong>). Os da<strong>do</strong>s foram analisa<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> oIntervalo <strong>de</strong> Confiança (IC) o qual apresentaram os seguintes valores: Prófase(T1=0,0678±0,0371; T2=0,1396±0,0897; T3=0,0366±0,0089; T4=0,0343±0,0075), Metáfase(T1=0,0840±0,0397; T2=0,0500±0,0117; T3=0,0766±0,0212; T4=0,0597±0,0140), Anáfase(T1=0,0505±0,0206; T2=0,0337±0,0099; T3=0,0640±0,0126; T4=0,0430±0,0113), Telófase(T1=0,0115±0,0064; T2=0,0053±0,0017; T3=0,0090±0,0023; T4=0,0062±0,0021).. Essesresulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstram que não houve interferência no IF em relação ao controle, os possíveispoluentes presentes nestas águas não influenciam o ciclo celular <strong>do</strong> organismo testa<strong>do</strong>.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:O Cidadão como Gerencia<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Recursos HídricosComunicação Oral1º Autor: Heros Apareci<strong>do</strong> RibeiroO presente trabalho vem contribuir com um conhecimento teórico, uma informação pública, umaconsulta bibliográfica e um estímulo à reflexão e análise <strong>do</strong> tema recursos hídricos. A água é umrecurso cada vez mais escasso, seja pelo crescimento populacional, com aumento da <strong>de</strong>manda,seja pela redução da oferta, especialmente pela poluição <strong>do</strong>s mananciais. Como um bem finito,84


vulnerável e essencial à vida, ela é abordada no presente trabalho através <strong>de</strong> conceitos, da<strong>do</strong>s ecuriosida<strong>de</strong>s sobre a gestão <strong>de</strong> seu uso, legislação, valores aplica<strong>do</strong>s, proprieda<strong>de</strong>s, importância,reuso, distribuição, preservação e previsões futuras. São também parte integrante <strong>de</strong>ste trabalhoda<strong>do</strong>s estatísticos sobre a opinião das pessoas em relação ao tema. Assim, é apresenta<strong>do</strong> umplano <strong>de</strong> ação volta<strong>do</strong> ao gerenciamento integra<strong>do</strong> <strong>do</strong>s recursos hídricos. A pesquisa foi realizadanas cida<strong>de</strong>s mineiras <strong>de</strong> Belo Horizonte, Juiz <strong>de</strong> Fora, Pieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> (Zona da Mata) e nacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. A meto<strong>do</strong>logia empregada direcionou-se para a coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s simples,com um número reduzi<strong>do</strong> <strong>de</strong> perguntas, não permitin<strong>do</strong> ao entrevista<strong>do</strong> aprofundar-se nasrespostas. Foi elabora<strong>do</strong> um questionário com cinco perguntas diretas, sem réplicas e seminterferência <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r, avalian<strong>do</strong> a informação (ou a <strong>de</strong>sinformação) que as pessoas teriamsobre o tema “uso da água”. A intenção <strong>do</strong> trabalho é fornecer uma informação diferenciada àsocieda<strong>de</strong> sobre a água. Uma conscientização <strong>de</strong> seu real valor econômico, social e ambiental,bem como uma conduta mais séria em relação a seu uso.Título:Tema:Forma <strong>de</strong> apresentação:A Viabilida<strong>de</strong> Técnica e Ecológica da Estrutura <strong>de</strong> Eucalipto nasEdificaçõesEnergia e Meio AmbientePainel1º Autor: Prof. MSc. Gerson Geral<strong>do</strong> Men<strong>de</strong>s FariaEste trabalho teve como objeto avaliar a viabilida<strong>de</strong> técnica e ecológica <strong>do</strong> uso da estrutura <strong>de</strong>eucalipto nas edificações da região <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba paulista. Isso porque o uso <strong>de</strong> tal técnicacresce dia após dia no país, especialmente nesta região. Buscou-se mapear e classificar asflorestas <strong>de</strong> cultivos <strong>de</strong> eucalipto apropriadas ao uso <strong>de</strong> estruturas nas edificações, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>as espécies cultivadas. A finalida<strong>de</strong> foi i<strong>de</strong>ntificar a procedência <strong>do</strong> eucalipto associada àviabilida<strong>de</strong> econômica nos termos da relação custo benefício. I<strong>de</strong>ntificaram-se obras, espécies <strong>de</strong>eucalipto empregadas e características como uniformida<strong>de</strong>, estrutura e resistência mecânica, a fim<strong>de</strong> se apurar qualitativamente o melhor <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> material e ainda avaliar o ciclo <strong>de</strong>vida <strong>do</strong> tratamento <strong>do</strong> eucalipto, além das diferentes espécies <strong>de</strong> eucalipto utilizadas nasestruturas das edificações. Com os resulta<strong>do</strong>s, conclui-se que o re<strong>de</strong>senho <strong>do</strong> mapeamentopermite uma futura manipulação <strong>de</strong> seus da<strong>do</strong>s quanto ao acréscimo ou <strong>de</strong>créscimo da massaflorestal. Notou-se também a pequena quantida<strong>de</strong> <strong>do</strong> cultivo da espécie Eucalyptus citrio<strong>do</strong>ra eque o excesso <strong>de</strong> Usinas <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira concentradas numa única região, po<strong>de</strong>mtrazer um <strong>de</strong>sequilíbrio econômico para o tratamento <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> outras regiões.85


MANEJO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS E SANEAMENTO▲ Menção honrosaTítulo:Forma <strong>de</strong> apresentação:▲ Estimativa <strong>do</strong> Escoamento Superficial para Subsidiar Ações <strong>de</strong>Recuperação <strong>de</strong> Bacias HidrográficasPainel1º Autor: Luiz Sergio Gonçalves AguiarUm <strong>do</strong>s principais problemas ambientais em bacias hidrográficas é o aumento <strong>do</strong> escoamentosuperficial, que tem se constituí<strong>do</strong> um fator <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> preocupação na gestão <strong>do</strong>s recursoshídricos. Com o objetivo <strong>de</strong> avaliar o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> preservação da bacia <strong>do</strong> Itaim, afluente <strong>do</strong> Rio Una,um importante tributário <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul, realizou-se a estimativa <strong>do</strong> escoamento superficialpor meio <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> infiltração em campo. Foi usa<strong>do</strong> infiltrômetro <strong>de</strong> anéis concêntricos,assim como realizadas estimativas <strong>de</strong> escoamento superficial com base no méto<strong>do</strong> Curva-Número. As classes <strong>de</strong> cobertura <strong>do</strong> solo foram mapeadas com base em imagens CBERS, <strong>de</strong> 2003,para refinar o méto<strong>do</strong> Curva-Número. Esse méto<strong>do</strong>, embora <strong>de</strong> fácil aplicação, precisa seradapta<strong>do</strong> à realida<strong>de</strong> local, uma vez que foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> para bacias hidrográficas americanas.Neste experimento, o méto<strong>do</strong> Curva-Número resultou em valores subestima<strong>do</strong>s <strong>do</strong> escoamentosuperficial quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com o méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s anéis concêntricos. Resulta<strong>do</strong>s indicaram que abacia <strong>do</strong> Itaim apresentou valores <strong>de</strong> escoamento superficial que variaram entre 11 e 40 mm, parachuvas <strong>de</strong> 54 mm e 104 mm, respectivamente. Esses da<strong>do</strong>s indicam que esta Bacia está com uso<strong>do</strong> solo ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista hidrológico. Ações para aumentar a infiltração <strong>de</strong>vem serimplementadas, como o repovoamento com essências florestais, preferencialmente nativas. Essetrabalho discute diferentes méto<strong>do</strong>s para estimativa <strong>do</strong> escoamento superficial, como umaferramenta importante para subsidiar ações para recuperação <strong>de</strong> bacias hidrográficas.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:▲ Delimitação das Áreas <strong>de</strong> Recarga no Vale <strong>do</strong> Paraíba Paulista.Painel1º Autor: Nelson Wellausen DiasO objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é i<strong>de</strong>ntificar as áreas <strong>de</strong> recarga <strong>de</strong> água subterrânea na região <strong>do</strong> Vale<strong>do</strong> Paraíba Paulista, por meio <strong>do</strong> levantamento e formação <strong>de</strong> um cadastro <strong>de</strong> da<strong>do</strong>shidrogeológicos (climáticos e geológicos), interpretação <strong>de</strong> estruturas geológicas com base emimagens <strong>de</strong> satélite, e geração <strong>de</strong> mapas e cartas temáticas digitais que auxiliem nogerenciamento <strong>do</strong>s recursos hídricos subterrâneos. Para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, foinecessário levantar da<strong>do</strong>s cadastrais <strong>do</strong>s poços tubulares construí<strong>do</strong>s na bacia hidrográfica para:realização <strong>do</strong> inventário hidrogeológico; compilação <strong>do</strong>s mapeamentos geológicos da BaciaSedimentar <strong>de</strong> Taubaté e das rochas <strong>do</strong> embasamento cristalino; caracterização hidrodinâmica <strong>do</strong>ssistemas aqüíferos, segun<strong>do</strong> as litologias, utilizan<strong>do</strong>-se da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> testes <strong>de</strong> vazão; <strong>de</strong>finição dasunida<strong>de</strong>s climáticas; e i<strong>de</strong>ntificação das características morfo-estruturais da região, associadas aoprocesso <strong>de</strong> infiltração e recarga <strong>do</strong> aqüífero. Gran<strong>de</strong> parte da região tem seu abastecimento86


público e das indústrias proveniente <strong>de</strong> poços profun<strong>do</strong>s. Diante <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>, os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>trabalho permitirão <strong>de</strong>terminar em <strong>de</strong>talhe a localização <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> recarga, a nível regional, parafuturas ações <strong>de</strong> preservação e conservação <strong>de</strong>ssas áreas, que resultem na manutenção daqualida<strong>de</strong> e incremento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa fonte <strong>de</strong> abastecimento. Este trabalho tem o apoio <strong>do</strong>CBH-PS e financiamento <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos (FEHIDRO).Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:▲ Geoprocessamento Aplica<strong>do</strong> na Avaliação Morfométrica <strong>de</strong>Microbacias.Painel1º Autor: Alexandre Monteiro da SilvaSerra da Mantiqueira ocupa uma posição privilegiada no que tange à paisagem natural, além <strong>de</strong>ser um importante forma<strong>do</strong>r <strong>de</strong> águas da bacia <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul, recurso hídrico fe<strong>de</strong>ral queabastece a região <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional <strong>do</strong> Brasil. O trabalho objetivou avaliar ascaracterísticas morfométricas das micro-bacias hidrográficas Benfica e Tabuleta, afluentes <strong>do</strong> RioParaíba <strong>do</strong> Sul e responsáveis pelo abastecimento urbano <strong>de</strong> Piquete (SP). Foram utiliza<strong>do</strong>smateriais cartográficos, fotografias aéreas, imagens orbitais, sistema <strong>de</strong> posicionamento global(GPS) e softwares <strong>de</strong> SIG. Os parâmetros físicos da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem sugerem uma diferenciaçãohidrológica entre as micro-bacias estudadas, evi<strong>de</strong>nciada pelos valores numéricos das variáveis <strong>do</strong>relevo, dimensionais, composição e <strong>do</strong> padrão <strong>de</strong> drenagem. Os resulta<strong>do</strong>s mostram também queo escoamento foi maior no Benfica, pois a razão <strong>de</strong> bifurcação para os segmentos secundário eterciário é o <strong>do</strong>bro no Tabuleta. As variáveis <strong>do</strong> padrão <strong>de</strong> drenagem - <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem,freqüência <strong>de</strong> rios, razão <strong>de</strong> textura e extensão <strong>do</strong> percurso superficial - foram maiores noBenfica, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao relevo mais aci<strong>de</strong>nta<strong>do</strong> e porque apresenta compatibilida<strong>de</strong> com as condiçõesda relação infiltração/<strong>de</strong>flúvio. O coeficiente <strong>de</strong> manutenção <strong>do</strong> Benfica foi menor que o <strong>do</strong>Tabuleta, refletin<strong>do</strong> as condições <strong>de</strong> drenagem das áreas estudadas. Os valores das variáveis <strong>do</strong>relevo - razões <strong>de</strong> relevo e <strong>de</strong> relevo relativo, índice <strong>de</strong> rugosida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> média da encosta- foram maiores na MBH <strong>do</strong> Benfica, enquanto que somente a amplitu<strong>de</strong> altimétrica foi maior noTabuleta.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Projeto Piloto <strong>de</strong> Recarga Artificial na Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Una,TaubatéPainel1º Autor: Hélio Nóbile DinizEste projeto tem por finalida<strong>de</strong> viabilizar o uso sustentável <strong>do</strong>s recursos hídricos, empregan<strong>do</strong>técnicas <strong>de</strong> recarga artificial na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Una, em Taubaté. É um projeto empolíticas públicas, parceria <strong>do</strong> Instituto Geológico com a Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Taubaté, ecolaboração <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciências Ambientais da UNITAU, que objetivaoferecer subsídios técnicos ao gerenciamento das águas subterrâneas no município. A capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> recarga natural <strong>do</strong>s aqüíferos da bacia <strong>do</strong> rio Una está sen<strong>do</strong> avaliada através da caracterização<strong>do</strong>s índices físicos <strong>do</strong>s solos, classificação textural e mineralógica e realização <strong>de</strong> balanço hídricoclimatológico. As principais ativida<strong>de</strong>s são a medição e o monitoramento <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> água <strong>do</strong>saqüíferos freático e profun<strong>do</strong>, através <strong>de</strong> piezômetros e poços profun<strong>do</strong>s. Está sen<strong>do</strong> realizada a87


caracterização hidráulica, hidroquímica e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> das águas <strong>do</strong>s aqüíferos freático eprofun<strong>do</strong>. As técnicas implementadas trarão benefícios à macro-drenagem, oferecen<strong>do</strong> aumentoda disponibilida<strong>de</strong> hídrica subterrânea. Análises químicas e bacteriológicas <strong>de</strong> águas captadas nospiezômetros permitiram caracterizar a condição <strong>de</strong> contaminação <strong>do</strong> aqüífero freático porchumbo, cromo e bactérias fecais. Testes <strong>de</strong> vazão permitiram caracterizar os parâmetroshidráulicos <strong>do</strong>s aqüíferos. Os solos mostram gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infiltração e os aqüíferosprofun<strong>do</strong>s, confina<strong>do</strong>s, muito boa produtivida<strong>de</strong>.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Uso <strong>do</strong> Solo e Qualida<strong>de</strong> da Água: Gestão da Bacia Hidrográfica <strong>do</strong>Reservatório JaguariComunicação Oral1º Autor: Lina Maria AchéA sub-bacia <strong>do</strong> Jaguari integra a bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul, on<strong>de</strong> se compartilham diversos usos –irrigação, consumo industrial, abastecimento público, produção elétrica, entre outros. Em outraescala, esta bacia é estratégica, engloban<strong>do</strong> São Paulo, Minas Gerais e Rio <strong>de</strong> Janeiro. Este estu<strong>do</strong>objetivou subsidiar e capacitar o sub-comitê <strong>do</strong> Jaguari, o comitê <strong>do</strong> Paraíba e as prefeiturasmunicipais da bacia <strong>do</strong> Jaguari para a elaboração e implementação da Lei Específica, planejamentoe gestão <strong>do</strong>s recursos hídricos, conforme <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s pela Lei Estadual 9866/97, que instituiu aPolítica <strong>de</strong> Proteção aos Mananciais <strong>de</strong> Interesse Regional <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo. O trabalhoenvolveu: a formação <strong>de</strong> um banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s georreferencia<strong>do</strong> da bacia com informaçõessocioambientais, <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> solo e infra-estrutura <strong>de</strong> saneamento; correlação entre uso e ocupação<strong>do</strong> solo e a qualida<strong>de</strong> ambiental <strong>do</strong> território através <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo matemático valida<strong>do</strong>cientificamente, calibra<strong>do</strong> para a bacia através <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água; e <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>áreas <strong>de</strong> intervenção e formulação <strong>de</strong> diretrizes e normas ambientais e urbanísticas <strong>de</strong> uso eocupação <strong>do</strong> solo. Os resulta<strong>do</strong>s parciais e finais <strong>do</strong> trabalho foram apresenta<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>bati<strong>do</strong>s eaprimora<strong>do</strong>s em reuniões públicas na região. Os levantamentos e análises <strong>de</strong>senvolvidas noestu<strong>do</strong> representam uma contribuição para o início <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> planejamento ambiental e parao engajamento <strong>do</strong>s atores locais. A participação obtida nas reuniões <strong>de</strong> acompanhamento <strong>do</strong>strabalhos revela ser promissora a gestão participativa em áreas <strong>de</strong> mananciais.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Análise físico-ambiental da bacia <strong>do</strong> rio Una: suporte à análise físicoquímicada águaPainel1º Autor: Eltalane Sampaio <strong>de</strong> OliveiraBacias hidrográficas vêm sen<strong>do</strong> estudadas em termos <strong>de</strong> diagnóstico, planejamento e análisesambientais, dada à importância <strong>do</strong> entendimento da interação <strong>do</strong>s ecossistemas com as ativida<strong>de</strong>santrópicas, observa<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> uma visão sistêmica. A correlação entre observações à distânciae parâmetros medi<strong>do</strong>s in loco traz benefícios importantes para avaliação da qualida<strong>de</strong> da água. Ocaráter abrangente <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, e pontual <strong>de</strong> outro, assim como a natureza dinâmica <strong>do</strong>scomponentes da água, dificultam correlações significativas. O presente trabalho teve comoobjetivo caracterizar as influências antrópicas, observadas pela alteração da paisagem, à montante<strong>de</strong> pontos que serão utiliza<strong>do</strong>s como base <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> água para análises físico-químicas da88


acia <strong>do</strong> rio Una. Os pontos <strong>de</strong> coleta para análise da água foram <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s na foz <strong>do</strong>s afluentes<strong>do</strong> rio Una, na confluência <strong>do</strong>s rios Rocinha e ribeirão das Almas, e na foz da bacia <strong>do</strong> Una no rioParaíba <strong>do</strong> Sul. Para tal estu<strong>do</strong>, realizou-se a interpretação <strong>de</strong> imagens <strong>do</strong> satélite CBERS e <strong>de</strong>fotografias aéreas ortorretificadas, para a geração <strong>de</strong> um mapa para cada sub-bacia conten<strong>do</strong> ostemas: drenagem, uso e ocupação <strong>do</strong> solo e cobertura vegetal. A obtenção <strong>de</strong>ssas informações foipossível com o uso <strong>do</strong> software SPRING, v. 4.3. Espera-se com a aplicação <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong>geoprocessamento, caracterizar a situação atual física e ambiental das sub-bacias <strong>do</strong> rio Una,para, mais tar<strong>de</strong>, confrontar com as análises <strong>do</strong>s parâmetros físico-químicos e apontar as causasespecíficas da <strong>de</strong>gradação. O objetivo final é subsidiar ações que visem a melhoria da qualida<strong>de</strong>ambiental <strong>de</strong>ste rio.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Mapeamento das áreas <strong>de</strong> inundações das planícies aluviais <strong>de</strong>Guaratinguetá através <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> GeoprocessamentoPainel1º Autor: Meire Regina <strong>de</strong> Almeida SiqueiraAs inundações são hoje um gran<strong>de</strong> problema para as áreas urbanizadas brasileiras, causan<strong>do</strong>prejuízos econômicos e sociais. Entre as cida<strong>de</strong>s brasileiras afetadas por este problema, po<strong>de</strong>mosincluir Guaratinguetá, no Vale <strong>do</strong> Paraíba, esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Espremida pela Serra <strong>do</strong> Quebra-Cangalha, a cida<strong>de</strong> cresceu às margens <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul. Durante o verão, principalmente nosverões mais úmi<strong>do</strong>s, as ocupações urbanas junto às planícies aluviais que margeiam o Rio Paraíba<strong>do</strong> Sul, em Guaratinguetá, sofrem freqüentemente inundações, sejam elas pluviais ou fluviais. Afalta <strong>de</strong> um planejamento urbano que levasse em conta as questões hidroambientais e técnicas <strong>de</strong>drenagem eficientes tem agrava<strong>do</strong> ainda mais o problema. É objetivo <strong>de</strong>ste trabalho mapear asáreas <strong>de</strong> inundações, fazen<strong>do</strong> uso das técnicas <strong>de</strong> geoprocessamento com base no SPRING eimagens CBERS. As áreas inundáveis foram caracterizadas levan<strong>do</strong>-se em conta o relevo, ageologia e o comportamento pluviométrico e fluviométrico <strong>de</strong>sta região, utilizan<strong>do</strong>-se da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>DAEE, EMPRAPA e CPTEC/INPE. Como resulta<strong>do</strong>, gerou-se uma carta georreferenciada das áreasinundáveis das planícies aluviais urbanas <strong>de</strong> Guaratinguetá, a qual po<strong>de</strong>rá contribuir parasubsidiar obras <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> enchentes, bem como para a elaboração <strong>do</strong> plano diretor <strong>de</strong>drenagem urbana.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Sistema <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Efluentes Domésticos por leito cultiva<strong>do</strong>:uma proposta <strong>de</strong> saneamento para comunida<strong>de</strong>s ruraisComunicação Oral1º Autor: Teresa Blandina Castro RibasDa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE (2000), <strong>de</strong>monstram que, no Brasil, 47,2% <strong>do</strong>s 50 milhões <strong>de</strong> <strong>do</strong>micílios nãopossuem re<strong>de</strong> coletora <strong>de</strong> esgoto nem fossa séptica, e que o problema é mais acentua<strong>do</strong> nascomunida<strong>de</strong>s rurais e <strong>de</strong> baixa renda. Estu<strong>do</strong>s indicam que 90% <strong>do</strong>s lançamentos <strong>de</strong> efluentes<strong>do</strong>mésticos ocorrem diretamente nos cursos d’água. Portanto, a disposição a<strong>de</strong>quada <strong>do</strong>s esgotosé essencial para a proteção da saú<strong>de</strong> pública e <strong>do</strong>s recursos naturais. O sistema <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong>efluentes <strong>do</strong>mésticos por leito cultiva<strong>do</strong>, em operação no município <strong>de</strong> Jacareí <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2004,apresenta uma proposta <strong>de</strong> biotecnologia apropriada <strong>de</strong> saneamento básico para comunida<strong>de</strong>s89


urais. Trata-se <strong>de</strong> um sistema físico-biológico acresci<strong>do</strong> <strong>de</strong> leito radicular no qual o efluentebruto passa, primeiramente, por um tanque séptico. Em seguida é distribuí<strong>do</strong>, através <strong>de</strong> umare<strong>de</strong> <strong>de</strong> tubulação <strong>de</strong> PVC perfurada, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> leito cultiva<strong>do</strong>, construí<strong>do</strong> em concreto epreenchi<strong>do</strong> por uma camada <strong>de</strong> brita nº 2 e areia. Sobre a brita, foram cultivadas 50 mudas <strong>de</strong>Zante<strong>de</strong>schia aethiopica (Copo-<strong>de</strong>-leite). Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em <strong>de</strong>z análises laboratoriais,realizadas com apoio <strong>do</strong> Laboratório Quimlab Química e Metrologia Ltda, apresentaram umaredução média entre os efluentes bruto e trata<strong>do</strong> <strong>de</strong>: 86% <strong>de</strong> DBO; 89% <strong>de</strong> DQO; 99% <strong>de</strong>Coliformes Fecais e Totais; 46% <strong>de</strong> Nitrogênio Amoniacal; 45% <strong>de</strong> Nitrogênio Total; 45% <strong>de</strong> FosfatoTotal e ausência <strong>de</strong> Toxicida<strong>de</strong>. O sistema apresentou simples implantação, fácil operacionalida<strong>de</strong>e não <strong>de</strong>man<strong>do</strong>u energia, caracterizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>sta maneira, como um sistema auto-sustentável <strong>de</strong>saneamento básico para comunida<strong>de</strong>s rurais.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Tratamento <strong>de</strong> Efluentes Domésticos por Leito Cultiva<strong>do</strong> Segui<strong>do</strong> <strong>de</strong>Disposição no SoloComunicação Oral1º Autor: Paulo Fortes NetoO efluente <strong>do</strong>méstico, por ser resíduo altamente poluí<strong>do</strong>, promove sérios impactos ambientaisquan<strong>do</strong> disposto diretamente em cursos d’água. O sistema <strong>de</strong> leito cultiva<strong>do</strong>, segui<strong>do</strong> da prática<strong>de</strong> disposição no solo, caracteriza-se como uma tecnologia simples e <strong>de</strong> baixo custo para otratamento <strong>de</strong> esgotos. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a eficiência <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong>tratamento <strong>de</strong> efluentes por leito cultiva<strong>do</strong>, implanta<strong>do</strong> na área <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> CiênciasAgrárias da UNITAU. Também visa avaliar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte <strong>do</strong> solo na retenção <strong>de</strong> matériaorgânica, substâncias químicas e patógenos, quan<strong>do</strong> <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> efluente pré-trata<strong>do</strong> no leitocultiva<strong>do</strong> são aplicadas no solo. O monitoramento será realiza<strong>do</strong> por meio <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> efluentecoletadas na entrada e saída <strong>do</strong> leito, por meio <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> águas subterrâneas coletadas emtrês piezômetros na profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 5 metros, e por amostras <strong>de</strong> solo coletadas até umaprofundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 4 metros. A periodicida<strong>de</strong> das análises será bimestral durante oito meses. Asvariáveis físico-químicas e microbiológicas a serem avaliadas são: Temperatura, pH,Condutivida<strong>de</strong> elétrica, DBO, DQO, OD, N-amoniacal, Nitrogênio Total Kjeldahl, Nitrato, Nitrito,Mercúrio, Chumbo, Bário, Ferro, Zinco, Coliformes termotolerantes e totais, oocistos <strong>de</strong>Cryptosporidium sp, cistos <strong>de</strong> Giardia spp e ovos <strong>de</strong> helmintos. As coletas e análises seguirão osprocedimentos <strong>de</strong>scritos no Standards Methods For The Examination Of Water and Wastewater20th Ed. Como resulta<strong>do</strong>s, estima-se obter padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> águas subterrâneas <strong>de</strong>acor<strong>do</strong> com a Portaria 518/04 <strong>do</strong> Ministério da Saú<strong>de</strong>.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Proposta <strong>de</strong> Implantação <strong>do</strong> Gerenciamento <strong>do</strong>s Recursos Hídricos <strong>de</strong>Bacias Hidrográficas nos Municípios <strong>de</strong> SPPainel1º Autor: Marina da Silva CarvalhoConsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o problema da escassez da água potável no mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong> e da falta <strong>de</strong> participaçãoativa <strong>do</strong>s representantes <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo nas reuniões <strong>do</strong>s Comitês <strong>de</strong>Bacias Hidrográficas (CBH) - sen<strong>do</strong> que estes representantes municipais possuem po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> voto –90


surgiu a idéia <strong>de</strong> realização <strong>de</strong>ste trabalho. Foram analisadas legislações, tanto Fe<strong>de</strong>ral comoEstadual, para dar o embasamento legal necessário à implementação <strong>do</strong> projeto. Foi selecionada amicro-bacia como unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, visto que há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pertencer a um únicomunicípio. Para a caracterização da bacia, foram seleciona<strong>do</strong>s artigos <strong>de</strong> livros, homepages e opróprio conhecimento adquiri<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> graduação. Para o gerenciamento, foramestudadas meto<strong>do</strong>logias, <strong>de</strong>ntre as quais a utilizada, proveniente <strong>de</strong> informações cedidas ementrevista, com enfoque nos recursos hídricos. Quanto aos instrumentos <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong>informações, foram seleciona<strong>do</strong>s alguns para explicação específica, enquanto a análise <strong>de</strong>stasinformações po<strong>de</strong> ser feita por fórmulas empíricas. Com relação ao armazenamento,processamento e atualização <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, foi <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> o uso <strong>do</strong>s Sistemas <strong>de</strong> InformaçãoGeográfica, dan<strong>do</strong> importância <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a entrada <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s até a configuração final <strong>de</strong> cada baciahidrográfica. E como conclusão, chegou-se ao seguinte: a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maior participação <strong>do</strong>srepresentantes <strong>do</strong>s municípios ten<strong>do</strong> em vista a maior clareza <strong>de</strong> informações quanto àsmicrobacias hidrográficas, para melhor aplicar o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> voto e auxiliar também no atual Sistema<strong>de</strong> Gerenciamento Estadual.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Substituição <strong>de</strong> cobertura vegetal / SAF simplesPainel1º Autor: Marco Aurélio Tavares BastosCom objetivo <strong>de</strong> mostrar resulta<strong>do</strong>s vivos <strong>de</strong> um processo prático, fácil, rentável, eficiente epermanente, o trabalho utilizou o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> sistema agroflorestal (SAF) em linha com adubaçãover<strong>de</strong> e coquetel <strong>de</strong> sementes em SAF <strong>de</strong> baixo manejo. Foram feitas duas intervenções cominteração <strong>de</strong> escolas e crianças, colheita <strong>de</strong> sementes e comprometimento das florestas Osresulta<strong>do</strong>s são: implantação barata e fácil <strong>do</strong> sistema, <strong>de</strong> eficiência comprovada, pois no processosão produzi<strong>do</strong>s vários exce<strong>de</strong>ntes que viabilizam e convencem o agricultor a utilizar esta técnicana recomposição <strong>de</strong> mata ciliar. O trabalho trata <strong>de</strong> um pequeno espaço <strong>de</strong> experiência <strong>de</strong> troca<strong>de</strong> cobertura (braquiária) sem manejo <strong>de</strong> capinas. Como fontes, utilizou-se livro <strong>de</strong> Jorge Vivan,três cursos com Ernst Goetsch, e muita observação na mata. O objetivo é mostrar a experiência <strong>de</strong>substituição <strong>de</strong> cobertura viva (gramíneas, braquiárias) em áreas <strong>de</strong> manancial para refazer asmatas ciliares. O sistema agroflorestal simples, em linha, com adubação ver<strong>de</strong> e coquetel <strong>de</strong>sementes, foi introduzi<strong>do</strong> na bacia <strong>do</strong> ribeirão <strong>de</strong> Santa Bárbara, efluente <strong>do</strong> rio <strong>do</strong> Peixe, parte dabacia <strong>do</strong> Jaguaribe, que por sua vez integra a bacia <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Citotoxicida<strong>de</strong> e Genotoxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Amostras <strong>de</strong> Água da Bacia <strong>do</strong> RioTapanhon, em Pindamonhamgaba (SP)Painel1º Autor: Alexandre <strong>de</strong> Morais AmaralEfluentes <strong>do</strong>mésticos e industriais têm contribuí<strong>do</strong> para o comprometimento das águasdisponíveis para o consumo humano. O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi avaliar a presença <strong>de</strong>substâncias indutoras <strong>de</strong> efeitos citotóxicos e genotóxicos em amostras <strong>de</strong> água da bacia <strong>do</strong> rioTapanhon, em Pindamonhangaba (SP). Para tanto, foram coletadas 4 amostras <strong>de</strong> água, sen<strong>do</strong> uma<strong>do</strong> rio Tapanhon e uma <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> seus afluentes: córrego Primeira Água, córrego Segunda91


Água e ribeirão Galega, além <strong>de</strong> uma amostra <strong>de</strong> nascente proveniente da bica Borba para ocontrole negativo. Seis bulbos <strong>de</strong> Allium cepa foram submeti<strong>do</strong>s a cada uma das amostras por 24horas. Foram retiradas todas as raízes <strong>de</strong> cada bulbo, fixadas em etanol/áci<strong>do</strong> acético 3:1 e, com aporção meristemática, prepararam-se lâminas, submeten<strong>do</strong>-as à reação <strong>de</strong> Feulgen contracoran<strong>do</strong>com fast green. Foram analisadas 3 raízes <strong>de</strong> cada bulbo, 6 mil células, para avaliaralterações <strong>do</strong> índice mitótico (IM) e ocorrências <strong>de</strong> micronúcleos (MNC), além <strong>de</strong> 300 células nasfases <strong>de</strong> metáfase/anáfase mitótica, para averiguar a incidência <strong>de</strong> aberrações cromossômicas(AC). O IM mostrou-se altera<strong>do</strong> e houve aumento em to<strong>do</strong>s os pontos testa<strong>do</strong>s. Porém, apenas asamostras Primeira Água e Galega apresentaram diferenças estatísticas (p < 0,05), quan<strong>do</strong>comparadas ao controle para análise <strong>de</strong> AC, o qual foi significativo em todas as amostras.Segun<strong>do</strong> o Intervalo <strong>de</strong> Confiança, a ocorrência <strong>de</strong> MNC não foi significante em nenhuma dasamostras. Estes da<strong>do</strong>s sugerem que ao longo <strong>de</strong>sta bacia há substâncias indutoras <strong>de</strong> efeitocitotóxico e genotóxico que promoveram alterações no organismo testa<strong>do</strong>.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Diagnóstico Ambiental da Bacia <strong>do</strong> Una: Caracterização <strong>do</strong>s ProblemasCríticosPainel1º Autor: Celso <strong>de</strong> Souza CatelaniCom apoio <strong>do</strong> CBH-PS e suporte financeiro <strong>do</strong> Fehidro foi realiza<strong>do</strong> um projeto para aimplementação <strong>de</strong> um banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s ambientais para a bacia <strong>do</strong> Rio Una, bacia prioritária noPlano <strong>de</strong> Bacias <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul. Dessa forma, diversos meios foram utiliza<strong>do</strong>s para suacaracterização incluin<strong>do</strong> aerolevantamento, ortofotos, mapeamento <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> solo, <strong>de</strong> áreasprotegidas e da vulnerabilida<strong>de</strong> natural, com suporte <strong>de</strong> sobrevôos e intenso trabalho <strong>de</strong> campopara se verificar os problemas críticos da bacia. O assoreamento <strong>de</strong> rios e nascentes nessa região<strong>de</strong> intensa agropecuária, em situação <strong>de</strong> relevo movimenta<strong>do</strong>, tem si<strong>do</strong> muito intenso. As estradasrurais constituem-se, pela precária condição <strong>de</strong> projeto, <strong>de</strong> uso e manutenção, num <strong>do</strong>s maioresagravantes da dinâmica <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> sedimentos. Tanto pela impermeabilização <strong>de</strong>corrente dacompactação <strong>do</strong> leito trafegável quanto pela concentração das enxurradas em suas margens. Issopromove, pela força hidráulica, um gran<strong>de</strong> trabalho mecânico <strong>de</strong> erodibilida<strong>de</strong> e transporte <strong>de</strong>material. Nesse contexto, o presente trabalho constatou que a proximida<strong>de</strong> entre o traça<strong>do</strong> dasvias <strong>de</strong> acesso e a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem, associa<strong>do</strong> à <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> terreno, convergem para oagravamento <strong>de</strong>sta dinâmica. Constituem-se no problema mais grave <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> sedimentos ecatalisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> voçorocas, segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> práticas ina<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> reforma <strong>de</strong> pastagens, com araçãomorro abaixo, em áreas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>. A análise <strong>de</strong> uma sub-bacia <strong>do</strong> Una (ribeirão dasAntas) <strong>de</strong>monstrou que 87,5% das vias <strong>de</strong> acesso situam-se entre 0 e 100 metros <strong>de</strong> distância <strong>do</strong>srios forma<strong>do</strong>res da bacia.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Impactos da Ocupação Humana na Micro- bacia <strong>do</strong> Rio Bate<strong>do</strong>r,Cruzeiro (SP)Painel1º Autor: Rubens Torres Curvello92


A bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul, situada numa região industrializada e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1994, quan<strong>do</strong> foi implanta<strong>do</strong> o Comitê das Bacias Hidrográficas <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul (CBH-PS)para o trecho paulista, tem si<strong>do</strong> objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s sobre bacias hidrográficas como unida<strong>de</strong>sterritoriais integra<strong>do</strong>ras da gestão <strong>de</strong> recursos hídricos. Estas são fundamentais para apreservação da qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> da água, essenciais à vida. O rio Bate<strong>do</strong>r, no município <strong>de</strong>Cruzeiro (SP), é um subafluente <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul. Tem sua foz localizada nas coor<strong>de</strong>nadas 22° 31’0,63’’S e 45° 01’ 2,07’’O e <strong>de</strong>ságua no rio Passa Vinte, contribuinte <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul. Com baseem técnicas <strong>de</strong> sensoriamento remoto e geoprocessamento foi caracterizada a re<strong>de</strong> hidrográficada bacia <strong>do</strong> Bate<strong>do</strong>r, assim como as classes <strong>de</strong> cobertura e ocupação <strong>do</strong> solo. A análise revelouproblemas no uso ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>do</strong> solo e <strong>do</strong>s recursos hídricos na bacia <strong>do</strong> rio Bate<strong>do</strong>r. Dessaforma, esse trabalho está avalian<strong>do</strong> os impactos da ocupação humana nesta bacia para subsidiarações <strong>de</strong> educação ambiental. Leva-se em conta o “Direito ao Meio Ambiente EcologicamenteEquilibra<strong>do</strong>” previsto no artigo 225 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, bem como o reconhecimento daeducação ambiental como instrumento <strong>de</strong> ação fundamental para o processo <strong>de</strong> transformação darealida<strong>de</strong>, com o envolvimento <strong>de</strong> alunos <strong>do</strong> ensino fundamental e médio, assim como dacomunida<strong>de</strong> que resi<strong>de</strong> na bacia.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Avaliação Preliminar da Toxicida<strong>de</strong> gerada por Ativida<strong>de</strong>s Rurais emAfluentes <strong>do</strong> Rio Sete VoltasPainel1º Autor: Lucilly Hauke <strong>de</strong> OliveiraOs recursos hídricos normalmente só são estuda<strong>do</strong>s <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fortemente impacta<strong>do</strong>s. Oacompanhamento da qualida<strong>de</strong> da água <strong>de</strong> ambientes ainda pouco explora<strong>do</strong>s torna-se umaferramenta importante para uma maior eficiência <strong>do</strong> manejo <strong>de</strong> bacias hidrográficas. A ferramentaé uma forma <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolverem programas <strong>de</strong> gestão e previsão <strong>de</strong> impactos. O objetivo <strong>do</strong>presente trabalho foi realizar, <strong>de</strong> forma geral e simplificada, o monitoramento da qualida<strong>de</strong> daságuas <strong>do</strong>s afluentes <strong>do</strong> Rio Sete Voltas, localiza<strong>do</strong> na Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Una, Taubaté (SP).Utilizou-se o teste <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> aguda com os micro-crustáceos Daphnia similis. A eficiência <strong>do</strong>uso <strong>do</strong> teste <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> para a obtenção <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s problemas gera<strong>do</strong>s pelas ativida<strong>de</strong>srurais está sen<strong>do</strong> avaliada em oito pontos <strong>de</strong> coleta quinzenal. Os resulta<strong>do</strong>s parciais obti<strong>do</strong>s emum perío<strong>do</strong> sazonal <strong>de</strong> baixa pluviosida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstraram que os impactos nos afluentes <strong>do</strong> rioSete Voltas ainda não apresentam alterações suficientes para gerar toxicida<strong>de</strong>. Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> longaduração po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>monstrar a evolução <strong>de</strong>sses impactos nessas micro-bacias.Título:Forma <strong>de</strong> apresentação:Avaliação da Toxicida<strong>de</strong> Aguda no Ribeirão Itaim, Taubaté (SP),utilizan<strong>do</strong> os Bioindica<strong>do</strong>res Daphnia similisPainel1º Autor: Lívia Bassan Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> DeusO Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul compõe uma bacia hidrográfica <strong>de</strong> mesmo nome, constituí<strong>do</strong> por uma amplare<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem que permeia e abastece a maioria <strong>do</strong>s municípios da região <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba.Uma <strong>de</strong> suas sub-bacias mais importantes é a <strong>do</strong> rio Una, localizada em Taubaté (SP). Essa baciahidrográfica, por atravessar áreas com usos diversifica<strong>do</strong>s, sofre impactos antrópicos que93


influenciam na qualida<strong>de</strong> da água, tornan<strong>do</strong>-a imprópria para os mais diversos usos. Um <strong>de</strong> seustributários, o rio Itaim, vem sofren<strong>do</strong> impactos crescentes e <strong>de</strong>mandan<strong>do</strong> o necessáriocompanhamento das alterações da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas águas. O trabalho tem como objetivo avaliara ocorrência <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> aguda, utilizan<strong>do</strong>-se o bioindica<strong>do</strong>r Daphnia similis, em amostrascoletadas em três pontos <strong>de</strong> interferência mais acentuada ao longo <strong>de</strong>sta bacia. Os resulta<strong>do</strong>spreliminares, levanta<strong>do</strong>s em perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> baixos índices pluviométricos, <strong>de</strong>monstraram não haverações <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação suficientes para gerar toxicida<strong>de</strong> no trecho estuda<strong>do</strong>, <strong>de</strong>notan<strong>do</strong> anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> para obter-se uma avaliação <strong>de</strong> toda a interferênciasazonal no corpo hídrico.94

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