- MESA-REDONDA 4 –GESTÃO INTEGRADA DE RECURSOS HÍDRICOSComposição da mesa‣ Marcelo Targa – Pós-Graduação em Ciências Ambientais – Unitau‣ Devanir Garcia <strong>do</strong>s Santos – MMA‣ Demetrios Christofidis – Câmara Técnica <strong>de</strong> Educação, Capacitação, Mobilização Social eInformação em Recursos Hídricos – Conselho Nacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos‣ Edílson <strong>de</strong> Paula Andra<strong>de</strong> – Comitê <strong>de</strong> Bacias Hidrográficas <strong>do</strong> Rio Paraíba <strong>do</strong> Sul‣ Paulo Valadares Soares – Fundação <strong>Floresta</strong>l‣ Ricar<strong>do</strong> Novaes - Laboratório <strong>de</strong> Educação e Ambiente – TEIA/USPDevanir Garcia <strong>do</strong>s Santos – Ministério <strong>do</strong> Meio AmbienteDes<strong>de</strong> que o homem resolveu viver nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, mu<strong>do</strong>u seu perfil <strong>de</strong> consumo eo quanto passou a consumir energia. Como não existe milagre, para suprir essa necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> energia, teve <strong>de</strong> impactar o meio à custa <strong>do</strong>s recursos naturais. Dadas as necessida<strong>de</strong>s,sem uma tecnologia a<strong>de</strong>quada, começamos a consumir muitos recursos hídricos, numatrajetória perigosa sobre a qual temos que começar a nos preocupar, a pensar em mudar seurumo.Se observarmos a matriz energética <strong>do</strong> Brasil, algo ainda é muito interessante: temos44,7% com base em energia renovável e 55,3% em não-renovável, bem diferente <strong>do</strong> resto <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>, que consome muito mais energia não-renovável. Isso levou, há cerca <strong>de</strong> 20 anos, ainiciarmos uma discussão sobre a sustentabilida<strong>de</strong> e formas <strong>de</strong> alongarmos cada vez maisnosso estoque <strong>de</strong> recursos naturais, fundamentais à sobrevivência <strong>de</strong>ssa e das futurasgerações.Com a questão da água não foi diferente, pois apesar <strong>de</strong> aparentemente haver em muitaquantida<strong>de</strong>, somente 2,5% da água no mun<strong>do</strong> é <strong>do</strong>ce. Desses 2,5%, temos 69% em geleira,30% em águas subterrâneas muitas vezes profundas, 9% em placas <strong>de</strong> gelo, e apenas 0,3%como água em sobre a qual temos condição exercer alguma governabilida<strong>de</strong>. Então, quan<strong>do</strong>falamos em gestão <strong>de</strong> recursos hídricos, isso diz respeito a 0,3% <strong>do</strong>s 2,5% existentes nomun<strong>do</strong>. A água está mal distribuída no mun<strong>do</strong>, mas o Brasil tem uma parcela muito boa; noBrasil há gran<strong>de</strong> uso agrícola e consi<strong>de</strong>rável uso industrial e urbano. Usar a água é umaquestão normal, o que preocupa é a forma como isso se faz: to<strong>do</strong>s os segmentos que utilizamágua estão consumin<strong>do</strong> cada vez mais, e ainda há a perda nos usos. Isso levou a discutirmos ea iniciarmos uma preocupação com a gestão <strong>de</strong> recursos hídricos.O Brasil tem 13,8% <strong>do</strong>s recursos superficiais <strong>de</strong> água <strong>do</strong>ce <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Se consi<strong>de</strong>rarmosas águas internas, a que entra pela bacia amazônica, chegamos a 18% da água superficial <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>. Isso trouxe sempre a idéia da abundância e gerou a cultura <strong>do</strong> uso abusivo, e com issotivemos uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrios, tornan<strong>do</strong> complica<strong>do</strong> hoje para muitas regiões <strong>do</strong> Brasilsuprir suas necessida<strong>de</strong>s.Se olharmos a situação <strong>de</strong> perto, veremos que a região Norte tem gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>água, <strong>de</strong> solos, e uma pequena população; no outro extremo, o Nor<strong>de</strong>ste possui pouquíssimaágua, boa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solo e uma gran<strong>de</strong> população. Isso traz o retrato <strong>de</strong> uma regiãoNorte, amazônica, prove<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> serviços ambientais, pois tem vocação para isso. Masprecisamos começar a trabalhar para que seja remunerada e permaneça como prove<strong>do</strong>ra <strong>de</strong>serviços ambientais.Na região Nor<strong>de</strong>ste, a água não dá mesmo nem para abastecer a população, háproblema <strong>de</strong> seca constante e muitas vezes falta água até para o uso <strong>do</strong>méstico. Na região Sule Su<strong>de</strong>ste, estamos impactan<strong>do</strong> nossos recursos hídricos, per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> em qualida<strong>de</strong>. E há oCentro-Oeste, cuja fronteira agrícola tem gran<strong>de</strong> potencial, que se for bem trabalha<strong>do</strong>,efetivamente po<strong>de</strong>rá realizar o sonho <strong>do</strong> Brasil <strong>de</strong> ser o celeiro <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Mas teremos que40
acionalizar muita água nessa região para po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>senvolver a irrigação necessária a essesonho.Antigamente, pensávamos somente na geração <strong>de</strong> energia elétrica, irrigação eabastecimento humano, mas hoje vemos que os usos da água estão mais diversos - tanto quealguns usos não têm voz nos comitês, como a vazão ecológica.A disponibilida<strong>de</strong> está diminuin<strong>do</strong> porque estamos poluin<strong>do</strong> parte <strong>de</strong>ssas águas e asnossas <strong>de</strong>mandas estão crescen<strong>do</strong>, o que tem gera<strong>do</strong> diversos conflitos, e somente com anegociação, o sentar para se discutir, será possível alguma solução. Precisamos começar atrabalhar questões com as quais a Agência tem se preocupa<strong>do</strong>, tais como o uso racional, sejana indústria, nos usos urbanos, nas edificações, seja na própria irrigação. A irrigação tem umgran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> redução, há perdas na captação, na distribuição, mas po<strong>de</strong>mos ver que osméto<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s. Hoje há possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar nossos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong>irrigação praticamente apenas mudan<strong>do</strong> peças, temos emissores que consomem menosenergia, menos água, com custo menor para o agricultor fazer essa adaptação. Muitas vezes aquestão da manutenção não é vista: compramos um carro e a cada 5 mil km fazemos umarevisão, mas o agricultor compra um sistema e fica 20 anos acreditan<strong>do</strong> que tem o mesmopotencial <strong>de</strong> colocar água. Um ponto fundamental da racionalização <strong>do</strong> uso da água nairrigação é o controle <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo, que a maioria <strong>do</strong>s agricultores não praticam em suairrigação.Outra questão importante para equilibrar essa equação oferta-<strong>de</strong>manda é o reúso.Estamos trabalhan<strong>do</strong> numa resolução específica para uso agrícola, um gran<strong>de</strong> projeto que oBrasil está <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> <strong>de</strong> agroenergia basea<strong>do</strong> no biodiesel. O projeto exigirá gran<strong>de</strong>quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biomassa, e como já temos diversos municípios que captam água e lançamesgoto diretamente no rio, a idéia é fazer um tratamento simplifica<strong>do</strong> na medida danecessida<strong>de</strong>.É preciso fazer um cálculo entre o que temos no efluente e o que o solo é capaz <strong>de</strong>receber, fazer um tratamento intermediário para equilibrar esses <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s, a partir daípo<strong>de</strong>mos reutilizar essa água, seja na produção <strong>de</strong> bosque, da biomassa, na aqüicultura, ou <strong>de</strong>forrageiras. Para se ter uma idéia, um município <strong>de</strong> 20 mil habitantes produz em torno <strong>de</strong> 40litros por segun<strong>do</strong>, que daria tranqüilamente para irrigar 50 hectares. Assim, po<strong>de</strong>ria serproduzida biomassa em apoio ao programa <strong>de</strong> água e energia, e com isso teríamos geração <strong>de</strong>empregos e uma série <strong>de</strong> outras vantagens.Estamos falan<strong>do</strong> que o mo<strong>de</strong>lo atual pega nossos recursos hídricos para aplicar na cida<strong>de</strong>e na agricultura e <strong>de</strong>volve água residuária. O que queremos é que essas águas residuáriaspassem por um tratamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e voltem a ser insumo, a ser aplica<strong>do</strong> na agricultura.Para equilibrar a questão, somente a gestão compartilhada, na qual pudéssemos reunirto<strong>do</strong>s os usuários e fazer uma discussão madura, é viável. O Edílson, aqui presente, tem feitoisso na região há muitos anos e sabe que a única forma <strong>de</strong> gestão é sentar à mesa e fazer comque cada um perca um pouco para que to<strong>do</strong>s ganhem. É uma realida<strong>de</strong> necessária, pois aágua hoje é consi<strong>de</strong>rada bem econômico justamente porque a quantida<strong>de</strong> disponível é menorque a <strong>de</strong>manda.Além <strong>de</strong>ssas questões, a conservação <strong>do</strong> solo é uma forma <strong>de</strong> fazermos a gestão efetivada oferta <strong>de</strong> água. Prevenir é sempre melhor que remediar, pois os custos <strong>de</strong> recuperação dasnossas bacias são muito eleva<strong>do</strong>s. E os principais problemas das nossas bacias são recentes,vemos que a questão da rápida e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada urbanização, da década <strong>de</strong> 50 até hoje, quan<strong>do</strong>a população saiu <strong>do</strong> campo e veio pra cida<strong>de</strong>, inverteu o cenário. O uso intensivo <strong>do</strong> solo,principalmente no Cerra<strong>do</strong>, tem cerca <strong>de</strong> 35, 36 anos; na medida em que aumentou a<strong>de</strong>manda por carne, há o sobrepastoreio; há o <strong>de</strong>smatamento para usar ma<strong>de</strong>ira como fonte<strong>de</strong> energia, o aumento da <strong>de</strong>manda por insumo para si<strong>de</strong>rurgia; e a conseqüente construção<strong>de</strong> estradas, lembran<strong>do</strong> que estradas rurais são problemas sérios para as bacias pois são, emgeral, mal construídas, mal mantidas, e focos <strong>de</strong> erosão. Infelizmente, com o crescimento dapopulação e a divisão das nossas proprieda<strong>de</strong>s, há um aumento das nossas áreas <strong>de</strong> estradas,e aí está o principal foco <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição das nossas bacias. A construção <strong>de</strong> hidrelétricas paraprodução <strong>de</strong> energia também. To<strong>do</strong>s esses processos foram construí<strong>do</strong>s sobre paradigmasantigos, ou seja, se olharmos para os anos 70, ninguém discutia as questões ambientais, nãotínhamos essa preocupação, e sim programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico.41
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surgiu a idéia de realização des
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