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78 > BEST BAIRRO BRANDSwww.interbrandsp.com.br> CASA É CASA 79ENTREVISTA | FACUNDO GUERRAInterbrand: Você consideraimportante a ambientação para umespaço comercial, por exemplo?Depende. Existem lugares onde oproduto é tão incrível que não importaa arquitetura ou a decoração. Emoutros, a decoração é mais importantedo que o produto oferecido. Eexistem aqueles lugares em queo espaço estraga a experiênciado produto. Ultimamente tenhoacreditado que menos é mais:primeiro deve-se pensar na função,“ULTIMAMENTETENHO ACREDITADOQUE MENOS É MAIS:PRIMEIRO DEVE-SEPENSAR NA FUNÇÃO,E QUE DELA APAREÇAA FORMA”“ULTIMAMENTEe que dela apareça a forma.Interbrand: Você acha que esseambiente tem que ser único,inspirador ou ele pode ser apenaso mais conveniente ao serviço?Mais uma vez, depende do serviço.Às vezes é melhor não mexer muitono espaço e deixar a pátina da antigafunção ali. Acho que nós, criadoresde espaços, precisamos nos esforçarpara eliminar as frescuras, asartificialidades, aquilo que não somaao produto final. Tenho sido mais afavor da ocupação de um determinadoespaço, com investimento eminfraestrutura, do que na tentativasempre mentirosa da restauração, daemulação de um estilo ou época.Interbrand: Seus projetos estãotodos localizados na rua, e não emshoppings centers, por exemplo.Você abriria algum negócioem espaços mais limitados emrelação a espaço e marca?Não. Eu acredito na rua como espaçode socialização, não essas caixasclimatizadas onde a única intençãoé te empurrar algo que você nãoprecisa e criar desejos que vocênão tem. Odeio os shoppings.Interbrand: O cliente reparaou comenta sobre o espaçonos seus projetos ?Sim, eu vendo álcool superfaturadoe pra isso tenho de encontrar umarazão para criar esse delta de preço.No final das contas, seja ambienteou programação, tudo é montadocom esse fim: vender mais álcool,mais caro. Então nos preocupamossim com o ambiente e acreditoque as pessoas reparem nisso.Interbrand: Seus projetos levammuito em conta a questão doespaço e a representação disso pramemória deles ou para a realidadedas pessoas que a frequentam. Issoé um partido de projeto ou é umaconsequência do que vai surgindona implementação da ideia?Grande parte das vezes, um partido.Se estou construindo uma narrativa,é muito mais fácil fazer isso a partirde uma história que já foi contada.O recorte é mais rápido, mais fácil,e uma boa pesquisa elimina boaparte do trabalho de criação. Noentanto, a armadilha está em secriar um simulacro, uma reproduçãodisneyana de um espaço. Olhamospara o passado, extraímos suaessência, e o redimensionamos nopresente. Sem isso o projeto ficariatemático, e o resultado é triste.Interbrand: O Riviera é um espaçoque já existiu e foi reaberto, etinha espaço e localização bemmarcantes na época. Essa questãode já ter uma memória tornoumais fácil a interpretação donovo projeto feito por você?Sim, um bom trabalho de pesquisa,que contratamos de uma jornalista,já nos deu todos os partidos eos pressupostos. A partir daí,atualizamos aquela proposta paraa São Paulo dos anos 2010 e elaacabou por se conectar não só comos antigos frequentadores, mas comas gerações que os sucederam.Interbrand: Hoje o Riviera éfrequentado por diferentespessoas de diferentes regiões deSão Paulo. Sempre foi assim?O Riviera sempre foi um cartãopostal paulistano. Frequentadopor todos aqueles curiosos quequeriam respirar ares de umaliberdade, ainda que festiva eetílica, no meio da repressão dasdécadas de 1960 e 1970. Mas oRiviera é uma personagem. Foium burguês decadente no finaldos 1950, se politizou nos 1960 e1970, desbundou nos 1980, decaiue morreu entre 1990 e 2000. ORiviera é tão vivo e cheio de almaquanto quem o frequenta.Interbrand: A maioria dos clienteshoje é da região do bar?Não. Gente de toda São Pauloe do Brasil vem pra conhecero bar, um pouco por causa dasua história, um pouco por eleter por sócio o Alex Atala.Interbrand: Você poderia contar umpouco sobre a sua experiência nacriação de projetos tão marcantes?Seja ele um projeto novinho em folha,que não tem essa referência antigacomo o Riviera, ou até esse resgatetão importante que o Bar Riviera já foipara o bairro, tanto como ambientetanto como marca, criar essesespaços é algo muito forte. Vocêlida com pulsões de vida e morte otempo todo. Muitos já se conheceramdentro dos meus espaços e fora dalitiveram crias, muitos se separamdentro de um clube meu, algunsmorreram saindo de lá, embriagadosatrás do volante. Está aí o meu maiortesão: criar palcos para os dramashumanos. São aquários planejadose reduzem a dimensão humana afluxos. No fundo, um arquiteto, um

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