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Anais Encontro Água & Floresta - SIGAM - Governo do Estado de ...

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unida<strong>de</strong>, a água tem uso múltiplo, a água tem valor econômico e social, e a gestão agora éparticipativa, <strong>de</strong>scentralizada e integrada. Não é mais o <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> obras contra a secaou o setor elétrico que vai falar on<strong>de</strong> vai ter água e on<strong>de</strong> não, a coisa complicou.Historicamente, há o Código das Águas <strong>de</strong> 1934, um mo<strong>de</strong>lo normativo centraliza<strong>do</strong>r. Ahistória <strong>de</strong> retificação no trecho paulista é muito interessante, trata <strong>de</strong> um processo que visavao <strong>de</strong>senvolvimento da bacia, um pouco inspira<strong>do</strong> no vale <strong>do</strong> Tennessee, um projeto<strong>de</strong>senvolvimentista. E aconteceu o seguinte: a água foi acaban<strong>do</strong>, pioran<strong>do</strong>, apareceu ummonte <strong>de</strong> gente para dar palpite, e a socieda<strong>de</strong> começou a falar ‘quero participar <strong>de</strong>ssa mesa<strong>de</strong> negociação’; um <strong>de</strong>bate transversal no qual a questão ambiental começou a aparecer.Duvi<strong>do</strong> que fosse possível falar em comitê <strong>de</strong> bacia em 1950, em 1968, porque esse arcabouçonão estava pronto, não havia espaço <strong>de</strong>mocrático para isso, a temática ambiental não estavacolocada <strong>de</strong>ssa forma. Felizmente a situação mu<strong>do</strong>u, com marcos legais como a Constituição<strong>de</strong> 1988 e a Constituição Paulista <strong>de</strong> 1989, com diversos artigos sobre água. Em 1991 ummarco para o Brasil é a Política <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>de</strong> São Paulo. Em 1994 se dá a criação <strong>do</strong>comitê paulista, em 1996 a criação <strong>do</strong> Ceivap, e em 1997, a Lei 9.433, que vai dar o gran<strong>de</strong>marco legal da gestão das águas para o Brasil.Se houve uma lei criada em São Paulo, com o mo<strong>de</strong>lo paulista puxan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>bate, vamosenten<strong>de</strong>r um pouco os problemas que levaram São Paulo a criar seu mo<strong>de</strong>lo antes <strong>do</strong> fe<strong>de</strong>ral.Basicamente nesse caso, o conflito é <strong>de</strong> <strong>do</strong>minialida<strong>de</strong>, entre o que é <strong>de</strong> São Paulo e o que éda União. Se pego água <strong>do</strong> rio Jaguari e jogo no Paraíba, <strong>de</strong> quem é essa água, e se façocaptação subterrânea... Isso vai dar um certo problema, <strong>de</strong> conflito <strong>de</strong> aproximação entre omo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> São Paulo e o fe<strong>de</strong>ral.No trabalho, mapeamos cinco fases no processo <strong>de</strong> relação entre os <strong>do</strong>is sistemas emrelação à gestão das águas. No caso estuda<strong>do</strong>, há inicialmente um extremo antagonismo entreos <strong>do</strong>is mo<strong>de</strong>los, um conflito quase <strong>de</strong>clara<strong>do</strong> entre o mo<strong>de</strong>lo paulista e o fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong> saberqual <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is seria hegemônico na gestão das águas da bacia. Assim, cada um foi cuidar umpouco <strong>de</strong> si, tinha que se estruturar, fazer sua captação, seus instrumentos <strong>de</strong> gestão. E aseguir houve momentos <strong>de</strong> cooperação, em que o sistema começou a funcionar por umprocesso <strong>de</strong> aprendizagem social, <strong>de</strong> convivência, <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> confiança.Entre 1987 e 1993, ocorrem os momentos iniciais da montagem <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> gestão,tanto em São Paulo quanto no Brasil. Os <strong>do</strong>is sistemas estavam em construção e ninguémsabia o que eram. Havia propostas <strong>de</strong> atores <strong>de</strong> São Paulo que diziam ‘tu<strong>do</strong> bem, não somos<strong>do</strong>nos, a bacia é uma só’, mas uma linha dizia ‘São Paulo cuida das suas águas, Rio <strong>de</strong> Janeirodas suas, Minas Gerais das suas’, fazemos um pacto <strong>de</strong> padrão e respeitamos esse padrão,crian<strong>do</strong> um comitê <strong>de</strong> integração on<strong>de</strong> nos reunimos os três, chamamos a União, e fazemosuma outra coisa. Essa seria uma proposta. Havia uma outra linha que dizia ‘não, vamos fazerum sistema enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a bacia como uma coisa só, uma gestão única’, só que nisso haviaproblemas <strong>de</strong> relação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, alguém teria que ganhar e per<strong>de</strong>r po<strong>de</strong>r nesse sistema. Em1993, começa o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão no trecho paulista, quan<strong>do</strong> é cria<strong>do</strong> o comitê. Já havia umatensão <strong>de</strong>clarada, sabia-se que o sistema fe<strong>de</strong>ral estava se construin<strong>do</strong>, São Paulo fazia parte<strong>de</strong>sse movimento, mas ainda sem saber qual seria o mo<strong>de</strong>lo hegemônico.A partir daí, quan<strong>do</strong> é cria<strong>do</strong> o Ceivap, passa-se a colocar energia em sua organizaçãointerna, seu surgimento, sua estruturação, porque o comitê é <strong>de</strong> 1996, mas só começa afuncionar em 1997. E cada um vai para um canto um pouco estruturar seus planos <strong>de</strong> baciaespecíficos, seus financiamentos, seus instrumentos <strong>de</strong> gestão, quan<strong>do</strong> então os <strong>do</strong>is sistemasvivem uma relação conflituosa. É tão maluco isso, que cada um <strong>de</strong>sses entes sobrepostos namesma bacia estejam construin<strong>do</strong> seu plano <strong>de</strong> bacia, fazen<strong>do</strong> seu planejamento sem muitasvezes consi<strong>de</strong>rar o outro, o diálogo era muito precário.A partir <strong>de</strong> 2000 a 2003 é que se inicia uma tensão muito gran<strong>de</strong> entre os <strong>do</strong>is mo<strong>de</strong>los,uma série <strong>de</strong> questões mapeiam o porquê <strong>de</strong>ssas tensões, especulam se seria a questão <strong>do</strong>plano <strong>de</strong> bacia, a questão da aprovação da cobrança pelo uso da água a nível fe<strong>de</strong>ral queenfraqueceu o sistema paulista, essa agenda <strong>de</strong> São Paulo. Alguns atores fortes <strong>de</strong> São Paulocomeçaram a jogar na arena <strong>do</strong> Ceivap, na questão da gestão. A ANA começou a priorizarmuito o funcionamento <strong>do</strong>s instrumentos <strong>de</strong> gestão, cobrança, o plano <strong>de</strong> bacia, ocadastramento <strong>do</strong>s usuários, a cobrança tinha que começar e foi meio a fórceps, e assim secriaram algumas rusgas entre os <strong>do</strong>is mo<strong>de</strong>los naquele momento.Nesse processo, inicia-se uma distensão e uma nova forma <strong>de</strong> articulação entre os <strong>do</strong>ismo<strong>de</strong>los, <strong>de</strong> perspectivas comuns, o mo<strong>de</strong>lo que estamos vivencian<strong>do</strong>. Hoje, quem acompanha49

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