Primeiro, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que ele funciona como um tampão entre a chegada da chuva namicrobacia e a liberação <strong>de</strong>ssa água ao longo <strong>do</strong> solo, <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> drenagem, etc. Enten<strong>de</strong>rque essas coisas todas funcionam em diferentes escalas <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>, que é umconceito multidisciplinar e também <strong>de</strong> múltiplas escalas. Enten<strong>de</strong>r que a presença <strong>de</strong> núcleos<strong>de</strong> renovação, como foram chama<strong>do</strong>s esses fragmentos que po<strong>de</strong>m contribuir para arestauração, é parte fundamental <strong>de</strong>ssa resiliência. Temos que enten<strong>de</strong>r também não apenas<strong>do</strong>s limites espaciais, mas também das dinâmicas das zonas ripárias das microbacias. Temosque enten<strong>de</strong>r que em outras escalas da sustentabilida<strong>de</strong>, a gente já po<strong>de</strong> estar causan<strong>do</strong>problemas, as estradas malfeitas e mal conservadas são um problema sério <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradaçãohidrológica, temos que enten<strong>de</strong>r que zona ripária não foi feita para se jogar lixo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la.E se só nos preocuparmos com a espécie que vamos plantar, no nosso sítio ou numafazenda maior, não vamos enxergar outras escalas importantes que começam na microbacia,passam à paisagem, e cada paisagem tem uma questão regional. Então há indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sustentabilida<strong>de</strong>: em cada uma <strong>de</strong>ssas escalas, a microbacia é uma escala interessante, poisse situa justamente entre a parte on<strong>de</strong> as ações ocorrem, on<strong>de</strong> o homem planta, <strong>de</strong>strói ourestaura, e aquilo que o próprio homem espera, que é a manutenção da qualida<strong>de</strong> da biosfera.Os aspectos regionais da paisagem também <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>ssesecossistemas afeta<strong>do</strong>s por nossas ações.Quan<strong>do</strong> vemos uma paisagem e dizemos ‘que legal, temos uma fazenda com área <strong>de</strong>produção e <strong>de</strong> proteção hidrológica’, po<strong>de</strong> ser uma visão aparente. Se chegamos mais perto,po<strong>de</strong>mos ver que aquele ecossistema ripário que <strong>de</strong> longe parece bonitinho já começa a darsinais <strong>de</strong> não estar bem. Se o manejo <strong>do</strong> ecossistema ripário não for a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, afeta orestante. É preciso ligar recuperação com questões <strong>de</strong> manejo.De que adianta eu ter 50 metros <strong>de</strong> mata <strong>de</strong> cabeceira protegen<strong>do</strong> a nascente, se façouma estrada ruim e a mata não serve para nada? Respeitar a lei é uma coisa, mas respeitar oslimites da zona ripária é bem diferente.CONSIDERAÇÕES FINAIS:Walter <strong>de</strong> Paula LimaQuan<strong>do</strong> falamos em microbacia, não olhamos para o que é que precisamos cuidar. Pensamos‘<strong>de</strong>ixa o rio, ele é um artista, é o maior artista porque consegue atravessar quilômetros <strong>de</strong>área <strong>de</strong>gradada’, mas está morren<strong>do</strong> porque as microbacias que são as alimenta<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>sgran<strong>de</strong>s sistemas pluviais não passam por políticas ambientais. Precisaria dar uma guinada...Quan<strong>do</strong> falam em revitalizar o rio São Francisco, acho <strong>de</strong> uma idiotice sem tamanho, <strong>de</strong>ixa elelá, vamos cuidar das microbacias <strong>de</strong>gradadas que vimos por aí.Demóstenes Barbosa SilvaPu<strong>de</strong> perceber que temos inquietu<strong>de</strong> em relação ao tema da gestão ambiental, enfim, daspolíticas públicas diversas. Acho que é muito positiva essa inquietu<strong>de</strong>, que se verifica numplano nacional e internacional. Talvez isso indique que nossa socieda<strong>de</strong> e comunida<strong>de</strong>s jáestão com um grau <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> ao tema bastante apropriada para colocarmos a mão namassa. A responsabilida<strong>de</strong> por restaurar o que foi impacta<strong>do</strong> não po<strong>de</strong> ser atribuída a umsegmento ou outro <strong>de</strong> governo, ou às empresas, ou às escolas. Temos uma gran<strong>de</strong> tarefa aser empreendida <strong>de</strong> uma forma cooperativa e com base na consciência que já formamos. Creioque é ótimo que a inquietu<strong>de</strong> exista, que cultivemos e nos associemos uns aos outros paraenfrentar o <strong>de</strong>safio, que é muito gran<strong>de</strong>. O governo <strong>de</strong> São Paulo, esse evento, o próprioPrograma <strong>de</strong> Recuperação <strong>de</strong> Matas Ciliares é um atesta<strong>do</strong>, indicativo <strong>do</strong> quanto tem si<strong>do</strong> feito<strong>de</strong> esforços <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> governo. Nós, da socieda<strong>de</strong> civil organizada, precisamos nos integrar aeste esforço.Waldir MantovaniQueria fazer apologia a algo que está sen<strong>do</strong> extinto ultimamente que é o servi<strong>do</strong>r público,também sou. Não sou funcionário publico, ser servi<strong>do</strong>r publico é uma postura, é algo muito30
diferente <strong>de</strong> ser funcionário, que às vezes se apropria <strong>do</strong> público por questões privadas. E oservi<strong>do</strong>r publico é alguém que serve o público e que <strong>de</strong>ve ser cobra<strong>do</strong> pelos seus serviços;então existe toda uma estrutura pública no Brasil sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>gradada. Não é possível que nãotenhamos ação <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> atuan<strong>do</strong> nestas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s para, no mínimo, dar uma condiçãoigual para as pessoas partirem <strong>de</strong> um ponto minimamente satisfatório para o seu<strong>de</strong>senvolvimento. Falo <strong>de</strong> ensino público <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, mas também <strong>de</strong>órgãos públicos que cuidam da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ambiente, e raramente temos um discurso <strong>de</strong> quemeio ambiente somos nós, pessoas que vivem no mesmo espaço. Em geral somos ‘nós’ e ‘eles’governo, e eu não tenho responsabilida<strong>de</strong> no processo. Chamar essa responsabilida<strong>de</strong> àsocieda<strong>de</strong> como um to<strong>do</strong> implica em valorizar o papel que tem o serviço público nas suasmissões, qualifica-lo, inclusive. Quan<strong>do</strong> na década <strong>de</strong> 70 houve uma migração da classe médiapara as escolas particulares, as públicas per<strong>de</strong>ram muito valor, foram largadas, e quem pô<strong>de</strong>pagar escola particular privilegiou seus filhos, crian<strong>do</strong> condição para entrar na universida<strong>de</strong>.Então é uma postura da socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> um segmento, e às vezes por omissão permitem queaconteça isso. Quan<strong>do</strong> garoto, lembro que era trata<strong>do</strong> apenas nos postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> municipal,on<strong>de</strong> estavam os melhores médicos. Isso mu<strong>do</strong>u radicalmente num tempo curto, apenasporque não fomos cidadãos, não fizemos exercício da exigência <strong>de</strong>ssas condições.Esse eixo ambiental, se as pessoas olharem <strong>de</strong> novo, é capaz <strong>de</strong> resgatar essas relaçõessociais mais iguais, porque amarra novamente as pessoas, não importa a classe social, se aágua está ruim ,está ruim pra to<strong>do</strong>s, ar i<strong>de</strong>m, to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> paga um preço da <strong>de</strong>gradação. Éuma mudança real na forma <strong>de</strong> olhar.Fernan<strong>do</strong> VeigaSó queria agra<strong>de</strong>cer a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estarmos <strong>de</strong>baten<strong>do</strong> esse tema da floresta-água,apresentar conceitos <strong>de</strong> serviços ambientais, e <strong>de</strong>ixar a mensagem da importância <strong>de</strong> pôr emprática conceitos novos que vêm sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> carbono à produção <strong>de</strong>água; lembrar a importância da construção <strong>de</strong> parcerias para a implementação <strong>de</strong>ssas novaspropostas. Assim, vislumbramos novos caminhos para o quadro da <strong>de</strong>gradação que envolve agestão <strong>de</strong> água e floresta.Helena CarrascosaEste encontro é uma oportunida<strong>de</strong> interessante <strong>de</strong> avançarmos nesse diálogo e nessaconstrução, que é algo que to<strong>do</strong>s nós esperamos que aconteça. Temos hoje condição muitodiferente <strong>do</strong> que tínhamos há 20 anos, as instituições públicas, as ONGs, as empresas e aspessoas amadureceram muito. E hoje temos condição <strong>de</strong> passar da fase <strong>de</strong> ‘boca no trombone’para ‘botar a mão na massa’, e isso se <strong>de</strong>ve fazer coletivamente. É fundamental oengajamento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, inclusive o que critica a atuação <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público, a gente não se senteofendi<strong>do</strong> pessoalmente. Somos to<strong>do</strong>s companheiros neste processo.31
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