Dentro da diversificação, como o planalto catarinense é propício ao cultivo <strong>de</strong> erva-mate,estamos numa parceria com uma empresa <strong>do</strong> Paraguai que está produzin<strong>do</strong> erva-matesombreada orgânica. Desenvolvemos esse trabalho com os agricultores <strong>de</strong> Otacílio Costa.Outras ações da Apremavi envolvem ainda assessoria técnica realizada aos proprietários quenão se encaixam nos municípios on<strong>de</strong> temos verba para atuar, os que têm interesse e quetambém visitamos para que realizem plantios por conta <strong>de</strong>les.O exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> mudas <strong>do</strong>s viveiros para os projetos da associação é vendi<strong>do</strong> e utiliza<strong>do</strong>para as assessorias técnicas. Outra ação é com a Suzano, um trabalho pareci<strong>do</strong> com a Klabin,<strong>de</strong> planejamento da proprieda<strong>de</strong>, no qual estamos realizan<strong>do</strong> assessoria técnica para aempresa. Temos um trabalho <strong>de</strong> educação ambiental em to<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong>, realizamos palestrasnas escolas, usan<strong>do</strong> recursos <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> programa ‘Mata Legal’ e da Fundação O Boticário, parautilização <strong>de</strong> jogos educativos, <strong>de</strong> uma trilha ecológica que formamos, o ‘Fique Legal’. O jogo éutiliza<strong>do</strong> nas escolas como uma outra ativida<strong>de</strong> didática, e as crianças são os protagonistas dahistória neste jogo. Expomos no município <strong>do</strong> Parque Mata Atlântica, uma UC municipal <strong>de</strong> cujagestão cuidamos, e que utilizamos como um centro <strong>de</strong> educação ambiental para realização <strong>de</strong>seminários e cursos para agricultores.Como parceiros, também temos uma empresa privada, a Metalúrgica Rio-Sulense, <strong>do</strong>município <strong>de</strong> Rio <strong>do</strong> Sul, que trabalha na educação ambiental. Participamos também da criação<strong>de</strong> UCs em Santa Catarina e Paraná, entre elas a criação <strong>do</strong> Parque Nacional das Araucárias, aESEC da Mata Preta e as ARIEs na Serra da Abelha. Temos projetos com outras organizaçõescomo o Instituto Vianei, <strong>de</strong> Lages (SC), para trabalhar a agrofloresta familiar no planaltocatarinense e Alto Vale <strong>do</strong> Itajaí. O resulta<strong>do</strong> está sen<strong>do</strong> satisfatório e não está sen<strong>do</strong> possívelaten<strong>de</strong>r a to<strong>do</strong>s os proprietários interessa<strong>do</strong>s, mas a intenção é formar novas associações etrazer novas alternativas econômicas a partir <strong>de</strong> novas florestas, para que o agricultor<strong>de</strong>scubra o potencial que tem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua própria proprieda<strong>de</strong>.Waldir Mantovani – Escola <strong>de</strong> Artes, Ciências e Humanida<strong>de</strong>s – USPVivemos numa socieda<strong>de</strong> em que há pouco respeito às diferenças, o que acaba serefletin<strong>do</strong> no comportamento da socieda<strong>de</strong> como um to<strong>do</strong>, nas posturas que se tem em relaçãoao ambiente, que é patrimônio <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s nós. Começo esse tipo <strong>de</strong> conversa buscan<strong>do</strong> mostraràs pessoas que o ambiente é algo que po<strong>de</strong> mudar as relações na socieda<strong>de</strong>. Se enten<strong>de</strong>rem oambiente como um bem comum, já teremos uma alteração no padrão <strong>de</strong> comportamento. Aspessoas se apropriam <strong>do</strong> benefício <strong>do</strong> ambiente, <strong>de</strong>gradam o ambiente, mas essa <strong>de</strong>gradação,como na maior parte da nossa economia, é socializada, enquanto os benefícios são individuais.Somos uma socieda<strong>de</strong> que se apropria individualmente <strong>do</strong>s benefícios <strong>do</strong> ambiente, mas quesocializa os prejuízos.Somos um país em que a cidadania é pouco exercitada. Sempre pergunto quantos jáleram a Constituição Brasileira, que diz o que po<strong>de</strong>mos ou não, o que são direitos eobrigações. Quem não leu já não sabe o que são direitos e <strong>de</strong>veres das pessoas, muito menosviu o capítulo da questão ambiental. Pela ausência <strong>de</strong> cidadania é que nós temos uma daslegislações mais evoluídas, e uma das fiscalizações e <strong>do</strong>s processos entre os maissub<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s. Não há policiamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, e não da polícia em si, mas da socieda<strong>de</strong>.Essa postura não-cidadã é a responsável pelo que estamos assistin<strong>do</strong>. Estamos colocan<strong>do</strong> namesa <strong>de</strong> discussão, <strong>de</strong> fato, migalhas, pois esse processo <strong>de</strong> ocupação <strong>do</strong> espaço no Brasil já éregulamenta<strong>do</strong>, não era para estar acontecen<strong>do</strong> neste momento como assistimos. Isso porqueas coisas são distantes... A Amazônia está lá longe, o Pantanal, o Cerra<strong>do</strong> nem sabemos on<strong>de</strong>é, o que aumenta o isolamento das pessoas, <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem fazer o que querem diante dalegislação existente.E existe o discurso <strong>de</strong> que temos uma vantagem, <strong>de</strong> que somos uma socieda<strong>de</strong> jovem. Erealmente, não existe país no mun<strong>do</strong> que não tivesse venci<strong>do</strong> os problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>educação, moradia, para <strong>de</strong>pois conseguir se preocupar com meio ambiente, nenhum país quevenceu o básico das melhoria <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> vida se preocupou com o meio ambiente comoparte da vida das pessoas, ainda não conseguimos tratar <strong>de</strong> meio ambiente como parte daqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Um amigo meu diz algo interessante: ‘o médico sabe acerca <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças,mas isso está relaciona<strong>do</strong> à saú<strong>de</strong>, e quan<strong>do</strong> se trata <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> o médico não enten<strong>de</strong> muito’.Porque saú<strong>de</strong> envolve outras questões, envolve questões sociais, ambientais, muito mais22
amplas, e é essa forma ampla <strong>de</strong> olhar que vai resgatar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as pessoasenten<strong>de</strong>rem os problemas ambientais.O exemplo trazi<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina mostra o envolvimento <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong>participante. Existe uma socieda<strong>de</strong> ali por trás, enten<strong>de</strong>r isso significa <strong>de</strong> fato conseguiravançar nos processos <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> áreas, <strong>de</strong> melhoria das questões ambientais.Vou tratar <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> áreas, <strong>de</strong> seus conceitos e aplicações. Meu olhar acerca <strong>do</strong>ambiente vem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 80 – não é o brilhantismo ou a genialida<strong>de</strong> que interessam;o tempo que as pessoas têm nessa estrada é que dá a visão diferenciada. A conservaçãobiológica é o único caminho pelo qual se po<strong>de</strong> tratar <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> áreas, não apenasplantan<strong>do</strong> mudas. Há uma integração <strong>de</strong> problemas numa escala excepcionalmente maior, eessa escala é abordada pelo que chamamos <strong>de</strong> conservação biológica.Um princípio vem mudan<strong>do</strong> sistematicamente: as universida<strong>de</strong>s vêm forman<strong>do</strong>especialistas, e o problema ambiental não é <strong>de</strong> um especialista, mas <strong>de</strong> especialistas que sejuntam para conversar e, na multidisciplinarida<strong>de</strong>, constroem algo novo, então é um exercícionovo. As pessoas se especializaram absurdamente e <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> se capazes <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r asquestões ambientais, que são integradas. Alguns profissionais fazem muita falta hoje nasquestões ambientais: o historia<strong>do</strong>r natural; o geógrafo (que infelizmente no Brasil acabou<strong>de</strong>rivan<strong>do</strong> para a geografia humana ou a geografia física, numa briga no qual o melhor seper<strong>de</strong>u, o profissional que é capaz <strong>de</strong> discutir a ocupação <strong>do</strong> espaço e os problemasassocia<strong>do</strong>s). Esses profissionais estão fazen<strong>do</strong> muita falta no diálogo com as questõesambientais. Que outros profissionais são forma<strong>do</strong>s capazes <strong>de</strong> trazer esse diálogo entresocieda<strong>de</strong> e meio ambiente? Eu não consigo ver quase nenhum.A conservação biológica é ciência multidisciplinar na qual as disciplinas têm igual valor,biologia não é mais importante, nem economia, sociologia ou agronomia. É mais importante oambiente em si, o problema em si. Basicamente a conservação biológica é uma área que foi<strong>de</strong>senvolvida a partir da crise da diversida<strong>de</strong> biológica, e tem <strong>do</strong>is objetivos: enten<strong>de</strong>r osefeitos das ativida<strong>de</strong>s humanas nas espécies, comunida<strong>de</strong>s e ecossistemas, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>,<strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s práticas e, se possível, reintegrar as espécies ameaçadas <strong>de</strong> extinção.É uma disciplina <strong>de</strong>senvolvida na crise, é uma ciência multidisciplinar, não é exata, éinexata, carregada <strong>de</strong> valores. A gran<strong>de</strong> maioria das pessoas que se coloca como <strong>de</strong>fensoradas questões ambientais hoje, muitas vezes, não tem competência para fazer isso. Porque éuma competência que está sen<strong>do</strong> formada, tem que ser revista, mas é antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>carregada <strong>de</strong> valores, é passional, e às vezes, nossa lógica tem que tomar a frente <strong>de</strong>ssapassionalida<strong>de</strong>, somos to<strong>do</strong>s apaixona<strong>do</strong>s pelo tema ambiental. Mas não posso tratar apenascomo tema passional, sou um profissional, tenho <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a certas questões para as quaistenho algumas habilida<strong>de</strong>s, não posso simplesmente mostrar toda a emoção que tenho pelotema, tem uma lógica por trás que explica muito as coisas.E é uma ciência que trabalha com a escala evolutiva, é uma ciência também da eternavigilância, que não po<strong>de</strong> ser aban<strong>do</strong>nada. Hoje, to<strong>do</strong>s os projetos <strong>de</strong> recuperação que sedispuseram a isso e aban<strong>do</strong>naram a área não <strong>de</strong>ram certo. É um processo que tem que seracompanha<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> tempo até chegar um ponto em que haja equilíbrio a ser manti<strong>do</strong>pelo próprio ecossistema.Esse é o trecho mais longo que vou ler, a Constituição, que traz no artigo 225 que:“tomos temos o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibra<strong>do</strong>, bem <strong>de</strong> uso comum<strong>do</strong> povo, essencial à sadia qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, impon<strong>do</strong>-se ao po<strong>de</strong>r público e à coletivida<strong>de</strong> o<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> protegê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. E no parágrafo 1º:“incumbe ao po<strong>de</strong>r público preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais, e prover omanejo ecológico das espécies e ecossistemas. De exigir, na forma da lei, para a instalação <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s siginificativamente <strong>de</strong>grada<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> meio ambiente, estu<strong>do</strong> prévio <strong>de</strong> impactoambiental. E <strong>de</strong> promover a educação ambiental em to<strong>do</strong>s os níveis <strong>de</strong> ensino para aconscientização pública e a preservação <strong>do</strong> meio ambiente”.Isso não é um discurso <strong>de</strong> político, está na Constituição e to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>veria cobrar <strong>do</strong>po<strong>de</strong>r público, <strong>de</strong>veria agir nesse processo. Isso é algo que conhecemos, o que não quer dizerque tenhamos consciência disso. Não somos uma socieda<strong>de</strong> em que a prática cidadã sejaforte.Trata então <strong>do</strong> discurso entre diversas áreas <strong>do</strong> saber, seja manejo <strong>de</strong> espécies,configuração <strong>de</strong> reservas, economia ecológica, que são áreas novas, seja ecologia da23
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