parte <strong>de</strong>sse processo e é complexa, pois insere todas as áreas <strong>de</strong> conhecimento. É necessáriofazer zoneamento, não temos a ilusão <strong>de</strong> que a Amazônia vai permanecer assim, daqui a 50anos vamos ter fragmentos <strong>de</strong> floresta na Amazônia. Que fragmentos serão esses, qual será adistribuição? Na abordagem <strong>do</strong> gerenciamento da bacia hidrográfica, que é uma unida<strong>de</strong> on<strong>de</strong>o monitoramento é relativamente simples, é possível saber da qualida<strong>de</strong> da bacia através dasua drenagem, é possível controlar a qualida<strong>de</strong>.É preciso lembrar que a gestão ambiental é um processo <strong>de</strong> articulação das ações <strong>de</strong>diferentes agentes sociais que interagem em da<strong>do</strong> espaço. Temos os políticos <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geralhoje, nos três níveis, tratan<strong>do</strong> das suas coisas e <strong>de</strong>cidin<strong>do</strong> por nós, raramente nós temos aparticipação da socieda<strong>de</strong>. Como vêem é necessário respeitar um conjunto imenso <strong>de</strong> coisas,to<strong>do</strong>s os fatores liga<strong>do</strong>s ao problema <strong>de</strong>vem ser trata<strong>do</strong>s.Dentro da gestão, há em escala macro ações orientadas por uma política ambiental, e, àsvezes, nós temos uma contradição neste caso. Qual foi a política ambiental <strong>do</strong> ultimo governofe<strong>de</strong>ral? Foi completamente contraditória à política agrícola, econômica, a política <strong>de</strong>exportação da soja claramente foi contra a ambiental. Essas contradições não são colocadas namesa para discussão. Como vamos resolver isso? Vamos simplesmente ampliar a parte daprodução porque a política econômica é mais forte? A socieda<strong>de</strong> se posiciona, diz que políticasquer estabelecidas. Então política é algo consensual, ninguém estabelece sem que haja umadiscussão, acor<strong>do</strong>s.O planejamento ambiental é um processo <strong>de</strong> raciocínio visan<strong>do</strong> ações, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>políticas estabelecidas, a legislação condizente e a gestão propostas. Essas coisas se encaixamem diversos níveis <strong>de</strong> organização, são escalas relevantes para o que estamos discutin<strong>do</strong>. Essagestão envolve a participação social e tem vários componentes a serem avalia<strong>do</strong>s: adisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos ambientais, <strong>de</strong> informações e técnicas, os aspectos sociais, físicos,químicos e biológicos, os aspectos econômicos, financeiros, políticos, institucionais, legais eoutros.Alguns fatores são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s mais relevantes na contradição entre a legislação e suaaplicação. Por exemplo, existem as estratégias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento dissociadas das políticasambientais, sen<strong>do</strong> os parâmetros ambientais consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s secundários e até mesmoconflitantes com os objetivos <strong>de</strong> crescimento econômico. Há sempre esse discurso <strong>de</strong> que ocrescimento é necessário ao <strong>de</strong>senvolvimento - não é necessariamente. O Chile, por exemplo,teve um crescimento econômico que não foi excepcional, mas teve um <strong>de</strong>senvolvimento socialeleva<strong>do</strong>, mostran<strong>do</strong> que são coisas diferentes. Desenvolvimento quer dizer que a socieda<strong>de</strong>toda ganhou com o processo, já no crescimento econômico, nem toda a socieda<strong>de</strong> ganha. Eexiste uma assimetria <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r, que é gerada pelo peso <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res públicos em relação aos<strong>de</strong>mais atores sociais, <strong>de</strong> forma que os interesses <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Nacional se sobrepõem ao local eregional, que arcam com os custos ambientais e sociais. Às vezes o processo é inversotambém, a exemplo <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> litoral que estão queren<strong>do</strong> mudar o parcelamento daterra, pois terão um número maior <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s e o imposto municipal amplia<strong>do</strong>.Além disso, po<strong>de</strong>mos ter interesses sociais contraditórios, o produtor agrícola não <strong>de</strong>ixa<strong>de</strong> ser um componente da socieda<strong>de</strong>, uma indústria não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser, e há interessescontraditórios que se manifestam quan<strong>do</strong> parte <strong>do</strong>s atores evita discutir os custos sociais eecológicos. Esses custos sociais e ecológicos são socializa<strong>do</strong>s, mas os benefícios sãoindividuais, <strong>de</strong> grupos que acabam se aproprian<strong>do</strong>. Além disso, existe a ina<strong>de</strong>quação <strong>do</strong>quadro institucional atual para o planejamento e gerenciamento ambiental, quan<strong>do</strong> háinteresses contraditórios seguin<strong>do</strong> cada instancia <strong>de</strong> governo, prefeituras, esta<strong>do</strong>s, ministérios.A falta <strong>de</strong> recursos para a área ambiental torna precárias tanto a implantação dasestratégias propostas, quanto a capacitação técnica <strong>do</strong>s órgãos ambientais. Isso aconteceu,por exemplo, na fase inicial em que foram exigi<strong>do</strong>s os EIA-RIMAS, os órgãos ambientais nãotinham a capacida<strong>de</strong> das equipes que elaboraram os relatórios, isso foi construí<strong>do</strong> num tempo.Hoje alguns esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil têm equipes altamente competentes nessa questão da análise,mas outros não.Entre os princípios <strong>de</strong>ssa gestão, pensamos que os processos ecológicos precisam sermanti<strong>do</strong>s ou restabeleci<strong>do</strong>s, metas e objetivos precisam ser estabeleci<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>conhecimento profun<strong>do</strong> das proprieda<strong>de</strong>s ecológicas <strong>do</strong> sistema. Temos uma lacuna <strong>de</strong>conhecimento sobre como funcionam os nossos ecossistemas, conhecemos mais da Amazôniaque da <strong>Floresta</strong> Pluvial Atlântica aqui no litoral. Ameaças externas precisam ser minimizadas eos benefícios maximiza<strong>do</strong>s, processos evolutivos precisam ser conserva<strong>do</strong>s e a gestão precisa26
ser adaptativa e minimamente inclusiva, quer dizer, <strong>de</strong>ve ter ações, mas não modificar osprocessos como um to<strong>do</strong>.Essas ações <strong>de</strong> conservação fazem parte <strong>de</strong> políticas públicas (que raramentediscutimos), para cujo estabelecimento três princípios precisam estar claramente formaliza<strong>do</strong>s:o primeiro é o princípio da humilda<strong>de</strong>, precisamos reconhecer as limitações <strong>do</strong> conhecimentohumano, não sabemos tu<strong>do</strong>, e como resulta<strong>do</strong>, há limite da nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manejar oplaneta; o princípio da precaução, quan<strong>do</strong> em dúvida <strong>de</strong>vemos pensar profundamente e agirlentamente; e o princípio da reversibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vemos promover mudanças que não sejamirreversíveis, que não levem à <strong>de</strong>gradação quan<strong>do</strong> o sistema não tiver a mínima capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>retomar sua condição original.Essas ações são feitas por algumas instituições, com as educacionais colocadas emprimeiro lugar, porque o problema ambiental é educacional, é um problema <strong>de</strong> relação dasocieda<strong>de</strong> com o ambiente, é <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s; os próprios governos; as ONGs; o comércio, osconsumi<strong>do</strong>res, as instituições legais, religiosas, e a própria mídia. Temos uma mídia que nãoeduca, não ajuda nada no processo educativo, auxilia pouco.E chegamos nesse nível <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> áreas, o que tratamos <strong>de</strong>ntro da ecologia darestauração. Restauração é algo que quase não fazemos, pois significa retornar a um processo<strong>de</strong> esta<strong>do</strong> original, o que chamei <strong>de</strong> ‘brincar <strong>de</strong> Deus’, restabelecer um conjunto <strong>de</strong> funções erelações complexas que evoluíram ao longo <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> anos, e não vamos fazer isso agoracom milhares <strong>de</strong> plantas e animais. A reabilitação trata <strong>de</strong> restabelecer elementos da estruturae função, é o que <strong>de</strong> fato estamos fazen<strong>do</strong>. Reforma também é restabelecer algumas funções<strong>de</strong> áreas muito <strong>de</strong>gradadas sem que haja matriz, é o que acontece em parte com algunsmo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> floresta estacional semi<strong>de</strong>cidual. A recriação utiliza mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> outras áreas pararestaurar aquelas severamente <strong>de</strong>gradadas. Finalmente, o restabelecimento busca restaurar apartir <strong>de</strong> um impulso artificial, por exemplo, em áreas <strong>de</strong> mineração que têm problema <strong>de</strong>compactação <strong>do</strong> solo, eliminá-la po<strong>de</strong> ser um impulso à recuperação natural.Um aumento da biomassa e no número <strong>de</strong> espécies e complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ecossistema é oque buscamos nestes mo<strong>de</strong>los que conhecemos. Com esse conjunto <strong>de</strong> coisas, procurei trazera complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores envolvi<strong>do</strong>s, mas esse <strong>de</strong>safio <strong>de</strong>ve ser intelectual, <strong>do</strong> diálogo entreas áreas <strong>do</strong> saber, pois nenhum <strong>de</strong> nós é mais competente. Precisamos tratar <strong>do</strong> problema, éisso que merece <strong>de</strong>staque, não o indivíduo e a sua fala. Abstrair o indivíduo que cada um <strong>de</strong>nós tem implica numa mudança <strong>de</strong> postura, e aí, mesmo como um ser egoísta, pensar <strong>de</strong> umaforma diferente. Se eu oferecer para o outro um pouco <strong>do</strong> conhecimento que tenho, eletambém não vai passar? Não seremos os <strong>do</strong>is melhores? No mínimo, como um ser egoísta, eu<strong>de</strong>veria saber permutar.Walter <strong>de</strong> Paula Lima – Esalq/USPVou falar sobre hidrologia, um tema que se relaciona com floresta e água. Precisamosentener um pouco mais <strong>de</strong>ssa relação <strong>de</strong> como a unida<strong>de</strong> da paisagem representada pela baciahidrográfica se encaixa neste contexto, como a hidrologia po<strong>de</strong> ajudar nessa preocupação <strong>de</strong>recuperação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas, principalmente em relação aos recursos hídricos.Quan<strong>do</strong> falamos <strong>de</strong> bacia, estamos tratan<strong>do</strong> essencialmente <strong>de</strong> microbacia, em que pesea dificulda<strong>de</strong> das pessoas <strong>de</strong> <strong>de</strong>finirem a palavra. Não é pelo tamanho, existe um conceitomais importante <strong>de</strong>ntro da escala <strong>de</strong> microbacia, que é localizar a importância <strong>de</strong> zonas ouáreas ripárias. Po<strong>de</strong>mos tirar a palavra ‘zona’ e dizer matas ripárias. É preciso usar osconhecimentos <strong>do</strong> funcionamento hidrológico <strong>de</strong> microbacias paras restaurar, basea<strong>do</strong>s noconceito básico <strong>do</strong> conhecimento das relações hidrológicas <strong>do</strong>s ecossistemas ripários, comosubsídio para o estabelecimento <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> restauração da saú<strong>de</strong> ou estabilida<strong>de</strong> dasmicrobacias.Na hidrologia, os temas se afunilam: quan<strong>do</strong> falo da hidrologia florestal, da relaçãofloresta-água, po<strong>de</strong>mos dizer que a <strong>de</strong>finição é ‘ciência que estuda o funcionamentohidrológico das microbacias’. Dentro <strong>de</strong>ssa escala hidrológica, as chamadas zonas ripárias sãoimportantes, então o primeiro passo para estabelecer um programa <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> zonas<strong>de</strong>gradadas é i<strong>de</strong>ntificar essas áreas ripárias. O nosso Código <strong>Floresta</strong>l já acatou isso eintroduziu, através <strong>de</strong> portaria <strong>do</strong> Conama, esse conceito, ou seja, a APP não é mais a27
- Page 2 and 3: FICHA TÉCNICA - Anais Encontro Ág
- Page 4 and 5: Ao falar da questão da integraçã
- Page 6: A questão do comando e controle se
- Page 9 and 10: Para saneamento, existem fontes de
- Page 11 and 12: É importante que prestemos atenç
- Page 13 and 14: - MESA-REDONDA 2 -RECUPERAÇÃO DE
- Page 15 and 16: Com isso, tratamos de calcular mate
- Page 17 and 18: do mundo e tomando corpo, é que es
- Page 19 and 20: Esse é o princípio central do pag
- Page 21 and 22: interessadas, fazer a visita às pr
- Page 23 and 24: amplas, e é essa forma ampla de ol
- Page 25: iocentrismo, em que os organismos i
- Page 29 and 30: hidrográfica, porque a evolução,
- Page 31 and 32: diferente de ser funcionário, que
- Page 33 and 34: Na década de 80 iniciaram-se os de
- Page 35 and 36: o pagamento pelos serviços de biod
- Page 37 and 38: e isso em termos de projeto é min
- Page 39 and 40: coloca em outro saquinho. Tudo isso
- Page 41 and 42: acionalizar muita água nessa regi
- Page 43 and 44: sociedade, não valorizamos, porque
- Page 45 and 46: essa ótica. O país passa a ser pe
- Page 47 and 48: Uma nova abordagem deve orientar no
- Page 49 and 50: unidade, a água tem uso múltiplo,
- Page 51 and 52: (Não esquecendo nunca de que atrá
- Page 53 and 54: A mesma situação de Taubaté acon
- Page 55 and 56: lírio-do-brejo. Esta macrófita é
- Page 57 and 58: Xavier - PDITS-SFX (2003), consider
- Page 59 and 60: Com a crescente urbanização, vive
- Page 61 and 62: 19.157.022 m³, no ano de 2003. Pes
- Page 63 and 64: Ambiente, o ZEE passou a ter força
- Page 65 and 66: Título:Forma de apresentação:O b
- Page 67 and 68: Título:Forma de apresentação:Sus
- Page 69 and 70: de observação e experimentação.
- Page 71 and 72: podendo não haver acidificação.
- Page 73 and 74: açúcar, do café, da pecuária e,
- Page 75 and 76: Educação Básica em Escolas Públ
- Page 77 and 78:
Título:Forma de apresentação:A V
- Page 79 and 80:
sustentabilidade, educação ambien
- Page 81 and 82:
Título:Forma de apresentação:Pol
- Page 83 and 84:
do art. 1o, incs. I e II da mesma l
- Page 85 and 86:
vulnerável e essencial à vida, el
- Page 87 and 88:
público e das indústrias provenie
- Page 89 and 90:
acia do rio Una. Os pontos de colet
- Page 91 and 92:
surgiu a idéia de realização des
- Page 93 and 94:
A bacia do Paraíba do Sul, situada