da informação, ficamos preocupa<strong>do</strong>s com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguém escutar algo e sairrepetin<strong>do</strong> sem ter uma fundamentação maior. Nesse senti<strong>do</strong>, temos trabalha<strong>do</strong> principalmentenos comitês <strong>de</strong> bacia, atuan<strong>do</strong> diretamente para uniformizar a linguagem, o conhecimento daspessoas. E existe um componente ainda mais complica<strong>do</strong>: atuamos com pessoas <strong>de</strong> formaçãodiferenciada. Num curso <strong>de</strong>sses, aceitamos engenheiro, sociólogo, <strong>de</strong>ntista, advoga<strong>do</strong>, médico,gente <strong>de</strong> todas as áreas, e é uma dificulda<strong>de</strong> pois precisamos <strong>de</strong>ssa percepção <strong>do</strong> outro, <strong>de</strong>quem está receben<strong>do</strong> aquela informação e participan<strong>do</strong> <strong>de</strong>la. Utilizamos essas técnicas <strong>de</strong>educação a distância, mas promovemos, ao mesmo tempo, encontros presenciais que servemprincipalmente para a<strong>do</strong>tarmos as práticas.Temos também um curso aprova<strong>do</strong> para a bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul, <strong>do</strong> qual to<strong>do</strong>s aquipo<strong>de</strong>m participar, <strong>de</strong> capacitação e gestão <strong>de</strong> recursos hídricos. Haverá três cursos, um emcada esta<strong>do</strong>. 70% <strong>do</strong> curso serão <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s práticas, para levar realmente à qualida<strong>de</strong><strong>de</strong>ssa informação.Um aspecto importante trabalha<strong>do</strong> na bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul, incluin<strong>do</strong> a baciahidrográfica <strong>do</strong> rio Una (que pega 80% <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Taubaté), é que quan<strong>do</strong> falamos <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> da informação, tratamos não só <strong>do</strong> conhecimento, mas da experiência acumulada,<strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s na bacia <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul. Temos procura<strong>do</strong> levar essesconhecimentos práticos e vivencia<strong>do</strong>s aos cursos.Nesta bacia hidrográfica <strong>de</strong> 476 quilômetros quadra<strong>do</strong>s, temos que enten<strong>de</strong>r o global,mas fazer atuação local, uniformizar a linguagem, conhecer o que o outro está fazen<strong>do</strong>, ver asexperiências boas que <strong>de</strong>ram certo em <strong>de</strong>terminada realida<strong>de</strong> para aplicar em outra. Oabastecimento <strong>de</strong> água <strong>de</strong> Taubaté, por exemplo, era feito totalmente a partir <strong>de</strong>sta bacia <strong>do</strong>Una (80% no município <strong>de</strong> Taubaté), e hoje praticamente só 10% da água é capta<strong>do</strong> na bacia,o restante vem to<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraíba <strong>do</strong> Sul, percorren<strong>do</strong> mais ou menos 25 quilômetros parachegar aqui.Temos interferi<strong>do</strong> <strong>de</strong>mais nos ciclos hidrológicos, esse é o principal problema. Precisamoster essa consciência, pois passamos por questões mínimas que vão se perpetuan<strong>do</strong>. Porexemplo, nessa bacia on<strong>de</strong> só 10% da água é captada, ocorreu um sério problema <strong>de</strong>sedimentação: Taubaté tinha um problema <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> água quan<strong>do</strong> chovia, o nível <strong>de</strong>sedimentação da água ficava muito eleva<strong>do</strong>. Mas a bacia está lá, o comitê <strong>de</strong> bacia atua,existe o plano <strong>de</strong> bacia, elegeram a <strong>do</strong> rio Una como a quarta em priorida<strong>de</strong> no Vale <strong>do</strong>Paraíba (no trecho paulista), <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> também a aplicação <strong>de</strong> recursos. E entre as metas<strong>de</strong>finidas pelo comitê estão exatamente a redução <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> sedimentação no ponto <strong>de</strong>captação e a manutenção da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> rio em classe 2, no mínimo.Muitas vezes estamos preocupa<strong>do</strong>s com essa questão <strong>de</strong> águas e florestas, masprecisamos perceber os outros la<strong>do</strong>s. To<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem procurar fazer isso: participe <strong>do</strong> comitê,porque no comitê você tem direito à fala, se alguém aparecer com um plano mirabolante vocêdiz ‘não concor<strong>do</strong>’ e encontra pessoas que te dão respal<strong>do</strong>. A participação no comitê é on<strong>de</strong> agente po<strong>de</strong> ter uma interferência mais direta.O mun<strong>do</strong> em que vivemos é econômico, mas precisamos <strong>de</strong> mais sustentabilida<strong>de</strong> nessesistema. Na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Una, 60% são áreas <strong>de</strong> pastagem, e hoje já está sefalan<strong>do</strong> em eucalipto. Hoje nós temos situações no país como a região <strong>de</strong> Gibões no Piauíon<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>smatamento e à falta <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> conservação, o problema <strong>de</strong> água é tãograve que você vê o sedimento engolir a ponte inteira, há um ano e meio via-se a beirada daponte, agora não se vê mais. Na nossa região as coisas po<strong>de</strong>m se tornar iguais. Na bacia <strong>do</strong>Una, há a sub-bacia <strong>do</strong> Itaim, que transporta 8 mil kg <strong>de</strong> sedimento por dia (é o que está naágua em suspensão, não estou nem consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o que já caiu no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> rio). Por isso,precisamos da informação em nível local.Há projetos que estão <strong>de</strong>finhan<strong>do</strong> porque não foi feita uma seleção específica das plantasque <strong>de</strong>veriam ser colocadas. Então a qualida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>fen<strong>do</strong> é a <strong>de</strong> pararmos e refletirmos,para sabermos se o que estamos fazen<strong>do</strong> é correto.Experiências nesse mesmo curso d’água <strong>do</strong> Itaim mostram o que acontece quan<strong>do</strong>alguém faz uma obra <strong>de</strong> intervenção sem conhecimento. No Itaim resolveu-se que <strong>de</strong>veriamse cortar os meandros <strong>do</strong> rio, transforman<strong>do</strong> em uma linha reta. Cortou-se o rio com 7 metrose largura e 1 m ½ <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. Três meses <strong>de</strong>pois o rio estava com 30 cm <strong>de</strong>profundida<strong>de</strong>. Esse sedimento suspen<strong>de</strong>u e um quilômetro para a frente sedimentou também.Uma simples ação <strong>de</strong>ssa é muito danosa ao sistema.8
Para saneamento, existem fontes <strong>de</strong> investimentos aos montes, e já se sabe como tratara água, basta uma <strong>de</strong>cisão política, ter o recurso e fazer o procedimento. Mas a ação <strong>de</strong>plantio das árvores nas áreas <strong>de</strong> nascentes é algo que leva tempo e que interfere emproprieda<strong>de</strong>s rurais, e na maior parte das vezes o proprietário não está aberto a isso.Entretanto, um <strong>do</strong>s mecanismos fala<strong>do</strong>s aqui (e São Paulo está <strong>de</strong> parabéns, pois estásain<strong>do</strong> na frente) é a questão <strong>do</strong> pagamento ambiental. Nas discussões sobre cobrança fe<strong>de</strong>ralfoi coloca<strong>do</strong> para o setor rural que ele não <strong>de</strong>veria pagar a água, ou <strong>de</strong>veria pagar menos.Muitas vezes um segmento da socieda<strong>de</strong> está sen<strong>do</strong> prejudica<strong>do</strong> num processo e não sabe porquê, ele não participa, é chama<strong>do</strong> e não vai. Você, com sua consciência, po<strong>de</strong> ajudar noprocesso. Para terem uma idéia, o Ceivap havia feito um cálculo <strong>de</strong> que o agricultor <strong>de</strong> arrozpecisaria pagar 300 reais por hectare por ano pelo uso da água. Mas ele não produz isso <strong>de</strong>arroz, em termos <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s financeiros. O agricultor teoricamente é um ‘produtor <strong>de</strong> água’,porque é a pessoa que precisa ter o local on<strong>de</strong> a água se infiltra. Aqui na cida<strong>de</strong> vemos tu<strong>do</strong>impermeabiliza<strong>do</strong>; nós po<strong>de</strong>mos impermeabilizar aqui e queremos a água na nossa porta, maso agricultor não po<strong>de</strong> impermeabilizar a área <strong>de</strong>le, aliás, se cortar uma única árvore já épenaliza<strong>do</strong>. A partir <strong>de</strong>ssa questão <strong>do</strong> pagamento ambiental, então, colocamos um coeficiente<strong>de</strong> pagamento agroambiental que foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> no comitê <strong>de</strong> bacia, e essa cobrança queera 300 reais acabou sain<strong>do</strong> por 4 reais.Além da escola, <strong>de</strong>sses eventos e tu<strong>do</strong> que se possa fazer em termos <strong>de</strong> projeto, ainstância principal on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos atuar são os comitês <strong>de</strong> bacia. Gostaria até <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar umasituação que ocorre aqui no Vale: estão se crian<strong>do</strong> os comitês municipais <strong>de</strong> água, algo nãoprevisto em termos <strong>de</strong> legislação, mas já há cerca <strong>de</strong> 16 comitês <strong>de</strong>sses na região, o que<strong>de</strong>monstra que a questão da conscientização ambiental está se perpetuan<strong>do</strong>, as pessoas estãose reunin<strong>do</strong> no seu local para discutir essas ações, para interferir no planejamento <strong>do</strong>município, e isso é fundamental. Esse grupo que está aqui hoje também tem essa função <strong>de</strong>interferir no sistema, pois se <strong>de</strong>ixarmos para um único governante <strong>de</strong> um município, ele diz‘quero que faça ali e acabou’, muitas vezes gasta recursos e a obra traz só malefício.Quero chamar atenção também para o aspecto das matas ciliares: precisamos plantar,proteger topos <strong>de</strong> morros, nascentes, mas temos que fazer com algum cuida<strong>do</strong>. É preciso levarem conta se é <strong>de</strong> montante para jusante, trabalhar as cabeceiras primeiro.Para encerrar, gostaria <strong>de</strong> lembrar que nem to<strong>do</strong>s os comitês têm uma câmara técnica<strong>de</strong> educação ambiental. Se você tiver participação num comitê, solicite a criação <strong>de</strong> umacâmara técnica <strong>de</strong> educação ambiental, se não houver ninguém para coor<strong>de</strong>nar essa ação,coor<strong>de</strong>ne você mesmo. Se ela já existir, participe, pois precisamos <strong>do</strong> engajamento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>snessas ativida<strong>de</strong>s.Muitas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> áreas foram feitas em cima <strong>de</strong> políticasgovernamentais, uma hora era a cana, <strong>de</strong>pois o café, agora é o eucalipto, e muitas vezes oagricultor diz ‘não tenho nada com isso, não vou fazer o que estão exigin<strong>do</strong> que eu faça’.Então vejo a questão <strong>do</strong> pagamento ambiental como uma das ferramentas para que possamosimplementar essas ações. No caso <strong>do</strong> cultivo <strong>de</strong> eucalipto, por exemplo, com sua retiradaseletiva, é possível promover a formação <strong>de</strong> um sub-bosque, e a partir <strong>de</strong> <strong>do</strong>is cultivos pararaos poucos <strong>de</strong> cultivar o eucalipto. A área adquire um perfil para proteção.Vejo que esses são <strong>de</strong>safios da educação ambiental. No site www.agro.unitau.brencontram-se as informações <strong>do</strong>s projetos da Universida<strong>de</strong>, como o <strong>de</strong> reposição florestal e o<strong>de</strong> ressocialização associa<strong>do</strong> à escola primária, além <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> especialização.Esse projeto <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> matas ciliares da Secretaria <strong>do</strong> Meio Ambiente é muitoimportante e leva tempo. Mais uma coisa com a qual <strong>de</strong>vemos nos preocupar em relação àeducação ambiental é como medir seu efeito a posteriori, se o que apren<strong>de</strong>mos num curso,num evento, se surtiu efeito. Se efetivamente, alguém que fez nosso curso está atuan<strong>do</strong> naárea e ten<strong>do</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir.Marília Tozoni-Reis – Departamento <strong>de</strong> Educação – Unesp BotucatuPalestra cancelada.9
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surgiu a idéia de realização des
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A bacia do Paraíba do Sul, situada