orientar na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões, e ter também uma completu<strong>de</strong>, apresentar todas asmeto<strong>do</strong>logias usadas para se chegar a ele. Por fim, precisa ser transparente e ter a capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> ser rastrea<strong>do</strong> e contabiliza<strong>do</strong>.Hoje, já existem alguns indica<strong>do</strong>res para manejar a biodiversida<strong>de</strong> no mun<strong>do</strong>. Elesexistem porque biodiversida<strong>de</strong> é um processo que envolve conhecer um valor para nosapropriarmos <strong>de</strong>le. No fun<strong>do</strong>, esses indica<strong>do</strong>res significam que eu tenho uma hierarquia <strong>de</strong>valores, que permite a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões.O GRI estabelece algumas diretrizes para comunicar esses valores ao merca<strong>do</strong> e àsocieda<strong>de</strong> como um to<strong>do</strong>, à margem <strong>do</strong>s processos empresariais, mas que <strong>de</strong> alguma maneiraparticipa <strong>de</strong>les, como parte envolvida em seus negócios. O GRI estabelece os indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>água, energia e biodiversida<strong>de</strong>, os quais as empresas têm que reportar. O GRI tem umcapítulo só sobre biodiversida<strong>de</strong>.Como é que valoro um parque ecológico e o que ele gera? Cobrar ingressos é umamaneira <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar seu valor? Não. Seu valor está em outras coisas, liga<strong>do</strong> a comotransformo tu<strong>do</strong> aquilo que existe em um parque num valor único para as pessoas. Já existeuma tentativa, por exemplo, <strong>de</strong> estabelecer os valores da conservação, e a base são osserviços ofereci<strong>do</strong>s pelo ecossistema. To<strong>do</strong> ecossistema tem serviços, que estão à nossadisposição, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> água fresca e biodiversida<strong>de</strong> ao ciclo <strong>de</strong> nutrientes.Em 2004, elaborou-se um levantamento, chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> “Milennium EcosystemsAssessment”, que <strong>de</strong>termina os serviços presta<strong>do</strong>s por um ecossistema e como po<strong>de</strong>m servalora<strong>do</strong>s e coloca<strong>do</strong>s à disposição das pessoas. Hoje, to<strong>do</strong>s esses serviços são ofereci<strong>do</strong>s <strong>de</strong>graça.A água que usamos na nossa casa precisou <strong>de</strong> uma mata ciliar para existir. Mas quempaga para que a mata ciliar seja mantida? Hoje, ninguém - por isso essa mata ten<strong>de</strong> a acabar,a não existir mais. Mas não existe bem natural eterno, as coisas têm <strong>de</strong> ser remuneradas. Oaquecimento global já é uma conta que estamos pagan<strong>do</strong>.Para reforçar o conceito <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> e sustentabilida<strong>de</strong>, temos que falar emalgumas dimensões básicas: primeiro, qual o valor da biodiversida<strong>de</strong>, seu valor econômico,ambiental e social; se o valor é da<strong>do</strong> pelo uso ou pelo não-uso. Por exemplo, uma mata ciliarusada para cobrir o déficit hídrico <strong>de</strong> uma região tem seu valor <strong>de</strong> uso. Mas o que eu não usotambém tem um valor: com o crédito <strong>de</strong> carbono, eu estou dan<strong>do</strong> valor a algo que eu nãoproduzi, é o seu não-uso; isso também tem valor, como acontece com a biodiversida<strong>de</strong>. Ovalor econômico da biodiversida<strong>de</strong>, que provê uma série <strong>de</strong> serviços, <strong>de</strong>ve ser estima<strong>do</strong>. Háalguns autores que afirmam que 40% <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os produtos e serviços vendi<strong>do</strong>s no mun<strong>do</strong> sãobasea<strong>do</strong>s na biodiversida<strong>de</strong>, o que representa um valor enorme. Temos <strong>de</strong> começar a pensaressas coisas <strong>de</strong> maneira diferente.Valor ambiental da biodiversida<strong>de</strong> é o mais próximo a nós. É o balanço <strong>de</strong> gases, aregulação <strong>de</strong> água, o ciclo <strong>de</strong> nutrientes, a questão da polinização. É necessária uma novaética em relação à biodiversida<strong>de</strong>, e sua dimensão econômica é dada pelos serviços queoferece - são os serviços <strong>do</strong>s ecossistemas. Existe uma série <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s indican<strong>do</strong> ser possívelvalorar a biodiversida<strong>de</strong>, que levam em conta seu valor <strong>de</strong> uso direto e <strong>de</strong> uso indireto.Sempre há uma inter-relação entre os sistemas econômicos e os ecossistemas e, se existeessa relação, isso tem valor e ele po<strong>de</strong> ser transaciona<strong>do</strong>.Trata-se <strong>de</strong> colocar que os serviços <strong>do</strong>s ecossistemas precisam <strong>de</strong> regulação e incluemaspectos culturais, além <strong>de</strong> uma correspondência nas relações sociais estabelecidas no dia-adiadas pessoas. Os pagamentos por proteção <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> já existem, como na CostaRica.Os benefícios da biodiversida<strong>de</strong> normalmente são verifica<strong>do</strong>s na extração <strong>de</strong> produtos,recreação, na provisão <strong>de</strong> água e na conservação; já os impactos da <strong>de</strong>gradação geralmentesão senti<strong>do</strong>s na biodiversida<strong>de</strong> e na água. No futuro, a biodiversida<strong>de</strong> e a água sofrerãoimpactos <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à extração <strong>de</strong> produtos que têm impacto direto naconservação. O que isso significa? Um benefício <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser gera<strong>do</strong> e ele tem um valor quealguém tem <strong>de</strong> pagar.Trabalhos como o <strong>do</strong> Banco Mundial, <strong>de</strong> 2004, que tratam da valoração econômica dabiodiversida<strong>de</strong> e <strong>do</strong>s ecossistemas, precisam ser mais discuti<strong>do</strong>s no Brasil. Na Costa Rica, háhoje uma série <strong>de</strong> leis e regulamentos que, <strong>de</strong> 1969 para cá, vêm regulan<strong>do</strong> as questõesrelacionadas à biodiversida<strong>de</strong>. O último estu<strong>do</strong> econômico que vi naquele país já mostrava que34
o pagamento pelos serviços <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> da Costa Rica gera a mesma receita que oturismo; a Costa Rica ganha dinheiro ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ecossistemas para o mun<strong>do</strong>. Isso significa quenão é simplesmente uma lei, ou um arcabouço legal que vai mudar isso, mas um conjunto <strong>de</strong>regulações <strong>de</strong> políticas públicas para administrar essas questões <strong>de</strong> maneira mais consistente.Osval<strong>do</strong> Stella Martins – Centro Nacional <strong>de</strong> Referência em Biomassa -(CENBIO/IEE/USP)A absorção <strong>de</strong> carbono é um serviço ambiental. Na época <strong>do</strong> meu <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, em SãoCarlos, procurei ver como tratar a questão da valoração <strong>do</strong>s serviços ambientais localmente.Existe uma cida<strong>de</strong> vizinha a São Carlos, Ribeirão Bonito, com um <strong>do</strong>s maiores índices <strong>de</strong>cobertura vegetal <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo. O custo <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> água nessa cida<strong>de</strong> é 200vezes menor <strong>do</strong> que o custo <strong>de</strong> tratamento em São Paulo: esse é um índice prático davaloração <strong>do</strong> serviço ambiental.Vou apresentar um trabalho que temos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em parceria com a SecretariaEstadual <strong>do</strong> Meio Ambiente (SMA), que busca viabilizar projetos <strong>de</strong> pequena escala emMecanismo <strong>de</strong> Desenvolvimento Limpo (MDL) florestal, que, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s projetos <strong>de</strong> MDL, sãosem dúvida os mais complexos. Por exemplo, para monitorar os créditos <strong>de</strong> carbono <strong>de</strong> umprojeto <strong>de</strong> aterro sanitário, preciso <strong>de</strong> um medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> vazão e <strong>de</strong> um analisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> gases. Paramedir os créditos <strong>de</strong> carbono <strong>de</strong> um projeto florestal, é preciso <strong>de</strong>senvolver uma meto<strong>do</strong>logia<strong>de</strong> monitoramento na qual vou dividir o reflorestamento em estratos. Dentro <strong>de</strong> cada estrato,tenho <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar uma amostra representativa <strong>do</strong> que é aquela população, e <strong>de</strong> tempos emtempos medir o diâmetro <strong>de</strong>ssas árvores <strong>de</strong>ntro da amostra, verifican<strong>do</strong> o incremento <strong>de</strong>biomassa. Isso é caro, não é tão simples e tem um índice <strong>de</strong> imprecisão um pouco menor <strong>do</strong>que um medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> vazão. E biometria é uma ciência mais <strong>de</strong>senvolvida para florestashomogêneas, como pinus e eucalipto, <strong>do</strong> que para as heterogêneas. O MDL tem contribuí<strong>do</strong>para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logias e novos estu<strong>do</strong>s nesse senti<strong>do</strong>.Nesse projeto em parceria com a Secretaria Estadual <strong>do</strong> Meio Ambiente, o objetivo éanalisar como o MDL po<strong>de</strong>ria contribuir com a recuperação das matas ciliares no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo. O primeiro passo foi adaptar um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Everson, que em função <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s comochuva, tipo <strong>de</strong> solo e tipo <strong>de</strong> cobertura vegetal, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar mais ou menos o estoque <strong>de</strong>biomassa em <strong>de</strong>terminadas regiões. Temos uma estimativa <strong>de</strong> quais regiões <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo teriam os lugares em que o <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> biomassa (as florestas) é maior. Em uma regiãoon<strong>de</strong> a floresta é maior, em termos <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> carbono, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um projeto numaárea <strong>de</strong> floresta mais exuberante torna-se mais atrativo.Nesse mo<strong>de</strong>lo, pegamos da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> solo, pluviosida<strong>de</strong>, radiação e topografia e atribuímosum índice a cada um, obten<strong>do</strong> um mapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biomassa potencial, com umgradiente <strong>do</strong> maior para o menor. Em função <strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong> campo, atribuo valores a essasáreas; assim, posso obter os valores <strong>de</strong> biomassa no esta<strong>do</strong>, estabelecen<strong>do</strong> um mínimo e ummáximo.A segunda etapa <strong>do</strong> projeto é, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> mata ciliares daSMA, i<strong>de</strong>ntificar uma área on<strong>de</strong> a recuperação da mata ciliar acumule mais carbono. Foii<strong>de</strong>ntificada uma microbacia na região <strong>de</strong> Socorro, a cobertura vegetal nessa região, além daárea que necessitaria <strong>de</strong> reflorestamento. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> carbono se dá em funçãoda quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biomassa que haverá no futuro, em função daquele mapa <strong>de</strong>linea<strong>do</strong> e <strong>do</strong> quese tem hoje. Um <strong>de</strong>talhe <strong>de</strong>sse trabalho é a i<strong>de</strong>ntificação da ocupação <strong>do</strong> solo nas matasciliares.Aplican<strong>do</strong> a meto<strong>do</strong>logia, <strong>de</strong>terminamos o acúmulo <strong>de</strong> biomassa acima e abaixo <strong>do</strong> solo eo acúmulo total, ou seja, quanto carbono eu absorveria na recomposição <strong>do</strong>s 122 hectares <strong>de</strong>matas ciliares. Concluímos que haveria 11 mil toneladas <strong>de</strong> carbono absorvidas da atmosfera,e isso em termos <strong>de</strong> projeto é minúsculo. Existem projetos <strong>de</strong> granja <strong>de</strong> suínos que têm maiscrédito <strong>de</strong> carbono <strong>do</strong> que isso em um ano. A questão da escala é muito importante para umprojeto <strong>de</strong> MDL florestal. Mais <strong>do</strong> que a escala, é integrar outras coisas ao projeto quepensávamos estritamente para matas ciliares. Hoje nossa idéia é a abordagem em umamicrobacia: num mesmo projeto tratar da mata ciliar, <strong>de</strong> reserva florestal, e em algumasoportunida<strong>de</strong>s, os sistemas agroflorestais, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da vocação regional.35
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