Março 2009Um projeto inicialmenteorçado em R$ 11,57milhões, e que, apósum aditamento, teveseu valor ampliadopara R$ 40 milhões, éagora motivo de controvérsia entrea Companhia de Desenvolvimentodos Vales do São Francisco e doParnaíba (Codevasf) e a Fundaçãode Estudos e Pesquisas Aquáticas(Fundespa, instituição “de apoio”ao Instituto Oceanográfico daUSP). Em setembro de 2008, a Codevasf,que dois anos antes contrataraa Fundespa para que esta executasseuma série de providênciasrelacionadas à revitalização do rioSão Francisco, suspendeu o respectivoconvênio, em razão deadvertências do Tribunal deContas da União (TCU) ede uma auditoria realizadapela própria empresa estatal,que constatou a existência degraves irregularidades.Destinado à execução deações relacionadas ao Projeto Hidroviado Rio São Francisco, o convênioCodevasf-Fundespa previa, emseu objeto, a “obtenção de licençasambientais, supervisão e acompanhamentode obras de conformataçãodo leito do Rio São Francisco,no trecho Ibotirama (BA) a PilãoArcado (BA), com extensão de aproximadamente320 km, incluindo aconstrução de um campo de provasem Barra (BA)”. De acordo com aCodevasf, o projeto “consiste na revitalizaçãoda navegação de carga nomédio curso do rio São Francisco,com a conseqüente interação dessetrecho de hidrovia com o sistemaintermodal do país”.86O convênio entre Codevasf eFundespa foi estabelecido em setembrode 2006, com o exato valorde R$ 11.569.249,54. Em 17 de julhode 2008, contudo, sofreu umaditamento — um acréscimo deitens a executar e de verbas a serempagas à fundação privada — queelevou seu valor em mais de R$ 36milhões. O aditamento foi assinado,portanto, a dois meses e oito diasdo término do prazo do convênio,que teria duração até 25 de setembrode 2008.O TCUconcluiu que a Fundespavem realizando atividadesestranhas aos seus objetivosestatutários, conduzindo licitaçõesque poderiam ser feitas pelaprópria Codevasf sem ônuspara o erárioO aditamento e a situação doprojeto não passaram em brancoaos olhos do TCU. O relatório publicadopelo tribunal em setembrode 2008, assinado pelo auditorMarcos Bemquerer, afirmava que“a Codevasf não encaminhou qualquerdocumento que comprovasseefetivamente”, “com base emcritérios técnicos consistentes”, “anecessidade de se destinar mais R$36.576.144,02” ao convênio.Revista <strong>Adusp</strong>Segundo a Codevasf, a fundaçãofoi selecionada, sem licitação,para executar o projeto por ser“detentora de conhecimentos técnicosvoltados ao setor hidrológicoe ambiental” e por haver adquirido“inquestionável bagagem técnica”em projetos semelhantes desenvolvidospara o Governo da Bahia.Mas, conforme constatou o TCU,a Fundespa “tem simplesmentecontratado a execução de diversosprojetos necessários à execução doempreendimento”, tais como “serviçosde engenharia para realizarinvestigações geotécnicas e elaborarprojetos executivos de reconstruçãoe proteção de margens” dorio, “serviços de levantamentoshidrográficos”, “empresa paralevantamentos de campo, projetobásico e estudo ambientalpara abertura de canal denavegação” etc.O auditor Bemquerer conclui,com base na investigaçãorealizada, que “a Fundespavem realizando atividades querefogem aos seus objetivos estatutários,conduzindo certames licitatóriosque poderiam ser realizadospela própria Codevasf sem que oerário fosse onerado com os elevadoscustos impostos pela estruturaadministrativa montada pela entidadeconvenente” (vide Informativo<strong>Adusp</strong> 268).Em sintonia com as conclusõesdo TCU, a Codevasf, após suspendero repasse dos recursos àFundespa, passou a executar diretamenteo projeto, com auxíliodo Exército. Segundo a empresa,pertencente ao governo federal, afundação havia recebido R$ 11,3
Revista <strong>Adusp</strong>Obras do Exército na regiãoExército Brasileiromilhões até a suspensão dos repasses.Em dezembro de 2008, a Codevasftransmitiu à Revista <strong>Adusp</strong>sua expectativa de que, “no próximociclo hidrológico”, o Departamentode Engenharia e Construçãodo Exército venha a assumiro objeto do convênio “em sua<strong>integral</strong>idade”.Os esclarecimentos da Codevasfsobre a situação doconvênio só chegaram à Revista<strong>Adusp</strong> após passar pelapresidência da companhia eaté pelo gabinete do ministroda Integração Nacional, GeddelVieira Lima. Inicialmente,as informações seriam prestadaspelo diretor da área de DesenvolvimentoIntegrado e Infra-Estruturada Codevasf, Clementino deSouza Coêlho, mas o presidente daempresa, Orlando da Costa Castro,resolveu repassar a consulta à assessoriade imprensa do ministro, umavez que a Codevasf é vinculada àpasta da Integração Nacional.Clementino Coêlho e OrlandoCastro figuram entre os signatáriosdo aditamento do convênio pelacompanhia, ao lado do diretor-presidenteda Fundespa, Luiz RobertoTommasi, professor titular aposentadoe ex-diretor do Instituto Oceanográficoda USP.Quando as respostas chegaramà equipe da Revista <strong>Adusp</strong>, enviadaspela Codevasf, surgiram, contudo,novas dúvidas, que foramcomunicadas à assessoria da companhia.Em meio a uma verdadeiradança de números, nas primeirasinformações enviadas por suaassessoria a Codevasf chegou aafirmar que o valor do convênioera de R$ 40.076.144,01, e não deR$ 48 milhões, sendo que tal diferençadizia respeito a um “erroformal de cálculo na totalizaçãoA Fundespaafirmou que o Exércitonão teve condição de executaras obras que lhe cabiam. Mas oExército negou responsabilidades“em relação a qualquer convêniofirmado entre Fundespae Codevasp”do valor do convênio”. A reportagembuscou esclarecer junto àempresa se houve erro no cálculodo valor inicial ou no valor doaditamento, e solicitou esclarecimentosadicionais.De acordo com a Codevasf,“não houve erro de cálculo inicialno convênio”, cujo valor “foi determinadopelas circunstâncias orçamentáriasda época de sua celebração,que contemplavam apenasR$ 11,5 milhões”. O advento doMarço 2009Programa de Aceleração do Crescimento(PAC), que deu ênfase àsações no rio São Francisco, permitiuque fossem disponibilizados novosrecursos, adequando o projetoao planejamento ideal elaboradopelo Executivo federal.O novo plano de trabalho terialevado a “um incremento deR$ 28,5 milhões ao plano original,passando o valor global do convêniopara R$ 40 milhões”. Nesta segundaresposta, a companhia reiterouque, “em razão de um erro material,que já foi corrigido, no aditivocontratual indevidamente foi lançadoo valor de R$ 48 milhões”. Ouseja, o aditivo de R$ 36 milhõesteria como valor correto R$ 28,5milhões, o que explicaria a diferençade R$ 8 milhões novalor total de recursos destinadosao projeto.A Fundespa, por sua vez,afirmou à Revista <strong>Adusp</strong> queo valor total de R$ 48 milhões“não corresponde à verdade” eque, “na realidade, o valor totaldo convênio, com inclusão de termosaditivos”, previu a alocação derecursos da ordem de “pouco maisde R$ 34 milhões”.Em matéria publicada na revistaCarta Capital (edição 520,novembro de 2008), Luciano Wahhab,apresentado como administradorda Fundespa, declara que,entre outros motivos que elevaramsubstancialmente os gastosdo convênio, “um dos problemasocorridos é que o Exército iriarealizar obras de engenharia naárea, mas não teve condição deexecutar. Tivemos então de contrataroutras empresas”.87
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