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Anais Encontro Água & Floresta - SIGAM - Governo do Estado de ...

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Com isso, tratamos <strong>de</strong> calcular matematicamente o acúmulo <strong>de</strong> carbono com equaçõesque têm da<strong>do</strong> um trabalhão para serem construídas e discutidas. Mas os <strong>do</strong>is principaisrepositórios ou estoques <strong>de</strong> carbono calcula<strong>do</strong>s hoje são a biomassa acima e abaixo <strong>do</strong> solo:cerca <strong>de</strong> 80% da biomassa <strong>do</strong> carbono removi<strong>do</strong> está acima <strong>do</strong> solo e 20% abaixo. Esta é aequação essencial usada para calcular cada um <strong>de</strong>sses estoques, é basicamente um somatórioque consi<strong>de</strong>ra todas as áreas <strong>de</strong>finidas para o cálculo, ao longo <strong>do</strong> tempo previsto, com avariável representan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carbono que se consegue remover (essas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>ssão convencionadas pelo Painel Intergovernamental <strong>de</strong> Mudanças Climáticas, o IPCC).Calculamos inicialmente, em carbono molecular, a razão entre o peso da molécula <strong>de</strong>carbono e <strong>de</strong> CO2, para converter a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carbono em quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> CO2 equivalenteque estaríamos removen<strong>do</strong>. Só para se ter uma idéia <strong>de</strong>sse número: na área <strong>de</strong> 1.256hectares que já plantamos e estamos monitoran<strong>do</strong>, ao longo <strong>de</strong> 30 anos <strong>de</strong>ve se acumular 478mil toneladas <strong>de</strong> CO2 equivalente. Não sabemos quanto custa, quanto vale isso, temos umaoferta firme <strong>do</strong> Banco Mundial, em torno <strong>de</strong> 4 dólares por tonelada, o que dá 1,7 milhão <strong>de</strong>dólares. Mas dizem que as evidências <strong>do</strong>s fenômenos climáticos estão pesan<strong>do</strong> tanto naopinião <strong>de</strong> governantes da socieda<strong>de</strong> planetária, que esse preço <strong>de</strong>ve subir muito nos anos <strong>de</strong>2008 a 2012, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> chegar a algo em torno <strong>de</strong> 30 a 40 euros por tonelada. Se tivermospelo menos 15 dólares por tonelada, isso daria para viabilizar o plantio <strong>de</strong> extensas áreas echegar a uma regeneração vigorosa.Na Tietê herdamos da CESP um bom começo para fazer o plantio, agora estamosaprimoran<strong>do</strong> esse processo. Estamos pensan<strong>do</strong> inclusive em recolocar um convênio com aEsalq para apren<strong>de</strong>rmos agora não só plantar uma floresta, mas a plantar com o objetivo daremoção <strong>de</strong> CO2.Basicamente, começamos pela coleta <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> espécies nativas em fragmentos <strong>de</strong>florestas existentes, que são poucos, tratamos as sementes e fazemos uma triagem genética.A seguir, vem a semeadura direta e indireta, irrigamos, robustecemos as mudas, fazemos aseleção. Temos um viveiro que produz um milhão <strong>de</strong> mudas/ano, em Promissão. Trabalhamoscom entre 100 e 126 espécies diferentes e preten<strong>de</strong>mos plantar em torno <strong>de</strong> 16 milhões <strong>de</strong>mudas <strong>de</strong> espécies nativas nesse projeto.Depois <strong>de</strong> selecionadas as mudas, há a topografia, a marcação da área, consi<strong>de</strong>rada APP.Infelizmente, temos que fazer o cercamento da muda, que é o item mais caro <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>plantio, para protegê-las. Fazemos a roçada e um controle químico <strong>de</strong> ervas agressoras, quepo<strong>de</strong>riam impedir o crescimento no primeiro ano. Depois disso, fazemos as covas, levamos asmudas, coletamos, plantamos e irrigamos. No primeiro e segun<strong>do</strong> anos fazemos a roçada, ocontrole <strong>de</strong> formigas e <strong>de</strong> ervas agressoras.O resulta<strong>do</strong> é uma faixa <strong>de</strong> floresta <strong>de</strong> em torno <strong>de</strong> 30 a 40 metros <strong>de</strong> largura <strong>de</strong>proprieda<strong>de</strong> da Tietê. Gostaríamos muito que nossos vizinhos proprietários das áreas contíguastambém pu<strong>de</strong>ssem a<strong>de</strong>rir, pois a lei no Brasil estabelece que a APP é <strong>de</strong> cem metros. Somosproprietários da primeira faixa <strong>de</strong> entorno <strong>de</strong> 30 metros em média, e se nossos vizinhosa<strong>de</strong>rirem, teremos uma faixa <strong>de</strong> floresta bem maior.Preten<strong>de</strong>mos remover em torno <strong>de</strong> 3,4 milhões <strong>de</strong> toneladas naquela área <strong>de</strong> 8.900hectares. Se no futuro, o preço <strong>do</strong> carbono for em torno <strong>de</strong> 10 a 15 dólares, serão 45 milhões<strong>de</strong> dólares: o quanto po<strong>de</strong>ríamos trazer para o Brasil para plantar essas árvores.Essa meto<strong>do</strong>logia que <strong>de</strong>senvolvemos e propusemos para a junta executiva <strong>do</strong> MDL estábaseada em três pilares: transparência, conserva<strong>do</strong>rismo no cálculo e replicabilida<strong>de</strong>. Ninguémpo<strong>de</strong> acreditar num calculo que não seja explicitamente transparente, ou seja, que nãopermita a qualquer pessoa reproduzir a meto<strong>do</strong>logia em qualquer lugar <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Tem queser conserva<strong>do</strong>r, ou seja, 3,4 milhões é o que estamos calculan<strong>do</strong>, mas na hora <strong>de</strong> medir,provavelmente vamos encontrar mais carbono lá. E replicabilida<strong>de</strong>, ou seja, essa meto<strong>do</strong>logia<strong>de</strong>verá ser passível <strong>de</strong> ser repetida em outras matas ciliares, no Brasil e em qualquer outrolugar <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Obviamente precisaremos <strong>de</strong> parâmetros ajusta<strong>do</strong>s em função da realida<strong>de</strong>geográfica, física, biológica e botânica.Só gostaria <strong>de</strong> observar que existem muitos <strong>de</strong>safios. Formulamos um projeto quepassou um ano sen<strong>do</strong> discuti<strong>do</strong> com o grupo <strong>de</strong> trabalho responsável por analisar as propostasque vão para diversas partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. São pessoas normalmente indicadas pelos governos<strong>do</strong>s países signatários da Convenção <strong>do</strong> Clima, e temos enfrenta<strong>do</strong> uma barreira muito gran<strong>de</strong>para tentar fazer enten<strong>de</strong>r às pessoas lá fora o que ocorre em áreas tropicais, como no Brasil.15

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