Março 2009Paula SacchettaRevista <strong>Adusp</strong>Polícia abre inquérito porÂngela Mendes com cartaz de MerlinoMinistério da Defesa, que vem atuandocomo porta-voz das ForçasArmadas. Os defensores do legadoda Ditadura militar obstróemseu enterro definitivo, o que suscitainevitável comparação com paísesvizinhos que passaram por ditaduras,como Argentina e Chile, ondeo ritmo das punições e reparações,mesmo insatisfatório, é bem maisacentuado (p. 46).Na Argentina, a Justiça Militaracaba de ser extinta, o controle daaviação civil foi retirado da Aeronáuticae muitos oficiais envolvidosna matança de opositores estão nacadeia. No Brasil, por terem feitogreve contra as péssimas condiçõesde trabalho, que expõem os vôoscomerciais de linha a riscos, controladoresde vôo militares foramcondenados à prisão e expulsos daAeronáutica (p. 19).Na entrevista que concedeu àRevista <strong>Adusp</strong>, e que principia napágina 26, o ministro Vannuchi emi-14Quem espera o ônibus do outrolado da rua provavelmente nãosabe muito sobre o nº 921 da RuaTutóia, no bairro do Paraíso, emSão Paulo. Mas em 24 de agostode 2008 não houve quem deixassede prestar atenção à manifestaçãopública que evocou a história dolocal, que hoje abriga o 36º DistritoPolicial.Naquela tarde de domingo, cidadãse cidadãos de todas as idadesmarcharam pela rua e depois fizerampinturas no chão, para lembrarque durante a Ditadura militar funcionouali a infame unidade militarque ficou conhecida como DOI-CODI do II Exército.Pois bem: desde o dia seguintea passeata tornou-se objeto doinquérito policial 609/08, que correno próprio 36º DP. Os manifestantesteriam danificado espaçopúblico e infringido o artigo 65da lei 9.605/1998, segundo o qualCastro, Rossi, Mocarzel e Gervitz: debateconstitui crime sujeito a pena deaté um ano de detenção “pichar,grafitar ou por outro meio conspurcaredificação ou monumentourbano”. Paulo Fávero, estudantede Artes Plásticas da USP, foi intimadoa depor.“Os manifestantes pediampara que aquele lugar não continuassesendo o 36º DP, massim um espaço da memória e daresistência”, explicou Fávero àRevista <strong>Adusp</strong>. “Comunista aindaé elemento para ser chamado paradepor, caso seja identificado”,ironiza. “Os advogados tiveramacesso ao inquérito antes do meudepoimento e constava lá que euera suspeito de mandante do atoe que sou representante da LigaBolchevique Internacionalista(LBI), o que é uma mentira. Eunão sou membro da LBI, e não seiqual seria a relevância se eu fosseda LBI. Não sei qual é a relaçãoDaniel Garcia
Revista <strong>Adusp</strong>Março 2009manifestação diante do antigo DOI-CODIPinturas no chão motivaram inquérito no 36º DPentre a minha filiação ideológica,partidária, e a minha participaçãono ato”, questiona.Esse caso emerge estranhamentevinte anos após a promulgaçãoda Constituição de 1988, quegarante o pluralismo político. Noinquérito também são citados IvanPaula SacchettaSeixas; Darlan dos Reis, residenteno Ceará, que não compareceu aoato, mas divulgou-o em seu blogue;e o deputado federal Ivan Valente(PSOL-SP), que durante o ato ofereceutestemunho como ex-presopolítico. O inquérito é instruídocom diversas fotografias da manifestação.“Parece que essa história [doscrimes da Ditadura] aconteceu emum lugar abstrato. A gente fala doDOI-CODI, a gente lê nos livrossobre o DOI-CODI como principalcentro de tortura, mas pareceque ele não tem um lugar”, apontaFávero.O estudante sustenta que foiindiciado em 12 de novembro, adata do seu depoimento: “O escrivãofez questão de dizer que osmeus dados cadastrais estavamentrando no sistema da Políciae que eu estava sendo indiciado.Isso é um fato”. A assessoria deimprensa da Secretaria de SegurançaPública nega: “As investigaçõesestão em andamento” e “nãohá registro de pessoas sendo indiciadas”.Procurado pela Revista<strong>Adusp</strong>, o delegado substituto ValdecirAlves dos Reis optou por nãofalar sobre o caso.te opinião sobre alguns destes paradoxos.E reitera sua disposição dedeixar o governo, caso o presidenteLula não banque os avanços necessáriosno tratamento desta agudaquestão política nacional.Também no plano cultural einstitucional, multiplicam-se as iniciativasde reparação simbólica ereconstituição da memória dos queenfrentaram o regime militar ou foramperseguidos por ele. A direçãoda Faculdade de Medicina da USPresolveu homenagear vários professoresque viveram esta opressão esofreram verdadeira reviravolta nassuas carreiras acadêmicas. Ex-estudantesda USP que viviam no ConjuntoResidencial (Crusp) quandoocorreu a invasão do Exército, em1968, organizaram um emocionantereencontro (p. e 56 e 62).Os cineastas Roberto Gervitz eSérgio Toledo relançaram em dvdo histórico documentário “BraçosCruzados, Máquinas Paradas”, sobrea greve de 1978 dos metalúrgicosde São Paulo e a luta contra osindicalismo pelego de Joaquim dosSantos Andrade, o Joaquinzão. O(re)lançamento deu ocasião a umdebate que reuniu Gervitz, o tambémcineasta Evandro Mocarzel eantigas lideranças da oposição metalúrgica,como Waldemar Rossi eCloves de Castro.15
- Page 3: Conjuntura6Crise do subprime, uma b
- Page 6 and 7: Março 2009Revista AduspCrise do su
- Page 8 and 9: Março 2009tróleo. Um processo eng
- Page 11 and 12: Revista Aduspculdades em entender o
- Page 13: Revista AduspManifestação de 24/8
- Page 17 and 18: Revista Adusptura, o Fórum Permane
- Page 19 and 20: Revista AduspMarço 2009Em céu de
- Page 21 and 22: Revista Aduspabsurdo”, denuncia R
- Page 23 and 24: Revista AduspProcurador Fábio Fern
- Page 25 and 26: Revista AduspA Aeronáutica nega pe
- Page 27 and 28: Revista Adusp Março 2009ENTREVISTA
- Page 29 and 30: Revista Adusp Março 2009Revista Ad
- Page 31 and 32: Revista Adusp Março 2009“Minist
- Page 33 and 34: Revista Adusp Março 2009P.V.- Tenh
- Page 35 and 36: Revista Adusp Março 2009Vannuchi f
- Page 37 and 38: Revista AduspMarço 2009O insuport
- Page 39 and 40: Revista AduspCoronel torturador Ust
- Page 41 and 42: Revista AduspAmélia Telessinos, to
- Page 43 and 44: Revista AduspMarço 2009Por uma “
- Page 45 and 46: Revista AduspJuiz Carlos Alberto Ro
- Page 47 and 48: Revista AduspMarço 2009Aos 28 anos
- Page 49 and 50: Revista AduspDevida” e, em 2007,
- Page 51 and 52: Revista AduspAlém disso, a adoçã
- Page 53 and 54: Revista AduspMarço 2009Punir ou n
- Page 55 and 56: Revista AduspLula) trouxe à luz o
- Page 57 and 58: Revista AduspMarço 2009dores reavi
- Page 59 and 60: Revista AduspMarço 2009Populares e
- Page 61 and 62: Revista AduspFotos: Agência Estado
- Page 63 and 64: Revista AduspMarço 2009seguidos ag
- Page 65 and 66:
Revista AduspMarço 2009Samuel Pess
- Page 67 and 68:
Revista AduspMarço 2009O poder da
- Page 69 and 70:
Revista AduspMarço 2009No exterior
- Page 71 and 72:
Revista AduspMarço 2009Em 1979 sã
- Page 73 and 74:
Revista AduspMarço 2009Anistia e r
- Page 75 and 76:
Revista AduspDestes, 38 mil foram a
- Page 77 and 78:
“Controvérsia interpretativa”d
- Page 79 and 80:
Revista AduspMarço 2009Na USP Ribe
- Page 81 and 82:
Revista Aduspdo, correspondeu a ver
- Page 83 and 84:
Revista AduspMarço 2009Duas opini
- Page 85 and 86:
Revista AduspA dança dos milhõesM
- Page 87 and 88:
Revista AduspObras do Exército na
- Page 89 and 90:
Revista Aduspecimentos, retórica i