<strong>de</strong>spertar essa responsabilida<strong>de</strong> cidadã, o pertencimento, em uma <strong>de</strong>terminada localida<strong>de</strong>, nãopo<strong>de</strong>n<strong>do</strong> mais existir essa passivida<strong>de</strong> diante <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.Feito isso, acreditamos que o caminho possa ser esse, era uma preocupação que eutinha: como é que nós vamos fazer o empo<strong>de</strong>ramento coletivo? Como é que se estabeleceesse processo <strong>de</strong> pertencimento e disseminação <strong>do</strong> conhecimento? Através da i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>grupos na comunida<strong>de</strong>, seleção <strong>de</strong> parceiros, a coesão <strong>do</strong> grupo, a capacitação técnica, acapacitação profissional, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos e a prestação <strong>de</strong> serviços. Oenvolvimento das comunida<strong>de</strong>s locais no gerenciamento <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> gestão ambiental éfundamental para o sucesso <strong>de</strong>sses.Edilson <strong>de</strong> Paula Andra<strong>de</strong> – Comitê das Bacias Hidrográficas <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul -CeivapA vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>bater esse tema é gran<strong>de</strong>. A gran<strong>de</strong> jogada <strong>do</strong> futuro na gestão <strong>de</strong>recursos hídricos é saber trabalhar com as pessoas que estão nas nascentes.Gostaria <strong>de</strong> colocar alguns <strong>do</strong>s <strong>de</strong>safios que experimentamos na gestão <strong>de</strong> recursoshídricos no Paraíba <strong>do</strong> Sul, tentan<strong>do</strong> transmitir mais sobre as priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> recursosfinanceiros e <strong>de</strong> ação nesta bacia: <strong>de</strong> que maneira isso ocorre <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> comitê e qual ocaminho já trilha<strong>do</strong>, para vermos se as priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> hoje serão as mesmas no futuropróximo, ou se temos <strong>de</strong> mudar e dar uma inclinada no nosso vôo.Se perguntarem para qualquer pessoa qual o gran<strong>de</strong> problema da Bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong>Sul, 90% vão dizer que é a falta <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgoto <strong>do</strong>méstico. Qualquer um vê isso noscorpos d’água <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> vale, porque são malcheirosos, e a medida paliativa <strong>do</strong> po<strong>de</strong>rpúblico é fazer uma canalização fechada <strong>do</strong>s córregos que cortam as áreas urbanas. Hoje já édifícil para uma criança que estu<strong>de</strong> em área urbana conhecer algum córrego, não sabemdireito o que é um riacho, porque está tu<strong>do</strong> canaliza<strong>do</strong>. Então, esse realmente é um gran<strong>de</strong>problema na bacia <strong>do</strong> rio Paraíba <strong>do</strong> Sul.Há problemas mais graves <strong>do</strong> que esse também, como a falta <strong>de</strong> afastamento <strong>de</strong> esgoto<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa bacia. Menos em São Paulo, on<strong>de</strong> isso já foi resolvi<strong>do</strong> razoavelmente bem, mashá rincões na bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul on<strong>de</strong> falta até afastar o esgoto da casa <strong>do</strong> cidadão,então o problema é bastante grave. A água servida à população, principalmente à mais pobre,também não é a<strong>de</strong>quada. Então, a ausência <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgoto é um gran<strong>de</strong> problema<strong>de</strong>ssa bacia, o que causa um dano muito gran<strong>de</strong> à qualida<strong>de</strong> das águas. Isso está se refletin<strong>do</strong>nas tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, tanto <strong>do</strong> Ceivap, que é o comitê <strong>de</strong> toda a bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sulnos três esta<strong>do</strong>s (Rio <strong>de</strong> Janeiro, Minas Gerais e São Paulo), quanto no comitê geral, <strong>do</strong> qualtenho a honra <strong>de</strong> ser o secretário executivo. Temos senti<strong>do</strong> uma pressão <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro,no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> colocar recursos financeiros em ações <strong>de</strong> saneamento e isso se reflete nas<strong>de</strong>cisões. Recentemente, houve a reunião <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> meio ambiente daindústria da parte paulista da bacia, que estava no processo <strong>de</strong> discussão pela cobrança <strong>de</strong> uso<strong>de</strong> água, e eles nos colocaram um <strong>do</strong>cumento dizen<strong>do</strong> o seguinte: queremos que 85% <strong>do</strong>srecursos arrecada<strong>do</strong>s sejam investi<strong>do</strong>s em tratamento <strong>de</strong> esgotos e 5% para o custeio damáquina administrativa.O setor <strong>de</strong> saneamento é, evi<strong>de</strong>ntemente, o setor que mais paga pelo uso da água nabacia. A cobrança pelo uso da água já é feita em rios <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio da União, como é o caso <strong>do</strong>rio Paraíba, e o recurso arrecada<strong>do</strong> tem si<strong>do</strong> reinvesti<strong>do</strong> em saneamento.Ao longo <strong>de</strong>sses quase <strong>do</strong>ze anos <strong>de</strong> atuação <strong>do</strong> comitê, os recursos têm si<strong>do</strong> aloca<strong>do</strong>sprioritariamente nessa área. Isso está erra<strong>do</strong>? Não, mas cabe uma reflexão pararedirecionarmos nossas priorida<strong>de</strong>s. Para terem uma idéia, a obra <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgotoque a Sabesp está construin<strong>do</strong> em Taubaté vai consumir cerca <strong>de</strong> 100 milhões <strong>de</strong> reais eminvestimentos, só entre Taubaté e Tremembé, com aproximadamente 300 mil habitantes. Ovalor da cobrança estimada para a parte paulista da bacia é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 2,9 milhões <strong>de</strong> reaisanuais. Mais 2 milhões <strong>de</strong> reais que entram to<strong>do</strong> ano pelo Ceivap, mais 1 milhão <strong>de</strong> reais peloFehidro, temos em torno <strong>de</strong> 6 milhões <strong>de</strong> reais por ano aloca<strong>do</strong>s aqui na bacia. Se <strong>de</strong>sse total,tu<strong>do</strong> fosse aplica<strong>do</strong> em esgoto, só para dar suporte a essa estação <strong>de</strong> esgoto <strong>de</strong> Taubaté, seriaum investimento <strong>de</strong> 15 a 17 anos.52
A mesma situação <strong>de</strong> Taubaté acontece em São José <strong>do</strong>s Campos e Jacareí, com 200 milhabitantes, que precisa <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 100 milhões <strong>de</strong> reais para fazer coleta e tratamento <strong>de</strong>100% <strong>de</strong> seu esgoto. Fica evi<strong>de</strong>nte que o setor <strong>de</strong> recursos hídricos e os comitês <strong>de</strong> baciashidrográficas têm <strong>de</strong> ajudar os municípios a fazer tratamento <strong>de</strong> esgoto, dar um apoio nosenti<strong>do</strong> <strong>de</strong> oferecer um pouco, e então o município coloca mais e executa aquela obra. Isso écorreto, e o comitê tem que continuar com essa política <strong>de</strong> auxiliar. Mas a responsabilida<strong>de</strong>pelo saneamento não é <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> recursos hídricos, e sim <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> saneamento, <strong>do</strong>Ministério das Cida<strong>de</strong>s, <strong>do</strong>s governos estaduais, das companhias <strong>de</strong> saneamento. A cobrançapelo uso da água não veio para suprir as falhas <strong>do</strong> saneamento, ela é um instrumento quecomeçou no Paraíba <strong>do</strong> Sul, existe também no Ceará e agora nas bacias <strong>do</strong> Piracicaba-Capivari-Jundiaí, servin<strong>do</strong> <strong>de</strong> auxílio à gestão.Aqui em São Paulo, a água subterrânea vai custar um pouco mais caro <strong>do</strong> que a águasuperficial. Usamos a cobrança para criar uma diferenciação: estamos dizen<strong>do</strong> que queremospreservar as águas subterrâneas, que é um recurso estratégico, uma água mais limpa e,portanto, com um preço maior. Então, a valoração entra como um instrumento <strong>de</strong>planejamento <strong>de</strong> gestão: colocamos que a água para abastecimento industrial é um poucomais cara que a água para <strong>do</strong>micílios. A própria Constituição já diz que a água paraabastecimento da população é priorida<strong>de</strong> número 1. Para uso alternativo, como em postos <strong>de</strong>gasolina e loteamentos isola<strong>do</strong>s, essa água é ainda mais cara.Eis o gran<strong>de</strong> objetivo da cobrança: preservar os corpos d’água. Temos hoje uma gran<strong>de</strong>pressão <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s comitês para usar dinheiro em saneamento. Por outro la<strong>do</strong>, temos outrasgran<strong>de</strong>s priorida<strong>de</strong>s, que na área urbana não são muito sentidas, ligadas ao programa dasnossas bacias hidrográficas no meio rural, um gran<strong>de</strong> problema que não é muito perceptível.Um exemplo são os dirigentes industriais, que não estão erra<strong>do</strong>s em reivindicar o saneamento,mas talvez não percebam o benefício que po<strong>de</strong>ríamos ter orientan<strong>do</strong> investimentos constantesao longo <strong>de</strong> décadas para a recuperação <strong>de</strong>ssas bacias hidrográficas na zona rural. Sãoprogramas <strong>de</strong> longos perío<strong>do</strong>s, recuperan<strong>do</strong> nascentes, projetos feitos em concordância comos produtores rurais, pois normalmente o que sentimos é que eles topam fazer preservação <strong>de</strong>nascentes.Esse tema não é complica<strong>do</strong> para eles como é complica<strong>do</strong> o problema daquela faixa aolongo <strong>do</strong>s corpos d’água, os 30 metros que <strong>de</strong>veriam existir ao longo da calha <strong>do</strong> rio. Isso já émais <strong>de</strong>lica<strong>do</strong>, um problema que encontra mais resistência, pois essa faixa pega a melhor área<strong>do</strong> produtor rural, <strong>de</strong> várzea. Temos que enten<strong>de</strong>r como esse pessoal vive, como é a cultura<strong>de</strong>les, e não adianta conversar com o produtor rural numa linguagem que ele não entenda, épreciso ser capacita<strong>do</strong> para trabalhar com as entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>les, fazer as reuniões nos horários elocais certos.Temos <strong>de</strong> olhar a bacia hidrográfica <strong>de</strong> forma abrangente. De nada adianta um programa<strong>de</strong> recursos hídricos e <strong>de</strong> nascentes para o produtor, se não enten<strong>de</strong>rmos como ele conseguesobreviver, se ele tira leite, como vai cuidar <strong>do</strong> ver<strong>de</strong>; é necessário trabalhar <strong>de</strong> formaintegrada. Não cabe ao comitê <strong>de</strong> bacia hidrográfica enxergar-se como o único ator com direitoou obrigação <strong>de</strong> fazer esse trabalho; o comitê <strong>de</strong> bacia hidrográfica é um instrumento <strong>de</strong> queas outras entida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m se utilizar. A proteção da zona rural é a Secretaria da Agriculturaque conhece bem, por suas realida<strong>de</strong>s. Os sindicatos, as universida<strong>de</strong>s, têm programas, comoo da Unitau para a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Una, que é uma das mais <strong>de</strong>gradadas <strong>de</strong> toda aregião, com alto comprometimento <strong>de</strong> sóli<strong>do</strong> transporta<strong>do</strong>. Isso motivou até a Sabesp, 15 anosatrás, a quase acabar com a captação <strong>de</strong> água <strong>do</strong> rio Una. Era tanto sedimento, que na época<strong>de</strong> chuvas era impossível para as bombas da Sabesp trabalharem. A Unitau fez um trabalho <strong>de</strong>diagnóstico disso tu<strong>do</strong>, trouxe para nós a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> convencer o produtor rural a fazerrecomposição <strong>de</strong> vegetação ciliar e, ao saber <strong>de</strong>ssa dificulda<strong>de</strong>, trabalhamos para superá-la.Essa é uma priorida<strong>de</strong> que está começan<strong>do</strong> a tomar corpo <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> comitê. Há ummovimento chama<strong>do</strong> ‘Nascentes <strong>do</strong> Paraíba’ muito interessante, li<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pelo professorLázaro, que pega esse pessoal to<strong>do</strong> <strong>de</strong> professores, forma<strong>do</strong>res <strong>de</strong> opinião e vai à nascente <strong>do</strong>Paraitinga. Chegan<strong>do</strong> lá, to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> vê a área não-florestada on<strong>de</strong> nasce o rio. Então, essemovimento <strong>de</strong> nascentes está conseguin<strong>do</strong> passar para o comitê uma visão, um mote para apreservação das nascentes. Numa primeira estratégia, é muito bom encamparmos isso, egradativamente partir para as matas ciliares, como no programa da SMA, que está sen<strong>do</strong>implanta<strong>do</strong> em fase inicial na bacia <strong>do</strong> Ribeirão <strong>de</strong> Guaratinguetá, em Cunha e Paraibuna.53
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