O programa <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Banco Real é muito sério: são treze equipes <strong>de</strong>ntro<strong>do</strong> banco, cada uma trabalhan<strong>do</strong> com um papel diante da questão. Eu sou responsável pelaavaliação <strong>de</strong> projetos sustentáveis especiais, o que significa que to<strong>do</strong> projeto recebi<strong>do</strong> dacomunida<strong>de</strong>, seja <strong>de</strong> cliente ou não cliente, <strong>de</strong> colega ou que não seja social, cai na minhamesa para uma avaliação <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negócio, porque sustentabilida<strong>de</strong> é um assunto<strong>de</strong> negócio. Por exemplo, agora em <strong>de</strong>zembro lançaremos o Programa Real <strong>de</strong> Reciclagem <strong>de</strong>Pilhas e Baterias, o ‘papa-pilhas’, com pilotos em Porto Alegre, Campinas e João Pessoa, queterá um roll-out durante 2007 para todas as agências <strong>do</strong> banco e clientes, principalmenteescolas. Faremos parceria com cerca <strong>de</strong> 2,5 mil escolas, que não somente terão a coleta <strong>de</strong>pilhas e baterias, mas um programa educacional intenso. Cerca <strong>de</strong> 62% <strong>do</strong> orçamento <strong>do</strong>projeto são ações educacionais, pois enten<strong>do</strong> que uma nova mentalida<strong>de</strong> virá através <strong>do</strong>sjovens, da meninada, porque a minha geração está perdida.Dos oito anos em que trabalho com isso, neste ano <strong>de</strong> 2006 é a primeira vez em queencontro novida<strong>de</strong>s. Até então, encontrava sistematicamente as mesmas pessoas. Em marçotive uma conversa na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Administração <strong>do</strong> Litoral Sul, na Praia Gran<strong>de</strong>, e foi aprimeira vez que tive uma tremenda surpresa positiva. O auditório estava lota<strong>do</strong>, porque osuniversitários tinham resolvi<strong>do</strong> trazer seus pais para uma conversa sobre sustentabilida<strong>de</strong>. Foimaravilhoso, a primeira gran<strong>de</strong> surpresa que tive. Para mim, carbono já passou; quero saber<strong>de</strong> valoração <strong>do</strong> ecossistema.Gostaria <strong>de</strong> recomendar alguns filmes. Não sei se já assistiram a ‘Ilha das Flores’,disponível no site www.portacurtas.com.br. Outro filme, ‘Uma Verda<strong>de</strong> Inconveniente’, <strong>do</strong> AlGore, é exatamente sobre aquecimento global e mudanças climáticas, com uma visão <strong>de</strong>merca<strong>do</strong> e científica excepcional, imperdível. Não sei se vocês já viram o filme ‘A Corporação’,com a história da maior empresa <strong>de</strong> carpetes <strong>do</strong> planeta, chamada Interface, norte-americana,cujo relato é feito pelo presi<strong>de</strong>nte da empresa, que é o Ray An<strong>de</strong>rson, um filme que mostrapor que somos preda<strong>do</strong>res em termos <strong>de</strong> meio ambiente e mostra a virada que uma empresapo<strong>de</strong> dar. Uma empresa que é a maior produtora e ven<strong>de</strong><strong>do</strong>ra <strong>de</strong> carpetes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e setransforma numa empresa que aluga carpetes, para ter a certeza <strong>de</strong> que esse carpete volta100%, ou quase 100% para po<strong>de</strong>r ser recicla<strong>do</strong>. Vale a pena ver esse filme.A ‘Marcha <strong>do</strong>s Pinguïns’ também é interessante porque retrata bem o que é comunida<strong>de</strong>e a vida comunitária. Faz você pensar num con<strong>do</strong>mínio on<strong>de</strong> os mora<strong>do</strong>res nem secumprimentam. Os pingüins nos ensinam a como viver em comunida<strong>de</strong>, é fantástico.A Teoria <strong>de</strong> Gaia é também uma gran<strong>de</strong> questão: a <strong>de</strong> voltarmos a uma relação entre acapacida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ecossistemas e a <strong>de</strong>manda humana, já que hoje essa capacida<strong>de</strong> foiesquecida. Os cientistas dizem que estamos a um ou <strong>do</strong>is milímetros da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>reversão. Temos <strong>de</strong> fazer com que efetivamente essa relação volte a acontecer, e só há umjeito: água custa nada e vai ter que custar muito. Vai precisar ter valoração, porque hoje só secobra o seu custo <strong>de</strong> tratamento. A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, com 11 milhões <strong>de</strong> habitantes, temágua para 5 milhões, e hoje importa água. Se as bacias hidrográficas pararem <strong>de</strong> fornecer,quero ver o que vamos fazer.A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campinas não tem licença para ter aterro sanitário e vive jogan<strong>do</strong> seu lixo<strong>de</strong> maneira ilegal; o aterro que eles usam não está licencia<strong>do</strong>. No norte da Austrália, nãoexiste mais água potável, então, no centro daquele país está se construin<strong>do</strong> a maior usina <strong>de</strong>energia solar <strong>do</strong> planeta. A torre terá um quilômetro <strong>de</strong> altura e a abrangência das placas será<strong>de</strong> 20 km 2 . Isso é ótimo, mas veja o problema que a falta <strong>de</strong> água gera: acabou a água,acabou a energia, e isso vai em ca<strong>de</strong>ia: homens, animais, plantas.A Alemanha é um exemplo em termos da questão ambiental e em termos dasustentabilida<strong>de</strong>. Você vai ao supermerca<strong>do</strong> e já tem um lugar para <strong>de</strong>ixar a caixinha <strong>de</strong> pasta<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes; para que o consumi<strong>do</strong>r quer uma caixinha <strong>de</strong> pasta <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes?Há um ano e meio comprei uma televisão e quis <strong>de</strong>ixar a embalagem na loja, afinal,aquele lixo não é meu. Man<strong>de</strong>i um e-mail para o SAC da Phillips e eles não me respon<strong>de</strong>ram.Descobri então on<strong>de</strong> morava o presi<strong>de</strong>nte da Phillips e man<strong>de</strong>i um telegrama para ele. Umasemana e meia <strong>de</strong>pois, veio a resposta: “Agra<strong>de</strong>cemos a preocupação e estamos toman<strong>do</strong>providências”. Contratei um táxi e fiz com que o táxi <strong>de</strong>ixasse a embalagem da TV na casa <strong>do</strong>presi<strong>de</strong>nte da Phillips.Quan<strong>do</strong> vamos ao supermerca<strong>do</strong>, está lá o legume sobre uma ban<strong>de</strong>jinha <strong>de</strong> poliestireno,embrulha<strong>do</strong> em um filme; daí a gente pega e coloca num saquinho. Chega no caixa e ele38
coloca em outro saquinho. Tu<strong>do</strong> isso é lixo! Estamos começan<strong>do</strong> um movimento para que ossupermerca<strong>do</strong>s cobrem as bolsas <strong>de</strong> plástico. Não tem jeito, precisa cobrar. To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>respeita o uso <strong>do</strong> cinto porque tem multa.Mas o assunto <strong>de</strong> hoje é carbono. O merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono <strong>de</strong> fato é muito bonito no papel,numa apresentação, mas na vida como ela é, é um pouco diferente. Há <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s merca<strong>do</strong>s<strong>de</strong> carbono para três produtos principais, que são: o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> permissões, que foi chama<strong>do</strong><strong>de</strong> ‘allowances’; o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ‘joint implementantion’- operações conjuntas; e o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong>projetos MDL. O nosso merca<strong>do</strong> brasileiro, como merca<strong>do</strong> emergente e país <strong>do</strong> não-Anexo I,não tem a obrigação <strong>de</strong> reduzir suas emissões em 5,2% com base em 1990. Aliás, esse 5,2%com base em 1990 é uma piada <strong>de</strong> mau gosto, porque não resolve nada: segun<strong>do</strong> os melhorescálculos, a redução precisaria ser em torno <strong>de</strong> 60% para que tivéssemos um planeta melhordaqui a 30, 50 anos. Mas melhor isso <strong>do</strong> que nada.Assim, não adianta pensarmos no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> permissões, nem no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ‘jointimplementation’, esses não são nossos merca<strong>do</strong>s, temos que focar em projetos <strong>de</strong> MDL. Após2012, certamente o Brasil será um país com obrigação <strong>de</strong> redução das emissões. Quan<strong>do</strong>começamos Kyoto, estávamos no 19 o a 20 o lugar como país mais polui<strong>do</strong>r. Hoje disputamoscom a Índia o 4 o e 5 o lugar. A China, dizem, já é tranqüilamente o terceiro lugar, e logo será omaior polui<strong>do</strong>r <strong>do</strong> planeta, porque a China existe em cima <strong>de</strong> uma mina <strong>de</strong> carvão - toda aenergia <strong>de</strong>les vem <strong>do</strong> carvão mineral, o mais polui<strong>do</strong>r <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s eles.Os projetos <strong>de</strong> MDL po<strong>de</strong>m ser por reflorestamento. Quan<strong>do</strong> começou o Protocolo <strong>de</strong>Kyoto, a gran<strong>de</strong> novida<strong>de</strong> era o seqüestro <strong>de</strong> carbono pelas florestas, ao se falar <strong>de</strong> reduçãodas emissões. Um aterro sanitário capta CH 4 (gás metano) para queimá-lo e jogá-lo naatmosfera como CO 2 (gás carbônico). O metano tem um forçamento radioativo 21 vezessuperior ao CO 2 , o que significa dizer que a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aquecimento global <strong>do</strong> metano é 21vezes maior que a <strong>do</strong> gás carbônico. Esta diferença é um crédito <strong>de</strong> carbono: é preferívelemitir um gás menos poluente.Uma indústria <strong>de</strong> móveis que na sua cal<strong>de</strong>ira queima o diesel e troca esse combustívelpor biomassa, como restos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira da própria indústria, gera uma diferença que significaum crédito <strong>de</strong> carbono. Mas se a indústria <strong>de</strong> móveis já começar queiman<strong>do</strong> biomassa, nãoterá o crédito <strong>de</strong> carbono, porque isso é Business as Usual (BAU). Uma coisa é o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong>Kyoto, chama<strong>do</strong> ECX, que são as bolsas européias comprometidas com a sustentabilida<strong>de</strong>;outra é o merca<strong>do</strong> CCX, que é a bolsa <strong>de</strong> Chicago, sem compromisso com a sustentabilida<strong>de</strong>.Em Chicago, por exemplo, florestamento da Klabin, Aracruz, está incluí<strong>do</strong>, porque umafloresta <strong>de</strong> eucalipto negociada na bolsa <strong>de</strong> Chicago tem corte raso a casa sete anos. Kyoto, aocontrário, analisa ciclo <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> produto: aquela ma<strong>de</strong>ira cortada <strong>do</strong> eucalipto precisará terseu <strong>de</strong>stino analisa<strong>do</strong>. Irá para fábrica <strong>de</strong> celulose, vai virar papel? E o ciclo <strong>de</strong> vida dacelulose e <strong>do</strong> papel provavelmente será negativo.Para aqueles que efetivamente trabalham com sustentabilida<strong>de</strong>, não se po<strong>de</strong> trabalharcom esse critério na Bolsa <strong>de</strong> Chicago, tem que estar na ECX, nas bolsas européias, e adiferença <strong>de</strong> preço é muito gran<strong>de</strong>. Enquanto em Chicago a tonelada <strong>de</strong> carbono está por volta<strong>de</strong> 4,5 dólares, nas Bolsas ECX o preço já chegou a 28 euros e hoje está por volta <strong>de</strong> 15 euros,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> projeto. No merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono, é preciso muita atenção, porqueexistem critérios, técnicas e mensurações.39
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