eflorestamento. Só que para isso é necessária uma meto<strong>do</strong>logia aprovada internacionalmente.Esse é o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio que estamos enfrentan<strong>do</strong>.Na AES estamos atentos a esse problema, pois operamos <strong>de</strong>z usinas hidrelétricas noesta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, e algumas outras tantas pequenas centrais hidrelétricas também no Rio<strong>de</strong> Janeiro e Minas Gerais. Como temos uma vasta área no entorno <strong>de</strong>sses reservatórios, sónas usinas <strong>do</strong> Tietê e rio Gran<strong>de</strong>, são 5.700 quilômetros lineares <strong>de</strong> margem <strong>de</strong> reservatório. Esabemos o quanto é importante reflorestar essas áreas para proteger os mananciais, asnascentes, o vale <strong>do</strong> Tietê e até <strong>de</strong>spoluir o rio – pois é impressionante como a água saicontaminada e suja da Marginal e quan<strong>do</strong> estamos em Nova Avanhandava, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> váriosmovimentos e oxigenações, a água já está bem melhor. Sabemos que se protegermos asnascentes, teremos um resulta<strong>do</strong> muito melhor com <strong>de</strong>sassoreamento, remoção <strong>de</strong> carbono daatmosfera, além <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rmos criar corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>, recuperan<strong>do</strong> uma área on<strong>de</strong>a fauna nativa po<strong>de</strong>ria se regenerar também.Esse benefício da regeneração sempre foi espera<strong>do</strong>. A lei no Brasil protege as áreas <strong>de</strong>preservação permanente (APP) e dita que qualquer proprietário <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> área <strong>de</strong>veprotegê-la para que a natureza a regenere. No Tietê, após 37 anos em média, que é a ida<strong>de</strong>média das usinas, nunca ocorreu uma regeneração natural. Infelizmente, a natureza nãoconseguiu retornar. Por isso queremos ajudar a natureza, aceleran<strong>do</strong> esse processo.Queremos, em colaboração com o governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, fazer um gran<strong>de</strong> reflorestamento novale <strong>do</strong> Tietê e interconectar essa área a ser reflorestada - em torno <strong>de</strong> 10 mil hectares – comáreas que possam ser reflorestadas em pontos <strong>de</strong> interesse, em matas ciliares. Com isso,aumentamos a área reflorestada no esta<strong>do</strong> e contribuímos para a recuperação dabiodiversida<strong>de</strong>. Realizamos o plantio e sabemos que não conseguimos nem <strong>de</strong> perto reproduziro que a natureza faria, mas conseguimos trabalhar com uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> árvores <strong>de</strong>espécies nativas que vai <strong>de</strong> 80 até 126 espécies distintas da região. É um gran<strong>de</strong> trabalho,complexo e caro, inclusive. Propomos essa aceleração, e analisamos como estamos fazen<strong>do</strong>em relação à ação esperada da natureza. Formulamos um projeto, caro, como disse e que nãodá lucro (pois não há receita associada ao ato <strong>de</strong> reflorestar), cujos benefícios são concretos,embora não convencionalmente trata<strong>do</strong>s em <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> investimento. Provavelmente nofuturo teremos processos <strong>de</strong>cisórios que vão tratar <strong>de</strong> sistematizar esses benefícios além dareceita monetária que se possa aferir. Por isso, é muito importante alavancarmos benefíciospela regeneração <strong>de</strong>ssas matas que ainda não estão claramente <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s pelas empresas.Reflorestar contribui para a sustentabilida<strong>de</strong>, inclusive na geração <strong>de</strong> energia, masvamos dar um foco na questão da remoção <strong>de</strong> carbono da atmosfera, mais relaciona<strong>do</strong> aotema <strong>de</strong>ssa discussão. O projeto está localiza<strong>do</strong> ao longo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o Tietê e também na usina<strong>de</strong> Água Vermelha, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, no rio Gran<strong>de</strong>. Cinco usinas terãoseus reservatórios incluí<strong>do</strong>s nesse projeto. E ao to<strong>do</strong> preten<strong>de</strong>mos reflorestar 8.294 hectares,entretanto já temos 1.250 hectares refloresta<strong>do</strong>s nos últimos quatro anos. Esta área po<strong>de</strong>receber o apoio <strong>do</strong> MDL, <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono. Preten<strong>de</strong>mos apresentar imediatamente umprojeto antecipa<strong>do</strong> com respeito à área já plantada, enquanto aguardamos que o merca<strong>do</strong> seestabilize para fazer frente às <strong>de</strong>mais.In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente disso, nosso programa não pára, vamos em frente <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> nossoorçamento, e se vierem os créditos, vamos acelerar isso e plantar em 3, 4 anos. Sabemos quehá limitações físicas, a falta <strong>de</strong> uma indústria <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> espécies nativas que possarespon<strong>de</strong>r a uma <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> reflorestamento <strong>de</strong> nível eleva<strong>do</strong> em curto prazo. Não temosempresas que possam implementar o plantio se formos concentrar numa área plantada emcurto prazo. Mas vamos vencer esses <strong>de</strong>safios porque já temos uma infra-estrutura montadapara isso.Como <strong>de</strong> fato calculamos o carbono que as árvores removem da atmosfera?Basicamente, calculamos o carbono fixa<strong>do</strong> pelo crescimento das árvores a partir <strong>de</strong> cincoestoques reconheci<strong>do</strong>s internacionalmente, que efetivamente acumulam carbono: a biomassaacima <strong>do</strong> solo, ou seja o tronco e os galhos; a biomassa abaixo <strong>do</strong> solo, viva, as raízes; temoso próprio solo, pois quanto mais matéria orgânica o solo tem, mais carbono está acumula<strong>do</strong>;há também a serrapilheira, matéria orgânica morta que acaba se <strong>de</strong>positan<strong>do</strong> na superfície <strong>do</strong>solo; e temos que consi<strong>de</strong>rar o uso <strong>de</strong> fertilizantes químicos nitrogena<strong>do</strong>s, com os quais muitoprovavelmente estaremos interferin<strong>do</strong> neste processo, liberan<strong>do</strong> carbono pela própria reaçãoquímica pela incorporação <strong>do</strong> fertilizante.14
Com isso, tratamos <strong>de</strong> calcular matematicamente o acúmulo <strong>de</strong> carbono com equaçõesque têm da<strong>do</strong> um trabalhão para serem construídas e discutidas. Mas os <strong>do</strong>is principaisrepositórios ou estoques <strong>de</strong> carbono calcula<strong>do</strong>s hoje são a biomassa acima e abaixo <strong>do</strong> solo:cerca <strong>de</strong> 80% da biomassa <strong>do</strong> carbono removi<strong>do</strong> está acima <strong>do</strong> solo e 20% abaixo. Esta é aequação essencial usada para calcular cada um <strong>de</strong>sses estoques, é basicamente um somatórioque consi<strong>de</strong>ra todas as áreas <strong>de</strong>finidas para o cálculo, ao longo <strong>do</strong> tempo previsto, com avariável representan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carbono que se consegue remover (essas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>ssão convencionadas pelo Painel Intergovernamental <strong>de</strong> Mudanças Climáticas, o IPCC).Calculamos inicialmente, em carbono molecular, a razão entre o peso da molécula <strong>de</strong>carbono e <strong>de</strong> CO2, para converter a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carbono em quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> CO2 equivalenteque estaríamos removen<strong>do</strong>. Só para se ter uma idéia <strong>de</strong>sse número: na área <strong>de</strong> 1.256hectares que já plantamos e estamos monitoran<strong>do</strong>, ao longo <strong>de</strong> 30 anos <strong>de</strong>ve se acumular 478mil toneladas <strong>de</strong> CO2 equivalente. Não sabemos quanto custa, quanto vale isso, temos umaoferta firme <strong>do</strong> Banco Mundial, em torno <strong>de</strong> 4 dólares por tonelada, o que dá 1,7 milhão <strong>de</strong>dólares. Mas dizem que as evidências <strong>do</strong>s fenômenos climáticos estão pesan<strong>do</strong> tanto naopinião <strong>de</strong> governantes da socieda<strong>de</strong> planetária, que esse preço <strong>de</strong>ve subir muito nos anos <strong>de</strong>2008 a 2012, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> chegar a algo em torno <strong>de</strong> 30 a 40 euros por tonelada. Se tivermospelo menos 15 dólares por tonelada, isso daria para viabilizar o plantio <strong>de</strong> extensas áreas echegar a uma regeneração vigorosa.Na Tietê herdamos da CESP um bom começo para fazer o plantio, agora estamosaprimoran<strong>do</strong> esse processo. Estamos pensan<strong>do</strong> inclusive em recolocar um convênio com aEsalq para apren<strong>de</strong>rmos agora não só plantar uma floresta, mas a plantar com o objetivo daremoção <strong>de</strong> CO2.Basicamente, começamos pela coleta <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> espécies nativas em fragmentos <strong>de</strong>florestas existentes, que são poucos, tratamos as sementes e fazemos uma triagem genética.A seguir, vem a semeadura direta e indireta, irrigamos, robustecemos as mudas, fazemos aseleção. Temos um viveiro que produz um milhão <strong>de</strong> mudas/ano, em Promissão. Trabalhamoscom entre 100 e 126 espécies diferentes e preten<strong>de</strong>mos plantar em torno <strong>de</strong> 16 milhões <strong>de</strong>mudas <strong>de</strong> espécies nativas nesse projeto.Depois <strong>de</strong> selecionadas as mudas, há a topografia, a marcação da área, consi<strong>de</strong>rada APP.Infelizmente, temos que fazer o cercamento da muda, que é o item mais caro <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>plantio, para protegê-las. Fazemos a roçada e um controle químico <strong>de</strong> ervas agressoras, quepo<strong>de</strong>riam impedir o crescimento no primeiro ano. Depois disso, fazemos as covas, levamos asmudas, coletamos, plantamos e irrigamos. No primeiro e segun<strong>do</strong> anos fazemos a roçada, ocontrole <strong>de</strong> formigas e <strong>de</strong> ervas agressoras.O resulta<strong>do</strong> é uma faixa <strong>de</strong> floresta <strong>de</strong> em torno <strong>de</strong> 30 a 40 metros <strong>de</strong> largura <strong>de</strong>proprieda<strong>de</strong> da Tietê. Gostaríamos muito que nossos vizinhos proprietários das áreas contíguastambém pu<strong>de</strong>ssem a<strong>de</strong>rir, pois a lei no Brasil estabelece que a APP é <strong>de</strong> cem metros. Somosproprietários da primeira faixa <strong>de</strong> entorno <strong>de</strong> 30 metros em média, e se nossos vizinhosa<strong>de</strong>rirem, teremos uma faixa <strong>de</strong> floresta bem maior.Preten<strong>de</strong>mos remover em torno <strong>de</strong> 3,4 milhões <strong>de</strong> toneladas naquela área <strong>de</strong> 8.900hectares. Se no futuro, o preço <strong>do</strong> carbono for em torno <strong>de</strong> 10 a 15 dólares, serão 45 milhões<strong>de</strong> dólares: o quanto po<strong>de</strong>ríamos trazer para o Brasil para plantar essas árvores.Essa meto<strong>do</strong>logia que <strong>de</strong>senvolvemos e propusemos para a junta executiva <strong>do</strong> MDL estábaseada em três pilares: transparência, conserva<strong>do</strong>rismo no cálculo e replicabilida<strong>de</strong>. Ninguémpo<strong>de</strong> acreditar num calculo que não seja explicitamente transparente, ou seja, que nãopermita a qualquer pessoa reproduzir a meto<strong>do</strong>logia em qualquer lugar <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Tem queser conserva<strong>do</strong>r, ou seja, 3,4 milhões é o que estamos calculan<strong>do</strong>, mas na hora <strong>de</strong> medir,provavelmente vamos encontrar mais carbono lá. E replicabilida<strong>de</strong>, ou seja, essa meto<strong>do</strong>logia<strong>de</strong>verá ser passível <strong>de</strong> ser repetida em outras matas ciliares, no Brasil e em qualquer outrolugar <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Obviamente precisaremos <strong>de</strong> parâmetros ajusta<strong>do</strong>s em função da realida<strong>de</strong>geográfica, física, biológica e botânica.Só gostaria <strong>de</strong> observar que existem muitos <strong>de</strong>safios. Formulamos um projeto quepassou um ano sen<strong>do</strong> discuti<strong>do</strong> com o grupo <strong>de</strong> trabalho responsável por analisar as propostasque vão para diversas partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. São pessoas normalmente indicadas pelos governos<strong>do</strong>s países signatários da Convenção <strong>do</strong> Clima, e temos enfrenta<strong>do</strong> uma barreira muito gran<strong>de</strong>para tentar fazer enten<strong>de</strong>r às pessoas lá fora o que ocorre em áreas tropicais, como no Brasil.15
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