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Heróis de Angola ao preço da Avenida da Liberdade - Jornal de Leiria

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18 | 16 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2009 | SOCIEDADE | OPINIÃO | JORNAL DE LEIRIA |Alguns dias <strong>de</strong> pausa… e na<strong>da</strong> aconteceuentretanto em Portugal; apenas e só ouvinum segundo <strong>de</strong> emissão: o resultado doPorto e o vencedor do Rally <strong>de</strong> Portugal.Na<strong>da</strong> aconteceu que merecesse a atençãodos media a nível internacional. Nem gran<strong>de</strong>s<strong>de</strong>sastres, nem acontecimentos fantásticos que nosatirassem para as primeiras páginas dos telejornais. Tudona mesma. À chega<strong>da</strong>, um cartaz novo com Manuela adizer que é do PSD, mesmo <strong>ao</strong> lado <strong>de</strong> outro a lembrarnosa todos que somos europeus. Será que aconteceualguma coisa e nós somos, mas os outros já <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong>ser? Dinheiro gasto para quê?Numa outra ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, europeia, não vi um único cartaz<strong>de</strong> nenhum candi<strong>da</strong>to: in<strong>da</strong>guei, porquê? “Estamos emcrise, há que poupar dinheiro e temos <strong>de</strong> procurar outrasformas <strong>de</strong> nos aproximarmos dos ci<strong>da</strong>dãos! Mas nós europeussomos diferentes! Eles também são, mas dispensamcartazes inúteis. Não vi nenhum.”Acumulamos ain<strong>da</strong> outros hábitos caros. Nas nossasci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, não dispensamos o carro, se possível até <strong>ao</strong> balcãodo supermercado; eles an<strong>da</strong>m <strong>de</strong> bicicleta. Aos milhares.Nós ain<strong>da</strong> an<strong>da</strong>mos a discutir os acessos para os ci<strong>da</strong>dãosportadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, eles discutem formas <strong>de</strong>transportar a bicicleta nos eléctricos, autocarros e comboios.Eu Portuguesa, <strong>de</strong>sculpei-me: “mas aqui é tudoplano; é mais fácil” E continuei com a consciência pesa<strong>da</strong>.Convenci<strong>da</strong> <strong>de</strong> que tenho <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>r <strong>de</strong> hábitos. Oambiente transforma-se totalmente: menos ruído, menospoluição. E tudo aju<strong>da</strong>. Estacionar no centro… um pesa<strong>de</strong>lo.Escolher alternativas… uma facili<strong>da</strong><strong>de</strong>. A ci<strong>da</strong><strong>de</strong>| O p i n i ã o |Uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> diferenteQue ci<strong>da</strong><strong>de</strong>scriámos? Queci<strong>da</strong>dãos formámos?O que nos separa dosoutros europeus?A geografia?A história?A educação?A política? O queaconteceu para esseseuropeus seremdiferentes <strong>de</strong>steseuropeus?ANA NARCISOProfessora do ensino básicoestá prepara<strong>da</strong> parar os peões e ciclistas: sinalética a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>,transportes públicos à escolha <strong>de</strong> 10 em 10 minutos(mesmo!). Uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> efervescente <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, apinha<strong>da</strong><strong>de</strong> gente que passeia <strong>ao</strong> ar livre, enche as esplana<strong>da</strong>s, usufruios recantos <strong>de</strong> uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> feita para gozo <strong>de</strong> quemali está.Nós por cá <strong>de</strong>ixámos a capital vazia, ruas <strong>de</strong>sertas ecreio que alguns centros comerciais cheios! Que ci<strong>da</strong><strong>de</strong>scriámos? Que ci<strong>da</strong>dãos formámos? O que nos separa dosoutros europeus? A geografia? A história? A educação? Apolítica? O que aconteceu para esses europeus serem diferentes<strong>de</strong>stes europeus? A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Munique está habita<strong>da</strong>no centro e na periferia; há vi<strong>da</strong>, há restaurantes,lojas, mercados tradicionais, cerveja (claro!). Uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong>com gente, on<strong>de</strong> há espaço para todos: novos e velhos,resi<strong>de</strong>ntes e turistas.Há eleições outra vez: o que nos po<strong>de</strong>m dizer os candi<strong>da</strong>tospara trazer outra vez as pessoas para as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s?Quais as medi<strong>da</strong>s que anunciam para repovoar os centros,reduzir os níveis <strong>de</strong> poluição atmosférica e <strong>de</strong>senvolverum sistema <strong>de</strong> transportes a<strong>de</strong>quados às profissões e horáriosdos tempos mo<strong>de</strong>rnos?Porto <strong>de</strong> Mós é um bom exemplo do que está por fazerem termos <strong>de</strong> transportes públicos que sirvam todo o concelho,em especial os locais i<strong>de</strong>ntificados com um potencialturístico fabuloso como: o Centro <strong>de</strong> Interpretação <strong>da</strong>Batalha <strong>de</strong> Aljubarrota em S. Jorge; a Pousa<strong>da</strong> <strong>de</strong> Alvados,a Estra<strong>da</strong> Romana no Alqueidão <strong>da</strong> Serra, as grutase 0 Castelo. Como unir o que está dividido e <strong>de</strong>sarticuladocom horários <strong>de</strong> transportes do século passado?Nós, ci<strong>da</strong>dãos precisamos <strong>de</strong> saber. ■| L e i r i a E s t e |Mu<strong>da</strong>nçaApartir <strong>da</strong> presente edição mudámos <strong>de</strong> posição. AClara Martins <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> ilustrar os temas que eulhe fui propondo <strong>ao</strong> longo dos últimos meses, eupassarei a tentar escrever a partir <strong>da</strong>s suas criações.Mudámos por mu<strong>da</strong>r. Certamente por <strong>de</strong>safio,pouco reflectido por mim, porque imagino muitomais difícil. Talvez motivados por esta procura constante <strong>de</strong>fazer, construir, inovar. Talvez, sabe-se lá, se por esta Primaveraque rebenta numa imparável explosão <strong>de</strong> cores e aromas, numarelação profun<strong>da</strong> com a Mulher/Natureza que emana <strong>da</strong> obra <strong>da</strong>Clara. Porque acredito na sua compreensão, ouso atentar sobrea quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ain<strong>da</strong> muito escondi<strong>da</strong> <strong>da</strong> sua obra, que um dia, um<strong>de</strong>stes dias, conhecerá na plenitu<strong>de</strong>, o mais que justificado reconhecimentopúblico. Talvez por ontem ter ouvido, também inespera<strong>da</strong>mente,Clara, uma <strong>da</strong>s muitas obras-primas do meu eternamentepreferido Jacques Brel. Por tudo isto e sabe-se lá maisporquê, lanço um olhar atento sobre este Irishead, <strong>de</strong> 2006, pastela óleo, tinta-<strong>da</strong>-china e tinta acrílica. Sou tentado a traduziro título e a começar por aí. Pior, sou tentado a telefonar àClara e a “roubar-lhe” o que na altura lhe ia na alma. Mas não,isso seria <strong>de</strong>masiado fácil, evitando o risco imenso <strong>de</strong> todos osdisparates que se seguirão. Se acredito que a Clara me compreen<strong>de</strong>rá,temo que os leitores que porventura se arrisquem atentar ler, não o façam e que mesmo os responsáveis re<strong>da</strong>ctoriaisdo jornal, me expurguem <strong>da</strong>s suas páginas, motivados poreste raiar <strong>da</strong> incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e do sequente <strong>de</strong>sinteresse. Peço <strong>de</strong>sculpa,como tem incessantemente repetido um importante responsávelautárquico <strong>da</strong> nossa região. Peço <strong>de</strong>sculpa, aqui nãotanto pelo que fiz, mas sobretudo pelo que me arrisco a fazer.Irishead relembra-me as Mulheres/Natureza que preenchema obra <strong>da</strong> Clara Martins, numa relação <strong>de</strong> força que emana dointerior <strong>da</strong> própria terra, <strong>de</strong>senvolvendo-se numa estranha misturaentre o humano e to<strong>da</strong> a sua vivência <strong>de</strong> luxúria e aparência,e as flores e plantas que lhe <strong>de</strong>sconfiguram o rosto e a puxampara a mais simples e inicial <strong>da</strong>s essências. Relembrando que “dopó vieste e <strong>ao</strong> pó voltarás”, a Mulher tenta agarrar e a ela seUm <strong>de</strong>les <strong>de</strong>siste emorre. Outrosparecem tentarlibertar-se <strong>da</strong> forçaavassaladora <strong>da</strong>smãos <strong>da</strong> Mulher,dominadora crucial<strong>da</strong> existência e porisso <strong>de</strong>tentora <strong>de</strong>todos os po<strong>de</strong>resFRANCISCO VIEIRAfv.leiria@gmail.comagarram aqueles que em <strong>de</strong>sespero lutam por sobreviver. Um <strong>de</strong>les<strong>de</strong>siste e morre. Outros parecem tentar libertar-se <strong>da</strong> força avassaladora<strong>da</strong>s mãos <strong>da</strong> Mulher, dominadora crucial <strong>da</strong> existênciae por isso <strong>de</strong>tentora <strong>de</strong> todos os po<strong>de</strong>res. Da Vi<strong>da</strong> e aqui pareceque também <strong>da</strong> Morte. ■

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