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Anais Encontro Água & Floresta - SIGAM - Governo do Estado de ...

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iocentrismo, em que os organismos individualmente têm valor e o homem é apenas um entreos <strong>de</strong>mais. E o ecocentrismo, em que há um valor intrínseco, <strong>de</strong> espécies, ecossistemas e aprópria biosfera; é um valor holístico, e o homem é um membro comum, um cidadão, fazparte <strong>de</strong>sse processo, não se isola.As principais ameaças à biodiversida<strong>de</strong> hoje são as extinções causadas pela <strong>de</strong>struição,pela fragmentação, pela <strong>de</strong>gradação <strong>do</strong> ar, pela superexploração <strong>de</strong> espécies. E também pelaintrodução <strong>de</strong> exóticas, pelo aumento <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças, e pelas extinções em ilhas efragmentos – <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fragmentadas, as áreas per<strong>de</strong>m seu valor, não adianta cercar umaárea, por exemplo, e conservá-la como se não houvesse uma dinâmica no entorno tãodiferente da original que não levasse à probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> extinção da própria área.E isso tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser olha<strong>do</strong> sob uma ótica que é a da ecologia da paisagem, no mínimo ograu com que <strong>de</strong>ve ser avalia<strong>do</strong> é <strong>de</strong>ssa coisa mais integrada. E para conservação <strong>de</strong>comunida<strong>de</strong>s, as áreas protegidas <strong>de</strong>vem ter uma eficácia, o que não acontece hoje. Vi<strong>de</strong> oque acontece, por exemplo, nas áreas <strong>de</strong> Cerra<strong>do</strong> no interior <strong>de</strong> São Paulo invadidas pelabraquiária, uma espécie africana que conseguiu ocupar nosso território e invadiu as áreas <strong>de</strong>preservação. O componente herbáceo <strong>de</strong>ssas áreas <strong>de</strong> Cerra<strong>do</strong> em São Paulo estácompletamente prejudica<strong>do</strong>.As priorida<strong>de</strong>s para proteção po<strong>de</strong>m ser dadas na abordagem das próprias espécies, porisso são eleitas uma espécie-ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s gostam, têm afinida<strong>de</strong>; e a abordagempo<strong>de</strong> ser dada nas comunida<strong>de</strong>s e ecossistemas, que é a melhor, pois as espécies em si não seprotegem se não houver estrutura <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> que a sustente. E aí há uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>planejamento, não planejamos nosso dia, nosso cotidiano, somos uma socieda<strong>de</strong> que nãoplaneja. Quan<strong>do</strong> se fala em conservação biológica, não basta simplesmente cercar, énecessário fazer um plano <strong>de</strong> manejo, e é importante, nesse senti<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>rar o própriotamanho da reserva, a minimização <strong>do</strong>s efeitos <strong>de</strong> borda, a fragmentação, os corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong>hábitat e a ecologia da paisagem. Tu<strong>do</strong> isso vale para a recuperação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadascomo um to<strong>do</strong>, não dá pra criar ilhas <strong>de</strong> vegetação e achar que têm um valor biológico gran<strong>de</strong>.Além disso, po<strong>de</strong>mos, no manejo <strong>de</strong> áreas protegidas, tratar das ameaças, comoinvasões biológicas e incêndios. O manejo é uma coisa importante, existe um princípio nasUnida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação que ninguém po<strong>de</strong> tocar. Se ela fosse <strong>de</strong> fato primitiva, se estivessenas condições que existia anteriormente, tu<strong>do</strong> bem, mas ela já não existe mais nessascondições, está fragmentada e sob pressões. Então manejar, manipular, fazer o manejo <strong>de</strong>lianas <strong>de</strong> borda, por exemplo, é fundamental, o que não significa tirar todas as lianas, significacontrolar as invasoras.Uma outra questão importante é tratar da ecologia da restauração. Restaurar significabrincar <strong>de</strong> Deus. Ao longo <strong>do</strong> tempo o homem <strong>de</strong>struiu a natureza e hoje tem dificulda<strong>de</strong>imensa <strong>de</strong> recuperar funções que a própria vegetação possuía, em suas funções originais; emcertos tipos <strong>de</strong> biomas, nem temos mais mo<strong>de</strong>los. A floresta estacional semi<strong>de</strong>cidual, <strong>do</strong>interior <strong>de</strong> São Paulo, não tem um único fragmento que seja capaz <strong>de</strong> representar essafloresta <strong>de</strong> forma preservada. O Parque <strong>do</strong> Morro <strong>do</strong> Diabo é imenso, mas não tem um trechoque seja totalmente preserva<strong>do</strong>. Qual é o mo<strong>de</strong>lo? Que tipo <strong>de</strong> floresta é essa? Nãoconhecemos no passa<strong>do</strong> e não temos mo<strong>de</strong>lo hoje para construir absolutamente nada. Entãobrincamos <strong>de</strong> Deus, e como seres imperfeitos, vamos criar mo<strong>de</strong>los imperfeitos, que é o quese espera.Na gestão da conservação, <strong>de</strong> novo precisamos pensar em termos econômicos, emtermos sociais e da biologia como um to<strong>do</strong>. Aqui ressalto algo que per<strong>de</strong>mos há algum tempo,to<strong>do</strong>s os cursos <strong>de</strong>veriam ter a filosofia, que é o que faz rever as coisas, faz as pessoaspensarem no seu lugar na natureza, se enten<strong>de</strong>rem na sua relação com a natureza e comoutras pessoas.Vejam o quão difícil é fazer alguma coisa, o que não quer dizer que não possamos tomaralgumas medidas, sempre trabalhan<strong>do</strong> com um grupo <strong>de</strong> pessoas o mais diverso possível,capaz <strong>de</strong> nos trazer as contribuições das mais diversas áreas <strong>de</strong> conhecimento, inclusive ossaberes tradicionais - tão explora<strong>do</strong>s por nós, que nos trazem experiências maravilhosas, enão voltamos a eles esse conhecimento que nos passaram.Várias áreas têm <strong>de</strong> estar associadas. Existe uma política ambiental, e parte <strong>de</strong>la é alegislação, parte são algumas ações, parte é o policiamento. Planejamento ambiental eavaliação <strong>de</strong> impacto ambiental também passam a ser importantes. A gestão ambiental é25

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