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Edição integral - Adusp

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Março 2009semitismo, tratando presos de origemjudia com especial brutalidade.Repressores que se faziam chamarde Füher, gravações de discursosde Hitler e saudações nazistascompõem a memória daqueles quelograram sair com vida dos mais de340 centros clandestinos de detenção,espalhados por todo o territórionacional. “O aparato repressivocobria todo o país; cada cidade, cadavilarejo, cada bairro. Para efeitode repressão, as Forças Armadasdividiram o território nacional emzonas, distribuídas entre o Exército,a Marinha e a Aeronáutica”, diz ojornalista Carlos Gabetta, diretorda edição argentina do periódicoLe Monde Diplomatique.Em outubro de 1983, coma eleição de Raúl Alfonsín,teve fim o período de oitoanos de arbítrio na Argentinae, apenas dois mesesdepois, as três juntas militaresque dirigiram o país desde1976 foram processadas. “Emmeados de 1984, já tinham sidoencaminhadas aos tribunais cercade 2 mil denúncias criminais. Maisde 800 testemunhas foram convocadase os militares, acusadosde mais de 700 crimes”, informaa jornalista e doutora em CiênciaPolítica pela USP Glenda Mezarobba,estudiosa do tema. Videlae Massera foram condenados àprisão perpétua; Viola e Agosti, a17 e 4 anos e meio de prisão, respectivamente.Mas, em setembrode 2007, quando, aos 87 anos, EllenMarx faleceu, Videla cumpriapena em sua própria residência,e aqueles que foram diretamenteresponsáveis pela morte de Leonoraguardavam em liberdade seus julgamentos.O caso de Leonor Marx é umexemplo de que nem sempre faz jusà realidade argentina a imagem deum país que acertou as contas comos crimes da Ditadura. Se, por umlado, pouco tempo após o fim doregime, grandes líderes da repressãoforam julgados e condenados, atática do governo Alfonsín de concentraras punições na cúpula dasForças Armadas não tardou a surtirefeitos favoráveis aos criminosos.Somente em2005 seriamdefinitivamentedeclaradas inválidas peloSupremo Tribunal argentinoas leis do “Ponto Final” e da“Obediência Devida” e,em 2007, anulados osindultos concedidospor MenemEm 1986, foi sancionada aquelaque ficou conhecida como “Lei doPonto Final”, que dava um prazode 60 dias para que fossem feitosos indiciamentos. “Naqueles doismeses, o que se viu nas Cortes foium fluxo intenso de novas açõescontra os militares”, relata Glenda,destacando que, embora 730acusados tenham se beneficiadocom a lei, 450 novos casos ingressaramno sistema antes que expirasseo prazo dado pelo governo.Revista <strong>Adusp</strong>No entanto, alguns meses depois, oCongresso sancionaria a chamada“Lei de Obediência Devida”, quedesresponsabilizava os oficiais quetivessem agido no cumprimento deordens superiores. “Até os generaissupostamente teriam cumpridoordens vindas de cima. Destemodo, todos estavam desculpados,a não ser a cúpula”, explica o professorOsvaldo Coggiola, do Departamentode História da USP emembro do Conselho Editorial daRevista <strong>Adusp</strong>.Luciano Menéndez, um dos generaisbeneficiados por esta lei,malogrou duas vezes na tentativade seqüestrar Coggiola, quebuscou o exílio após ser expulsoda Universidade de Córdobae ter sua casa devastada pelosmilitares. Menéndez comandavao III Corpo doExército, responsável pelocentro de detenção La Perla,em Córdoba, onde maisde 2.200 pessoas teriam sidotorturadas e mortas.Em 1989, a luta dos militaresargentinos pela impunidade alcançariasucesso completo, ainda queprovisório. Assim que assumiu aPresidência, Carlos Menem indultou,por decreto, 70 civis e 220 militares,dentre os quais 39 oficiaisde alto escalão, como Galtieri eMenéndez. “Depois de 10 anos emais de 30 mil pessoas seqüestradas,desaparecidas ou assassinadas,não havia ninguém preso. Absolutamenteninguém”, ressalta Coggiola.Somente em 2005 seriam definitivamentedeclaradas inválidas peloSupremo Tribunal argentino as leisdo “Ponto Final” e da “Obediência48

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