Temos ti<strong>do</strong> apoio no Brasil <strong>de</strong> diversas entida<strong>de</strong>s, <strong>do</strong> governo estadual, <strong>do</strong> fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong> ONGs,há uma gran<strong>de</strong> expectativa criada. Temos fé que vamos conseguir chegar ao fim, e quan<strong>do</strong>isso acontecer, o melhor que po<strong>de</strong>remos ter <strong>de</strong> compensação para esse esforço to<strong>do</strong> (que nãoé só da AES, mas <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s que contribuem) será ter essa meto<strong>do</strong>logia sen<strong>do</strong> largamenteaplicada no Brasil para apoiar projetos <strong>de</strong> reflorestamento. Incentivamos to<strong>do</strong>s aqui apensarem na importância <strong>do</strong> reflorestamento com nativas sobre a importância da regeneraçãodas nossas matas.Fernan<strong>do</strong> Veiga – The Nature ConservancyPara nós é muito importante estar aqui, pois temos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> trabalhos com aSecretaria <strong>de</strong> Meio Ambiente e com outros atores importantes no esta<strong>do</strong>, enfocan<strong>do</strong> a bacia <strong>do</strong>Paraíba <strong>do</strong> Sul. Fico muito feliz em ver a evolução <strong>de</strong>sse tema floresta e água com um eventoque relaciona os <strong>do</strong>is nomes, mostran<strong>do</strong> que <strong>de</strong> fato essa idéia vem toman<strong>do</strong> corpo. Estamosacompanhan<strong>do</strong> com interesse a iniciativa da AES Tietê, fazen<strong>do</strong> parte da torcida que quer ameto<strong>do</strong>logia aprovada, porque também enten<strong>de</strong>mos que é um abri<strong>do</strong>r <strong>de</strong> porteiras para to<strong>do</strong>sos projetos, inclusive os nossos, que preten<strong>de</strong>m usar o carbono como uma ferramenta <strong>de</strong>restauração florestal.Vou falar <strong>do</strong> nosso projeto <strong>de</strong> restauração em larga escala da floresta atlântica, além <strong>de</strong>sua relação com o tema floresta e água. A The Nature Conservancy é uma organização nãogovernamentalfundada em 1951 nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Atuamos em 28 paises, e estamos<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final da década <strong>de</strong> 1980 no Brasil, com a visão <strong>de</strong> contribuir para a proteção <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>s áreas no mun<strong>do</strong>. O mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalhar é em parceria com organizações nacionais,tanto governamentais quanto ONGs, exatamente buscan<strong>do</strong> este alcance maior. Eparticularmente <strong>de</strong> uns anos para cá, nosso foco está na busca <strong>de</strong> instrumentos econômicosque possam viabilizar tanto a restauração quanto a conservação <strong>de</strong> florestas, através <strong>de</strong>políticas públicas que possam alavancar e replicar ações para conservação.Na América <strong>do</strong> Sul estamos dividi<strong>do</strong>s em 5 regiões - <strong>Floresta</strong> Atlântica, Cerra<strong>do</strong>s /Caatinga / Chaco, Amazônia, An<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Norte e An<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Sul. Faço parte <strong>do</strong> escritório da<strong>Floresta</strong> Atlântica, localiza<strong>do</strong> em Curitiba, e <strong>de</strong>senvolvemos projetos <strong>de</strong> Santa Catarina aoNor<strong>de</strong>ste. Temos a meta <strong>de</strong> trabalhar em parceria com outros órgãos, buscan<strong>do</strong> a proteçãoefetiva <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong> cada principal bioma no mun<strong>do</strong>. Não é um número mágico, mas um númeromínimo que teríamos <strong>de</strong> buscar para a conservação da biodiversida<strong>de</strong> no mun<strong>do</strong>, comhorizonte em 2015. É com essa meta que trabalhamos em cada escritório, com parceirosnacionais, estaduais, municípios e ONGs locais, buscan<strong>do</strong> a conservação <strong>de</strong> 10% da florestaatlântica, o que não é pouco se pensarmos o que já está aberto.A floresta atlântica conta com 122 milhões <strong>de</strong> hectares, cobrin<strong>do</strong> parte <strong>do</strong> Paraguai,Uruguai e Argentina, e os da<strong>do</strong>s da SOS Mata Atlântica e <strong>do</strong> INPE mostram 7% <strong>de</strong>remanescentes altamente fragmenta<strong>do</strong>s, com alguma concentração no sul <strong>de</strong> São Paulo enorte <strong>do</strong> Paraná, além da ponta da Argentina. A floresta está muito fragmentada e,basicamente, na mão <strong>de</strong> proprietários priva<strong>do</strong>s, o que nos faz buscar estratégias <strong>de</strong>conservação em terras privadas, ou seja, instrumentos priva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> conservação. E dada asituação <strong>de</strong>sses remanescentes, a restauração das áreas <strong>de</strong>gradadas para restabelecer asfunções <strong>de</strong> ecossistemas e os corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> é fundamental, com instrumentoscomo os relativos ao carbono e à gestão da água, que possam viabilizar a recuperação,Assim, o objetivo que estamos buscan<strong>do</strong> é a restauração <strong>de</strong> pelo menos um milhão <strong>de</strong>hectares nos próximos anos. E para isso temos <strong>de</strong>safios: se os remanescentes estão em mãos<strong>de</strong> proprietários priva<strong>do</strong>s, o principal <strong>de</strong>safio é como engajar os produtores rurais nesse tema,como trazê-los para isso, pois em geral não estão mobiliza<strong>do</strong>s e convenci<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssanecessida<strong>de</strong>. Por isso, tanta importância para o incentivo econômico que possa trazê-los.Outros pontos fundamentais são o alto custo <strong>de</strong> plantio – um gargalo sério que temos <strong>de</strong>trabalhar para tentar reduzir –, como estabelecer as parcerias necessárias e, finalmente, como<strong>de</strong>senvolver e aprimorar esses novos merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> serviços ambientais que vêm surgin<strong>do</strong>.Dividimos esses serviços grosseiramente em três gran<strong>de</strong>s merca<strong>do</strong>s: carbono, água ebiodiversida<strong>de</strong>. O <strong>de</strong>safio, que não é pequeno, mas que vem sen<strong>do</strong> discuti<strong>do</strong> em várias partes16
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e toman<strong>do</strong> corpo, é que esses serviços possam gerar valor através das áreasrestauradas e em processo <strong>de</strong> recuperação.Em relação à participação <strong>de</strong> produtores, temos alguns mecanismos. Por exemplo: cadavez mais se exige o licenciamento ambiental em vários esta<strong>do</strong>s da floresta atlântica. Emalgumas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crédito, há um crescente movimento <strong>do</strong>s presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> crédito, osbancos, relativamente às APPs. Há cada vez mais pressão <strong>do</strong>s compra<strong>do</strong>res pela certificação,para que esses processos se estabeleçam na indústria florestal, na <strong>de</strong> soja, <strong>do</strong>s orgânicos, eaté em processos como o da cana. O novo ‘boom’ <strong>de</strong> cana no país certamente vai exigir umprocesso <strong>de</strong> certificação. É um fator importante <strong>de</strong> pressão, <strong>de</strong> convencimento <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong>vista econômico, convidar os produtores a se a<strong>de</strong>quar <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> reserva legal eAPP.Temos vários programas ‘dispostos’ a participar com parte <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> recuperação. E háessa luta pelo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> incentivos econômicos, para que a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> umamaneira global, no caso <strong>de</strong> carbono, ou regional, no caso <strong>de</strong> água, possa pagar uma parte<strong>de</strong>ssa conta ou estimular o produtor a participar <strong>de</strong> maneira mais ativa. Há ainda outrosincentivos econômicos que po<strong>de</strong>mos citar, como o crédito diferencia<strong>do</strong>.Várias iniciativas governamentais, estaduais e nacionais, como esse programa <strong>de</strong>recuperação <strong>de</strong> matas ciliares da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Meio Ambiente, merecem <strong>de</strong>staque.A percepção crescente <strong>do</strong> Código <strong>Floresta</strong>l, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong> diversos financia<strong>do</strong>res, e a questão<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> serviços ambientais como instrumentos econômicos têmcontribuí<strong>do</strong>.Sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços ambientais, em que há chance <strong>de</strong> o carbono serfinancia<strong>do</strong>r <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> restauração, gostaria <strong>de</strong> perguntar: quais seriam esses serviçosambientais? Estamos acostuma<strong>do</strong>s a ver a floresta como uma fornece<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> produtos,produzin<strong>do</strong> ma<strong>de</strong>ira, geran<strong>do</strong> frutos (castanha, palmito, erva-mate, plantas medicinais), caça,pesca, base da agricultura <strong>de</strong> subsistência da roça e queima, ou seja, a floresta comofornece<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> adubo para a roça, e como a gran<strong>de</strong> fornece<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> área para expansãoagrícola e pecuária, a exemplo da fronteira da Amazônia. Esses têm si<strong>do</strong> os usos da floresta, epor que as pessoas em geral só enxergam os usos <strong>de</strong>sses produtos com a floresta <strong>de</strong>rrubadaou alterada? Ou quan<strong>do</strong> já há floresta aberta, não enxergam a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> reverter esseprocesso, há dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> convencer os produtores <strong>do</strong>s 70 metros além <strong>do</strong>s 30 metros que aAES Tietê tem. Porque essas áreas em geral já estão ocupadas com uma ativida<strong>de</strong> que gerauma receita para o produtor. Em vários momentos, só reverteremos isso se <strong>de</strong>senvolvermosoutro mecanismo <strong>de</strong> renda que possa fazer frente a essas oportunida<strong>de</strong>s.Além disso, a floresta é muito mais que só produtos. A floresta gera serviços cada veztoma<strong>do</strong>s como mais importantes que alguns produtos. Temos o caso <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba, emalgumas regiões vale muito mais ser produtor <strong>de</strong> água <strong>do</strong> que <strong>de</strong> leite, <strong>de</strong> grãos. Temos novale uma população enorme, se extrapolarmos para a <strong>Floresta</strong> Atlântica, há 100 milhões <strong>de</strong>pessoas viven<strong>do</strong> aí, e faz muito mais senti<strong>do</strong>, em algumas regiões, produzir água para essas100 milhões <strong>de</strong> pessoas <strong>do</strong> que produzir grãos e leite. Não estamos fazen<strong>do</strong> apologia da trocapura e simples, mas da importância cada vez maior <strong>do</strong> zoneamento, <strong>de</strong> se gerar um novo fluxo<strong>de</strong> receita basea<strong>do</strong> não só em produtos, mas nesses serviços.Há serviços gera<strong>do</strong>s para a população regional e outros para a população global. O que éo merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono a não ser esse valor crescente que se dá ao aquecimento global e aimportância da restauração <strong>de</strong> floresta para isso? Assim, o que seriam esses serviços?Definições clássicas colocam que são os presta<strong>do</strong>s por ecossistemas naturais e as espécies queos compõem na sustentação e preenchimento das condições para a vida humana na Terra.Falamos <strong>de</strong> natureza <strong>de</strong> uma maneira diferente aqui, ou seja, os ecossistemas têm valorporque prestam serviços e permitem que a socieda<strong>de</strong> humana viva, <strong>de</strong> uma maneira até hojenão cobrada, mas mais eficiente que qualquer substituto artificial cria<strong>do</strong>, pago pelo homem.Um bom exemplo disso é a questão <strong>do</strong> tratamento <strong>de</strong> água: há áreas <strong>de</strong> mananciais fazen<strong>do</strong> oserviço <strong>de</strong> manutenção da qualida<strong>de</strong> da água <strong>de</strong> maneira mais eficiente e mais barata que asestações <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> água.Po<strong>de</strong>ríamos também chamá-los <strong>de</strong> serviços responsáveis pela infra-estrutura da vidahumana na Terra. De uma maneira geral, são dividi<strong>do</strong>s em três gran<strong>de</strong>s grupos: clima, água ebiodiversida<strong>de</strong>. No clima, a manutenção da floresta é fundamental para a manutenção <strong>do</strong>estoque <strong>de</strong> carbono. O Brasil é acusa<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser um <strong>do</strong>s principais causa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> efeito estufapela emissão que gera (pelo levantamento que o país fez frente a seu compromisso global, o17
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surgiu a idéia de realização des
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